orbitar

Transformar meus lamentos em arte é aquilo que mais faço de melhor, mas ainda sim, me pergunto: até onde vai o horizonte cósmico da minha criatividade?

Um minuto para o fim do mundo. Trinta segundos para o fim do mundo. Então, o fim do mundo. Mas e agora? O que vem depois? O dia após o fim do mundo. E mais outro dia após o fim do mundo. Tudo parou, menos as horas, os dias, os minutos, e Ofélia, a última que sobrara, aquela que não desejava nada além de sobreviver, seu coração solitário preenchido apenas por canções antigas de um walkman envelhecido.

Cada tijolo era uma mentira contada, cada cômodo uma versão irreal dela, uma memória inexistente mas transmitida como se fosse verdadeira. Aquela versão que caminhava pelo imenso corredor escuro e infinito era mais uma fábula sem sentido? Nem mesmo ela sabia, incapaz de se lembrar, porém, capaz de sentir o peso de suas ações que a sufocavam em seu castelo de mentiras.