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História A Traidora das Estrelas - Único; o eterno é para sempre


Escrita por: quitutes

Notas do Autor


❝ Bem-vindo a A Traidora das Estrelas! Acomode-se para esta pequena viagem.

🡾 minhas considerações sobre essa história são muitas, contudo, não encherei a paciência de vocês, apesar de ter essa tendência. passei cerca de um mês procrastinando para escrever a shot, tudo por causa de uma imensa insatisfação com minha escrita que, não vou mentir, está me perseguindo até o momento. só deus sabe o quanto eu estou insegura postado isso aqui — infelizmente.

🡾 no entanto, não queria me prolongar ainda mais neste ciclo vicioso de guardar histórias no porão — pois nele já basta o blackpink :´). obriguei-me a lançar logo, para tirar de minhas costas tanta auto-cobrança. contribui também o fato de eu estar saindo levemente da minha zona de conforto, então, eu de verdade espero que gostem disso aqui.

🡾 não costumo postar histórias que não gosto, ou que não alcançam o meu alto padrão de perfeição. mas tem uma primeira vez para tudo! então, por favor, sei que é chato cobrar qualquer tipo de coisa, mas um papo de escritor para leitor — peço que, caso gostem ao menos um tiquinho, comentem um mínimo elogio que seja para esta pobre autora aqui. isso vai me ajudar mais com minha insegurança quanto a esta história, pois sim, até alguém que escreve sobre amor própria tem seus problemas.

🡾 por fim, desejo uma ótima leitura, meu pequeno gafanhoto. fique com a shot:

Capítulo 1 - Único; o eterno é para sempre


Fanfic / Fanfiction A Traidora das Estrelas - Único; o eterno é para sempre

“Talvez, só talvez, nós sejamos destinados a sofrer. Apenas para que um dia ressurjamos brilhantes como o Sol. Afinal, todas as borboletas já ficaram presas no escuro de seu casulo.” — um autor desconhecido

 

— Senhorita Minnie, conte-me uma história.

— Ora, pequeno, o que você quer ouvir? 

Ela afagava os cabelos da criança ao seu lado como uma mãe amorosa, mesmo que estivesse longe de ser, mas ainda assim, estava disposta a fazer qualquer coisa para que o menino se alegrasse. Minnie sempre fora dessa maneira, e simplesmente não havia jeito — até mesmo diante das piores situações, ela sorria, de uma maneira tão dócil que era capaz de acabar com guerras e abrir mares, apenas como um agradecimento por sua graciosidade. Entre as sombras perpendiculares das árvores, Minnie observava a beleza da tarde, como uma ninfa das florestas admirando a natureza que lhe foi dada. Talvez isso não estivesse muito longe da realidade.  

Era matemática, biológica e humanamente impossível não se apaixonar por Minnie. Mesmo que seus esforços fossem grandiosos, eles iriam por água abaixo no momento em que ela olhasse no fundo de seus olhos, tão intensamente que seu corpo formigaria de cima abaixo, e borboletas bateriam tão freneticamente no seu estômago que seria impossível suportar — Minnie apenas era assim, naturalmente perfeita. Sua presença alegrava a todos, sua aura esbanjava esperança capaz de curar a mais grave das doenças, e com apenas uma palavra, ela poderia te convencer a fazer o que mandasse. Mas não o faria, porque era bondosa demais para isso. 

Até a natureza parecia cair em seus encantos, pois naquele dia, quando estava no parque com mais uma das crianças do orfanato, as flores beijavam sua pele macia com delicadeza palpável. Se Minnie se alegrava, o universo também; se Minnie sofria, o universo também. Tudo parecia girar em torno da majestosa moça, e de fato, girava. 

Alguns diziam que ela era uma deusa, que caiu dos céus para guiar a humanidade a luz. Outros, também, diziam que ela era uma sereia, uma feiticeira, que poderia encantar qualquer um apenas com sua beleza sobrenatural, e era capaz de guiar qualquer homem para seu fim somente com o som de sua voz. Quando confrontada por teorias malucas, Minnie apenas ria, tão delicada quanto veludo, e dava a velha resposta:

“Ah, por favor, assim me sinto sem graça! Mas, quem sabe? O universo esconde segredos muito, muito bem.” 

A origem de sua magia encantadora era instigante, e Minnie sabia ser misteriosa, talvez por isso todos eram tão loucos por ela — ninguém resiste a uma boa aventura, e ela era uma trilha convidativa e desconhecida. Contudo, o que esperar de uma jovem escritora de livros infantis, logo em sua ascensão? Minnie era gentil, mais empática do que qualquer um. Oras, ela fazia doações gordas para causas nobres, participava de passeatas em prol do meio ambiente, era voluntária em um asilo e, ainda, lia seus livros todos os fins de semana em um orfanato para crianças carentes, esse qual era sua segunda casa.

Se era possível alguém não cometer erros, Minnie estava ali para provar. Nenhuma alma sequer ousava desconfiar da vida pacata e perfeita da garota, porque afinal, o que uma jovem com tanta harmonia com o mundo teria a esconder? De certo, seu segredo mais obscuro seria uma nota baixa na sexta série, o que até poderia ser muito grave considerando a sua conduta. 

O menino começou a balançar as pernas, pesando-as contra o ar em um gesto entediado, mas, ao mesmo tempo, concentrado. A pergunta de Minnie ecoava em sua cabecinha, o que ele gostaria de ouvir, logo de sua escritora modelo? Sua expressão séria fez Minnie gargalhar, e então, ele finalmente a respondeu:

— Eu… eu não sei. Algo que nunca me contaram antes — a criança, finalmente, olhou nos olhos de Minnie, que acenou positivamente com a cabeça. 

Com leveza, ela se levantou do banco onde estava sentada, batendo seu vestido verde-limão para tirar a poeira, mesmo que em uma ação simbólica, pois até os ventos não ousavam incomodá-la. Minnie respirou fundo, e ergueu sua mão para o menino, num gesto silencioso para que ele a pegasse. Pestanejando de forma confusa, o garoto seguiu os comandos mudos, caminhando lado a lado com a jovem escritora, com a companhia sonora dos chinelos da moça amassando a grama verde do jardim. Ela era simples até nas pequenas coisas. 

Mesmo quem visse de perto colocaria a mão no fogo ao afirmar que se tratavam de mãe e filho, passeando no meio de uma tarde ensolarada, perfeita para um programa familiar. No entanto, mesmo que os instintos maternais de Minnie fossem extremamente aguçados, a mão seria queimada, pois a declaração não poderia estar mais distante da realidade. Estavam em um orfanato, afinal, o lar das crianças de ninguém

Outros fedelhos circundavam o gramado, por vezes acenando para Minnie, ou até mesmo a abraçando repentinamente. Adorada por todos, ela retribuía cada gesto carinhoso igualmente. Se assemelhava a uma rainha mitológica, como as fadas bondosas dos livros de contos infantis, abraçando seus súditos que nada mais eram do que gnomos verdinhos. Se uma tela daquele exato momento fosse pintada, Minnie seria facilmente considerada uma messiânica da paz. 

— Pois bem, Eunji — Ela falou, com os olhos fixos no menino — Irei contar-te a história mais antiga de todo o mundo, a que veio antes mesmo da criação do universo — Eunji a olhava cada vez mais curioso — Vou contar a história da traidora das estrelas. 

Ambos entraram na grande estufa botânica do orfanato, construída graças a uma das doações caridosas de Minnie. “Todos precisam de um contato com a natureza, mesmo que mínimo. Esse vai ser o meu presente para estas crianças, que as flores gravem as boas memórias delas aqui, e que as plantas sempre lhe tragam tranquilidade”, foi o que ela disse, antes de Chaeyong, a diretora, derrubá-la em um abraço apertado. 

Em afinidade com o ambiente, Minnie entrelaçou-se entre as plantas, como se aquele fosse puramente o seu lugar natural, onde genuinamente pertencia. Criando um suspense desconfortável para Eunji, que tinha o corpo em combustão por tantas dúvidas e expectativas acumuladas, ela sentou-se na pequena borda circular que guardava a enorme árvore da estufa. O olhar viajando longe, desligado do mundo, a mente presa em alguma lembrança do passado. 

— Era uma vez… 

 

O nada, uma completa escuridão vazia e sem vida. Ela foi o começo de tudo, o estopim para a criação de uma luz, que de repente surgiu e em coisa alguma se firmou. No breu das trevas do espaço, a pobre luz foi condenada a viver sozinha pela eternidade, presa em sua própria solidão e fadada ao sofrimento. Ela olhava ao redor, procurando outro alguém, clareando o vácuo infinito com o seu brilho e com a crescente esperança de que um dia não estaria mais sozinha. O vazio que sentia dentro de si tinha de ser preenchido, pois a todo momento a luz sentia que algo estava faltando, e mesmo que o tempo corresse a sua frente, ela nunca desistiria da busca pela metade de seu coração. 

    Pouco a pouco pequenos feixes cintilantes começaram a nascer da escuridão, e a luz agora poderia se sentir menos sozinha, um pouco mais pertencente. Ela, então, se chamou de Sol, a origem de todas as pequenas brilhantes do vazio, que agora seriam chamadas de estrelas, as descendentes da grande e calorosa mãe do universo. Mas, mesmo assim, o Sol não se sentia completo. 

Depois vieram as grandes pelotas que bordeavam a galáxia, feitas da mais pura poeira estelar e das mais majestosas explosões — os planetas. Estes foram destinados a seguir o Sol, como pequenos filhos obedientes de uma grande e sábia mãe, que mesmo com tantos astros circundando ao seu redor, se sentia sozinha demais, apesar de não realmente estar. Pensou em desistir, aceitar de uma vez que seu destino seria somente este, viver para sempre iluminando o caminho dos viajantes do universo, brilhando e constantemente servindo como uma lembrança de esperança, mas por mais que alegrasse aos outros, nunca poderia viver feliz por si mesma. 

Até que ela viu, à anos-luz, algo surgir. Lentamente, como se tivesse toda a eternidade a sua disposição, formou-se a Lua, desde o princípio suntuosa, poderosa.

E foi ali, naquele exato momento, que o Sol se apaixonou. 

Não tinha a mínima ideia se era coisa do destino, se foi por puro acaso e o cosmos simplesmente decidiu pregar-lhe uma peça, mas seu coração transbordou com tanta felicidade. Era isso, simplesmente isso, o Sol era da Lua antes mesmo de ser. Mesmo tão distantes, tão impossíveis, eles olharam um para o outro, desejando tão intensamente um encontro que chegava a doer. Tudo aquilo puramente para sofrer, uma satirização de sua emoção, quase se escutava a risada do universo, sabendo que tinha vencido desta vez.

Mas não seria tão fácil assim, o amor nunca foi simples. Foi?

O Sol sabia da enrascada em que estava se metendo, mas simplesmente não ligava, daria tudo para ter a Lua, mesmo que precisasse viver um amor proibido. Todas as noites, quando tinha que ir embora, a Lua tomava o seu lugar, sempre tão…majestosa, o seu fim. Na surdina, o Sol a admirava, e quando o dia raiava, a Lua chorava, por ter seu amado sempre tão distante. Era desgastante. 

Estrelas brilhavam sozinhas, essa era a regra silenciosa entre elas. Eram lindas, mas tão solitárias — o Sol não viveria desse jeito, não conseguiria. Sabia que as estava traindo, traindo as estrelas, a Lua e o Sol jamais poderiam se amar, foram criados para se rivalizar, mas as regras do universo foram feitas para serem quebradas. Quando o desastre aconteceu e as estrelas descobriram a traição de sua mãe, o único arrependimento do Sol foi não ter passado mais tempo com a Lua, pois ninguém jamais o faria se envergonhar de amar. 

Como sua sentença, o Sol foi condenado ao declínio eterno. Ele caiu dos céus e pousou na Terra — viveria como um humano para sempre, pois não era mais digno do brilho de uma estrela. Sua queda dizimou a vida, pôs o mundo em chamas, a última faísca de sua luz trouxe o apocalipse. O Sol foi, desse jeito, destinado a ser um destruidor, o dono de caos e terror, para que pagasse por toda a dor que causou. 

Cem milhões de dias e cem milhões de noites foram necessários para que o Sol acordasse de sua ruína, e sozinho na Terra, ele pôde provar novamente da solidão. Porém, com o passar do tempo, um pequeno broto começou a nascer da cratera de sua queda, gradativamente formando uma grande árvore. Ele não entendia, nem as próprias estrelas conseguiam entender. Mas o universo tem seus truques, e o amor jamais poderia ser punido — o Sol se tornou fruto de criação, e novamente, ele brilhava em esperança, desta vez entre os humanos. 

Ele viu a humanidade nascer, crescer, e renascer. Viu as florestas serem criadas, e então dizimadas. O Sol viu a germinação de tudo, e por onde passava, trazia um pouco da sua luz para a gente ao redor. Todas as noites, ele encontrava sua amada, que brilhava resplandecente no céu, e se permitia observá-la, captar a sua energia, pois ninguém nunca iria separá-los. O cosmos, compadecido de seu amor, concedeu-lhes um encontro por ano, durante o eclipse. Simplesmente era para ser, e assim foi, o Sol e a Lua se completavam

— E se não der certo, e se nós nunca mais nos encontrarmos? — a Lua perguntou, aflita.

— Boba — o Sol sorriu — Eu não a largaria por nada neste mundo. Nós somos eternos, sempre e para sempre. 

Conforme a humanidade evoluía, o Sol se adaptava, em diferentes corpos, diferentes lugares, mas sempre radiante. Sempre espalhando esperança, alegria. Suas mãos criavam vida, suas palavras iluminavam a escuridão, e o brilho de seu olhar fazia tudo mudar. Lendas diziam que a grande árvore de sua queda era mágica, e continha toda a energia vital da Terra — era imortal. Capaz de realizar milagres, até os mais impossíveis, o casal que se beijasse embaixo dela ficaria junto para sempre, como o Sol e a Lua, o amor mais puro e verdadeiro do universo. 

O amor é, por vezes, definido demais. Taxado como algo implacável, desconexo e mágico, tal qual um entorpecente dos mais fortes. Porém, esse é o maior erro dos poetas tristonhos: defini-lo. O amor é volátil, não tem forma ou tamanho, muito menos rosto ou marca registrada, age de forma versátil e se constrói de acordo com os dotes de seu hospedeiro. Em outras palavras, ele pode ser perfeito para alguns e uma penitência para outros. Fato é que nenhuma das interpretações está errada, o resultado deste sentimento profundo depende apenas de como se lida com ele, e Minnie diria que, com toda a certeza do mundo, sua forma de amar foi a mais estúpida existente. E mesmo assim, ela não se arrependia nem por um segundo de nenhuma decisão tomada. 

 

— E-Espere, você quer dizer que… — Eunjin teve a boca brutalmente tapada por Minnie, que o repreendeu com o olhar. 

O menino tinha os olhos esbugalhados, o corpo congelado em choque. Olhou vagarosamente para a árvore atrás de si, o símbolo do orfanato e relíquia da cidade, tinha quase setenta metros de altura, as crianças diziam que poderia alcançar o céu. Seus olhos passearam por ela, suas folhas brilhantes, caule firme e uma aura chamativa que nunca havia entendido. Bem, ao menos até então.

Assim sendo, Minnie, a escritora de livros infantis amorosa e doce, a ativista apaixonada, a cuidadora de idosos, a garota com a média perfeita na escola era, na verdade, o Sol? Eunjin tinha o Sol, bem ali, na sua frente? Era loucura, mas nenhuma parte dele queria discordar daquilo. Lembrou-se de todas as vezes em que Minnie confortou sua alma, e apaziguou a de outras pessoas.

De fato, as pessoas precisavam de algo para acreditar. Teorias preenchem as brechas da humanidade como pequenas ataduras para grandes rachaduras, mas, a origem de tudo era mesmo tão maluca assim? Tantos questionamentos passavam pela cabeça do garoto, sua mente parecia prestes a explodir. Contudo, decidiu confiar na Senhorita Minnie, que calmamente tirou a mão de sua boca e sorriu para ele. 

Ela acariciou o caule da árvore, como se fosse um mero bichinho de estimação, mas havia verdadeira paixão em seus olhos, e Eunjin já havia vivido ao menos o suficiente para saber que os lumes de ninguém mentem. A criança procurou a mão de Minnie, a entrelaçando na sua, com um aperto em forma de apoio.

Shhh — Ela pôs o indicador na boca, as pupilas brilhando — Esse é o nosso segredo.

Eunjin assentiu, mas logo não conseguiu segurar a língua.

— Senhorita Minnie, porque o Sol traiu as estrelas? 

Minnie sabia que não precisava dar os motivos, ele já entendia. No entanto, olhou no fundo dos olhos do menino, fazendo o estômago dele revirar, de uma maneira surpreendentemente agradável. 

— Ele não as traiu, Eunjin — Minnie suspirou — Apenas se permitiu amar.

Desse jeito, duas pessoas guardavam um segredo no meio de uma estufa botânica, compartilhando uma história que nunca sairia dali, que nunca seria registrada em livros ou ilustrada em quadrinhos. O cosmos tem muitos segredos guardados, mas na noite em que o Sol encontrou a Lua, foi quando o amor nasceu.

E isso nem ele poderia negar.

 


Notas Finais


𝐀 𝐆 𝐑 𝐀 𝐃 𝐄 𝐂 𝐈 𝐌 𝐄 𝐍 𝐓 𝐎 𝐒
primeiramente, gostaria de agradecer a @Doukyuusei e @llolajikooka por organizarem a doação que deu origem a esta capa, que por milagre — literalmente, porque sempre perco este tipo de coisa — veio parar em minhas mãos, vocês são talentosas ao extremo, muito obrigada! às minhas amigas, que sempre me dão o maior suporte do mundo — eu amo vocês, obrigada por acreditarem no meu potencial como escritora, suas loucas.

e finalmente, obrigada a você, por ler!


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