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História 2191 Days - About be protected.


Escrita por: CupcakeAlado

Notas do Autor


OLA OLA OLA OLA~~~

Siiiim, eu sei que demorei pra voltar, mas tenho uma boa desculpa, okay? Eu ando tendo dificuldade de escrever, então entrei em um hiatus sem tempo determinado. Só decidi tirar um tempinho pra mim, já que algumas coisas do spirit andaram me desanimando (nem falo dessa surra de ban que todo mundo ta levando), então já deixo predito que é capaz do próximo demorar um pouco mais ainda, mesmo que me doa estar desmotivada justo com essa fic :/

Mas enfim, quero agradecer A TODO CARINHO ENORME QUE O ÚLTIMO CAPÍTULO RECEBEU. Não sabem como fiquei feliz vendo que vocês gostaram do reencontro, pois saibam que eu fiquei MUITO apreensiva com aquele capitulo, já que ele é um dos mais delicados da fanfic e, sendo assim, também foi um dos mais complicados, já que eu quis despertar uma emoção real em cada leitor <33

Então sem mais delongas espero que gostem desse capitulo (que tem um formato um pouquinho diferente do resto, mas vocês vão entender), mas antes de qualquer coisa:

ATUALIZAÇÃO TOTALMENTE DEDICADA A LOLO (AKA @YUKAMINE), que me fez uma declaração tão linda sobre o que acha dessa fanfic, que foi impossível não lembrar dela postando isso <3 BEIJOS, MAMÃE TE AMA!!


(PERDOEM A NOTA INICIAL ENORME!!)

Capítulo 11 - About be protected.


Fanfic / Fanfiction 2191 Days - About be protected.

Quando acordei naquela manhã, o que mais estranhei foi o fato de que não lembrava da cama estar tão vazia se levado em consideração que ao me deitar, ainda era fresca a memória de ter me aninhado a certo alfa que tinha um cheiro exageradamente presente, ainda que fisicamente isso parecesse se contradizer – motivo pelo qual o sorriso natural que adornou meus lábios enquanto me espreguiçava, morreu abruptamente para dar espaço a uma expressão confusa assim que passei a esfregar os olhos para desembassa-los.

Sendo essa última, uma ação que me arrependi de fazer pelo fato de que, ao olhar na outra extremidade da cama, deparei-me com seu lado vazio e o travesseiro intacto, como se nem houvesse sido tocado. Franzi o cenho até sulcos se formarem em minha testa. Jimin deveria estar ali, correto?

Suspirei frustrado pela possibilidade do mesmo ter me deixado ali por alguma banalidade quando ainda estava emocionalmente frágil e decidi erguer meu corpo preguiçoso da cama, sendo recebido pelo clima ameno da estação em que estávamos – primavera. Então lancei minhas pernas para fora da cama, ignorando as pantufas jogadas de qualquer jeito por ali e balançando a cabeça para espantar o sono antes de sair na busca de certo ex ruivo pela casa.

— Jimin…? — arrisquei chamar ainda que tivesse a voz em tom rouco, me inclinando para olhar a fresta da porta e não vendo nada além do corredor vazio, que me fez crispar os lábios.

Ignorando meu estado físico pós sono e de completa bagunça, caminhei até a saída do cômodo e passei a andar em passos arrastados pelo corredor, parando apenas ao chegar no quarto de Taeyang e perceber que só havia o corpo do garoto ali que ainda estava escondido entre os cobertores decorados com aviões. Um fato surpreendente já que o mais novo era sempre o primeiro a levantar e, de praxe, pular na minha cama logo tão cedo. Franzi o cenho outra vez. Era de esperar que Jimin pudesse estar ali aproveitando algum momento com o filho, correto?

Balancei negativamente a cabeça, pois nunca errava meus palpites sobre Jimin e sabia o quão bobo poderia ser até para levantar de madrugada para ficar observando o sono profundo de seu filhote. Não contive o suspiro por conta do grande número de vezes que fantasiei aquela cena com base em suas últimas noites ao lado de certo berço, por pouco se oferecendo até para trocar as fraldas de Taeyang se não houvesse falhado miseravelmente na suas primeiras tentativas. Então sorri esporadicamente com a lembrança e voltei a procura do alfa pela casa, descendo as escadas enquanto pulava de dois em dois degraus, já podendo sentir dali o perfume característico das flores de sândalo que tanto amava. Na sala. Ele estava na sala.

— Amor…? — contradizendo ao timbre rouco, aquela palavra saíra em tom doce dos meus lábios. Quanta saudade eu tivera de ter alguém que pudesse chamar assim…

Passei a mão pela nuca em uma massagem rápida, parando ao pé da escada e varrendo com os olhos o cômodo ao lado até que os mesmos capturassem a imagem do alfa de frente para um sofá, onde jazia repousado a mesma mochila que ele tinha nos ombros quando apareceu pela primeira vez em frente de nossa casa. Ele mexia de maneira ansiosa em algo dentro da mesma e não pude entender suas ações e euforia de primeira.

— O que está fazendo…? — indaguei enquanto aproximava, mas gradativamente parei ao que ele sequer desviou os olhos do que fazia.

— Arrumando minhas coisas. — respondeu de simplesmente ao que fechou os zíperes de forma rápida, então colocando a alça do objeto sobre um dos ombros.

— Arrumando… Suas coisas? — reiterei enquanto franzia o cenho em perplexidade — O que quer dizer?

— Que eu me precipitei sobre o que disse ontem. — deu de ombros, lançando seu olhar compenetrante sobre mim que fez meu coração perder o ritmo — E que talvez não seja certo eu invadir sua vida depois de todos esses anos longe. Sabe, nós dois deveríamos rever nossos conceitos de casados.

— E-Eu não estou entendendo. — admiti já com a voz trêmula, pois aquilo não fazia o menor sentido. Ele estava duvidando de todos os “eu te amo” que havia dito até minha voz desgastar?

— É apenas um tempo, okay? — e nem sua forma fria de dizer tudo aquilo condizia com o Jimin que eu conhecia.

— M-Mas… Foi Seunghyun? É isso? Ele ligou aqui e disse alguma coisa que- — me precipitei de maneira chorosa, pois além de confuso, estava desesperado. Eu não queria um tempo! Eu queria o meu Jimin de volta!

— Não foi ninguém, Jungkook. Essa decisão é minha, simples. — me cortou ao que deu curtos passos em minha direção até que estivesse diante mim e com uma aura tão atípica que fez-me sentir-me como uma criança perto de si — Aproveite esse momento para você também. Repense nas escolhas que está fazen-

— Eu não quero pensar em nada! — me exaltei, deixando claro minha indignação — De onde você está tirando essas idéias!? Isso não faz o menor sentido! — procurei uma forma encher rapidamente meus pulmões de ar — Pare de brincar com algo tão sério assim. Isso é… É maldoso.

— Mas isso não é uma brincadeira, Jungkook. — disse seriamente e toda aquela sua pose imponente fez meus olhos não conseguirem conter as primeiras lágrimas.

— E também não pode ser real… — declarei enquanto levava o dorso da mão para secar a bochecha ainda que mais lágrimas surgissem em sequência — E-Eu já disse todas vezes possíveis que te amo, então qual o problema? Você então que… Que perdeu amor em mim?

Respirou fundo, como se para manter paciência e esse sentimento de eu ser o insuportável ali, apertou meu coração em níveis gritantes. Afinal, com Seunghyun eu tinha orgulho para conseguir rebater todas suas investidas, com minha mãe eu era capaz de manter a pose, mas Jimin… Eu nunca tive estruturas para ele. Fosse me amando, tocando, machucando ou até humilhando. Ou eu o amava demais, ou amava demais a ponto de me sentir ferido, mas nunca com raiva.

— Se é só isso, acho que já posso ir. — passou a mão pelos cabelos naquela mesma mania que tinha desde sempre, seguidamente desviando de meu corpo estático. Incapaz de compreender o que ocorria ali.

Ouvi, em meio meu coração disparado, a porta sendo aberta e só então pestanejei para sair dos meus próprios solilóquios.

— Espera! — gritei em uma última tentativa de mantê-lo, mas ao virar, apenas tive o vislumbre da porta sendo fechado enquanto os olhos negrumes dele permaneciam grudados a mim.

Entretanto, indo contra meu pedido, enfim ele uniu o objeto a sua batente, deixando-me desesperado ao ponto de correr naquela direção ainda que tropeçasse nos meus próprios pés. Então segurei com força desnecessária a maçaneta e abri violentamente a porta na expectativa de ver a silhueta ainda atravessando o jardim da frente, e não o completo vazio que ali estava, pois supostamente ele havia sumido mais rápido do que eu imaginaria ser possível e a sensação do vazio que me assolou naquele momento, não poderia ser menos devastador. A dúvida de onde ele iria se sua casa era ali, porque daquelas suas decisões e forma fria de externar tudo, como se nem fôssemos casados e eu pudesse de lidar com aquilo, criaram grandes incógnitas sobre minha cabeça e um aperto tão forte em meu coração que tornou minha visão turva, embaçada pelas lágrimas copiosas que não mais tentei impedir.

Aquilo não fazia sentido! Mas mesmo assim um soluço audível escapou de meus lábios secos e eu, por um momento, achei que preferia a morte do que encarar em retrospecto e lembrar daqueles seus olhos repletos de seriedade, pose de um lúpus perfeito e frivolidade nas palavras. Lembrar que aquele não era o Jimin do dia anterior, que não era o Jimin que esperei ver depois de seis anos!

Mais um soluço e mais outro, para então me ver como uma criança desamparada, sem ter ao que recorrer e sequer com estruturas para me manter de pé. Tudo a minha volta parecia ter desaparecido e sequer podia ouvir direito o que se passava ao redor – motivo pelo qual sequer dei atenção a voz pouco distante que passou a me chamar.

— Jungkook…? — e era quase surreal como eu juraria ser Jimin se naquele momento ele não houvesse me dado as costas — Jungkook! Ei! — meus ombros foram sacudidos por um toque característico e eu até tentei abrir os olhos, mas ainda estava muito embriagado por tudo — Amor!

E então, como em um passe de mágica, ao que concluí que definitivamente aquela voz era do Park e pestanejei para focar a visão, mais uma vez me vi de volta ao quarto. Só que não era isso que importava, mas sim o fato de que, estando com uma mão sobre meu ombro e apoiado pelo outro braço – de modo que pudesse ficar com o corpo inclinado em minha direção ainda que estivesse deitado –, se encontrava um moreno de expressão preocupada (ou pelo menos era o que eu achava ser, já que, igualmente ao que deveria ser meu sonho – aka pesadelo –, também tinha meus olhos ardendo em marejo, o ar rarefeito como se em soluço constante e o corpo tão trêmulo quanto não imaginava ser possível dormindo). Então era isso?

Eu havia remetido a imagem de Jimin a um ser sem escrúpulos que seria mesmo capaz de sair de minha vida mesmo após tudo que passamos. E afinal toda aquela coisa não passava de um sonho angustiante que refletia meu maior medo depois de tê-lo novamente comigo: Não ter mais um sentimento sincero e recíproco. Ser largado de lado porque seis anos tornaram as coisas estranhas e bagunçadas, deixando claro que o mais fácil seria cada um ir com a sua vida.

Eu nunca havia ficado tão feliz de tudo não passar de um sonho.

— Querido…? — a voz tenra do alfa tomou minha atenção outra vez — Ei, o que houve? — a delicadeza com que buscava entender meus problemas… Aquele sim era a pessoa com quem casei.

— J-Jimin… — tentei falar o mais baixo possível, mas isso não impediu de me engasgar nas próprias palavras e logo sentir o rastro quente que as lágrimas faziam de meus olhos até as têmporas devido ao fato de ainda ter a cabeça repousada no travesseiro.

E então, com o medo repentino de pensar na hipótese de realmente chegar a ver o outro me dando as costas, os soluços parados na garganta com o susto de acordar, retornaram ainda mais vergonhosos – tanto que logo me vi cobrindo os olhos com as mãos, em desistência de falar qualquer coisa.

— Ei, por que está chorando? Aconteceu alguma coisa? — Jimin iniciou uma sequência de perguntas um pouco apavoradas enquanto sua mão, antes em meu ombro, desceu em uma carícia por meu braço.

Então, com um suspiro que demarcava a desistência de me ouvir admitir algo, murmurou um baixo “Venha aqui” antes de me puxar para seu abraço – ainda que isso o tenha feito acabar sentado de forma desajeitada perto da cabeceira e comigo tendo o rosto afundado na blusa preta lisa que cobria seu tronco. O choro incessante me fazendo sentir realmente intolerável ainda que a carícia cuidadosa que se iniciou entre meus fios negros, provasse o contrário, bem como provasse todo o oposto daquele meu péssimo sonho.

— Você consegue pelo menos concordar se está com alguma… Alguma dor? — inclinando o rosto, Jimin conseguiu se aproximar mais da minha orelha esquerda — É a marca? Minha presença fez algo nela enquanto dormia? — sugeriu de maneira preocupada que só não me fez chorar ainda mais porque me vi na necessidade de lhe dar alguma explicação.

— N-Não é nada, me desculpe… — disse entre lufadas de ar — Foi só um sonho ruim que tive. Que infantil… — forcei um riso enquanto tentava secar os olhos esfregando o rosto no tecido da blusa do outro.

— Não há nada de infantil nisso. Você está chorando, Jungkook! — disse em tom repressivo sem de fato ser assustador — Me diga, o que foi tão assustador nesse sonho?

—  É só que… — precisei respirar fundo para tentar acalmar meu coração e me lembrar que Jimin estava ali e nada tiraria ele e nem sua essência de mim — O problema foi ter sido tão real eu ver você indo embora de novo. — fechei os dedos em torno da sua blusa quando os dele passaram a massagear minha nuca — Mas… Mas não era para o exército, você havia desistido de mim e estava saindo dessa casa por vontade própria. Eu só soube ficar apavorado e, e… Droga, foi tão real!

— Eu sinto muito ter te traumatizado dessa maneira. — beijou o topo de minha cabeça e isso fez meus olhos tornarem a pesar.

— Pare de se desculpar tanto desde que voltou. — funguei, rindo antecipadamente do que me veio à mente — Até aqueles anos atrás você culpava nosso cachorro ou até Taeyang por quebrar algo ao invés de se desculpar.

— Eu sinto muito por isso também. — riu anasalado e o acompanhei.

— Então eu sinto muito também por ter arruinado nossa primeira manhã aqui. — mordi o lábio inferior, sentindo a secura destes — Hoje tinha tudo para ser aqueles clichês em que você acorda comigo te observando, mas olha só…

— Ainda estamos sendo clichês. — não podia ver por conta da posição, mas vizualizava perfeitamente suas sobrancelhas arqueadas.

— Estamos?

— Aham, basta olhar a posição em que estamos em plenas, huh… — se inclinou para ver o relógio no corredor. — Seis da manhã. Nossa, isso é bem cedo.

— Sinto mui- — me precipitei em falar, mas antes de completar tal feito, com um susto e em um só solavanco senti meu corpo ser impulsionado para  cair deitado novamente, mas dessa vez com Jimin sobre mim. Pestanejei, retomando o ar dos pulmões enquanto algumas das lágrimas acumuladas no canto dos olhos aproveitaram para descer meu rosto, — -to.

— Eu não quero que sinta na obrigação de se desculpar por nada e nem que se deixe abalar pelas coisas que nos trouxeram para esse momento tão melancólico. — como na tarde anterior e em vários dos momentos tristes que passamos juntos no decorrer da relação, seu polegar foi para um dos meus olhos, automaticamente o fazendo fechar enquanto recolhia aquele líquido salgado do mesmo — Então quero que sempre se lembre do que eu disse ontem, porque eu não pretendo ir embora nunca mais. Isso só vai acontecer nos seus sonhos — sorriu ladino ao final, satisfeito com o próprio trocadilho — Isso porque agora estou em casa. Então você consegue confiar em mim?



“Agora eu estou em casa, com todas as razões que nunca me deixaram desistir. Eu estou com você e nosso filho”. Pelo resto da noite que se seguiu, aquela foi uma frase que se negou a desgrudar de minha mente e deixar meu coração em seu ritmo normal. Nem quando pedimos comida japonesa na incapacidade de permitir que uma cozinha nos separasse, ou quando nos aninhamos na sala como se fôssemos um casal em início de relacionamento, senão quando enfim nos deitamos naquela cama que sempre tive a impressão de ser tão fria, mas que naquela noite ficou estranhamente aquecida. Em todos esses momentos eu me peguei perdido nas palavras bonitas que ele havia dito em um momento de consolo.

Ele tinha esse poder sobre mim. Conseguia me tornar o maior cabeça de vento ainda que sempre tivesse ela no lugar, ou pelo menos na maioria das vezes. E bastava pequenas ações suas para que me visse completamente encantado como uma criança em loja de brinquedos, pois não era como se pudesse evitar meu peito de se apertar diante momentos como o de quando colocamos Taeyang para dormir, sendo que diferente de todos aqueles anos, não havia um espaço vazio na outra extremidade na cama, pois naquela noite foi quase surreal quando caiu a ficha de que era mesmo meu marido ali, sorrindo distante em direção ao filho escondido pelos edredons fofos e passando suavemente a ponta dos dedos pela pequena franja do menor, em uma carícia aparentemente tão agradável que a criança não conteve de fechar os olhos e sorrir travesso.

Era quase a mesma cena que se repetiu por madrugadas antes de Jimin partir, onde ele sempre se colocava ao lado daquele berço, mas com o sentimento de que iria partir e não como agora, que apenas com o olhar trazia a certeza de que ficaria. Então naquela noite eu me perdi mais uma vez em seus olhos e esqueci como se lia aquelas palavras do conto infantil repousado em meu colo, pronto para repetir o ritual de toda noite antes de Taeyang dormir – o que rapidamente aconteceu sem sequer a necessidade de leitura. Era como se apenas a presença do outro pai ali o tivesse acalmado de todo hiperatividade constante.

“É tão estranho que ele me trate desse modo... Digo, com tanta intimidade como se eu apenas houvesse saído em uma viagem de alguns dias”, foram os dizeres do Park mais velho enquanto esperava que eu terminasse de cobrir o corpo pequeno que estava em sono profundo. “Sabe, eu esperava todo aquele drama dos filmes que assistíamos no cinema, que ele sequer conseguisse me chamasse appa como fez tantas vezes hoje…”

E minha resolução de resposta não poderia ter sido mais simples que: — Eu jamais permitiria isso.

O que era uma tremenda verdade, pois ainda que pudesse ser um pouco doloroso ao garoto quando houvesse mais consciência das coisas, eu queria que ele entendesse de onde havia vindo, que se seu pai havia de fato morrido, era sua missão se lembrar que, por sua família, ele havia lutado até o fim. Eu conhecia a pessoa com quem me casei e sabia que ele era persistente o suficiente para, em algumas situações, se tornar até mesmo chato. Mas eu não poderia ter ficado mais feliz do que quando esse tal chato sequer esperou que eu terminasse de fechar a porta para me puxar pela cintura, sutilmente me conduzindo para a parede oposta daquele corredor vazio e pouco iluminado, onde não perdeu tempo em iniciar outra sessão de beijos como os que haviam se prolongado pela tarde toda.

Não havia malícia ou segundas intenções no toque. Não era como Seunghyun me via. Era o amor na sua mais pura essência, era o sorriso frouxo que nenhum de nós pôde conter, era a forma como nossas bocas conversavam tão bem ainda que não proferissem sequer uma palavra e era o ópio que aquilo causava no coração. Era sobre o seu “Eu te amo” sussurrado tão perto, ter prendido em meu rosto um sorriso que não se desfez nem quando, em uma cena surreal demais, deitamos juntamente em meio aqueles edredons que já haviam se impregnado com meu único cheiro, mas naquele momento pareceram aderir ao sândalo inebriante.

E ainda que toda aquela tarde houvesse se seguido sem explicações muito profundas uma vez que apenas quiséssemos aproveitar o momento sem espaço para frustrações, minha mente às vezes demorava em processar o fato de que era mesmo Jimin ali. Que aquele qual todos juravam estar morto, tocava a derme quente de minha mão com a ponta dos dedos, olhava em meus olhos sem ousar permitir sua atenção decair ainda que tivesse olheiras visíveis em sinal de noites mal dormidas, e não deixando escapar nenhum vacilo de minha boca novamente apta a sorrir fazia, pois sempre me acompanhava naquele jogo de silêncio – pelo menos até que tivesse a necessidade de me constranger como não fazia há tanto tempo de casados, ressaltando quase não se lembrar o quão bonita era a pessoa com qual se casou.

E instintivamente seus dedos subiram até os fios de cabelos na minha testa, os afastando com sutileza característica de quando ainda namorávamos sem segundas intenções e ficávamos apenas deitados em seu quarto naquele mesmo clima. Ainda que inicialmente seus pais achassem que seríamos como todos aqueles adolescentes a flor da pele que abusavam da primeira oportunidade sozinhos – até porque o Park não era base de nada –, inicialmente não era bem isso que tínhamos visado e até que havíamos demorado para dar aquele passo maior adiante, pois era igualmente bom apenas ficar naquele clima aprazível de um quarto escuro em meio a noite quente que se estendia afora. Sempre ficando no limite das trocas de olhares silenciosas, nos poucos de vários assuntos que tínhamos e a base de toques sutis sem precipitação.

E, se fosse uma situação normal de vários anos atrás, teria facilmente deixado minha pálpebras se fecharem com o aquele contato gostoso. Eu sempre era muito fraco quando o assunto era aquele lúpus, mas só daquela vez eu me esforcei para não deixar que nada permitisse que meus olhos desgrudassem daquelas feições que pareciam tão distantes de conseguir ver novamente. Eu queria aproveitá-lo até o último segundo, queria vê-lo dormindo, queria decorar novamente seus traços ainda que pouco mudados e queria poder ser seu vigia por aquela noite – tanto que não hesitei em puxá-lo para um abraço onde, daquela vez, era ele quem escondia o rosto em meu peito enquanto seu braço rodeava com possessão minha cintura. Então sua mão desceu, marcando como ferro quente cada parte de meu corpo, até minha coxa esquerda em coseguinte da parte de trás do joelho, para induzir minha perna a ficar sobre as suas. E eu ri por conta daquela posição malditamente clichê, mas tão favorável que aderi sem ao menos perceber, finalmente conseguindo relaxar os olhos ainda que a última coisa que quisesse fazer naquela noite, fosse dormir.

Afinal, apesar de tudo eu ainda tinha medo. Medo de que ao abrir os olhos, por algum motivo místico, Jimin não estivesse mais ali e eu me desse conta de que tudo havia sido um sonho, que de tão bom me doeria acordar. Que realidade me seguraria pela gola da blusa e daria o seu melhor soco ao me fazer acordar com o outro lado da cama vazio – mas não porque tinha um marido preocupado que estaria fazendo café da manhã, ou porque era um pai coruja que queria aproveitar para ver até mesmo seu filhote dormindo. Mas sim porque essa pessoa anteriormente citada sequer havia posto seu pé em casa ainda e tudo não passava de um devaneio meu.

Devaneio esse que se tornou paranóia, aflição psicológica que fez minha mente entrar naquela brincadeira de reproduzir uma realidade alternativa em um sonho tão desnecessariamente real. Afinal, eu só deveria ter fechado meus olhos e aproveitado daquele perfume do alfa que me envolvia, certo? Então porque precisei complicar tudo e criar as piores hipóteses possíveis antes de cair em sono profundo?

Respirei fundo enquanto repensava na cena patética de estar chorando naquela manhã, novamente me remoendo pelo fato de destruir o começo de um dia que tinha tudo para ser romântico.

— No que tanto pensa? — caí em realidade ao ouvir a voz do Park mais velho, finalmente notando seus olhos que caíam sobre mim.

— Não é nada. — balancei a cabeça, desviando a atenção para a cama onde o corpo de Taeyang ainda estava jogado de mal jeito por conta do sono. Tanto que uma das pernas se encontrava caída para fora da cama, o outro pé sem o par da meia, uma mão na barriga descoberta pela blusa e a direita sobre o rosto declinado no travesseiro fofo.

A questão é que naquele dia, devido ao fato de eu supostamente ter acordado mais cedo, havia privilegiado Jimin da oportunidade de observar por alguns minutos o próprio filho dormindo – algo extremamente previsível, já que é preciso ressaltar o quanto conhecia bem aquele alfa e sabia de cada uma das suas ações ainda antes de efetuadas (por mais estranho que pudesse soar). Então, após escovar os dentes, seria mentira dizer que me  surpreendi por ver o Park parado na batente do quarto de Taeyang, como se esperasse alguma confirmação de que poderia entrar ou não, mas no fim não se aguentando e abrindo a janela antes de acabar sentado no mesmo local da noite anterior, repetindo o mesmo gesto de acarinhar os fios rebeldes do garoto.

Quanto a mim, optara por ficar com os braços cruzados enquanto apenas me limitava em deixar o momento se desenrolar, divagando em algumas coisas aleatórias e emotivas – como ver aquele momento entre pai e filho exigia.

— Sabe, talvez a euforia de ontem não tenha nos dado tempo de falar muitas coisas, mas… — respirei fundo, olhando o varal infantil estendido com vários desenhos em uma das prateleiras — Ele estava bem ansioso com seu retorno.

— Estava?

— Estamos perto do dia dos pais, ele pessoalmente queria você lá também esse ano. — escondi o lábio inferior entre os dentes quando voltamos a nos entreolhar, percebendo então sua expressão perplexa.

— Oh, é mesmo? — deixou um riso frouxo escapar enquanto eu assentia, mas então comprimiu os lábios antes de voltar a falar — Mas então como… Como foi nos outros anos?

— Ah, isso é um pouco complicado... — passei a mão pela nuca.

— Tem algo a ver com aquele outro alfa? — arqueou as sobrancelhas e novamente voltei minha atenção para si, um pouco hesitante.

— N-Não confunda as coisas, tudo bem? — balancei as mãos no ar — Tae apenas o considerou bastante durante esses anos, mas foi porque Seunghyun sempre o mimou bastante e… Ah, isso não importa, é tudo culpa da minha mãe e você conhece como ela é.

— Ela tentou te colocar em outro relacionamento para me esquecer, é isso? — sugeriu com um sorriso bobo no rosto.

— E não deu tão certo quanto planejado… — completei.

— Seunghyun, não é? — concordei com um menear — Ele me parecia um bom partido… Sabe, terno alinhado, carro de última linha, etiqueta…

— É, isso não há como negar. — suspirei pensativo — Mas não se engane, ele não é como Mingyu em nenhum aspecto e duvido que vá desistir tão fácil assim de unir nossas famílias.

— Ou seja, não vai desistir de te conquistar.

— O que é uma batalha perdida, não acha? — sorri cúmplice para si, prontamente sendo retribuído — Eu te amo.

— Posso te contar um segredo? — indagou do nada e apenas concordei com um aceno de cabeça confuso perante seu sorriso — Eu também te amo.

— Ah, céus, você fez a mesma coisa quando namorávamos. — cobri o rosto com as mãos em sinal de descrença.

— E quando te pedi em casamento, e quando soubemos da gravidez, e quando fomos na lua de mel... — orgulhoso ergueu os dedos da mão conforme falava, ao final tombando a cabeça — E você caiu em todas.

— Do que vocês tão’ falando? — com a voz sonolenta finalmente o mais novo ali se manifestou, esfregando os olhos de maneira fofa.

— Oh, nós te acordamos? — Jimin riu enquanto tirava o cabelo do alcance dos olhos da criança.

— Não… — prolongou a palavra conforme bocejava, me fazendo soltar um riso — Eu sempre acordo cedo para levantar o appa.

— É mesmo? — novamente os olhos do alfa caíram traiçoeiros sobre mim e me senti sem jeito por ser chamado descaradamente de preguiçoso pelo meu próprio filho — Eu adoraria ter visto isso…

— Okay, você ajude-o a se vestir para a escola enquanto eu faço as coisas lá embaixo. — disse para desviar do assunto que me deixara levemente constrangido. Talvez pela forma provocativa que a última sentença do alfa tenha saído, ou senão o jeito que suas íris me tiraram o fôlego.

Desse modo finalmente dei as costas a dupla sem esperar por mais respostas, mas antes de dar mais que três passo, pude ouvir a voz rouquinha de Taeyang se manifestar e me impedir de sair dali antes de ouvir o que tinha a dizer.

— Não liga pro appa, ele sempre foi mandão assim mesmo. — não contive o arquear de sobrancelhas que veio seguido do riso pela forma que ele dizia aquilo como se Jimin nem mesmo me conhecesse direito.

— Oh, é sério? E como aguentou ficar aqui nessa casa todo esse tempo? — entrou naquela brincadeira.

— Tio Yoongi me puxaria pela orelha se eu saísse daqui. — subitamente seu tom era como de uma conversa muito séria — Ele disse que eu deveria fazer tudo que o appa pedisse e ficar sempre aqui para o proteger.

— E você fez tudo isso?

— Eu tentei, mas algumas vezes ele acabava chorando antes de eu impedir.

— E… Por que ele chorava? — só Deus sabia como eu queria ir naquele quarto e proibir aquela conversa de continuar.

— Geralmente era quando brigava com o tio Seung, tanto que da última vez até quebrou algumas coisas na cozinha e eu precisei ajudar a limpar. — pude até imaginar o bico indignado que formou-se em seus lábios, mas apesar disso, só pude me praguejar por crianças serem sempre tão sinceras — Mas também tinha vezes que ele só começava a chorar do nada e eu não sabia o porquê! E eu acho que deveria ser por causa da marca porque já falaram algo sobre isso na escolinha.

— Eu machuquei bastante o appa, não é? — a voz se mostrava mais abatida que antes.

— Ah, não machucou não, até porque a marca do appa está sumindo.

— Oh, está? Eu… Nem tive tempo de perceber isso. — respirou fundo — Mas não estou surpreso, foram seis anos, certo?

— Aham, mas agora o appa vai ficar, não é? E vai poder marcar ele de novo também! — disse com uma animação incomum — Ele nunca deixou tio Seung o marcar nem quando foi pedido em casamento. Estava esperando o appa, eu acho.

— Isso é muita informação… — riu nervoso — M-Mas sim, agora eu estou aqui para ficar igual antigamente, mesmo que você não deva se lembrar muito... E também pode contar que eu serei o primeiro a marcá-lo se a atual marca sumir.

— O appa ficará feliz! — pude ouvir palminhas e àquela altura do campeonato meus olhos já pareciam prestes a virar uma cachoeira.

— Sim, e agora tem a nós dois para cumprir a missão do tio Yoongi. Então não vamos deixar nada fazê-lo chorar, certo?

— Sim, sim! Precisamos de um toque para isso! — declarou com euforia que fez o alfa rir alto, mas antes de deixar que concluíssem a conversa, decidi que era uma boa hora para me trancar no banheiro por alguns minutinhos.

Só mais daquela vez faria eles falharem na missão, mas quem precisava saber disso?


Notas Finais


•SURTOS E AVISOS ABAIXO, LEIAM!!!!•


KATIAU!!! FOI BOM? ME DIZEM QUE GOSTARAM DA INTERAÇÃO PAI E FILHO, SENÃO CAIO DURA AGORA!!

Pois beeeem, é isso por enquanto, espero de verdade que tenham gostado e comentem o que acharam!! Isso me da um apoio enorme (principalmente porque perdi vários seguidores nessa onda de ban que o ss ta sofrendo). Tanto que, deixando um adendo aqui, eu decidi alterar o lance de omma da fanfic e seguir o politicamente correto, colocando Jeongguk como appa sim. É só que não quero correr risco de ter alguém com antipatia de mim logo a essa altura do jogo, se é que podem me entender... MAS ISSO NÃO MUDA NADA NA FANFIC, OKAY!? Tudo permanece igual, só avisei pra vocês não estranharem!!

Agora primeiro aviso: Eu criei uma conta no inkspired, e postei 2191 Days lá como segurança de que vocês me encontrem em algum lugar caso dê merda aqui, então segue o link da fanfic lá E ME SIGAM!!! >> https://getinkspired.com/pt/story/43418/2191-days/ <<

Aviso 2: PESSOAS NOVAS NA FANFIC, VEJAM MEU TRAILEEEER AEHOOOOO: >> https://youtu.be/cm4ArZiaKX8 <<

AVISO 3: DÊEM AMOR A HISTÓRIA, XUXUS!! Vejo vocês algum dia aí <333

Beijinhos~


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