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História Zootopia: O Lobo solitário. - O plano para uma pizzaria


Escrita por: Dekonado

Notas do Autor


Demoreeeeeeeeeei, mas chegueeeeeeeei!
Então, deixem me explicar! Já vi que vocês estão bravos!
Beeeem, vamos por partes!

Eu sei pessoal... 9.000 Palavras é um montante enorme para vós, mas queria detalhar mais minhas histórias e senti que estava faltando isso. Sei que ninguém gosta de ler histórias muito grandes - principalmente a minha - no entanto isso servirá para dar mais personalidade aos personagens, algo que penso eu que está faltando em nossa história.

Leitores: Mas Dekonado, por que diabos demorou tanto?!

É aí que complicou tudo e acho que é meio complexo! Bem, a minha vida presenciou uns probleminhas pesados e eu tive que ter um tempo para absorver tudo isso.

Sobre o Grupo Zootopia... Duas solicitações recusadas e mais uma fora enviada, espero REALMENTE que desta vez vá (Me dediquei realmente a estrutura do grupo)

Boa leitura!

Capítulo 28 - O plano para uma pizzaria


Fanfic / Fanfiction Zootopia: O Lobo solitário. - O plano para uma pizzaria

[Zona leste, Apartamento Abandonado, Avanço de Tempo, 6:20 PM]

Do lado de fora de uma janela quase quebrada e suja, a chuva despencava com certa tranquilidade e calma a frente de edifícios de concreto e feito de tijolos. Com toda certeza, nas ruas estaria frio e sujo. Enquanto sirenes de policias mais próximas tocavam e conseguiam ser ouvidas pela dupla dinâmica que estava no apartamento, o pensamento de abandonar serviço não saia da coelha.

A Zona Leste definitivamente tornar-se-ia um lugar muito mais perigoso durante a noitada. Se de dia se observava tráfico de drogas, roubos e homicídios – os quais eram não tão freqüentes – à noite as taxas subiam. Placas neons e boates de luxúria lucravam muito por aquela área tão freqüentada por malfeitores e criminosos que se aproveitavam dos cabarés para adquirirem mulheres de jeito “fácil”. A prostituição sempre seria algo comum na Grande Cidade e, mais comum ainda, em centro de Zonas e no centro de São Paulopia, a qual aflorava e recebia inúmeros lucros pelos clientes fáceis. O conceito de “conseguir algo fácil” tornava-se relativamente atraente para os cidadãos, uma vez que eles já tinham um dinheiro de maneira acessível. A corrupção. Tudo estava ligado em uma enorme raiz sórdida que se enraizava na cidade. Embora nem todos fossem corruptos, uma minoria grande tornava-se.

Enquanto toda cidade estava se preparando para o adormecer e uma nova manhã, a dupla inseparável permanecia no apartamento e sonhando com o que realizariam com o novo raiar de sol. Ao menos, para Nick. Já para a coelha que estava sentada na cama pequena, jamais teria a capacidade de abandonar seus pensamentos de que fugiu de seu posto de policial. Mesmo em outra cidade, ou outro país, sua função continuava a mesma: Assegurar a vida de inocentes e proteger a cidade. Não importasse para onde fosse, carregava consigo os ideais do livro de táticas do DPZ e ideais sobre sua real função no meio de toda uma bagunça generalizada. A raposa estava do outro lado, cozinhando, ao menos tentando, algo para ambos comerem. Ela estava descontraída, sem pensar muito no amanhã e focando no dia de hoje. O como seu peito apertou após ambos se separarem e pensar que sua coelha teria que se virar sozinho. Nick sabia do conhecimento de Judy, entretanto Clang não era qualquer inimigo e jamais seria um inimigo comum. Era algo insano de se combater e de presenciar e necessitariam de alguma ajuda realmente eficiente contra aquele ser tão vil e tão maldoso.

Seja como fosse, nunca refletia muito sobre o real vilão da história toda, embora um surgisse: Lucas T. Desde a oferta, aprendeu que nem todos aparentam ser o que suas máscaras apresentam em sua primeira face e, quando se menos espera, a máscara caiu e a verdadeira aparência lhe aparece. Poderia se falar que ficara surpreso naquele momento, jamais aguardaria isso de um futuro prefeito... Embora lhe recordasse do caso do prefeito Leãonardo.

O que eles estavam fazendo afinal? Realmente ele não sabia. Estavam apenas curtindo em um apartamento enquanto ouviam a chuva despencando do lado de fora. Concentrava-se na frigideira que aumentava de temperatura.

 

- E então cenourinha, o que faremos amanhã? – Perguntou ainda mantendo os olhos à frigideira. – Descansar de tanto serviço pesado que fizemos ultimamente...

- Precisamos fazer relatórios. – Disse Judy sentada à mesinha próxima da cama – De tudo o que fizemos nos últimos dias.

- Sério Judy? – Perguntou Nick se irritando um tanto – Temos uma folga inteira, podemos descansar!  Quer realmente trabalhar mais ainda depois de tudo o que fez?

- É claro que é sério Nick! – Respondeu – Fazer a nossa obrigação no emprego é o porquê de nós sermos pagos.

- Estes relatórios vão ser úteis alguma vez? – Indagou – Ou só vão ficar jogados em uma enorme biblioteca? – Provocou.

- Você ainda me pergunta Nick?- A coelha também estava ficando irritada – É óbvio que isso vai servir! Como vamos conseguir encontrar fichas de criminosos?

- Bem, alguém tem que fazer o serviço para nós, não é? – Questionou – Fizemos mais que a nossa parte nos últimos dias e temos arriscado nossas vidas a custo de quê? Não somos justiceiros desta cidade.

- A custo da justiça! É pra isso que trabalhamos todos os dias. – Fitou a raposa – Farei estes relatórios, queira ou não Nick. É necessário e acabou o assunto.  – Virou-se e começou a escrever.

 

Os dois permaneceram em silêncio após a breve discussão feia. Não era uma questão de quem saia perdendo ou quem se tornava o “grande vencedor de uma discussão”. Tornava-se algo bem mais que um desentendimento e a colisão entre os pensamentos retomavam coisas de suas personalidades em si. Judy não conseguia entender o porquê de o seu amado não querer realizar uma parte do trabalho, tudo bem, seria certo que ele fosse preguiçoso em algumas partes do serviço, entretanto nunca largara algo assim, "de repente."

Provavelmente, o fato que estava em questão era o mesmo de algumas horas atrás: Ordens diretas de uma médica quase que profissional no ramo da medicina e enfermaria. O descumprimento da regra em que Ana recomendou ocasionalmente irritou Nick.

Enquanto Nick achava que ambos já tinham trabalhado demais e definitivamente uma coisa nítida seria certa: A que se arriscaram demais nos últimos dias e o corte na bochecha de Judy comprovava isto.  Além do estado de sua amada – em que fora recomendada por Ana, uma doutora no meio dos estudos, descansar. Entretanto ela não queria parar por motivos “bestas” – segundo ela – de trabalhar. O conflito fora inevitável por parte dos dois enquanto o silêncio se instalara naquele quarto aparentando ser tão quieto há alguns minutos atrás. Provavelmente, aquilo de fato era algo inevitável de acontecer, brigas sempre ocorreriam em qualquer relação ou amizade.

Alguns minutos desconfortáveis para ambos se passaram lentamente enquanto as sirenes distantes prosseguiam sendo escutadas. Judy prosseguia redigindo seus relatórios do que ocorrera nos últimos dias. Ainda lhe assemelhava a postura de cansaço e de efeitos colaterais na fumaça em que inspirara, entretanto não estava com mente para refletir sobre narcóticos e tantas outras coisas vis. Concentrava-se unicamente nos documentos. Nick tentava e buscava, ao menos, tentar cozinhar o alimento, entretanto a temperatura – que não aparentava ser controlada pelo botão do fogão – se recusava a abaixar, resultando na queima do alimento e muita fumaça preta.

 

- Tudo bem, - Nick soltou o ar, decepcionado – Fui eu. Deixa que eu ligue para uma pizzaria.

- Me da o telefone e tenta limpar a frigideira enquanto isso. – Judy o confortou – Não há vergonha em errar. – Disse estendendo a pata

.

O perdão veio por parte da coelha. Ou ao menos, uma parte de sua sensatez viera a se mostrar. De fato, aquilo não tinha nada a ver com a discussão e tornava-se algo que também a beneficiaria.

A raposa pensou duas vezes antes de lhe fornecer o cartão da pizzaria próxima. Primeiro que ela não aparentava jogar a culpa da discussão nele – o que era muito bom – e, segundo, que ele que havia cometido o descuido de queimar a comida, mesmo que a real culpa não tenha sido dele. Quando ele cometia algum erro optava sempre por arrumá-lo rapidamente e disfarçadamente sem que ninguém percebesse e, caso alguém visse, esforçava-se em acobertar o próprio erro. De vez em quando resultava em momentos engraçados.

 

- Com uma condição. Eu pago. – Lhe deu o cartão de telefone.

- Você? Pagar? – Disse com expressão surpresa e com um leve sorriso – Se for por causa da briga, levaria horas para pagar. – Pegou seu telefone – Mas são apenas arquivos, não é? – Jogou a pergunta no ar de jeito sabichona.

- Tá bom... Não são apenas arquivos. – Admitiu pegando a frigideira – São papéis que ficarão jogados. – Rebateu com o mesmo sorriso.

- Se você pensa assim, não sou eu que vou fazer seu pensamento mudar, não é? Afinal, não sou uma justiceira desta cidade. – Discou os números.

 

Judy respeitava de quem pensava diferente dela e jamais seria ela que mudaria o pensamento de outra pessoa ou uma opinião desigual da qual refletisse. Entretanto, não seria obrigada a seguir um pensamento diferente, a não ser se fosse sua vontade.  A diferença entre pensamentos e entre pessoas tornava-se o que constitua o mundo e o qual formava Zootopia. E, praticamente, a relação voltara a ser a mesma de antes como se não tivessem passado por nenhuma briga. A maneira em que lidavam com os problemas e com coisas mais sérias como uma briga ou discussão tornava-se algo agradável a ambos que se juntavam com elogios “escondidos” e provocações não tão irritantes. Buscavam se descontrair após algo sério ou constrangedor para trazer à tona o esquecimento dos momentos maus, seja com piadas e provocações inocentes até mudar de assunto para alguma coisa do dia a dia. Entretanto, algumas situações do dia a dia, como broncas de chefes ou desavenças exigissem mais seriedade e sensatez.

Para pedir o alimento, continham algumas idéias em mente. Um famoso pizzaiolo muito prestigiado por toda São Paulopia estava ativo na Zona Leste em seu mais famoso restaurante que dava a zona grandes lucros e serviria para disfarçar tanta criminalidade em uma só região da cidade o qual preparava pizza para todos os tipos de animais com os mais variados gostos, sejam eles mamíferos ou predadores, haveria algo que eles gostariam em seu restaurante. E isso fazia-se uma grande vantagem ao cozinheiro, uma vez que nem todas espécies podem ingerir grandes quantidades de massa que uma pizza ofereceria do qual poderia manipular facilmente – através da tecnologia mais avançadas – os elementos que compunham o alimento. Era algo único de sua propriedade.

 

- Vai querer do que Nick? – Perguntou olhando para seu raposo.

- Eles têm de mirtilos? – Indagou.

- Hmm... – A coelha ouvia – Brócolis servem?

 

Nick fez cara e um sinal de nojo com suas mãos.

 

- Tudo bem, vou pedir uma de... Que tal a clássica? Mussarela ou calabresa?

- Mussarela. – Disse raspando a sujeira da frigideira.

- Queremos uma de mussarela. – Falou ao telefone.

 

Desligou o seu telefone e, ao ver Nick com dificuldades em raspar sua frigideira, pôs-se a ajudá-lo e principiou-se a esquecer dos relatórios postos à mesa. Ao menos Nick estava certo em uma coisa: Os coelhos serem emotivos e irem à onda de distrações fáceis.

 

- Quer uma ajuda, Sr Mirtilo? – Se aproximou dele.

- Só se você conseguir alcançar essa frigideira. – Ergueu a frigideira de modo em que ela não conseguisse alcançar.

- Há, há. Muito engraçado Wilde. – Demonstrou um sorrisinho.

- Relaxa cenourinha, eu tenho meus meios. – Pegou uma Zoca-Cola da geladeira. – Sabia que nos últimos anos a Zoca-Cola subiu seus componentes químicos em 15%? – Lhe questionou ao mesmo tempo em que botava o líquido na frigideira e o queimado saia com certa facilidade.

- Olha só, temos um estudante por aqui! – Fingiu surpresa – Aposto que você jamais ficaria bagunçando na sala de aula, não é? – O olhou com certa ironia.

- Eu? Bagunçar? Poxa cenourinha... – A olhou – Achei que você tivesse mais consideração com seus amigos.

- Você não é apenas meu amigo Nick. – Falou o fitando – É muito mais que isso. – Sorriu de leve.

“- M-muito mais?” – Pensou. – É claro que eu sou algo mais que isso! – Expressou vitorioso e retribuiu o sorriso.

 

Estabelecia-se ali, talvez, uma relação de amor por parte dos dois da qual Nick se surpreendia às vezes. Seria óbvio e jamais seria alguma surpresa que Judy gostava de sua raposa, entretanto ambos não admitiam o amor que sentiam um pelo o outro. Provavelmente, Nick ainda queria ensinar Judy algumas coisinhas sobre o mundo a fora e sobre como ele não era um arco íris como ela imaginava Zootopia. Para a coelha, não compreendia muito precisamente sobre a real lição que seu amado estava tentando lhe aconselhar, e ocasionalmente questionava-se se Nick tornava-se realmente o animal certo para ela. Era nítida sua ansiosidade para conhecer o mundo a fora, outros países além de Zootopia e não se prender a apenas uma cidade. Talvez, Campos Unidos da América, Inglaterra, Paris, tantos outros locais e tantas outras pessoas. Teria de desfrutar com alguém especial e que lhe entendesse o suficiente.

O pensamento de permanecer com a pessoa certa se fazia deveras, um tanto, que equivocada para Zootopia. A idéia de conseguir um animal em que você pudesse se apegar seria totalmente normal para a grande cidadela utópica, uma vez que todos que a habitam faziam-se bem educados, galantes e humildes. Ao menos uma grande parcela da metrópole vivia assim, entretanto nem todos se tornavam educados e com tantas qualidades. Embora perfeita, a cidade continha seus defeitos, como uma – pequena, mas promissora – corrupção no coração da cidade. A prefeitura. Era lá em que tudo se realizava e tudo passava de idéias para o papel. Se alguém ou algo a danificasse, praticamente, estaria danificando um enorme sistema decorrente do qual sustentava toda cidade, sejam seus moradores em inúmeros eco-bairros até os grandes edifícios empresariais dos quais suportavam a cidade com seus lucros e vendas. Realizavam-se simples, tornar uma grande cidadela utopista em uma cidade comum.

 

- E espero que compreenda isto. – Pegou o distintivo – Nós somos parceiros do DPZ, lembra? – Demonstrou graça.

- P-parceiros? – Sua expressão decaiu-se em surpresa e suas orelhas abaixaram. – É claro, cenourinha! – Buscava demonstrar graça em sua fala – Como eu esqueceria isto?

- Parecia estar pensando em outra coisa... O que seria? – Levou à caneta aos seus lábios com ar de questionadora enquanto olhava para cima.

- Estava refletindo sobre como... Como... Como essa pizza demora! – Olhou o relógio – Passaram-se dez minutos e ela não chegou!

Judy riu de leve antes de dizer: - Sei... – Voltou a escrever seus relatórios.

 

[Quebra de Lugar, Comunidade do Santo, Quartel General do SCC, Avanço de tempo, 6:29 PM]

 

Matheus saíra um tanto quanto cansado e suando muito do grande depósito em que estava treinando com o rato mutante. Seus pés parecem moídos e suas pernas lhe aparentavam estar tão cansadas e açoitadas pelo constante esforço em flexões e outros esportes que praticara. Enquanto andava pelas pilastras com janelas ornamentadas, parou e observou a cidade iluminada. Tantas luzes acompanhando os enormes edifícios que pareciam vibrar e adorava vê-los embelezando o céu e a terra com incontáveis iluminações cuja pareciam cintilar. Tantos carros transitando lhe proporcionavam uma bela visão e recordou-se de sua mãe.

Lembrou de como a interrogou acima do restaurante com uma vista encantadora e cativante do prédio Lopan. O como agiu de maneira arrogante, pedindo sempre por mais e mais respostas lhe deixava culpado por dentro e arrependido por fora. Por que não passou mais tempo com sua família? Estava tão cego pelo amor de Rosa e para descobrir logo o assassinato de seu pai que desdenhou todo o amor que sentia por sua mãe.

 

- Me desculpe mãe... - Admirava toda paisagem com culpa. Se apoiou na pequena muralha fitando a cidade. 

- Que problemas tão interessantes são estes? – O rato lhe apareceu ao seu lado farejando o ambiente – Está se sentindo culpado? – O olhou demonstrando interesse.

- Não estou para brincadeiras R. – Disse Matheus seriamente enquanto disfarçava o que sentia. – Se você acha isso, vá em frente.

- Eu não lhe culpo, pequenino. Se Clang ao menos parasse de interromper em minha vida, também compreenderia essa culpa tão amarga que sentes.

-  Tá falando isso como... Como se envolvesse em minha vida! – Irritou-se um pouco e balançou nervosamente as mãos – Eu estou bem, okay? – Interrompeu sua visão deslumbrante e o fitou.

- Você está se sentindo culpado... Isso, uh...

- Está me estranhando é? – Perguntou.

- Somente em sua vivência, pardal. – Retornou seu semblante sério após se divertir um pouco-Foi bem em seu treinamento hoje.

- Obrigado. – Retornou para ver a cidade – Já parou para pensar... O como isso aqui é grande? – Indagou ao ver novamente a metrópole e conversava.

- A cidade? Nada mais que almas perdidas. – Disse de um jeito um tanto tenebroso – Todos querem se fatigar de tanto trabalhar para obter um tanto de dinheiro. Poderiam morrer por isto.

- Morrer por dinheiro... É uma das coisas que acontecia onde eu morava. - Lamentou-se internamente – A que nível nós poderíamos chegar?

- Neste país, pequeno pardal, tudo o que movimenta os números são mortes, que me divertem, e dinheiro. – O aconselhou.

- Por que se diverte tanto com morte? – Lhe questionou – Não é algo em que se possa ficar... Falando de repente.

O rato se calou. Não disse nada mais que meras palavras assustadoras e sombrias: - Jamais me questione novamente. – Pegou furtivamente em suas adagas – Ou serão suas últimas palavras. – O olhou com tanta seriedade que se tornava capaz de matá-lo ali mesmo. Mesmo que isto enfurecesse Clang.

 

Matheus nada disse. O silêncio bastava-lhe como resposta para o rato. Não tinha capacidade para compreender como um sujeito se divertia tanto com a morte dos outros e como conseguiria obter diversão em meio disto tudo. A morte seria como uma despedida dolorosa de uma pessoa que amamos com todo nosso coração, algo em que nós nunca mais poderíamos re-ver a pessoa novamente e jamais ouvir a doce voz do ser que alegrava nossas manhãs e adocicava nossas noites. Ao menos para Matheus era isto. A morte de sua mãe seria uma incógnita no meio desta confusão difusa em que estava presenciando com sua alma. Embora obtivesse uma boa definição de “morte”, ainda sim sua ignorância o realizava sentir algo todas as vezes que o sol raiava da qual não tinha capacidades para aliviar ou deixar de lado. Vivenciava uma dor tão sórdida e perversa que se enraizava em seu corpo cada vez mais e mais todas as manhãs que não era algo da qual se pudesse desconsiderar. Tornava-se uma coisa que pesava em suas costas e lhe arrebatava toda vez que lembrasse de que poderia ter a salvo. Poderia ter tudo sido diferente. Culpava-se imensamente por isto sempre que a lua caía e buscava descansar.

Entretanto, provavelmente observava que o rato não estava ali porque queria. Talvez ele não tivesse escolhido “a opção” de se juntar ao SCC. Suas falas um tanto quanto misteriosas o deixavam um pouco curioso para conhecer um pouco mais a fundo sobre R. Provavelmente, Matheus sabia que ele seria alguém que o ajudasse – principalmente em sua fuga do S.C.C - mesmo que o pudesse matar a qualquer hora por alguma besteira. Teria de caçar mais informações a respeito dele.

 

- Acha que conseguiremos escapar? – Perguntou sem medo – E se Clang saber disto tudo antes?

- Clang não passa de um mero idiota. – Lhe disse – Quer aparentar ser alguém potente e invencível, mas sua arrogância lhe corrompe. E todos estão fartos de tantas ordens.

- O que quer dizer com isso?

- Somente o tempo nos dirá pardal. – Pôs sua pata em seu ombro – Se quer algo, corra atrás. É assim que obtenho tantas mortes com adagas.

- Quer... Parar de falar sobre tantas mortes? – Matheus se sentia desconfortável quando alguém mencionava a palavra “morte”.

- Não, não irei parar de falar. – Retirou sua pata – Acha que consegue me intimidar? – Seu tom estava cada vez ficando mais irritado.

- Penso que consigo, por quê? – Os dois fitaram-se nervosamente e pareciam entrar em combate.

- Hey gente, não precisamos disso, precisamos? – Rober surgiu ao longe do corredor horizontal, descontraidamente – Tive que dar uma de investigador para achar vocês dois!

- Para seu lobo, acho que precisa. – O Rato o respondeu. – Nós estávamos aqui o tempo todo. – Ainda olhava Matheus

- É Rober, estávamos aqui o tempo todo. – O solitário retribuiu o olhar – Estava treinando com ele.

- Hey, hey – Rober separou os dois – Acho que vocês não entenderam, eu disse que não precisamos disso, certo Matheus? – O encarou com certa repreensão.

- Que seja. – Matheus pôs-se de lado. – Vamos logo para o setor.

- Isso que eu iria falar maninho. Preciso te mostrar uma coisa e acho que o R aqui vai querer vir com a gente! – Permanecia empolgado com algo interessante para demonstrar – Creio que vocês dois irão gostar.

- Uma nova doença? – O rato juntava suas esperanças – Ou quem sabe uma nova arma?

- É uma surpresa, e surpresas não podem ser reveladas. – Rober retribuiu – Vamos?

 

O grupo pôs-se a andar e sair do corredor com janelas tão belas e elegantes das quais proporcionavam uma bela visão da cidade. Matheus queria ficar por lá e admirar um pouco mais a paisagem, entretanto se Rober queria tanto mostrar algo, qual seria o porquê de recusar? Afinal – assim como pensara anteriormente – aspirava permanecer mais com sua família e Rober era parte dela. Assim que saíram do corredor observaram o pátio com luzes tão fracas que seria possível enxergar pequenas mariposas voando aleatoriamente pelas lâmpadas. A frente deles o Setor de Armazenamento aparentava estar em ritmo de festa, com inúmeras luzes o iluminando e tanto falatório e bebedeira dentro dele que demonstrava que os malfeitores estavam contentes com algo.

 

- Parece que seus amigos estão em ritmo de festa. – Disse o lobo – Dia do pagamento?

- Exatamente maninho! Sempre que Clang paga àquela grana é dia de festa por aqui! – Proferia tudo com tanta felicidade que parecia estar rico.

- Festas não são... Muito minha praia Rober. – Pararam à frente da porta. – Sabe que eu não me socializo bem nestas questões.

- Relaxa maninho! – Rober chegou mais perto – Aqui, todo mundo é irmão e não são os malfeitores que eu quero lhe demonstrar, são pessoas de bem que estão no meio de tanta miséria e sujeira.

- Ainda tenho meus princípios Rober, só quero ir para minha cama e descansar.

- Pô cara, não vai querer nem ao menos beber umazinha? Nem desejar algumas lobas, hein? – Lhe questionava com certa malícia.

 

Matheus jamais necessitaria de palavras para expressar o seu olhar um tanto quanto bravo em direção ao seu amigo. Rober, por um momento, esqueceu-se completamente de Rosa. Enquanto o olhava com suas sobrancelhas juntas e olhar feio o rato adentrava o local.

 

- Façam o que quiserem. – Abriu a porta, fazendo uma parte de a luz sair e iluminar as trevas.

- Tá bom maninho, foi mal! – Desculpou-se – Mas qualé, você não pode ficar neste relacionamento o dia inteiro! – Ouviu o som da porta se fechar e a luz se encerrar.

- Está engraçado hoje Rober. – Ainda o encarava com o mesmo olhar – Você tem conhecimento do que nós lobos temos.

- Destreza? – Se fingiu de bobo – Vamos lá maninho, ela nem vai saber!

- Mas eu irei saber. Eu irei trair ela. – Cuspiu estas palavras como se fossem amargas – Não passou em sua cabeça um mínimo de bom senso?

- Está bem, me perdoe. – Finalmente havia admitido o erro com certo cansaço na fala – Vamos entrar? – Abriu a porta e aquela luz tão estonteante e tão colorida invadiu a escuridão do pátio.

-Vamos. – O seguiu.

 

Matheus, por um triz, quase que não dava uma bronca um tanto que bem dada em seu amigo apenas porque eram da mesma família e iria relevar este erro. Compreendia que Rober tinha seus gostos particulares, mas quando entravam em discussão com ele, nunca apreciaria muito o falatório de malícia que seu amigo continha e - raramente - brigavam sobre isto. A questão de ficar com muitas fêmeas tornava-se totalmente errado para o solitário, uma vez que teria que manter relação apenas com uma fêmea que gostava e, jamais, tentar a sorte com outra. O pensamento de confiança e, lealdade e responsabilidade nunca seriam algo a ser “jogado fora” – principalmente para os lobos – que zelavam sempre pela confiança e fidelidade ao seu companheiro. Tornar-se ia um conceito um tanto quanto complicado aos outros animais que perguntavam o porquê deles se apegarem tanto a promessas de seus parentes ou ao amor. Se um lobo faltasse com suas obrigações, isto era uma desonra a si mesmo, mas se o mesmo quebrasse uma promessa ou traísse nunca seria merecedor de um perdão.

Assim que entraram, sua visão fora inundada por animais, principalmente predadores, andando de um lado para o outro com suas armas empunhadas ou com armamentos em suas cinturas. Haviam ficado tão animados com o dia do pagamento que pareciam ir a loucura e o cheiro de drogas achava-se muito mais forte do que a anterior e irritava novamente a garganta de Matheus. Além de bate-papos e cavaqueiras sem fim e de um nível tão alto que tornava-se impossível ter uma boa noite de sono e via-se obrigado – ao menos – ficar acordado um tanto para aproveitar um pouco da festa em seu quarto. De preferência, sozinho e com ninguém desconhecido lhe incomodando. Animais solitários não gostavam de ir a festas, justamente pela questão da sociabilidade com outros animais, pois uma festa nunca seria tão legal se você jamais tirasse um proveito de uma boa conversa acompanhada de pessoas que lhe amavam ao seu redor. Para Matheus, apenas perdia-se a parte de “pessoas que lhe amavam ao seu redor”.

 

- O que você queria me mostrar mesmo?- Viraram o corredor e chegaram à passagem longa cheia de portas para os quartos.

- Calma! É surpresa! – Permanecia tão entusiasmado que não surpreenderia Matheus se fosse algum novo tipo de contrato criminal – Quer adivinhar?

- Mais dinheiro? – Lhe questionou – Ou um novo tipo de droga? – Talvez pegara muito pesado dessa vez.

- Droga? Que isso maninho, cê sabe que eu sou limpo – Pararam em frente ao quarto de luxo de Matheus do qual estava com a porta fechada.  – Quero lhe demonstrar... – Abriu a porta – A Resistência! – Um grupo pequeno de animais, predadores e mamíferos, estavam em seu quarto.

- Meu deus... – Botou a pata em sua cara – Rober, eu não sou petshop para abrigar tantos animais!

- E quem disse que eles ficarão em seu quarto? – Seu amigo entrou no cômodo – Eae galera! – Cumprimentou todos que o receberam

 

Todos o recebiam com alegria e recepção, talvez realmente fossem diferente dos membros do S.C.C que corrompiam a cidade e os quais – em sua maioria – tornavam-se agressivos e não seriam tão receptivos com o próximo, quanto mais compartilhar um mesmo quarto. A questão de formar uma resistência percorreu o pensamento de Matheus que olhava tudo aquilo sem muitas esperanças de dar certo. Bastava uma informação vazar e Clang os capturaria e os condenaria a seu fim. Entretanto, talvez pudesse ter sucesso, uma vez que todos na facção - sem exceção – se importavam apenas com fêmeas, dinheiro e a quantia que o tráfico rendeu ao mês acabar.

 

- Então galera... – Rober estava no meio de tantos animais – Queria apresentar um mano meu de muito tempo, estudávamos na mesma escola até que... – Parou de falar e retomou em seguida - Enfim, rolou uns problemas e Matheus, nosso mais novo integrante está no grupo!

 

Eles o saudaram com alegria e esperança em seus olhares dos quais pareciam distraídos e não muito aterrorizados para fugir do grupo. Estavam comemorando, não o dinheiro de ações ilegais, mas mais um dia de vida que conseguiram obter na cidade da qual conquistaram em meio a tantos feitos vis de seu chefe. Pareciam contentes com tão pouco que tinham, principalmente contando que não conseguiriam tantas coisas sem fazer muito dinheiro no grupo.

 

- Ahm... Senhor... – Um mamífero tocava na perna de Matheus – Você é o amigo de Rober?

- Hmm? – Grunhiu Matheus – Olá. – Olhou para baixo e observou a lebre lhe observando de cima.

- Olá senhor...Como posso chamá-lo? – Perguntou

- Me chame apenas de... – Pensou duas vezes antes de falar o nome - M. – Disse – Precisa de algo? - Ergueu uma sobrancelha.

- Na realidade, todos nós precisamos. – Seu olhar carecia de atenção e felicidade – Meu nome é Paulo, mas me chame apenas de Paul.

- Tudo bem... Não vejo problemas.

- Creio que não tenha entendido M... – A lebre tocou novamente em sua cintura, Matheus tornava-se um pouco alto que ele – Eu preciso de ajuda. Nós precisamos de ajuda.

- Então me diga. – Matheus ajoelhou-se, ficando cara a cara com Paul – Do que exatamente precisam.

- Apenas escapar daqui M. Nada mais que isso. – Paul falava com um fio de esperança em seus olhos – Você vai nos ajudar? – Lhe arremessou esta pergunta difícil de ter uma resposta

 

O lobo ficou pensativo por um momento... Ajudar mais pessoas que eram reféns de Clang a escapar?Com toda certeza isto tornar-se-ia arriscado demais, das quais se fizessem alguma besteira durante um processo complexo e problemático de fuga, poderiam levar o plano à falha em segundos. Mais pessoa em uma escapatória significava mais riscos a se seguir e mais vidas em perigo as quais teria que cuidar, pois Rober e R não aceitariam isso com bons olhos. Porém ele não poderia mais deleitar-se em seu egoísmo de apenas ele fugir. Simplesmente, não poderia. Teria de escapar do grupo o mais rápido possível levando consigo apenas as leis aurum e suas poucas amizades.

Na realidade, ele não tinha um rumo certo a se seguir após escapar do grupo. Planejava ir para a casa de sua tia, na baixada santista e longe de São Paulopia e – futuramente – tentar arrumar algum grande emprego que envolvesse justiça. Advogado seria bom para ele. A idéia de botar Lucas T na cadeia tornava-se um pouco impossível para Matheus – embora tenha seu senso de justiça. Com tanta corrupção na grande economia do país e com tanta manipulação envolvendo policiais militares, iria ser taxado de traidor e procurado pela policia.

Entretanto, a esperança em meio a tantas coisas vis e maléficas permanecia sadia e determinada no fundo dele. Amava o trabalho de seu pai, mesmo que morto, não perdia sua fé pelas leis aurum de, um dia, serem implementadas. Conseguia visualizar com seus olhos cansados de tanto treino, a expectativa e perspectiva que a lebre continha no fundo de sua vista. Talvez, ajudar outras pessoas a não entrarem ao mundo de Clang, fosse algo que seu pai admirasse.

 

A resposta saíra dura e repentina.

- Irei ajudar. – Disse sem nem ao menos sorrir – Mas não espalhe isso para todos. Não conseguirei tirar todos daqui. – Voltou à seriedade e levantou-se 

- De... De verdade? – Lhe indagou novamente com o coração lhe acelerando.

- É claro. – Desta vez, expressou um leve sorriso em suas bochechas, quase que invisível para Paul.

 

Para o mamífero à sua frente, aquele sorriso representava a confiança e o sonho de conseguir ver um mundo além de uma criminalidade absurda dentro de uma facção com tantos animais que seguiam um líder totalmente louco e insano, desprovido de qualquer lógica ou sentimentos. Finalmente poderia sair dali dentre de alguns dias.

Para Matheus, estava se importando muito mais com uma emoção da qual nunca sentia faz longos anos. A justiça e esperança. Desde que atirou e retirou uma vida pela primeira vez, presenciava seu sangue correr mais frio, não sentindo nojo e muito menos horror pelas mortes feitas por Clang e nenhuma repulsa por sangue. As visões não paravam e os pesadelos tornavam-se iminentes a cada noite, da qual se transformava em uma verdadeira confusão de sentimentos. Confusão, tristeza, raiva, desesperança sempre que lhe fechava os olhos e adormecia. Mas naquela noite ele não estava sentindo aquilo. Estava sentindo um tanto, um pouco, um resto de esperanças e o altruísmo dentro de si. Provavelmente, as visões atormentadoras e pesadelos poderiam parar por uma noite.

 

[Quebra de Lugar, Zona Leste, Edifício Abandonado, Avanço de Tempo, 7:10 PM]

 

Uns montantes de relatórios empilhados minuciosamente invadiram o espaço da pequena mesinha em que a coelha estava à frente. Após tanto tempo trabalhando e escrevendo com a caneta em forma de cenoura da qual utilizava, pôs-se a descansar na cadeira. Nick continuava a mexer em seu velho celular que não largava em momentos de distração e sabia que mexer com sua amada durante o trabalho não seria uma boa idéia. Os relatórios eram peças das quais instruíam e comprovavam os atos que você fez no dia, investigações, descobrimentos e tudo com os mais minuciosos detalhes possíveis, tornando-se muito mais difícil para Judy, pois não os fazia havia semanas e, redigir um documento como aquele, exigia tempo, paciência e palavras complexas. Nick não achava realmente necessário realizá-los, uma vez que todos ficavam guardados e esquecidos em uma grande biblioteca do DPZ. Entretanto, para a coelha eles seriam vitais para uma grande compreensão dos erros e dos acertos de todos os oficiais, tal como seu desempenho durante o dia. Estava com um mundo inteiro de idéias e ideais novos em sua mente para botar em funcionamento no DPZ, contudo precisaria de mais fama e reconhecimento por parte de seu chefe o qual sempre a subestimava pelo seu tamanho. Os eventos recentes tais como as da uivantes, têm reduzido essa fama de “mamífero fraco” da qual Judy tinha, contudo, alguns oficiais ainda a viam como “uma simples coelha”.

 

- Estes relatórios realmente demandam muito tempo.  - Soltou o ar de cansaço – E ainda estou com fome... Quando a pizza irá chegar?

- Não podemos pegar um aqui da internet? – Perguntou – O típico copiar e colar servia muito bem para meus trabalhos escolares. – Pelas minhas observações, a pizzaria em que você ligou é muito famosa pela Zona Leste.

- E você ainda acha isto legal? – Perguntou pronta para uma bronca – Peraí, qual restaurante que nós ligamos?

- É só alterar umas palavrinhas, cenourinha. Ninguém percebe e ainda saia com um ponto positivo na média. – Falava com certa lábia – Como você acha que eu passava de ano? Nós ligamos para a Pizzaria Bom Gosto, por quê?

- Essa pizzaria?- Judy parecia surpresa – Você está ficando doido?!

- O que tem demais cenourinha? Peguei o folheto em cima da cama, parece que eles têm um... bom gosto, sacou? – Sorriu

- Engraçado sua piada, mas isso não muda o fato de você ter me dado o telefone para uma das pizzarias mais caras e luxuosas de toda Zona Leste! – Esbravejou – Minha cenoura...

 

A Pizzaria Bom Gosto jamais seria uma mera pizzaria de esquina a qual cobrava quarenta reais para uma pizza. Tornava-se luxuosa demais para uma Zona tão pouco conhecida pelos habitantes e lucrava rios de dinheiro com seus incontáveis sabores, clássicos e inovadores, que a cada dia subiam mais e mais de encomenda. O restaurante estava presente em uma avenida importante da qual dava acesso para o centro da cidade, sendo localizado em uma posição a qual passava inúmeros clientes que enriqueciam cada vez mais o comércio. A pizzaria seria uma verdadeira ostentação para quem conseguisse uma de suas pizzas gourmet caríssimas e deliciosas de se saborear, encantando paladares de críticos e analíticos e cativando o povo do Leste.

Nick não pode fazer nada mais que a olhar surpreendido, abismado com o telefone que havia lhe dado.

 

- E agora vai ficar com essa cara? – Perguntou brava

- Vamos... – Tentava reunir suas idéias – Vamos ver se Ana tem dinheiro!

- Está brincando?! Nick, nós não vamos pedir dinheiro a ninguém!

- Tudo bem, calma! – Ele dizia com tranqüilidade e com um sorriso, tentando disfarçar o erro – Entãão, o que nós faremos?

- Pagar com o cartão de crédito e de preferência, com o seu.

- Eu já volto. – Ele sorriu sinceramente com seus olhos enquanto se levantava

- Nick, aonde você vai? – Judy o acompanhou lhe agarrando o braço.

- Vamos precisar de algo para beber, não é? Ou vai querer comer uma pizza sem algo para molhar a garganta? Só irei ao super-mercado aqui perto!

- Tá... – A coelha largou seu braço e voltou para sua escrivaninha e, ao olhar Nick abrindo a porta o chamou. – Só... Toma cuidado, okay? – Perguntou preocupada.

- Tá bom mãe! – Lhe retribuiu um sorriso afetuoso.

 

A porta fechou-se silenciosamente e a ultima coisa que Judy vira foi a cauda de seu amante lhe acompanhando discretamente. Já do lado de fora do apartamento, Nick tinha um plano em mente ambicioso o qual poderia fracassar miseravelmente, ou dar muito certo. Pôs-se a andar para fora do prédio furtivamente e com sua lábia em mãos. Enquanto descia os empoeirados e degraus sujos, sentira certo medo de ter saído sem um pouco de proteção ou uma pistola escondida... Não estavam mais em sua terra natal e – São Paulopia – certamente estava muito mais perigosa e ameaçadora do que antes.

Presenciara uma calada medonha assim que alcançara a saída, da qual nenhum animal ou veículo ousava interrompe-la e até o menor bater de asas de um mosquito fazia-se passar despercebido pelo silêncio. As luzes alaranjadas vindas dos postes de madeira antigas e depredadas não fazia o menor efeito em Nick que pensava, exatamente, em como faria para entrar na pizzaria. Pôs-se a andar novamente na longa rua enquanto não refletia muito sobre os detalhes exatos da operação enquanto observava atentamente os arredores de si. A Zona Leste – ao raposo – apresentava-se como uma, pequena, mas promissora, terra de oportunidades de comércios e empresas das quais certamente faria a área lucrar como nunca. Em uma realidade para Nick, São Paulopia não era muito diferente de Zootopia. A metrópole era dividida em diversas áreas – Zona Leste, Sul, Oeste e Norte, além da central -, já Zootopia tornava-se dividida em ecobairros.

 Virou uma esquina e a sensação de aperto e um pouco de terror em seu corpo passara quase instantaneamente como um alívio. Veículos e mais veículos e uma rotatória adornada com inúmeras flores e luzes claras, além de animais andando. Havia chegado a uma pequena avenida, prosseguiu-se a andar malandramente. Andava agilmente entre os pedestres os quais nunca perceberiam uma raposa ao meio de suas pernas, pois em sua maioria, eram grandes animais e – com isto em mãos – conquistava a importante vantagem de não ter nada em seu caminho. Não percebeu o tanto que andara em seus passos calmos e silenciosos quando vira o final da avenida se estendendo por mais dois quilômetros. Ao invés disto, vira uma incrível rotatória recheada de prédios multicoloridos, luzes neons piscantes e vibrantes, janelas acessas e inúmeros animais circulando pelas calçadas, a cada parte dos prédios os quais se estendiam de acordo com a circunferência da rotatória. Ao lado da rotatória encontrava-se a ampla e desenvolvida pizzaria com uma gigante placa de luz neon verde atrativa.  Não parara de andar e continuou a caminhar. Atravessara uma faixa de pedestres. Percebeu diversas motos paradas à frente do restaurante e, provavelmente, serviria para inúmeros motoboys que serviriam aos animais da cidade.

 Do lado de fora, fitava o clima quente e aconchegante que a pizzaria seria capacitada a lhe proporcionar, com mesas do dobro de seu tamanho e cadeiras para grandes predadores enquanto o calor lhe aparentava tentar escapar da pizzaria com sua alta temperatura. Lajes brancas decoravam o lugar e do lado de fora. Reparou em uma escada adornada de tijolinhos brancos e modestos levando para um segundo andar e cogitou a possibilidade do segundo piso ser a casa do chefe da pizzaria.

 Entrou sem ser percebido, andando por abaixo das mesas e cautelosamente não tocando nas pernas e nas patas dos outros animais e jamais aparentava suspeita, exceto pela sua cauda a qual teria que tomar cuidado. Parou em uma mesa e estava muito próximo das escadas das quais estavam sendo guardadas por dois guardas elefantes. Já tinha um plano em mente.

Saiu debaixo da mesa mesmo que passasse despercebido. Dirigiu-se à direita onde havia uma mureta de tijolos e onde se encontravam os chefes os quais trabalhavam arduamente e, em sua maioria, eram predadores.

 

- Com licença senhores. – Nick aparecera à frente da bancada - Uma boa noite para vocês.

- Qual é o seu pedido? – Perguntou um dos chefes olhando para Nick e se surpreendendo – Nick, meu velho amigo! O que fazes aqui? – Mike vestia uma roupa de cozinheiro

- Mike?! Não sabia que você trabalhava aqui.

- Como já lhe disse, tenho inúmeros empregos. Fala aí, vai querer pizza de quais sabores?

- Na realidade, eu acho que aqueles dois – Apontou para os guardas – É que querem uma.

- Os dois elefantes? – Enunciou Mike e quase que os dois escutam – Espere, você deseja passar por eles, não é? – Sussurrou se aproximando da raposa.

- Eu? – Nick indagou – Esperava que nossa amizade estivesse melhor. Jamais teria motivos para passar por eles. – Disse com convicção.

 

Mike o olhou atentamente e com uma cara de desaprovação, erguendo uma sobrancelha. Enganar nunca seria algo o qual ele apreciaria afinal a humildade e justiça deveriam – sempre para ele – falar mais alto do que o mal. Entretanto, para Nick, enganar tinha sempre uma justificativa maior e mais “Justa” do que a “normalidade de pedir”, sua cabeça continha um plano quase sem falhas e perfeita para a ocasião de Mike estar no restaurante. Aproveitar-se da inocência e ingenuidade do rinoceronte seria fácil demais, uma vez que Nick já havia aplicados inúmeros e incontáveis golpes em vítimas diferentes, não deveria ser um desafio enganar Mike.

 

- Pois bem, então realizarei seu pedido. – Voltou a ter seu sorriso humilde. – Obrigado pela pedida.

- Eu é que lhe agradeço chef. – Pôs um sorriso alegre e satisfeito na cara enquanto andava para embaixo da mesa.

 

Mike nunca fora muito concentrado e atento para pistas minúsculas ou para casos de extrema urgência – como os assassinatos de Clang. Sempre desviava sua atenção para coisas de pequenas importâncias, como uma idosa tentando atravessar a rua – e certamente a ajudaria – ou uma senhorita tentando carregar compras até sua casa. A humildade, definitivamente, o tornava uma pessoa melhor, entretanto ingênua e distraída do mundo ao seu redor. Por isto, o melhor lugar o qual se encaixava – quando a Guerra Civil estourou em Sírialandia – seria o de Artilharia Pesada da qual se focava exclusivamente em combater o Estado Islâmico e servir de linhas de frente para os médicos, soldados e suprimentos que chegariam para abastecer os pobres civis que sofriam pela guerra. Ele não tinha, um ódio pelo líder que iniciara tudo aquilo e detestava a raiva que Ana sentia pelo presidente. O perdão, a ele, teria de ser dado para todos.

Agora, Nick precisaria esperar até a pizza ficar pronta e aguardar a distração pegar os dois guardas de surpresa. O plano do raposo tornava-se simples e ao mesmo tempo difícil o qual requereria habilidade e controle do tempo na hora certa. Iria falar com chefe central para um pedido “especial” para certa pessoa de sua vida, entretanto precisaria ocupar os dois brutamontes que guardavam a entrada para o pizzaiolo. Assim que a tal pizza enorme ficasse pronta, seria entregue aos elefantes e Nick agiria neste momento. O sistema de segurança de São Paulopia nunca fora eficiente e bastava desviar a atenção de vigilantes e distraí-los de seu real serviço.

Aguardou alguns minutos antes de prosseguir em seu plano mirabolante, tudo estava ocorrendo como o planejado. Assim que Mike saíra da cozinha, soube que ali aparecia uma oportunidade.

 

- E então Thiago, adora uma pizza, não é? – Mike sorriu – Fiz uma pizza para vocês.

 - Pizza? Que pizza? – Um deles indagou – Não pedimos nada.

- Claro que pediram, estavam quase devorando a pizzaria inteira há uma hora atrás! – O chefe argumentou – Além disto, desperdiçar uma boa pizza é um pecado a mim.

- Então simbora comer! – O outro guarda disse ansiosamente – Olha só este queijo!

- Calma aí, - O outro o impediu – Patrão chega aí e eu quero ver! Pegar nós dois fora do serviço!

- Que nada, tu cobre meu turno e eu cubro o teu e ainda saímos no lucro.

- Bem, terei que dar essa pizza para os pobres então. – Mike virou-se e pôs-se a andar.

Os dois guardas se entreolharam e não se entendiam pela troca de olhares.

- Peraí Mike! – O guarda esfomeado disse – Esse aqui vai cobrir meu turno, bele?

- Ótimo primeiro comam, depois trabalhem. – O Chef lhes deu a pizza.

- Vamos... – O primeiro disse sem gostar da idéia

- Aí sim! – Animadamente, o segundo pegou a pizza e prosseguiram para a mesa onde Nick estaria.

 

Onde Nick estaria. Mas é claro que o tal raposo jamais permaneceria sob a mesa e sim nas escadas, exatamente onde havia planejado. Passou enquanto os dois guardas e o cozinheiro tinham discutido e sabia que nunca alguém desperdiçaria algo lhe dado de graça, principalmente a pizzaria mais famosa do Leste. De vez em quando, os funcionários poderiam comer o que restara das pizzas ou pedir uma de graça, caso realizassem um trabalho bem feito e garantisse um lucro a mais para a Pizzaria, um sistema invejável o qual nunca dava certo nos outros estabelecimentos da Zona Leste. Nick Utilizou o seu cenário ao seu favor. Uma luz do luar invadia as escadas que estavam sem um teto e cheiravam a mofo acompanhado de musgo o qual dominava as escadas. Virou à direita e continuou subindo as pequenas escadas e interrompera sua caminhada assim quando ouvira atentamente ao som de conversas e ruídos abafados vindo de uma porta enferrujada e velha. Refletiu, antes de entrar, se realmente aquilo tudo era necessário e – ao se lembrar do custo exorbitante da pizza – bateu à porta sem pensar duas vezes. Passos abafados foram ouvidos até a porta se abrir e a iluminação invadir o pequeno espaço.

 

- Pois não? – Um cavalo com um cabelo castanho e grandes olhos perguntou ao abrir a porta enferrujada e, sem ver nada, quase a fechou.

- Senhor! – Nick ergueu um braço – Como vai?

- Uma... Raposa? – Perguntou o cavalo a si mesmo – O que você quer?

- Posso falar com você? Garanto-lhe que não se arrependerá! – Proferia tudo com tanto otimismo e com uma ponta de empreendedor que não falhara em entrar na casa.

 

Assim que entrara, se sentira minúsculo em meio a tantos móveis enormes e humildes da casa do tal chefe “mais rico da Zona Leste” e talvez o segredo para suas pizzas serem tão boas, seria a simplicidade combinada a não ostentação em sabores ou extravagância de gostos. Via a cozinha à esquerda, usual e comum e uma sala sendo dividida por uma coluna. Observara a sala modesta e sem muitos adornos, poltronas, sofá, um televisor e mais uma repartição para quartos. Sem dúvida, o chefe poderia ser o melhor cozinheiro da Zona Leste, mas não tinha um gosto muito bom para a decoração de casas.

 

- O que lhe traz aqui, senhor raposo? – Perguntou o chefe ao entrar na sala.

- Pode me chamar de Nick, senhor... – Procurava um nome.

- Me chame de Pietro. – Ele sorriu e se sentou na poltrona – Pode-se sentar, não tenha vergonha.

 

Nick se acomodou na poltrona do outro lado a qual era três vezes maior que ele e continha um tecido confortável a ele e poderia dormir se passasse muito tempo nela.

 

- Gostaria de... Lhe fazer um pedido. – Disse sem nenhuma vergonha – É para uma pessoa especial em minha vida.

- Então temos um apaixonado? – O encarou com um sorriso, entretanto ainda pensou nas possibilidades disto acontecer – O que, exatamente, o senhor quer?

- Bom... Sei que é lhe pedir muito, principalmente para alguém como o senhor...

- Certamente sou um bom cozinheiro e mestre cuca. Pode me pedir.

- Gostaria de pedir uma pizza. – Pediu educadamente e com o sorriso sincero no rosto e, ao ver a reação do chefe, lhe esclareceu – Digo, uma pizza grande e bem recheada.

 

Pietro ficara com a dúvida em sua face enquanto pensava em seus negócios e em seus estabelecimentos e sobre o futuro prejuízo que aquilo poderia lhe dar... Um de seus alimentos em tamanho extragrande para um animal o qual acabara de conhecer... Não lhe convinha. O povo de Brasilpia – Ou simplesmente brasileiros – definitivamente tornava-se um povo caloroso e adoravam receber novas visitas de conhecidos ou colegas em suas casas e sempre expressavam simpatia para seus familiares e camaradas próximos e até mesmo seus clientes e isto não seria diferente, para alguns, na questão da doação de alimentos ou casacos. Vários brasileiros pensavam no próximo e mudam seu estilo de viver para beneficiar alguém que está precisando, não sendo surpresa encontrar caridade para alguém que perdera tudo ou uma “vaquinha” a alguém que teve sua casa incendiada. Entretanto nem todos agiriam desta maneira. É claro e simples, como Zootopia, toda cidade e povo teriam seu defeito. É claro que, na enorme metrópole de São Paulo, existiriam muitos animais que se importavam com si mesmos e não davam a mínima para os outros e o pensamento da cidadela era apenas obter lucro, mesmo que passasse por cima de necessitados, sendo poucos os de bom coração e justiceiros.

 

- Não sei... É complicado Nick, pensar em lhe dar algo de graça... – O Chefe se questionava coçando o queixo – Os negócios estão “daquele jeito”...

- Mas Pietro, pense bem, isto não é para mim e sim para uma pessoa a quem eu amo de coração... Você não faria isto pela sua amada?

- Bem... Faria sim. – Pietro parecia se questionar – Mas isso não muda os negócios.

- Observe bem, chef, o senhor é um grande empreendedor de negócios e sem dúvidas, deve adorar alguém. – Nick pensou em uma possibilidade ousada e oportunista – Alguma atriz, artista famoso?

- Agora que você mencionou, não gosto de nenhum artista deste país... – Mencionou o pizzaiolo – Mas, o que isto tem a ver com os negócios?

- Veja bem Pietro, um artista divulgar sua pizzaria faria os negócios dispararem e todos iriam ir à pizzaria onde um famoso visitou.

- Você tem razão, mas... Por onde posso começar? – Lhe indagou

- Basta começar por um mural de fotos, assim – Nick fora interrompido por uma pequena cria indo à sala.

- Papai, a Gazelle irá aparecer na televisão! – Uma cavalinha entrava na sala empolgada

- Filha agora não, eu estou conversando com um cavalheiro. – O pai a olhou

- Me desculpe, mas – Nick surpreendeu-se com seu próprio plano – Ela havia dito... Gazelle?

- Sim, por quê?

- Creio que você já pode ter seu mural. – Sorriu feliz.

 

[Avanço de tempo, 7:00 PM]

 

- Muito obrigado pelas dicas, Nick. Creio que, com isto, ficarei mais famoso. – Pietro sorria feliz à porta

- Sou eu que lhe agradeço pela pizza senhor. Uma ótima noite. – Nick saía com uma caixa colorida com as mais variadas pizzas e com uma inscrição: Para uma pessoa especial.

- Uma ótima noite para você também. Obrigado novamente pela foto autografada!– O chef fechou a porta.

 

O plano ocorrera quase como o planejado pelo raposo que descia os degraus, um a um, com cuidado para não derrubar os alimentos que continham na grande caixa que carregava, os quais eram dos mais variados tamanhos e – é claro – com manipulações em seus elementos. Assim que chegara à cozinha, sorrira e acenara com a cabeça para Mike. Definitivamente tirar uma cópia de segurança da foto da Gazelle autografada se tornara uma ótima idéia.

 

- Vejo que carrega uma enorme caixa. – Mike surpreendera-se um pouco ao se virar para ver o raposo e rira um pouco, não se lembrando de sua ida a área do chef – Extragrande, não é? – Sua roupa estava suja de farinha

- Extragrande? Não sabia que levavam este nome. – Ele continuara a andar – Até mais.

- Adeus. – Mike virou-se – Ele não toma jeito... - Sussurrou o repreendendo.

 

Agora o problema maior tornava-se chegar rapidamente em casa e – considerando que a compra de uma bebida não levava vinte minutos – tentar explicar um motivo convenientemente para Judy não se irritar pela demora ou não se preocupasse. Andava com calma e por entre os grandes animais, sempre tomando muito cuidado para não esbarrar a grande caixa nas pernas ou nos pés dos predadores maiores que ele. Estava na avenida bem iluminada pelos inúmeros postes quando virou à esquerda e deparou-se com a rua terrível à sua frente. Os postes alaranjados e o horror que circulavam àquela área faziam o falatório da grande avenida se calar e eram esquecidos pelo cheiro salgado da pizza os quais não passavam de meras coisas que passaram despercebidas pelo raposo. Ignorava os murmúrios e tosses provenientes dos becos e não demorou muito para chegar ao lar em que residia. Atravessara a recepção, subindo-lhe as escadas sórdidas e encardidas com a fumaça da pizza saindo e invadindo os corredores pouco a pouco. Entrou no quarto sem muitas cerimônias com a luz forte colorindo o corredor atrás de si.

 

- Finalmente você vol – Judy surpreendera-se com a caixa grande em braços – Mas o que é isso? – Perguntou sem sair da cadeira lhe fitando com um olhar questionador

- Um presentinho para nós – Nick sorrira – Cortesia da Pizzaria Bom Gosto, você deveria experimentar.  – Pôs a pizzaria à pequena mesa.

- Mas Nick, eu pedi esta pizza para você, eu iria comer... – Judy dizia saindo da cadeira – Iria comer aquelas cenouras que Mike nos tinha dado.

- Você vai querer perder esta delícia à mesa? – Nick sentou-se à mesa e ajeitou-se.

- Ela parece ser deliciosa, mas não posso comer muito. – Sentou-se à mesa com seu companheiro – Sabe como alguns animais não podem comer muita massa.

- Por isto mesmo – Nick pegava o ketchup – Que eles fazem manipulação. – Sorriu.

- Que estratégia genial deles! – Judy quase pulou de felicidade, mesmo que estivesse sentada – Espera, e como você pagou? Onde estão as bebidas?

- Relaxe cenourinha, tenho meus meios para conseguir o que quero.

 

Os dois saborearam a pizza que, definitivamente, encantava os paladares de ambos colorindo e deleitando em uma infinidade de sabores, mussarela, calabresa e diversos outros sabores. Nunca pararam para jantar às sós com ninguém para interrompê-los ou uma preocupação do trabalho e aquilo provavelmente era mágico e prazeroso, mesmo que pequeno. Nenhum carro passava na rua, nenhum grito de medo ou de assaltos era anunciado. Talvez, a metrópole estivesse descansando naquela noite.

Seus olhares se colidiam e diziam tudo ao invés de uma conversa clichê sobre qualquer coisa à mesa. Judy fitava Nick com seus olhos profundos de ametista, olhos esses que cativavam Nick pela sua tamanha beleza e compaixão que pareciam carregar. Às vezes ele não tinha dúvidas que seria ela à sua esposa para toda vida, mesmo que toda sociedade de Zootopia desaprovasse isso. Na realidade, ele e Judy jamais ligariam para o que os outros pensavam sobre seu relacionamento.

Judy observava o sorriso que Nick carregava enquanto saboreava a pizza, com aquele sorriso calmo e suave a lhe brincar nos lábios e enxergava em seu rosto o ar de misterioso e de seriedade tal como virilidade, não mais como o enxergava no passado. Seus profundos olhos os quais pareciam ler seus pensamentos e seus planos para uma vida toda. Cada vez que o fixava vivenciava sensação tão intensa a qual soava tão forte e tão carregada na qual seria impossível para ela ficar um dia inteiro o admirando sem ao menos falar o quanto lhe encantava pela suas ações, o como lhe cativava pelo seu jeito provocativo – mesmo que algumas brincadeiras não lhe agradassem.

Se admiravam e deleitavam-se em olhares deliciosos e prazerosos, sentindo uma, mesmo que oculta, ponta de excitação ao se contemplarem. Estava certo, o treinamento de Nick na academia tinha o levado a uma forma mais viril e máscula cuja Judy observava e admirava e – em certos momentos – imaginava pequenas brincadeiras.

Talvez, o segredo daquilo tudo seria carregado em uma palavra com mil significados. O amor.

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Ih rapaiz, acho que devo ter exagerado um pouquinho nos detalhes... Gostaram?
Bem, eu estou aprimorando minha forma de redigir um pouquinho sobre o meu enrendo e creio que, com os aprimoramentos que virão a seguir, talvez dê para salvar um pouquinho desta história!

O próximo capítulo também será um filler, uma folga para nossos heróis será boa para restaurar e revigorar suas energias.

Quer outras histórias ou até mesmo MELHORES que a minha?

Zootopia 2 Uma aventura de tirar seu fôlego! : https://spiritfanfics.com/historia/zootopia-2-uma-aventura-de-tirar-seu-folego-6394823

Zootopia: Um amor quase declarado! : https://spiritfanfics.com/historia/zootopia-um-amor-quase-declarado-7009710

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Zootopia: Um conto irrefutável! : https://spiritfanfics.com/historia/um-conto-irrefutavel-9600017

Essa história abaixo eu recomendo galera! Tem uma escrita que olha... Me conquistou!

Pilares de vidro. (Zootopia): https://spiritfanfics.com/historia/pilares-de-vidro-9186034

Então foi isso galera, espero que tenham gostado do capítulo, estas últimas historias que vou postar serão para descontrair vocês e nossa dupla dinâmica.

Gostaram de verdade? Comentem! Isso me inspira e me apoia para futuros capítulos. Gostaram mais ainda? Favoritem, pois assim vocês recebem uma notificação de quando capítulos novos saírem, além de me dar um grande apoio.
Caso não gostaram de algo, basta comentar, tentarei melhorar na próxima!

Sombra e água para vocês irmãos! - Dekonado.

" - A lei da mente é implacável. O que você pensa, você cria. O que você sente, você atrai. O que você acredita torna-se realidade." - Buda


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