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Ela perdeu o seu sorriso em 1995 quando a impediram de voar uma última vez. Sua mente, até então cheia de torcida, sucumbiu-se a sátiras velhas demais para serem reais.

Lee Heeseung nunca fora um garoto de muitas palavras, mas uma epítome de sentimentos habita seu corpinho esguio, muitas vezes coberto por um moletom grandão verde-catarrento, estes, que geralmente, são direcionados a Park Jongseong as garoto teimoso, de cabelos lunares, que insiste em dizer que é o melhor dançarino de Dance Dance Arcade da história do universo, e que por vezes — leia-se, sempre — é chamado de Jay (Jay, igualzinho o carinha que faz o Soluço, visse), mas tampouco o garoto poderia saber sobre tais sentimentos nutridos por Heeseung. Que sobretudo, não teve a chance de ter palavras afáveis marcadas naquelas cartas de letras delicadas, quase deitadas nas linhas azuis do universo papelistico, para que pudesse deitar-se na cama quentinha em noites estreladas de sexta-feira para sentir as goteiras embaixo dos olhos empoçarem o forro de gatinhos da sua cama, enquanto pensava que talvez o malfeitor, cof, cof, digo, imensurável senhor Destino pudesse ser misericordioso, e trazer-lhe de volta Park Jongseong.

Ninguém nunca soube o desfecho da história de admiração e compaixão de Choi Beomgyu, um ser mágico, e Júpiterzinho, um ser humano que sequer sabia que Beomgyu existia.

"NOSSA, SOOBIN. A GENTE TÁ FERRADO, NÉ?’’ dizia o Sol, e apesar do contexto e palavras utilizadas, ela estava sorrindo para a Lua.



[oc]

A nostalgia abraça-me com as lembranças de canetas brilhantes com aroma de frutas e um diário surrado, que ainda mantenho guardado numa caixa escondida no fundo do guarda-roupa, junto aos antigos livros didáticos e cadernos rabiscados que usava na época do colegial. Talvez os descarte amanhã ou na próxima semana, quiçá permanecerão no mesmo lugar, até que eu esqueça a existência de cada objeto. Por enquanto, me deixo apegar ao valor sentimental das memórias que eles trazem.

Soobin, eu gosto de você?
Uma pergunta para si mesmo. Beomgyu observa Soobin olhar para o céu noturno brilhante. Este último fala sobre constelações e planetas e tudo mais. Beomgyu adoraria ouvir o menino mais velho, mas seus pensamentos altos enchem sua mente.
Não é uma pergunta. A resposta não poderia ser mais óbvia.

Choi Beomgyu não tem uma vida surpreendente, tampouco realizou grandes feitos para serem lembrados ao longo da História. Atendente em uma papelaria e guitarrista numa banda independente pouco conhecida, formada com seus amigos e colegas de apartamento, passa os dias seguindo a monotonia de sua rotina e escrevendo músicas quando a inspiração decide dar um passeio nas ruelas de sua mente. Considera como A Hora Mágica, os doces momentos ao lado de Choi Soobin e quando sobe em um palco para tocar, abraçado pela sensação eletrizante e libertadora de alcançar as nuvens e, como um pássaro, voar pelo céu.

Numa tarde quente em que o Sol iluminava as ruas com seu fulgor intenso, brilhando imponente no céu sem nuvens, promessas e desejos são ditos ao céus, na janela de uma casinha pequena, ao som de New Order.

Choi Beomgyu é jupiteriano. Tão óbvio quanto a água cristalina dos filmes falsos de Hollywood, tão singelo quanto o bater de asas de uma borboleta — ela mesma, a causadora de tufões! Dizem que Júpiter é o maior planeta do sistema solar, mas Beomgyu acredita piamente que essa afirmação só é verídica por conta de Júpiter ser um dos planetas mais amados da via láctea. As constelações, planetas, e qualquer poeira cósmica existente amavam Júpiter. Amavam Zeus.
E afinal, como não amar o lar das fadas do xampu?

Ele encheu as páginas amarelas de margaridas, fotografias e notas musicais; recortes dela, memórias dela, fragmentos dela. Tinha um medo tremendo no peito, de que não fizesse juz a alma furta cor da filha perdida da lua, nem que conseguisse captar um segundo do vislumbre de sua magia, maior do que esse medo, era, no entanto, o desamparo encontrado no final da estrada.