História Ziam - Capítulo 9

Na sexta feira a noite, enquanto Zayn estava no quarto fazendo Sam dormir, Liam estava na cozinha jantando, conversando banalidades com Maria que o fazia companhia. Eles riam enquanto a mulher lembrava de algumas travessuras que ele e o irmão faziam quando crianças. Os dois, apesar da diferença de idade, sempre foram muito cúmplices e isso acabava por deixar a pobre babá com os cabelos em pé.

                _Nós nem éramos tão ruins assim! Você está exagerando! – ele apontou o garfo para mulher, rindo quando ela lembrou da vez em que eles amarraram o primo em um dos porcos da fazenda do tio Kris e o menino saiu sendo arrastado pela lama em que os animais ficavam. _ Aquilo nem era lama de verdade. É bem capaz de ter feito bem para a pele dele!

                _ Isso não muda o fato de que vocês traumatizaram o Paul! – ela bateu com o pano de prato no maior. _ Desde aquele dia ele nunca mais chegou perto das criações da fazenda, isso quando ele ia lá!

                _ Ele era um chato, isso sim! – bufou ao lembrar do primo cheio de frescura que eles tinham.

                _ Era mesmo!

                _ Sam já está dormindo Liam, eu estou indo também, precisa de mais alguma coisa? – Zayn perguntou sonolento ao entrar na cozinha, dando um beijo estalado na bochecha gordinha da mulher enquanto a abraçava.

                _ Não, Zayn, pode ir dormir! – ele sorriu pequeno, admirado com o quão fofo Malik era com aquela carinha de sono. _ Tenha uma boa noite!

                _ Obrigado Liam! – sorriu tímido, bocejando em seguida com a mão cobrindo os lábios. _ Boa noite para vocês, até amanhã!

                _ Até amanhã. – Liam respondeu baixinho.

                _ Até amanhã, meu bem! – Maria desejou sorrindo, observando o rapaz sumir pela porta que entrou.

                Liam olhava para onde Zayn havia ido, mordendo os lábios enquanto pensava se estava agindo certo em ter o convidado para sair. Bom, era só um jantar de agradecimento, não tinha nada demais nisso, certo?

                Bem, até estaria se Liam não soubesse no fundo que não era só isso! Ele sabia que estava nutrindo sentimentos diferentes, e confusos, diga-se de passagem, pelo babá de seu filho, mas ainda não sabia o que pensar sobre.

                _ Mari, eu posso te perguntar algo? – começou hesitante, sabendo que não tinha melhor pessoa para aconselhá-lo do que a mulher sentada ao seu lado.

                _ Claro, meu filho, diga!

                _ Bom, eu vou te dar uma situação hipotética e você me diz o que acha, ok? – começou nervoso, olhando fixamente para o prato quase vazio a sua frente.

                _ Tá, pode falar. – Maria concordou, já sabendo bem como seu menino era e esperando ele lhe contar o que havia feito que  estava deixando-o tão confuso e aflito.

Sophia, que estava indo para a cozinha pegar uma jarra com água e levar para o seu quarto, pois esqueceu de ter feito quando se recolheu, parou no batente da porta ao ouvir a voz nervosa do patrão conversando com a outra empregada. Ela franziu o cenho, resolvendo se aproximar o suficiente para ouvir a conversa sem ser pega, concentrando-se nas palavras de Liam.

_Hipoteticamente, imagine que eu esteja muito confuso com meus sentimentos em relação à uma das pessoas que trabalham para mim, o que você acha disso? – ele mordeu o lábio nervoso, suspirando ao que esperava a resposta da mulher.

Na porta da cozinha, Sophia abriu a boca surpresa, arregalando os olhos quando aquela informação chegou ao seu cérebro. Então ela piscou algumas vezes, assimilando o que o homem havia dito, abrindo um grande sorriso em seguida, tampando a boca com as mãos para que nenhum som que expressasse sua euforia saísse dali... Finalmente Liam estava admitindo seus sentimentos por ela! O quão maravilhoso aquilo era?

_ O que eu acho da sua confusão ou sobre o fato de ser uma pessoa que trabalha para você? – a mais velha rolou os olhos ao que sorria, sabendo muito bem de quem Liam falava.

 Afinal, só um cego não perceberia a química entre Liam e Zayn... Ou uma mulher iludida com Sophia!

                _De ser uma pessoa que trabalha para mim. Você acha mal, ou coisa assim?!

                _ Amor, qual o problema nisso? Se é uma pessoa legal, que você goste, que te respeite, que você confie e que retribua o que você sente, então qual o problema nisso?! – ela sorriu sábia, tentando passar segurança para o homem confuso ao seu lado.

Sophia sorriu mais amplamente, pois Maria sabia que ela gostava de Liam e, com certeza, estava tentando ajuda-lo a ir em frente... Teria que agradecê-la depois por isso!

_ Eu não sei Mari, tenho medo de estar me precipitando e acabar assustando a pessoa, ou ela achar que eu estou a assediando e tirando vantagens pelo fato de ser seu patrão! Não sei, eu realmente não sei! – ele suspirou frustrado, passando as mãos pelos cabelos, bagunçando-os levemente.

NÃO! ... Sophia gritou em sua mente, balançando a cabeça freneticamente como se Liam pudesse vê-la, em uma afirmação de que ela jamais pensaria algo assim dele, que tudo que ela mais queria é que ele a chamasse para sair e que eles fossem felizes para sempre, juntos!

_ Você sabe que só está criando desculpas em sua cabeça, certo? – falou calma, tocando a mão do homem para fazê-lo cair em si.

ISSO! Escute Maria, ela sabe o que diz! – Sophia pensou.

_ Está na cara que vocês dois se gostam! – comentou sorrindo, vendo o maior arregalar os olhos para si. _ Está claro para quem quiser ver! Só vocês dois que ainda não admitiram. Então pare de inventar desculpas e vá atrás do que você quer! O que vocês têm, o que vocês sentem um pelo outro é algo genuíno, não deixe isso escapar por um medo tão bobo da sua parte!

Liam sorriu tímido, baixando o olhar como se tivesse sido pego no flagra, mas gravando bem a parte em que Maria afirmou que aquele sentimento era mútuo. Ou seja, ele não era o único se envolvendo demais ali! Resolveu se agarrar a isso, tentaria e no fim, se não desse certo, pelo menos poderia dizer que tentou!

_ Você acha que eu deveria convidar essa pessoa para sair? – arriscou.

Era certo que já havia convidado Malik para jantar, mas não iria fazer daquilo um encontro... Não até aquele momento!

Sophia, ainda parada na porta, sorriu novamente, quase pulando de alegria por finalmente ter a chance de viver seu romance com o cara que gostava... Finalmente!

_ Você deve! – afirmou convicta, levantando-se para tirar o prato da mesa. _Já deveria ter feito isso a muito tempo, na verdade! – ela bateu nele de novo com o pano de prato, vendo-o rir em pura alegria... Finalmente seu menino ia desencalhar! – pensou sorridente.

_ Perfeito!  Amanhã mesmo eu irei fazer o convite!– comentou eufórico, mas logo assumindo uma feição preocupada ao que se lembrou de algo. _ Mas e o Sam, quem irá ficar com ele?

_ O pior é que amanhã eu vou sair com meu filho, nem tem como eu ficar com ele! – ela fez um biquinho triste, tentando pensar em alguém para cuidar do menino.

_ Bom, eu cuido disso amanhã. - a voz de Liam foi se aproximando, então Sophia achou melhor sair de lá de uma vez, já muito contente com que ouvira.

Ela mal podia esperar pelo dia de amanhã!

                ---- XXX ----

_ Bom dia meu amor! – Liam acordou sorridente quando viu o garotinho pulando em cima de si. Ainda era cedo, o que o fez estranhar seu filho ter acordado cedo e de livre e espontânea vontade.

_ Papai! Acoda! – Sam pulava euforicamente em cima da cama, só sossegando quando o pai se sentou e o puxou para seu colo, beijando-o repetidas vezes na bochecha. _ Boo disse que a gente ia saí hoje!

_ Nós vamos sim, mas antes nós vamos tomar banho e tomar café, sim?

_ Vamoooooo! – ele levantou os braços alegre, pulando da cama de Liam e correndo para o banheiro.

Payne riu, levantando-se para seguir o menino, pegando o celular para mandar uma mensagem para o irmão, avisando do horário e o local em que se encontrariam para passar o sábado em família.

 Depois de um banho cheio de brincadeiras e bagunça, Liam arrumou o menino e se vestiu com roupas confortáveis, uma calça jeans escura, uma camisa preta lisa e um par de vans preto. Eles tomaram café da manhã em meio a muitas conversas, Sam estava animado e falava sem parar com Maria, esta que só sabia rir e concordar com menininho.

Em meio as conversar, Liam teve uma ideia.

Ele pediu para que Maria olhasse o menino e foi até o escritório, pegou um bloco de notas e escreveu uma espécie de bilhete ali, dobrando-o com cuidado antes de voltar para a parte inferior da casa. Foi até a porta e procurou por Lina, a jardineira da casa. Pediu para ela uma das muitas rosas que cultivava no pequeno jardim que havia por ali. Voltou para a cozinha pela porta dos fundos, encontrando Maria com um grande ponto de interrogação na cara.

_ Amor... – Chamou pelo filho, tirando-o da cadeirinha e ajeitando sua roupinha quando o colocou no chão, agachando-se em sua frente. _ Faz um favor pro papai? – o menino acenou sorrindo. _ Vá até o quarto do tio Zee, acorde ele, dê um beijinho em seu rosto e dê isso à ele, ok? – entregou o bilhete e a rosa. _ Não diga que fui eu quem mandou, sim?

_ O papai qué namola o Zee? – Sam perguntou curioso, mas sorridente.

_ Quem sabe... – respondeu misterioso, dando um beijo na bochecha gordinha do filho e vendo-o sair correndo dali.

_ Usando o filho para fazer seu trabalho sujo?! Você é um monstro, Payne! – Maria falou com falso tom de julgamento, negando com a cabeça enquanto se aproximava do “patrão”. _ Um monstro muito esperto, diga-se de passagem! – ela riu, fazendo o homem rir consigo.

_ Bom dia pessoas! – Sophia entrou animada na cozinha.

_ Bom dia Sophia. – Liam respondeu sorridente, verdadeiramente feliz por aquele dia.

_ Bom dia filha! – Maria sorriu, para logo olhar curiosa para touca na cabeça da mulher. _ O que é isso? – apontou para cabeça dela.

_ Ahh, apenas cuidando do cabelo, nunca se sabe o que pode acontecer, né? É preciso estar sempre bonita! – sorriu sugestivamente ao que olhava para Liam.

Enquanto isso, Sam invadia o quarto do babá, correndo até a cama onde o moreno dormia tranquilamente.

_ Zeee! – ele chamava alegre, pulando ao lado da cama, bem perto do rosto do moreno. _ Zee! Zee! Zee! Acodaaaaa!

Zayn ouvia aquele barulho insistente, mas não sabia dizer se era real ou se ainda estava sonhando. Sentiu uma pequena mãozinha tocando seu rosto e isso o fez despertar aos poucos. Abriu os olhos lentamente, piscando diversas vezes para poder focar sua visão no menininho eufórico a sua frente, pulando como um coelho enquanto o olhava com um sorriso arteiro nos lábios.

_ Bom dia meu anjinho! – Zayn sorriu fraco, puxando o menino para dar um beijinho em sua bochecha, bocejando e se espreguiçando em seguida, tentando dissipar um pouco do sono de seu corpo. _ Pra onde você vai todo bonito assim, hum?

_ Vou sai com o Boo e o papai! – ele sorriu, arregalando os olhos ao se lembrar do que tinha em mãos, esticando para que o maior pegasse. _ Toma! - deu um beijinho em sua bochecha, como o pai mandou, antes de se afastar. _Tchau Zee!

E rapidamente ele sumiu dali, deixando o moreno completamente confuso olhando para porta por onde ele saiu. Zayn suspirou, sentando-se na cama para abrir o bilhete. O sorriso que abriu em seus lábios ao terminar de ler o que estava escrito ali era capaz de iluminar o mundo todo, tão feliz que ficou com o conteúdo. Aproximou a bela rosa de seu rosto, sorrindo tímido ao que olhava novamente para o bilhete.

“ Espero que não tenha desistido do nosso jantar hoje, mal posso esperar por hoje à noite!

Saímos às oito, até lá!

Liam Payne <3

                ---- XX----

Já eram seis e meia da tarde quando Liam voltou com o filho para casa. Eles passaram o dia no shopping e de tarde foram para casa da família Payne passar um tempo com os avós do garotinho. Sam brincou tanto que estava exausto, o que era um ótimo indicativo de que ele dormiria cedo, o que facilitaria muito a vida de seu pai.

_Ed, eu odeio dar trabalho a você, mas você pode dar uma olhadinha no Sam para mim? – ele pediu ao amigo ruivo que estava sentado no sofá da sala. _ Eu preciso mesmo falar com a Sophia agora. Aliás, você sabe onde ela está?

_ Ela havia ido em um salão para fazer as unhas, eu acho! – deu de ombros, não lembrando ao certo do que a mulher lhe falara quando saiu mais cedo. _ Mas acho que ela já está aqui.

_ Será que ela vai sair? – franziu o cenho confuso, entregando o menino para o amigo. _ Bom, eu vou lá falar com ela, de qualquer forma!

_ Vai lá, acho que ela já está no quarto.

_ Tudo bem, obrigado Edinho!

_ Odeio você! – resmungou desgostoso com aquele apelido ridículo que os irmãos Payne o deram quando ainda era uma criança.

Liam riu, saindo da sala em direção ao corredor dos quartos dos funcionários, parando na terceira porta à esquerda. Deu três batidas e logo a moça bonita veio atender. Sophia estava radiante. Os cabelos sedosos, estavam brilhantes, completamente esticados sem as habituais ondas na ponta. As unhas, mesmo que Liam não tenha reparado, estavam pintadas em um vermelho vívido, o que combinava muito com a pele alva da mulher.

_ Oi Liam, tudo bem? – sorriu quase emocionada, contendo-se ao máximo para parecer não saber o motivo daquela visita.

_ Oi Sophia, estou bem, e você? – sorriu simpático, escondendo as mãos nos bolsos de sua calça.

_ Estou ótima! – sorriu tímida, colocando uma mexa do cabelo, que caía em seus olhos, atrás da orelha.  _ Mas me diga, em que posso te ajudar? – perguntou ansiosa.

_ Bom, eu gostaria de pedir algo a você, mas não quero que se sinta na obrigação de fazer apenas por que sou seu patrão. Você tem todo o direito de recusar se achar que não pode e... – ele se pôs a falar sem parar, coisa comum de quando ficava nervoso. Afinal, Liam estava contando com a mulher para que seus planos dessem certo naquela noite.

_ Liam! – ela interrompeu sorridente, sabendo que o patrão costumava desatar a falar quando estava nervoso e já havia ouvido aquela ladainha na noite anterior. _ Diga de uma vez, huh? – sorriu em expectativa, sentindo o estômago revirar inquieto.

_ Bom, não quero abusar de você, mas, será que você poderia ficar com Sam essa noite? – e um balde de água fria foi jogado sobre ela.

Sophia abriu a boca surpresa, não sabendo como reagir àquilo. Afinal, o que acontecera com o pedido para sair com ele?.... Não, aquilo devia ser um grande engano!

_ Desculpe, como? – franziu o cenho confusa, sentindo o peito apertar enquanto agarrava-se à um fio de esperança de que ele apenas tenha confundido suas palavras.

_ É que hoje eu pretendo sair à noite e não tenho com quem deixar Sam! – ele explicou coçando a nuca, envergonhado com aquela situação... Será que ele teria que falar para ela? _ Maria iria sair com o filho e não vai dar para ela ficar com meu menino... E... Bom, eu tenho um encontro e não posso lavá-lo comigo!

_ E po-por que você não o deixa com o Zayn?! – ela estava lutando com as lágrimas, sentindo a garganta apertar dolorosamente.... Aquilo não podia estar acontecendo!

_ Bom.... – Liam ficou envergonhado, as bochechas corando quando soube que não teria outra alternativa, a não ser, ser franco com ela. _  Bom, digamos que ele ... Bom, ele não vai estar em casa também!

_ Como? – não, não, não, não.... Que não seja isso!

_ Bem, digamos que ele é meu encontro, então, definitivamente, ele não pode ficar com Sam também! – coçou o pescoço envergonhado, olhando para o chão sem coragem de olhá-la nos olhos e ver julgamento em sua face.

No entanto, se Liam estivesse olhando para mulher a sua frente, tudo que encontraria era mágoa e tristeza em seu rosto, acompanhadas de duas lágrimas solitárias que abandonaram seus olhos antes dela virar-se de costas para ele, passar as mãos pelos cabelos e jogá-los para trás, engolindo a choro que queria vir descontroladamente.

_ Infelizmente eu irei sair esta noite também, vou a um encontro.  Por que não o deixa com o Louis? – murmurou raivosa, respirando fundo para se recompor.

_ Eu deveria imaginar que você iria sair hoje, afinal, se arrumou toda e até foi no salão! – ele sorriu encabulado, nem notando a linguagem corporal da mulher a sua frente. _ Bom, eu vou tentar falar com ele, obrigado de qualquer forma.

_ Sem problemas. – falou seca, querendo que o patrão sumisse dali de uma vez.

_ Bom, boa sorte com seu encontro. – virou-se para sair dali, voltando antes de sair definitivamente. _ Ahhh, Sophia? – chamou, ouvindo-a murmurar algo que indicava ter o escutado. _ Você está muito bonita, ele com certeza é um cara de sorte!

E saiu, deixando a mulher com o coração despedaçado para trás.

_ É... Muita sorte! – ela murmurou chorosa, sentando-se na beirada de seu colchão ao que escondia o rosto repleto de lágrimas.

A rejeição dói para qualquer um, até mesmo para aquele que julgamos mau ou sem coração.... Sophia era prova disso e suas lágrimas seriam suas únicas companheiras naquela noite!