Satu_rno

"Eu aconteci em sua vida. E você aconteceu na minha. Estava escrito. Estava planejado. Estava marcado. Nossas vidas se cruzaram com uma certeza: a descoberta do amor. Nós amamos e só. Só?"

Eles não aceitavam essa realidade, por mais que eles tentassem era sempre difícil de aceitar que o destino já estava traçado, que suas vidas já estavam ligadas antes mesmo de seus nascimentos, que eles não tinham o livre arbítrio, o direito de escolha. Insatisfeitos com o destino que havia sido reservado para eles, ambos saíram em busca de respostas. 

Ao longo dessa jornada de descobrimento eles foram percebendo que os caminhos pareciam certos, mas a razão sempre soprava em seus ouvidos e o que o coração clamava era ignorado.

Eles só queriam entender, serem convencidos de que havia mais ali do que uma ligação forjada pela vontade de terceiros, que eles tinham sim uma escolha, que eles eram livres.

Por hora eles decidiram não se entregar, mais até quando eles aguentariam? Eu digo a vocês, até que a pergunta que perpetuava de maneira contínua em suas cabeças fosse respondida.

" Mas o que é esse Acaso, senão uma prisão?"

Eu nunca achei que desempenharia esse papel, ser a pessoa que inspira cuidados…

Por isso a minha decisão, não irei passar os últimos dias da minha vida em um quarto estéril presa a uma cama onde estarei dopada a maior parte do tempo. Veja bem, morrer não me assusta, o que me assusta é partir cheia de arrependimentos.

Uma vez eu ouvi alguém dizer que "a ideia da morte é pior que a morte", eu nunca havia entendido o peso dessa frase. Até agora.

Sakura nunca quis fazer daquilo uma tradição, mas ainda assim foi o que aquilo havia se tornado. Em todas as primaveras ela escrevia cartas para seu único amor, Sasuke Uchiha. Mesmo após anos terem se passado desde o término entre os dois, Sakura ainda cultivava um sentimento genuíno por ele.
Até que certo dia, bêbada, ela decide enviar uma de suas cartas, crente de que ele nunca receberia, a carta em si era pra ser uma forma de superar Sasuke, o primeiro passo para que ela pudesse enfim seguir em frente. O problema é que Sakura era covarde demais para abandonar aquele sentimento, e no último segundo a carta que era pra ser de despedida se tornou em mais uma declaração de amor e eternidade.

Eu demorei muito tempo para entender que nunca haveria um nós, que se eu continuasse com isso sempre seria só eu e a minha vontade de dar certo.

Lobisomem, um ser mitológico, desprovido de racionalidade, um homem transformado em lobo como castigo de seus malefícios, uma fera sanguinária. Era assim que Sasuke Uchiha se definia, um monstro. Criado desde pequeno por caçadores, estes, o ensinaram que sua natureza, uma linhagem de lobisomens nascidos "não humanos", deveria a todo custo ser exterminada. Ele foi criado para isso, treinado para isso, matar os seus, sem saber de fato, de onde vinham suas origens. Nas noites de lua cheia, depois de transformado, ele procura por sangue, matando ferozmente todo e qualquer semelhante, acreditando fielmente que entre todos eles, és o único com controle de suas faculdades mentais, de seus instintos assassinos e  principalmente, de sua transformação. Antes do amanhecer, ele procura a mesma encruzilhada para voltar a ser homem, enojado em sua própria pele, repugnando suas garras, seus pêlos, seu sangue, e sua história.

Em meio a neve, o sangue, a dor, ela partiu. Simplesmente foi. Ciente de estar fazendo a escolha certa, pois ela sabia, ela sempre soube, que um amor que nasce por um cativeiro nunca deveria ser considerado amor.

Ela precisou de uma mão quando se viu sozinha e desamparada naquele mundo. O Tempo foi passando, ele foi crescendo, em algum momento a mulher brotou dentro de si, mas ela não mudou. Ao longo dos anos eles compreenderam que as coisas eram muito mais fáceis quando eles ainda eram crianças. A bagunça começou, os sentimentos surgiram, se amavam, mas ainda havia um obstáculo, ela não podia crescer.

Sasusaku | +18 |

As mãos em punho, a respirações erráticas, as testas vincadas, os dentes trincados e a raiva; latente, crua a imacular suas feições. O que estava acontecendo? Porque eles não paravam? De quem era a culpa daquela situação ? Dele? Ou será que era dela?

Mas porque, porque tinha que ser assim, porque duas pessoas que juraram se amar, se doar pelo bem do outro, se respeitar pelo resto dos seus dias estavam a se ferir dessa maneira. Não havia mais amor? Chegaram a algum dia a se amar de verdade? Ou eram dois estranhos que compartilhavam a mesma casa, a mesma cama, a mesma vida?

Eu não sabia; eu gostaria de saber?