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História A Lei de Murphy - Terceira Fase


Escrita por: rainfiorest

Notas do Autor


Lamento imenso a demora, continuo a amar-vos, tho.

Capítulo 8 - Terceira Fase


Fanfic / Fanfiction A Lei de Murphy - Terceira Fase

OITO – Terceira Fase

Jimin observava Jungkook com interesse enquanto este baralhava as cartas, os seus dedos deslizando pelo baralho enquanto os seus olhos escuros brilhavam com a luz do quarto. Tinha os lábios rosados entreabertos e os dentes brancos espreitavam por baixo deles como os de um coelhinho adorável. Não era a primeira vez que Jimin dava por si a observar o amigo e a pensar nele naqueles termos, e não compreendia porque o fazia, mas não consegui evitá-lo.

— O que vamos jogar agora? — perguntou, mais para se distrair a si próprio do que por interesse genuíno.

Strip poker. — respondeu Junkook sem sequer levantar o olhar do baralho. Jimin julgou que estivesse a brincar, mas a sua expressão séria e concentrada fê-lo duvidar. Jungkook percebeu a sua demora em dizer alguma coisa e levantou o olhar, rindo imediatamente com a expressão assustada de Jimin. — Estou a brincar, Jiminie.

— Ah. — Jimin suspirou, desviando olhar para qualquer lado menos Jungkook, que voltou a concentrar-se no baralho — Mas não seria má ideia. — deixou escapar, mal se apercebendo do que dissera até sentir a tensão no ar. Jungkook observava-o outra vez, agora com a estupefacção no rosto. — Poker não. Mas qualquer coisa mais emocionante, sim. — explicou-se rapidamente.

— Ok. Vamos jogar um jogo qualquer. E quem perder, perde uma peça de roupa.

Jungkook disse-o com uma serenidade tal que Jimin julgou que estivesse a brincar outra vez. Mas os segundos passaram e não houve nenhuma gargalhada. Jimin acabou por acenar vagamente, e Jungkook separou o baralho para dividir as cartas.

O jogo acontecia depressa demais, e Jungkook revelou-se implacável. Jimin já tinha perdido a t-shirt, os sapatos e as meias e o cinto, e preparava-se para perder também as calças, enquanto o mais novo estava apenas descalço. Por cada peça que um perdia, o outro ganhava uma. E Jungkook ganhava muito mais vezes do que perdia.

— Não teria aceite isto se soubesse que és tão bom a jogar. — resmungou Jimin, levantando-se para baixar as calças, que atirou para cima da cama. Ia para sentar-se novamente quando reparou no olhar malicioso de Jungkook sobre si, que o analisava de cima a baixo. Não conseguiu evitar um sorriso de canto, satisfeito com a expressão de Jungkook. Isso deu-lhe motivação para que se empenhasse mais nos jogos seguintes.

Trinta minutos depois, Jimin recuperara as suas meias e Jungkook perdera a t-shirt.

— Não teria aceite isto se soubesse que poderias tornar-te melhor. — resmungou Jungkook, frustrado, enquanto tirava o cinto das calças. Jimin apenas sorriu em resposta, preparando a próxima jogada. Quando Jungkook voltou a perder, Jimin apenas observou enquanto o mais novo se levantava, despia as calças e voltava a sentar-se. Analisou-o da mesma forma que Jungkook o analisara mais cedo, numa espécie de vingança perversa que não escapou ao mais novo.

— Não há mais nada a tirar, Kookie. — disse, voltando a si e percebendo que estavam ambos de boxers. — Acabamos o jogo?

A resposta de Jungkook não foi mais que um olhar. Um olhar de olhos semicerrados acompanhado de um sorriso malicioso que dizia a Jimin que não, ainda não estavam acabados. Jimin nem teve coragem de lhe dizer o contrário.

Na verdade, não compreendia muito bem o que se estava a passar. Estavam há mais de uma hora naquela brincadeira tensa, regozijando-se de cada vez que um despia uma peça, analisando os corpos um do outro com malícia. Eram bons amigos, mas estavam ali a comportar-se como duas ninfomaníacas desesperadas para afogar o ganso. Jimin sentia-se confuso com a alegria que sentia, o nervosismo que lhe arrepiava os pêlos da nuca, o nó que sentia no estômago de cada vez que o seu olhar se cruzava com o de Jungkook. Afastou a ideia de sentir atraído por ele. Era o seu amigo. E aquilo era apenas uma brincadeira tola.

— Que tens em mente? — perguntou, a voz saindo-lhe trémula. Pigarreou e Jungkook fez de conta que não reparou no erro. Também não respondeu, limitando-se a fazer a sua jogada e esperar a de Jimin. Mas antes mesmo de o mais velho olhar para o baralho, percebeu que tinha perdido.

— E agora, Jiminie-ah? — perguntou Jungkook, arrastando a voz e fazendo o amigo arrepiar-se. Pousou as suas cartas no chão e Jimin seguiu-lhe o exemplo, esperando uma ordem. — Vou-te dar duas opções. — disse Jungkook, no mesmo tom arrastado, olhando para Jimin com um sorriso de canto. Jimin perguntou-se porque diabos estava ali a lidar com aquilo, mas não conseguia desviar o olhar ou acabar com aquilo. Estava preso nos olhos escuros de Jungkook, no sorriso sedutor, nas palavras que transpareciam volúpia. — Tiras esses boxers. Ou — passou a língua pelos lábios, inclinando-se para a frente — deixas-me tocar-te.

Jimin pestanejou. Que tipo de desafio era aquele e o que é que passava pela cabeça de Jungkook?

— Eu preferia não ficar mais nu do que já estou. — acabou por dizer, tentando mostrar-se mais calmo do que se sentia. O sorrido de Jungkook alargou-se. Jimin não sabia o que esperar. Sabia que Jungkook não era louco e não faria nada que ultrapassasse os limites, por isso apenas aguardou ansiosamente enquanto mais novo se aproximava de gatas, desviando as cartas do caminho, e se ajoelhava à sua frente com o lábio inferior preso entre os dentes.

— Não tens medo da minha perversão, Jiminie-ah? — perguntou, a sua respiração batendo no rosto de Jimin com a proximidade. Jimin apenas fechou os olhos, sentindo o coração descompassado e a respiração tornar-se mais densa. O que era aquilo que estava a sentir? Jungkook soltou um suspiro suave, aproximando-se mais. Jimin sentiu os lábios dele no seu pescoço, deslizando quase sem lhe tocar, arrepiando cada milímetro de pele no seu corpo.

E sim, sentiu algo mais abaixo, um despertar surpreendente que deitou por água todas as suas tentativas de se convencer que não se sentia atraído pelo amigo. Se não houvesse atração, o seu corpo não estaria a reagir daquela forma e os seus lábios não estariam ansiosos.

Os lábios de Jungkook afastaram-se, mas não por muito tempo. Os seus dentes finos rastejaram pelo seu ombro muito levemente, provocando, exigindo de Jimin um auto controlo sobrenatural para não agarrá-lo naquele instante. Em vez disso, pousou as mãos no próprio colo, tentando cobrir o que começava a ficar demasiado evidente.

— Jiminie-ah — sussurrou Jungkook no seu ouvido, soprando as letras com uma intensidade que o fez estremecer — E se eu te beijasse?

Jimin apertou os olhos com mais força, inconscientemente passando as língua pelos lábios para os humedecer. Sentiu Jungkook afastar-se e dar uma risada. No momento seguinte, sentiu os lábios do maknae contra os seus, mal tocando, apenas roçando muito levemente. Jimin podia não compreender o que estava a sentir naquele momento, mas sabia que aquilo não era suficiente. Por isso, num impulso, pressionou os seus próprios lábios contra os de Jungkook, arrancando um gemido abafado do mais novo.

Jungkook sabia a bolachas de água e sal, coca-cola e luxúria. E quando Jimin se apercebeu do que estava a acontecer, estava deitado em cima de Jungkook e uma das mãos deslizava-lhe pelo tronco enquanto Jungkook o abraçava com firmeza. As línguas mexiam-se ao seu próprio ritmo entre os dois, as respirações misturavam-se e a mão de Jungkook puxava o cabelo de Jimin com urgência.

Afastaram-se apenas para se ajustarem melhor no corpo um do outro, braços e pernas procurando uma posição confortável enquanto os peitos se esmagavam. Jimin percebeu que não era o único com um problema quando sentiu o volume de Jungkook na barriga. Continuaram a beijar-se como se tivessem fome um do outro, tocando-se e sentindo-se com todas as sensações que os corpos lhes permitiam sentir.

Foi o toque da campainha da escola, anunciando o fima das aulas, que os despertou. Afastaram-se o suficiente para se olharem nos olhos, numa interrogação silenciosa. Jimin deu por si a morder o lábio inferior enquanto olhava para os lábios vermelhos e inchados de Jungkook.

Meu Deus, mas o que é que eles estavam a fazer?

Queria mais. Queria continuar a beijar Jungkook, sugar-lhe a paixão dos lábios, sentir o seu corpo excitado contra o seu. Mas Sehun chegaria dali a nada e seria demasiado constrangedor se os encontrasse ali naqueles preparos.

— Jungkook — sussurrou ofegante, como se contasse um segredo — Tens de ir embora.

Jungkook acenou, mas não se mexeu. Na verdade, o próprio Jimin continuava em cima dele, sem fazer o menor movimento para sair. Observaram-se durante mais algum tempo e Jimin deu por si a baixar o rosto novamente, avançando para aqueles lábios que chamavam por ele.

Mas num instante estava a tocar neles, e no outro Jungkook estava em cima de si a devorá-lo. Jimin puxou-lhe os cabelos escuros, apertando-os entre os dedos enquanto a mão livre deslizava pelas costas do mais novo.

Até que Jungkook subitamente saiu de cima dele, levantou-se e foi vestir-se como se nada tivesse acontecido. Jimin deixou-se ficar no chão, ofegando, enquanto via as costas do outros mover-se conforme se vestia. Por enquanto, ainda não estava racional que bastasse para compreender o que tinha acontecido naquele quarto, mas mais tarde provavelmente iria massacrar-se com o assunto. Por enquanto, contudo, apenas observou em silêncio enquanto Jungkook se arranjava, lhe lançava um olhar cúmplice e saía sem dizer palavra nenhuma.

Só depois de Jungkook sair é que Jimin saiu do chão, foi vestir-se e arrumou as cartas espalhadas pelo chão. Depois, pegou no telemóvel.

 

Escrever mensagem para +542912345906

Jimin: Ok. Fala.

Enviar

 

+542912345906

Bem vindo à terceira fase: carência. Apesar de tudo, queres-me aqui, porque sabes que precisas de mim, não é? Aqui estou.

01/07, 17:55h

 

―ᴥ―

 

Chanyeol andava a preparar-se para um campeonato de natação interescolar e naquela tarde pediu que os amigos fossem assistir ao treino. Jungkook e Jimin não podiam ir — a suspensão incluía o ginásio da escola como área interdita —, mas prometeram que iriam ficar a torcer por ele. Contudo, os dois não tornaram a encontrar-se naquele dia. Ficaram nos seus quartos a remoer o que tinha acontecido e, sem nenhum dos outros amigos por perto até ao final da tarde, não lhes faltou tempo para isso.

Entretanto, Jimin continuou a trocar mensagens com o seu stalker, tendo chegado a trocar Kakao com ele e aceitado que mais valia um amigo novo do que ficar a remoer nas palavras do desconhecido.

 

< CHATS (1) 5 Fases

ChimChim e Darth Vader

 

18h25

ChimChim: Darth Vader?

Darth Vader: Sim, meu filho, sou fã de Star Wars

ChimChim: Nerd

Darth Vader: Não, só geek mesmo

ChimChim: Ok, vamos ao que interessa. Quem és tu?

 

18h30h

Darth Vader: Como já expliquei, sou teu amigo. Considera-me uma espécie de anjo da guarda.

ChimChim: Mas eu conheço-te?

18h33h

Darth Vader: Não sei

ChimChim: Como assim, não sabes?

18h35h

Darth Vader: Depende de ti

ChimChim: Isso não faz sentido

Darth Vader: Claro que faz

ChimChim: Explica-me isso das fases

18h40h

Dath Vader: Um dia

ChimChim: Que chato

Darth Vader: hahahaha

ChimChim: Qual é a próxima?

Darth Vader: Aceitação

ChimChim: E é o quê?

18h42h

Darth Vader: Logo verás

ChimChim: algum dia vais dizer-me quem és?

Darth Vader: talvez

ChimChim: (emoticon irritado)

Darth Vader: não te adianta chatear, pequeno gafanhoto

ChimChim: quero saber quem és

Darth Vader: mas depois o jogo perde toda a piada

ChimChim: isto é um jogo?

18h50h

Darth Vader: claro

ChimChim: qual é o objectivo?

18h52h

Darth Vader: iluminar-te

ChimChim: iluminar-me?

Darth Vader: sim. Mostrar-te a verdade

ChimChim: que verdade?

18h55h

Darth Vader: saberás no final do jogo

ChimChim: quanto falta?

Darth Vader: são cinco fases

ChimChim: estou na terceira; faltam duas…

Darth Vader: então espera. Tudo tem o seu tempo

 

 

―ᴥ―

 

Namjoon quase deitou a porta abaixo quando bateu nela. Jimin decidira tirar um pedaço da noite para estudar — ou, mais uma vez, tentar estudar — e precisou de chamar a si todas as forças para ir abrir a porta. Sehun ainda não tinha regressado e nem se admirou quando, atrás de Namjoon, Jimin encontrou o seu colega de quarto e todos os outros amigos.

— Jiminie, vamos divertir-nos um pouco. — sorriu Namjoon, entrando no quarto sem esperar um convite. Jimin só fechou a porta depois de todos entrarem, evitando contacto visual com Jungkook no processo. Virou-se para Namjoon, esperando esclarecimentos. — Adivinha o que é que nós – e com nós, quero dizer eu e o Chanyeol, conseguimos arranjar?

— Juízo não foi de certeza. — suspirou, cruzando os braços. Nenhuma das visitas se tinha sentado, indicando que não planeavam demorar-se.

— Isso jamais. Mas conseguimos deitar as nossas mãozinhas às chaves da piscina da escola. — Namjoon piscou o olho, sorrindo travesso — E quem é que vai fazer uma festa lá em baixo?

— Namjoon, já estou suspenso. Queres que os meus pais me matem e vendam os órgãos a mexicanos duvidosos?

— Estás suspenso porque quiseste, assim como aqui o nosso amigo Kookie, que não soube ter cuidado com o que fazia. Não aceito desculpas. — sacudiu as chaves no ar, dando ênfase à última parte — Agarra nos teus calções de natação, nos teus tomates e vem divertir-te um bocado connosco, que de qualquer modo ninguém ia comprar nada teu.

Jimin protestou. Bastante. Inventou todo o tipo de desculpas. Mas no final, como sempre, acabou por ir com eles.

 

―ᴥ―

 

A água estava fria. Seria de esperar que uma piscina olímpica teria a água aquecida mesmo de noite, mas os seis provaram a realidade da pior forma. Ainda assim, isso não os impediu de se atirarem para a água e se arrastarem uns aos outros para dentro da piscina. Apenas tiveram o cuidado de manter as luzes apagadas, servindo-se de lanternas e dos telemóveis para se orientarem minimamente.

Eram um grupo que estava habituado a aventuras nocturnas, mas era a primeira vez que invadiam uma piscina.

Jungkook e Jimin ainda não tinham conversado, por isso a situação entre os dois ainda estava demasiado tensa — o que os levou a manterem-se afastados tanto quanto fosse possível, enquanto se analisavam mutuamente à procura de um sinal que ajudasse a decidir como se deviam comportar um com o outro.

Em contrapartida, Yoongi aproveitou para se aproximar sorrateiramente de Jimin, mantendo-se próximo dele durante as várias brincadeiras que fizeram em grupo. Competição para ver quem chegava à ponta da piscina mais depressa? Yoongi estava lá ao pé dele. Competição para ver quem aguentava mais tempo debaixo de água? Yoongi estava lá. Competição para ver quem aguentava com quem às costas? Yoongi estava lá a oferecer-se para carregar Jimin.

E Jimin, ingénuo como era, não se apercebeu do que Yoongi estava a tentar, desesperadamente, fazer.

Coube a Sehun arrastar Yoongi para o outro lado da piscina e sussurrar-lhe que, por amor de deus, fosse mais discreto, porque só lhe faltava tatuar “REPARA EM MIM, JIMIN” na testa. Yoongi respondeu que não tinha problema nenhum em ser óbvio, já que todas as subtilezas tinham falhado. Sehun deu-lhe uma palmada nas costas e regressou para junto de Chanyeol.

Contudo, o tempo que Yoongi demorou com Sehun, foi o tempo que Jungkook precisou para tomar coragem e aproximar-se de Jimin. Tocou-lhe no ombro para chamar à sua atenção, recebendo uma expressão assustada em resposta. Jimin corou instantaneamente.

— Jiminie — praticamente murmurou Jungkook, de modo a que apenas Jimin ouvisse — Acho que precisamos de falar.

Jimin acenou vagamente com a cabeça, sentindo-se inesperadamente muito frágil. Sacudiu a cabeça em direcção aos balneários, indicando que fossem conversar para lá. Contudo, assim que saiu da piscina e a água deixou de o envolver, sentiu-se subitamente muito vulnerável estando apenas com os seus justíssimos calções de natação. Jungkook seguiu-o em silêncio. Nenhum dos dois disse alguma coisa aos amigos, mas apenas Yoongi se apercebeu da saída deles.

Jimin ignorou a plaqueta do balneário masculino e entrou directamente no feminino; Jungkook seguiu-o sem perguntar nada, por mais bizarro que aquilo fosse. Sentaram-se lado a lado num dos vários bancos do balneário, nenhum deles querendo realmente iniciar a conversa.

— Aqui ninguém nos vem interromper. — explicou debilmente Jimin — Vai que algum deles decide ir à casa de banho…

Jungkook acenou vagamente, compreendendo. Ambos achavam que aquela conversa devia terminar naquele dia e sem interrupções. Mas estavam demasiado nervosos.

— Jungkook — chamou Jimin, tomando a iniciativa — Tenho a impressão que eu te… provoquei. Foi por isso que hoje aconteceu aquilo?

O olhar de Jungkook era tão atónito que por momentos o mais novo quis rir-se. Pobre Jimin. Abanou a cabeça, travando uma batalha contra si próprio sobre se devia sorrir ou manter-se sério. Optou por manter apenas uma expressão serena.

— Jiminie, és tão tolo. — soltou, arrastando as palavras de uma forma que fez Jimin arrepiar-se. Esfregou os braços húmidos, como se o problema dele fosse frio. Não era. — Achas mesmo que aquilo aconteceu apenas por causa de um jogo? — o amigo não respondeu, pestanejando como se dissesse “o que mais poderia ser a causa?”. Jungkook suspirou profundamente, apoiando o queixo nos punhos, e os punhos nos joelhos. — Jimin — disse, passados longos segundos de silêncio tenso. A forma como disse o nome do mais velho era pesada. — Não sabes que te amo há muito tempo?

As suas palavras não foram compreendidas de imediato. Jimin pestanejou três vezes, olhando para ele, enquanto a sua voz flutuava no ar entre eles, entranhando-se lentamente na sua mente. Jungkook soube exactamente o momento em que Jimin compreendeu, pois ele arregalou os olhos e entreabriu os lábios com o choque.

Jungkook endireitou-se, voltando-se para ele. Seria de esperar que tivesse uma expressão ansiosa ou até mesmo feliz, por finalmente desabafar, mas apenas mostrava uma serenidade invulgar. Esperou que Jimin dissesse alguma coisa, mas ele não o fez.

— É complicado, Jimin. — disse Jungkook, com um suspiro pesado — Somos amigos e sempre tive medo demais de perdermos isso. Prefiro ter-te como amigo do que não te ter de todo. Mas em todo o caso, hoje foi… tenso. — humedeceu os lábios, olhando para o vazio como se estivesse a reviver o momento — Tu nem tentaste afastar-me, Jimin. É tão confuso. Suponho que terá alguma coisa a ver com o facto de ainda não teres ultrapassado o Taehyung, mas…

— Não. — Jimin interrompeu-o, recuperando a voz. Tinha uma expressão magoada, que acertou Jungkook como uma bala. — Não tem nada a ver com o Taehyung, Jungkook. Taehyung é uma mancha no passado que vai desaparecer eventualmente. Eu apenas…— calou-se, engasgando-se nas palavras. Sentia a garganta seca e o coração batia tão depressa que tinha a certeza que se ouvia lá fora. Jungkook esperou pacientemente. — Apenas não sei o que sinto, Kookie. És o meu amigo, e ao mesmo tempo eu sinto estas coisas estranhas… Nem me passou pela cabeça afastar-te hoje.

Deixaram-se ficar em silêncio por algum tempo, cada um absorvendo as palavras do outro. Só quando a mão de Jungkook subitamente pegou na de Jimin, com uma delicadeza comovente, é os seus olhares se voltaram a encontrar. A outra mão de Jungkook tocou o rosto de Jimin, arrastando uma mecha de cabelo cor de laranja no processo, e deslizou para a nuca do mais velho com suavidade. Aproximou o seu rosto do dele, observando e absorvendo cada uma das pequenas reacções que Jimin tinha — desde o suave arregalar dos olhos até aos seus braços arrepiados, o subir e descer do peito mais intenso, os lábios que se entreabriam muito ligeiramente.

 Jimin era fácil de ler, e naquele momento escrevia que Jungkook podia avançar. E foi o que ele fez.

Roçaram primeiros os lábios com suavidade, antes de realmente se beijarem. Os lábios de Jimin estavam arranhados por estar constantemente a mordê-los, enquanto os de Jungkook eram suaves ao toque. Desta vez, Jungkook sabia a menta e saudade, e Jimin sabia a ortelã e melancolia.

Afastaram-se antes que as coisas se tornassem intensas. Jungkook encostou a testa à do amigo, mantendo a mão na nuca dele e remexendo-lhe no cabelo com ternura. Jimin reconheceu aquele sentimento que sentira há vários dias atrás, quando Jungkook lhe disse que devia procurar a felicidade e depois fizera aquele exato gesto. Não tinha sido a janela aberta que o arrepiara. Naquele balneário não havia janelas abertas.

— Não sei o que fazer, Jiminie — sussurrou Jungkook. Jimin mantinha os olhos fechados desde que o beijo começara, e ainda não os tinha aberto. Jungkook apenas observava os traços do seu rosto como se fosse a última vez. — Diz-me, Jimin. — pediu.

 — Jungkook. — Jimin sussurrou de volta — Eu também não sei.

— Então vamos ver como corre. — sugeriu o mais novo, apertando com mais força a mão dele. Não precisou de explicar, pois Jimin compreendia perfeitamente o que queria dizer. Se corresse mal, voltavam a ser amigos, como se nada tivesse acontecido. Se corresse bem, talvez tivessem uma oportunidade de serem felizes um com o outro. Por enquanto, contudo, nada seria definido.

 

 



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