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História Across the universe. - Across our universe


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


VOLTEI. SURGI. OBRIGADA DEUS.

Então gente, minha faculdade começou, eu estive um pouquinho atarefada com ela e não pude concluir o capítulo antes. Porém, assim como o outro, quando sentei realmente pra escrever, eu o escrevi por inteiro. Eu espero que vocês gostem desse capítulo, com o leve desfecho do nosso casalzinho cheio de açúcar e Beatles <3

A música é Something, dos Beatles, e ela foi modificada porque Chanyeol né HJKFÇBFKÇFKBÇ~FKBDF mas a essência tá lá <3 Eeee antes que eu esqueça, nos 45 dos segundo tempo: Set Nicke: Café.

Não tá betado porque meu mozão tá sem internet, mas assim que ele puder, trarei a versão betada! Eu só estava mt ansiosa mesmo hahahaha.

Aproveitem ChanBaek e enjoy it~!

Capítulo 3 - Across our universe


Fanfic / Fanfiction Across the universe. - Across our universe

Across the universe. 

Chapter III - Across our universe

O ano novo se passou rapidamente. Aos poucos, as decorações de natal foram sumindo, até que não houvesse algum vestígio de que um dia estiveram ali, iluminando as casas. Faz duas semanas desde que você me levou até sua casa, e ainda hoje me pego relendo o texto que encontrei entre seus rascunhos.

 

Às vezes, eu o encarava em sua costumeira mesa, preso aos teus manuscritos cada vez mais importantes e secretos, e pensava em cada palavra que você escreveu. Penso em como você deve ter se sentido ao escrevê-las, penso se esteve sorrindo, se acabou achando-se bobo depois ao relê-las e por quê as descartou. Penso em muitas coisas que acabam me fazendo ainda mais apaixonado.

 

E, a cada vez que eu encontrava o seu sorriso no meio do caminho, eu tinha mais certeza de que, talvez, eu pudesse ser correspondido.

 

A questão é: e se eu apenas estivesse interpretando errado? E se seus sorrisos não fossem os mesmos que os meus? E se suas palavras apenas estivessem me tocando, se você não tivesse sentido nada ao escrevê-las? Você é um escritor, afinal. Criar personagens e vive-los é sua forma de viver a vida.

 

Até que ponto me apaixonei por você, ChanYeol? E se, por um acaso, não for apenas mais um personagem?

 

Sam parou ao meu lado, encostando-se ao balcão. Não movi meus olhos de você porque eu já sabia o que meu amigo queria: encher-me o saco, como sempre, provavelmente a seu respeito. Sam acompanhou meu olhar e então voltou ao meu rosto, com um sorriso babaca escancarado em seu rosto, como quem sabe de tudo (mesmo que não soubesse de nada).

 

“Não sei como ele pode ser tão lerdo.” Sam comentou. “Você não para de encará-lo e, mesmo assim, ele ainda não se tocou?”

 

“Não tem nada para entender, Sam.” Retorqui, contrariado. “ChanYeol e eu somos ótimos amigos.”

 

“Aham, claro.” Sam rolou os olhos. “Por que não diz a ele?”

 

“O que espera que eu diga, Sam?”, perguntei. “Olá, ChanYeol, pode me dizer se é normal eu me apaixonar em quatro meses? Digamos que a pessoa em questão é você.

 

“Não pensei tão direto, mas, se você quer assim, vá em frente!”, Sam riu.

 

“A cafeteria está bastante cheia pra você ficar me enchendo o saco, Sam.” Reclamei. “Vai, sai daqui.”

 

Sam realmente me deixou em paz, sua risada ecoando em meus ouvidos até mesmo quando esteve longe. Meneei a cabeça em negação porque eu não merecia, nem por um minuto, ter um amigo tão inconveniente. A cafeteria de fato estava bastante cheia, mas Sam poderia dar conta enquanto eu cuidava do caixa, o que me dava alguns minutos extras para observá-lo.

 

Dessa vez, você esteve olhando em minha direção antes que eu o notasse. Seus olhos faiscavam de uma forma que eu ainda não tinha visto e me perguntei o que poderia ter acontecido para que eu ganhasse tanta intensidade. Sua boca se curvou em um meio sorriso desgostoso e tentei devolvê-lo de forma agradável, mas você apenas voltou a escrever.

 

Isso me deixou curioso. O que deu em você dessa vez, ChanYeol?

 

Decidi que poderia deixar o caixa por alguns minutos sozinho e caminhei em sua direção. Talvez você pudesse me explicar o que te deu dessa vez ou talvez pudéssemos trocar algumas palavras. Você mal notou minha aproximação, como sempre, de tão absorto que esteve em seus escritos. Sentei-me à sua frente com um suspiro audível, esperando que você me notasse.

 

“O que tem para hoje que é mais importante que eu, Channie?”, perguntei tentando espiar através de seus braços fechados em volta do caderno.

 

“Sua curiosidade é insaciável, Baek.” Você disse. “Entretanto, imagino que seu amigo esteja precisando de você mais do que eu, no momento.”

 

Você estava me dispensando? “O que?”, perguntei. “Sam consegue dar conta de tudo sem mim. Não posso ficar aqui hoje?”

 

“Apenas imagino que prefira estar lá.” Deu de ombros. “Sabe, você não veio conversar hoje e esteve a manhã toda ao redor dele. É bem claro.”

 

Não aguentei e comecei a rir; eu não acredito que me preocupei a toa quando, na verdade, não passa de ciúmes bobo de uma criança que cresceu apenas em tamanho. Você fechou a cara e eu não conseguia parar de rir do seu ciúmes infantil. Isso até amaciava um pouco o meu ego porque mostrava que você se importava.

 

“Não estou encontrando a graça, Byun.” Você resmungou, escrevendo cada vez mais rápido.

 

“Há muita graça pra mim”, continuei a rir, “e você sabe que não há competição entre você e o Sam, por que ciúmes?”

 

Você engasgou como se fosse rir de algo. “Ciúmes?! Eu não tenho ciúmes, faça-me o favor, Byun BaekHyun.”

 

“Aham, obviamente não.” Rolei os olhos. “Olhe, quer saber? Vou trabalhar, já que você não deseja minha presença hoje.”

 

Ergui-me no momento que senti sua mão fechar ao redor do meu punho. Seus olhos soavam alarmados e infantis, como se, por algum motivo, aquela fosse uma despedida dolorosa. Não demorou para que o aperto se afrouxasse e você liberasse meu pulso porque, a bem da verdade, eu realmente devia trabalhar.

 

Baguncei seus cabelos como faria a qualquer criança e você emburrou ainda mais, o que me fez voltar para o caixa rindo. Você não voltou a me olhar – talvez crente de que não havia ciúmes da sua parte (o que era bem óbvio, ChanYeol, vamos ser honestos – e achando que estava sendo bastante maduro da sua parte.

 

Deixei que acreditasse no que lhe fosse melhor e voltei ao meu trabalho. Agradeci a alguns clientes que iam embora e recepcionei outros; os ponteiros mal se moviam todas as vezes que eu os encarava e você continuava extremamente concentrado no que escrevia, e eu cada vez mais curioso.

 

Puxei o rascunho que roubei de sua casa para poder relê-lo; nos últimos dias, adotei o hábito de trazê-lo junto para o trabalho para poder relê-lo quando bem quisesse, sem que sua presença estivesse majoritariamente à minha volta – não que desse muito certo, porque você estava sempre ao meu redor, em qualquer lugar.

 

Liverpool estava quase se tornando um sinônimo de Park ChanYeol e pouco disso tem a ver com os Beatles.

 

Desamassei o papel para relê-lo, embora tivesse certeza de que havia decorado cada uma das palavras. Um sorriso brotou em meu rosto inconscientemente. Era esse o efeito que você acabava causando em mim, como uma boa dose de bom humor e coisas felizes no final de um dia estressante e nublado. Eu gostava disso.

 

Seria tão melhor se, por um acaso, você sentisse o mesmo...

 

Puxei meu bloco de nota e, num arroubo de coragem, anotei algumas palavras corridas. Dobrei-a junto do rascunho e caminhei até sua mesa. Dessa vez, você observou cada um dos meus passos com uma sobrancelha arqueada. Você já estava arrumando suas coisas para poder ir embora – reunião importante de novo? – quando parei à sua frente.

 

“Pegue.”

 

“O que é isso?”

 

“Só... Siga o que está escrito aí.” Respirei fundo. “E não faça nenhuma pergunta. Eu responderei a todas na hora certa.” Você fez menção de que abriria o papel para ler e minha súbita coragem já havia se esvaído. “Não abra aqui!”

 

Você me encarou confuso, mas não fez qualquer objeção. Pegou o papel e, sem ler, guardou-o dentro de seu caderno. Respirei fundo mais uma vez, verdadeiramente com medo da sua reação, do que eu faria, se as coisas dariam certo, se...

 

Você se despediu com um aceno e um sorriso e eu o acompanhei até a saída, já que eu deveria voltar para o caixa. O clima frio já abandonava Liverpool aos poucos e meados de fevereiro se aproximavam quando você deu as costas e seguiu seu caminho nas ruas abarrotadas. Voltei ao balcão e encostei o rosto contra a máquina registradora. Não havia volta agora.

 

Pensei sobre as palavras que escrevi, pensei sobre sua futura reação, pensei sobre o que eu faria e, principalmente, pensei sobre nós dois. Pensei em mim e em você e se um dia existiria um nós; eu espero que minha ideia estúpida dê algum resultado e, caso não dê, que você continue, ao menos, dedicando seus sorrisos a mim.

 

“Ei, ChanYeol, talvez eu não devesse ter lido isso, mas eu li, incontáveis vezes, o suficiente para ter gravado cada palavra, e isso é um pouco vergonhoso. Acho que você precisa me explicar algumas coisas. Pode voltar à cafeteria no sábado, às 19h? Certificar-me-ei de que estejamos só nós dois aqui.

 

Obs: Hm... Seu sorriso tem o brilho de cem estrelas pra mim, ChanYeol. É como uma constelação particular.”

 

.x. Across the universe .x.

 

Os dias se passaram lentamente a partir do momento em que você não mais atravessou aquela porta, ChanYeol.

 

Por um lado, eu o agradeci por isso. Eu não saberia sequer onde enfiaria a minha cara se você aparecesse com seu sorriso habitual ao meu lado, sabendo eu que você já deveria ter lido meu bilhete e estaria ciente de que eu também sabia sobre as suas palavras. Perguntei-me por algum tempo se você também estaria com vergonha.

 

Sorri com esse pensamento, mesmo que eu soubesse que você era um escritor e vergonha das suas palavras é a última coisa que lhe acomete.

 

Não aconteceu nada digno de nota nos dias que nos separaram. Sam continuava a me importunar com seus sorrisos inoportunos e perguntas indiscretas, cada vez mais convencido por si mesmo de que eu escondia o grande romance da minha vida e falsamente dramático com “éramos amigos, Baekkie! Por que?!”, nada de muito novo.

 

Talvez a maior novidade tenha sido o grande sorriso de Phoebe na sexta feira, ostentando o anel discreto que Joey havia lhe dado. Depois de anos namorando, os dois finalmente resolveram que estava na hora de abandonar o campo e sossegarem um com o outro e eu estava muito feliz pela minha amiga. O sorriso de Phoebe iluminava toda a cozinha e eu podia jurar que um ou dois clientes elogiaram a comida mais de uma vez.

 

Alguém precisa falar para Joey deixá-la flutuando de felicidade mais vezes.

 

Acordei hoje bem disposto, talvez porque hoje é sábado e porque eu voltarei a te ver. Os meus sorrisos soavam bem mais naturais enquanto caminhava até a cafeteria, apesar de não passar das sete da manhã e ter pouquíssimas pessoas caminhando ao meu redor. Poucas lojas também estavam abertas – talvez Liverpool esteja um pouco preguiçosa este sábado – e estava até divertido observar a vitrine de algumas.

 

Faço esse caminho todos os dias até a cafeteria e nunca parei pra realmente olhá-las. Algumas ofereciam coisas completamente desnecessárias, embora algumas outras poucas mostrassem uma sorte de produtos; a maioria era referente a artesanato e era bom saber que havia lojinhas assim por aqui perto.

 

Parei em frente a vitrine de uma delas, observando alguma das peças de artesanato expostas. Havia toda sorte de coisas; vasos decorados, pulseiras de miçangas, anéis entalhados, colares com pequenos pingentes de madeira, etc. Um dos colares me lembrou você imediatamente e, antes que eu pudesse me impedir, eu já estava observando-o nas mãos da gentil senhora que me atendeu.

 

“Para alguém em especial, querido?”, ela me perguntou com um sorriso dócil.

 

“Pode-se dizer que sim.” Sorri. “Essa pessoa é dona de todas as minhas palavras, então espero que o presente seja apropriado.”

 

A senhora manteve seu sorriso antes de afagar minha mão pousada no balcão. “Posso sentir seu carinho.”

 

Sorri de volta, enquanto ela me entregava o colar devidamente embalado para presente. Era um saquinho pardo amarrado por uma cordinha, bem delicado. Ri baixo ao imaginar sua afobação em descobrir um presente e em como esse embrulho logo não seria mais reconhecido. Despedi-me da senhora, ouvindo seus votos de confiança às minhas costas, e voltei ao meu destino.

 

Quando cheguei à cafeteria já passava das 7h30 e Sam já estava tomando conta do caixa, pelo que eu soube que era o meu dia de tomar conta das mesas. Suspirei, já cansado antes mesmo que começasse. Talvez eu só estivesse ansioso para poder ver você e, dessa forma, cada movimento do ponteiro parecia cada vez mais lento.

 

Agradeci a todos os deuses conhecidos e esquecidos por hoje ter o expediente mais curto; talvez dessa forma a hora pudesse passar mais rápido, da mesma forma que todos estavam contando os minutos para que 13h chegassem e todos pudessem ser liberados. Eu estava ansioso, afinal, eu ainda tinha muito que fazer depois do meu expediente.

 

“E esses sorrisinhos escondidos, senhor Byun?”, Phoebe perguntou, quando fui levar mais um pedido a ela.

 

“Talvez coisas boas aconteçam hoje, Pheebs!”, sorri. Phoebe arregalou os olhos azuis, encarando-me.

 

“O que vai acontecer?” Me conte!”, pediu, eufórica. Eu ri mandando-a voltar aos seus afazeres que havia clientes a serem atendidos e ela o fez, com um bico manhoso nos lábios. “O que deu com o cliente da mesa oito? Brigaram de novo?”

 

“Nós nunca brigamos!”, defendi-me. Voltei a sorrir lembrando-me do que iria fazer em breve pra você. “Eu o pedi para que viesse mais tarde hoje. Tenho... Uma surpresa.”

 

“Byun BaekHyun, eu te odeio por saber que você sabe que estou curiosa e não irá me contar nada!”

 

“Se eu espalhar pode ser que as coisas não deem certo!”, ri. “Mas você será uma das primeiras a saber se funcionar.”

 

“Prometa-me.” Ela pediu, com uma faceta séria que não condizia com o avental de bichinhos que trajava e o prato com bolo de chocolate em mãos.

 

“Prometo, senhora.” Rolei os olhos. “Agora deixe-me trabalhar.”

 

Abandonei a cozinha deixando Phoebe para trás com sua curiosidade, aliviado por olhar no relógio e ver que passava do meio dia e meio. Poucos minutos me separavam de todo o trabalho que eu teria. Demorei a convencer meu chefe a me liberar a cafeteria para decorá-la como eu queria, então eu não poderia ficar mais ansioso.

 

Talvez seja só o seu efeito em mim, ChanYeol. Poucas horas separam-me da sua resposta.

 

.x. Across the Universe .x.

 

Percebi estar mais nervoso do que imaginava quando me peguei suando frio.

 

A cafeteria estava vazia, como deveria estar. Todos os funcionários a abandonaram há muitas horas, com Phoebe me desejando sorte e Sam fazendo sinal de vitória. Lembro-me de sorrir para eles, mas agora, faltando pouco tempo para as sete horas, eu mal me lembrava de como era sorrir.

 

As luzes estavam baixas, embora ainda desse para ver perfeitamente os quadros ilustrativos sobre os Beatles. Não havia mais sequer nenhuma mesa além da número oito, abaixo do lendário quadro dos Beatles, de onde fiz questão que desse uma ótima visão do balcão, local onde eu estava assentado.

 

Não havia mudado quase nada; a cafeteria já era como uma personificação sua, ChanYeol, e não havia nada que eu pudesse modificar para parecê-lo ainda mais. Coloquei o pequeno presente sob a mesa, ao lado do castiçal com uma única vela ainda apagada. Estava tudo pronto e eu estava cada vez mais ansioso para ouvi-lo chegar.

 

O relógio tiquetaqueava sem parar, aproximando-se cada vez do horário marcado; faltava três minutos para as sete horas quando ouvi a batida na porta. Pulei de susto, recompondo-me em seguida. Corri para atendê-lo e você finalmente entrou em meu campo de visão, com um sorriso brilhante. Tão criativo como é, deve ter sido um martírio esperar até agora.

 

“Oi, ChanYeol.”

 

“Oi, Baekkie.” Você disse, olhando ao redor. Fechei a porta silenciosamente enquanto o observava. "O que é tudo isso?”

 

“Surpresa!”, exclamei, ouvindo-o rir. “Fiz isso pra você.”

 

“A cafeteria fica diferente desse jeito”, você disse, caminhando até sua mesa. “Gosto disso, só a gente.”

 

Concordei, com aquela velha sensação de aconchego voltando a me dominar, como sempre acontecia quando você estava por perto. Você se sentou, observando-me com as sobrancelhas erguidas. Apesar de tudo, eu conseguia perceber os traços de ansiedade em seus olhos, apesar da penumbra; não era pra menos, já que eu tinha dito que você me devia algumas explicações.

 

Deixei-o assentado antes de caminhar até a cozinha. Já havia preparado o seu pedido para que mantivéssemos o mesmo ar de sempre, carregando-o em uma bandeja até você. Você riu abertamente ao ver o que eu carregava.

 

“Sério? Phoebe deixou pronto?”

 

“Eu que fiz.” Discordei. “Espero que esteja bom. Não cozinho tão bem quanto a Pheebs.”

 

“Vai estar incrível”, você garantiu.

 

Para me animar, você mordiscou o pedaço de torta, sorrindo em seguida. Sorri também, feliz porque você havia gostado. Entretanto, estava na hora de você me dar algumas respostas que me faltavam. Era hora de você, finalmente, preencher as minhas lacunas, tornar a minha ansiedade dessa semana nula.

 

“ChanYeol”, chamei, “por que havia o meu nome no seu texto?”

 

Você não me respondeu. Voltou seu olhar para o pedaço de torta, para a xícara com cappuccino, para o quadro dos Beatles, para a vela que sequer vi quando você a acendeu, para qualquer canto que não fosse eu. Esperei pacientemente por sua resposta, sabendo que você também estava procurando por ela.

 

“Você me pegou.” Você deu de ombros. “Desde que a gente se conheceu, há alguns meses, você tem sido a minha inspiração, Baek. Eu não fazia ideia do que poderia escrever e a minha editora estava me pressionando, até que você iluminou tudo. Eu gostava de vir todos os dias a cafeteria para que eu pudesse vê-lo, já que as coisas fluíam perfeitamente. Você era o que me faltava, Baekkie.”

 

Você me deixou sem palavras, porque não estava no meu script que você fosse tão direto. Imaginei que você fosse enrolar, dizer que não, inventar alguma desculpa, qualquer coisa menos a enxurrada de palavras sinceras que me entregou. Seu sorriso voltou ao seu rosto, tímido, e você estava levemente corado. Eu achei isso extremamente fofo.

 

“Abra o embrulho.” Foi tudo que consegui dizer. Eu ainda estava levemente embasbacado.

 

Você pareceu finalmente notá-lo e acompanhei seus olhos curiosos enquanto o abria. Acompanhei o desenho de seu sorriso aumentar-se ao perceber o que era, quando pegou o colar com o pingente entalhado em madeira; era simples, mas ilustrava muito bem toda sua essência. Havia uma pena próxima a um caderno, com delicadas linhas escritas de forma ininteligível e você parecia fascinado.

 

“Comprou isso pra mim?”

 

“Parecia a sua cara.” Concordei.

 

“Eu adorei, BaekHyun.” Você disse, voltando a me olhar. “Muito obrigado.”

 

Sorri e você colocou o colar no mesmo instante. O pingente bruxuleava à luz da vela à sua frente e parecia incrivelmente certo que estivesse ali.

 

“Imagino que não tenha feito tudo isso apenas para ouvir minhas desculpas.” Você observou. “O que pensa com tudo isso, BaekHyun?”

 

Era chegada a hora. Suspirei, levantando-me da cadeira à sua frente. Eu havia juntado coragem a semana inteira para isso – eu até ensaiei pra você, ChanYeol! – e não podia pôr tudo a perder agora. Voltei a sentar no balcão, colocando a instrumental da música que ensaiei para tocar. Você pareceu estar mais atento e a cafeteria nunca me pareceu tão pequena.

 

Eu não cantava para alguém há muito tempo, mas respirei fundo e me obriguei a recordar a letra da música. Valeria a pena; sempre vale quando é com você, ChanYeol.

 

Something in the way he moves
Attracts me like no other lover
Something in the way he woos me

I don't want to leave him now
You know I believe and how

 

Seu sorriso fazia com que eu continuasse a cantar, porque demonstrava o quanto você gostava. Eu não dava a mínima para os Beatles, ChanYeol, e você mudou tudo em mim. Você fez com que eu aprendesse uma das músicas dele, fez com que eu me recordasse das inúmeras conversas a respeito das músicas dele a quais eu jurava nunca mais me lembrar.

 

Somewhere in his smile, he knows
That I don't need no other lover
Something in his style that shows me

You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know

 

Eu esperava que você pudesse captar o que eu te dizia. Que você pudesse observar cada uma das minhas entrelinhas, cada um dos meus segredos, que eu tentava expor a cada linha que cantava. E eu podia perceber que você conseguia, que você me entendia antes que eu pudesse te pedir.

 

Entre tantas músicas dos Beatles – e eu vasculhei tantas, ChanYeol, que eu poderia ser um especialista como você – nenhuma poderia te contar os meus sentimentos melhor do que essa. Irá o meu amor crescer? Poderá ele florescer? Eu sinceramente não sei, mas espero que esteja junto comigo para descobrir.

 

Something in the way he knows
And all I have to do is think of him
Something in the things he shows me

I don't want to leave him now
You know I believe and how

 

As notas da música se encerraram e eu me calei. Continuei sentado no balcão, esperando que você fizesse o próximo movimento. Tal como esperado, você se levantou e caminhou devagar os poucos passos que nos separavam, e eu sentia como se meu coração ecoasse cada um dos seus passos. Eu estava incrivelmente nervoso.

 

“Você cantou Beatles pra mim.” Comentou. “Logo você, Byun BaekHyun.”

 

“Algumas coisas mudam.” Dei de ombros. “Algumas pessoas nos mudam.”

 

Você sorriu e me abraçou, e eu sabia que naquele abraço estava as respostas que eu precisava, de todas as minhas dúvidas, de todos os meus anseios. Na força daquele braço estava tudo que eu precisava e eu o abracei de volta, na mesma intensidade.

 

“Sabe...”, comecei quando você se afastou, embora seu rosto ainda estivesse perigosamente próximo. “Eu não sabia como falar isso pra você; surgiu tão repentinamente pra mim, e eu não me lembrava de ter me sentido assim outra forma. Só você causa em mim essa sensação de formigamento, as borboletas no estômago, os sorrisos bobos. E eu queria só dizer que fico muito feliz que seja você, ChanYeol, porque não me parece nada mais certo. Obrigado por estar aqui.”

 

Seus braços se apertaram ainda mais em minha cintura, mas eu ainda tinha mais o que falar. Havia mais gente para quem agradecer. “E obrigado principalmente aos Beatles, que, através do universo deles, pode conhecer o meu. Através do universo, conheci e amei cada estrela da nossa constelação e eu nunca vou ser grato o suficiente a aqueles quatro garotos de Liverpool por isso. E eu prometo seguir amando você em nossa constelação particular de sonhos e sorrisos através de qualquer universo.”

 

Você sorriu e eu encontrava todas as constelações ali.

 

“Eu te amo, Baekkie.” Você sorriu em meus cabelos. “E eu também queria agradecê-lo por isso. Antes de você aparecer, era como se eu fosse uma página em branco, esperando que pudesse preenchida. E você preencheu, com todas as suas cores, com as suas risadas, com o seu jeito... Eu me apaixonei antes mesmo que eu pudesse perceber isso, e eu nunca me senti tão feliz em saber que você também sente o mesmo.”

 

"Hey, Chanyeol", chamei, sorridente, feliz por tudo que ouvi. "Se eu te pedisse para cantar Beatles sempre pra mim, você aceitaria?"

 

"Essa é a sua forma de me pedir em namoro?", perguntou de forma divertida.

 

"É, pode-se dizer que sim." Sorri. "Vamos cantar Beatles juntos, across the universe."

 

"Eu  aceito." Você respondeu. "Cantaremos Beatles juntos até que se enjoe deles ou de mim."

 

"Acho que isso é um pouco difícil de acontecer", reconsiderei e você riu baixo. 

 

Seus olhos se encontraram com os meus e eu sabia o que aconteceria em seguida; eu fechei os meus quando senti sua respiração mesclando-se a minha, seu nariz roçando ao meu lentamente, fazendo cócegas. Eu estava sorrindo quando você uniu os nossos lábios e eu dificilmente me esqueceria desse momento.

 

Ninguém poderia me pedir para mensurar quanto tempo passamos naquele momento, porque era como se todos os momentos com você me fossem eternos. Eu sorri quando você se afastou, distribuindo beijinhos pelo meu rosto e me fazendo rir. Você riu em conjunto e, através da penumbra, eu podia observar o brilho nos teus olhos.

 

Across the universe”, sussurramos.

 

Você encontrou o player de música, voltando a soltar a instrumental de Something, embalando a noite enquanto puxava-me do balcão, fazendo-nos rodopiar pela cafeteria. Eu continuava a rir porque eu não me recordava da última vez que estive tão feliz e em paz, da forma como só você acabava fazendo com que eu me sentisse.

 

A partir de hoje, eu iria começar a reconsiderar aqueles quatro garotos de Liverpool; eu poderia começar a ouvi-los, poderia aprender com você qualquer coisa a respeito deles – porque eu sei que você se sentiria animadíssimo em falar sobre eles – porque eles me trouxeram a melhor coisa que eu podia receber.

 

Através de qualquer universo, eu espero ainda estar com você, sempre ao seu lado, ChanYeol. 


Notas Finais


POIS É. NÃO ACABOU.

mas eu juro que vou tentar não demorar, mas vocês sabem que, a respeito de prazos, minha palavra vale menos que um tostão furado; mas prometo juradinho tentar voltar rápido com o epílogo ;-;

espero que tenham gostado!


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