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História Always Somewhere (Aonung x Neteyam) - Heterogêneos


Escrita por: Srta_Michaelis

Notas do Autor


Foi aqui que pediram crise no casamento?

Capítulo 12 - Heterogêneos


Oh I was in the dark age (Oh, eu estava numa época sombria)

Searching for the ones in my mind. (Os procurando em minha mente)

I'm so far away (Eu estou tão distante)

But I had hit the ground runnin'. (Mas eu atingi o chão correndo)

Other Lives – For 12

 

 

Longos segundos se passaram enquanto os olhos azuis tentavam desvendar os dourados. As folhas das árvores gigantes balançavam com o vento e foi o único som a reverberar no local até Ao’nung se aproximar, colocando os peixes em um cesto perto do tronco de madeira, seguido pelo olhar atento de Neteyam.

O Sully, por sua vez, mantinha a postura perfeita enquanto empunhava seu arco. Estava terrivelmente frustrado.

— Neteyam... – Ao’nung quebrou o silêncio, se endireitando para olhá-lo nos olhos.

— O que significa isso, Ao’nung? – Foi interrompido bruscamente.

— O quê?

— Por que está com esse menino ainda?

Tai’Ren se encolheu mais ainda atrás da árvore, sem coragem nem para espiar os adultos na clareira. Ao’nung suspirou:

— Não é óbvio? Não vou deixa-lo desprotegido depois de tudo o que você fez.

— O que eu fiz!? – Bradou Neteyam, o fuzilando com os olhos. – Achei que estivesse do meu lado, Ao’nung! Não foi você quem disse isso?

— O que você fez durante todo esse tempo fora, Neteyam?  - Retrucou Ao’nung, parecendo tremendamente cansado, o que de fato estava depois de tantos dias em claro preocupado com seu companheiro. – Por favor, não me diga que matou alguém...

Neteyam bufou.

— Não há na’vis nessa ilha e nem na outra. – Concluiu, incomodado. – A não ser que os desgraçados tenham arranjado um forma de se esconder debaixo da terra.

O Metkayina se surpreendeu com a informação. Já imaginava que na ilha onde estava não houvesse uma grande vila, mas a ausência total de outros na’vis, incluindo na ilha irmã, era estranho. Pensou em Tai’Ren por um momento. Por que havia apenas ele?

— Ei, garoto! – Neteyam levantou a voz na direção das árvores. – Se me disser onde seus pais estão escondidos, eu posso pensar em poupar sua vida!

O menino choramingou, ainda encolhido.

— Neteyam... – Começou Ao’nung, na intenção de repreendê-lo.

— Eles estão mortos, não é? Que ótim...

Para! – Tai’Ren gritou, sumindo floresta adentro com um choro alto.

— Já chega!

Neteyam pulou com o grito furioso de Ao’nung. Nunca seu companheiro tinha levantado a voz para ele. Por mais que tivessem brigado muito quando eram mais jovens, Ao’nung sempre fora mais carinhoso do que estressado. Aquilo o fez se colocar em uma postura defensiva, mostrando as presas. O herdeiro tinha as mãos cerradas em punho:

— O que está acontecendo com você, Neteyam!? – Ao’nung continuou com a voz grave muito intensa. - Independentemente do que passou, agora você tem algo que antes não tinha: escolha! Então por que insiste nessa crueldade?

O na’vi de pele azul turquesa se aproximou devagar, ainda tremendo de raiva:

— Se quer mesmo continuar com isso e matar aquela criança, vá. Eu não vou te impedir. Mas saiba que eu não vou mais dividir minha vida com você!  

O Omatikaya sentia-se zonzo diante da reação de Ao’nung. Não podia acreditar que ele estivesse tão próximo do inimigo ao ponto de renunciar ao amor que eles construíram por tanto tempo.

Aquilo o fez odiar muito mais o garoto das Cinzas.

— Você não percebe que eu estou fazendo tudo isso pela nossa segurança? – Respondeu, em um misto de desespero e raiva. - Ele é filho de assassinos! Um dia vai derramar muito sangue também! Ele vai matar muitos na’vi!

— O único assassino aqui é você.

As palavras foram cortantes. Ao’nung não queria realmente dizer aquilo, principalmente da maneira fria como disse. Mas Neteyam parecia tão perdido em sua narrativa desesperada que a única maneira de fazê-lo voltar à realidade seria desestabilizando-o completamente.

E funcionou.

Neteyam deu um passo para trás, como se as palavras tivessem realmente o atingido fisicamente. De olhos arregalados, ele abriu a boca para refutar aquilo, mas não havia voz. Não conseguia negar, não tinha por que fazer isso, afinal, era de fato um assassino. Notando que sua visão estava embaçada por lágrimas que surgiam, desviou os olhos e deixou o arco cair no chão.

O herdeiro se manteve firme, embora seu coração estivesse muito pesado.

Momentos depois, Neteyam deu de ombros e começou a pegar galhos para acender a fogueira, ainda atordoado:

— Faça o que quiser. – Sua voz saiu quebrada. – Depois não diz que eu não avisei.

Ao’nung pensou em não responder, mas, ignorando a necessidade de descanso da perna enfaixada, voltou-se para a floresta e disse:

— Meu Neteyam. Crianças são como pequenos brotos. Quem determina como elas crescerão, é quem cuida.

Sem obter resposta alguma, o herdeiro seguiu lentamente em direção ao local onde sabia que Tai’Ren estaria, deixando Neteyam concentrado em criar ao menos uma centelha de calor para a noite fria que chegaria.

***

O corpo minúsculo seguia encolhido. A cabeça apoiando nos joelhos finos enquanto abraçava as próprias pernas. Seus ombros davam pequenos espasmos por conta dos soluços de choro. Ao’nung se aproximou devagar, sentando-se ao lado dele com certa dificuldade por conta do ferimento. O pôr-do-sol era muito bonito visto do penhasco e ele se deixou perder por um instante na vista, aspirando com força o cheiro do mar.

Sentia falta de casa.

Deixou um dos braços envolverem Tai’Ren com cuidado, puxando-o suavemente contra si. O menino aceitou de bom grado o carinho, mas manteve sua posição. Permaneceram assim por um tempo, até que o ele parou de soluçar.

— Me desculpe por aquilo. – Disse Ao’nung, esperando que Tai’Ren erguesse o rosto, mas ele não o fez. — Você é um bom garoto.

— Então por que ele quer que eu morra? – Sussurrou, com a voz frágil.

— Isso não é sobre você, Tai’Ren. – Respondeu o adulto, tomando cuidado com as palavras. – É sobre coisas que você só vai entender quando for mais velho.

Finalmente, o garoto ergueu o rosto inchado para fitar os olhos azuis compreensivos.

— Eu não entendo nada disso, Nung. Eu só sei que tenho medo dele!

— Eu sei que não entende. – Respondeu Ao’nung em um tom apaziguador. – Você só fez o Neteyam lembrar de uma época ruim, uma época onde ele teve que fazer coisas difíceis.

— Por isso ele me odeia?

— Ele não odeia você. Eu não tenho dúvidas disso. – O herdeiro suspirou antes de continuar: - Acho que ele só não percebeu que o que ele odeia mesmo é o passado.

Tai’Ren não entendia boa parte do que Ao’nung falava. Para ele, toda essa situação era assustadora e adultos pareciam complicados demais, por isso, só baixou o olhar, ainda triste. Sentiu os olhos pesados e os coçou. O gesto não passou despercebido por Ao’nung.

— Vamos voltar. Vou preparar mais peixe pra você comer antes de dormir.

Nem mesmo a enorme vontade de comer peixe outra vez fez a criança ter muita disposição para segui-lo. No entanto, caminharam juntos mesmo assim, embalados pelo silêncio e despedindo-se da luz do dia.

***

Neteyam estava sentado de frente para o fogo quando escutou a aproximação de Ao’nung e, infelizmente, do garoto. Ele não fez questão de olhar para eles, ainda estava sem acreditar na mudança de comportamento do outro. No final, Ao’nung não estava ao seu lado.

Ele nunca entenderia, concluiu internamente.

— Está tudo bem, ele não vai fazer nada...- Ao’nung tentava tranquilizar Tai’Ren para que ele entrasse na clareira. - ... Eu vou estar aqui.

O Omatikaya revirou os olhos para a cena e continuou sentado.  

A contragosto, o menino se aproximou, sentando-se do lado oposto ao dele, com os ombros escolhidos.  Mancando, Ao’nung pegou o cesto com os peixes e sentou-se entre os dois, começando a preparar os peixes para jantarem.

O silêncio prevaleceu na clareira, sendo interrompido apenas pelos sons do Metkayina cozinhando. Neteyam mordia o lábio para não começar uma nova discussão, tentando controlar a vontade de simplesmente pegar seu ikran e voar para longe outra vez. Tai’Ren estava sentado com as pernas cruzadas, olhando para baixo enquanto segurava seu totem, mas quando Ao’nung colocou os peixes no fogo para assar e o cheiro começou a subir, ele se tranquilizou um pouco mais, sorrindo de leve.

Diante do clima amargo, os peixes demoraram uma eternidade para ficarem prontos. Os adultos se entreolharam algumas vezes, mas não estavam dispostos a conversar sobre algo que não fosse gerar uma briga. Tai’Ren, por sua vez, estava cada vez menos ciente da presença de Neteyam, embalado pela imagem dos peixes na fogueira, ansioso para sentir a alegria de comê-los de novo.

Momentos depois, quando finalmente puderam se servir e Tai’Ren ficou hiper focado na comida, Neteyam encarou Ao’nung, irritado:

— Será que podemos focar na missão e parar com essa brincadeira de comer peixes ao redor de uma fogueira como se estivesse tudo bem?

— Que engraçado você dizer isso... – Retrucou o outro. – Não foi eu que sumi por quase 1 semana voando por aí e correndo o risco de expor nossa presença.

Neteyam soltou um rosnado baixo. Sabia que Ao’nung estava certo, mas toda aquela situação ridícula estava destruindo sua paciência.

— Ok, você está certo e eu tô errado por ir atrás daqueles que iriam nos matar. – Respondeu o Sully, cínico.  – Eu sou péssimo mesmo.

O Metkayina ignorou a provocação, dando mais um pedaço de peixe para Tai’Ren, que agradeceu com um sorriso. Notando a ausência de resposta, Neteyam bufou:

— Olha, que seja, amanhã vamos voar. Eu preciso mesmo te mostrar uma coisa. É sobre a missão.

— Tudo bem.

Não disseram mais nada após isso. Ao’nung notou os olhos cansados de Tai’Ren, que depois de comer buscava folhas para apoiar a cabeça e se levantou, lembrando-se de outros mantimentos que haviam trazido.

Puxou uma rede confeccionada pelo povo Metkayina e começou a amarrá-la entre duas árvores. Quando teve certeza de que estava bem firme, notou a criança lhe observando com olhos estreitos, sonolentos.

— Vem cá.

— O que é isso?

— É pra você dormir. Sobe.

Estranhando a cama nova, Tai’Ren subiu na rede, notando imediatamente que ela balançava. O simples movimento pareceu ter levado seu sono embora instantaneamente, despertando sua atenção. Impulsou as pernas e riu quando a rede foi para frente e depois para trás.

Ao’nung se sentou no tronco da árvore não muito longe da rede. A verdade é que estava com bastante dor na perna. Sabia que estava sem qualquer erva medicinal para tratar e não queria estragar a missão, então precisava aguentar firme.

Foi distraído de seus pensamentos pela risada de Tai’Ren que parecia querer impulsionar a rede ao ponto de voar, completamente encantado com o entretenimento novo.

Com um semblante de poucos amigos, Neteyam se levantou, indo em direção à floresta.

— Ei, aonde vai? – Perguntou, temendo que ele sumisse outra vez.

— Dar uma volta. – Respondeu o Sully, secamente.

Antes que pudesse responder, ele já tinha desaparecido entre as árvores. Torcendo para que nada de ruim acontecesse, Ao’nung trocou a faixa de sua perna, limpando com cuidado a ferida e ignorando a dor.

— Ei. Tá na hora de dormir. – Repreendeu o menino que soltava um grito alegre. – Não estava com sono?

— Não tô mais!

— Amanhã você balança mais um pouco. – Ao’nung se levantou, segurando a rede para frear o impulso. Como resposta ganhou um muxoxo da criança. – Não me olha assim. Descansa.

Ainda chateado, porém obediente, Tai’Ren colocou as pernas dentro da rede, encolhendo-se confortavelmente, ganhando um aceno de aprovação. Ao’nung caminhou até perto da fogueira e se deitou, sentindo o próprio corpo reclamar de cansaço. Queria esperar Neteyam chegar para garantir que ele conseguiria dormir sem pesadelos, mas seus últimos dias estavam sendo tão cansativos que adormeceu sem perceber.

***

— Nung! Nung!!!

Ao’nung sentia o corpo ser balançado insistentemente. Seus olhos sofreram para abrir, mas ainda relutavam em aceitar a realidade. Não se sentia descansado.

— Nung! Acorda! – Tai’Ren chamou outra vez. – Ao’nung!!!

— Dá pra você ficar quieto ou vou precisar te acertar com uma flecha!? – Neteyam reclamou. Estava tão sonolento quanto o herdeiro.

— Desculpa Neteyam... – O menino sussurrou. Com medo do na’vi de pele mais escura, ele se aproximou das orelhas do herdeiro. – Ao’nung?

— O que houve? – Respondeu, lento.

— Eu quero mais peixe. – Ele apareceu no campo de visão dos olhos azuis com um sorriso sapeca. Os cabelos soltos estavam rebeldes e Ao’nung fez uma nota mental antes de escutar o restante: -  Vamos pescar de novo? Tô com fome.

Se levantando com preguiça, observou a clareira iluminada pela luz do dia e ao ver o Sully deitado relativamente longe de onde estava, de costas, se perguntou se ele tinha conseguido dormir bem.

— Nung, você me escutou? – Insistiu Tai’Ren.

— Não precisamos pescar, eu deixei as redes lá. Vamos ver quantos conseguimos pegar com a armadilha.

Tai’Ren ia abrir a boca para comemorar, mas Neteyam se remexeu na grama e ele automaticamente se encolheu para não o irritar outra vez.

Posteriormente, Ao’nung precisou despertar para ir até a lagoa ao lado do menino que saltitava, aparentemente esquecendo todos os problemas do dia anterior. Animou-se ao ver que uma das redes já tinha peixes suficiente para o dia, então não precisaria pegar a outra ainda.

— Ei, olha! – Tai’Ren chamou sua atenção, parando na sua frente para bater palmas em um ritmo animado e que aparentemente só ele entendia. – Eu que inventei! Gostou?

— Parece uma boa música. – Elogiou, ainda sonolento, deixando o garoto eufórico.

— Eu sonho com vários sons! Não é legal?

— Sim, parece divertido. – Respondeu Ao’nung, tentando não transparecer o quanto ainda estava cansado.

— Com o que os adultos sonham? – Perguntou Tai’Ren, carregando orgulhosamente um peixe pequeno.

— Com qualquer coisa. – Refletiu. – Com as pessoas que gostamos, com nosso dia e algumas vezes com coisas ruins.

— O Neteyam tem sonhos tristes. – Comentou a criança, pulando por cima de um galho.

Ao’nung franziu o rosto.

— Como sabe disso?

— Ele chora dormindo, eu vi.

O Metkayina baixou o olhar, culpado por não ter ajudado Neteyam em mais uma noite de pesadelos. Se perguntou se suas palavras no dia anterior teriam piorado ainda mais as coisas.

Provavelmente sim, concluiu, culpado.

Quando chegaram na clareira, Neteyam estava checando alguns equipamentos do Povo do Céu que havia trazido para a missão. Tai’Ren aproveitou para voltar a balançar na rede e Ao’nung caminhou até o companheiro:

— Como foi sua noite?

— Ótima. – Neteyam respondeu, sem desviar sua atenção do que fazia.

— Tai’Ren disse que viu você chorando ontem. Eu imaginei que os pesadelos estivessem pioran...

— E você acredita nele? – Interrompeu o Omatikaya, áspero.

— Eu sei melhor do que ninguém que você tem noites difíceis, Neteyam. – Disse Ao’nung, ignorando a provocação.

— Eu não quero falar sobre isso.

Percebendo que o amado seguia irredutível, pousou as mãos nos ombros dele, apertando-os levemente. Imediatamente um choque percorreu sua pele por matar a saudade depois de tanto tempo sem tocá-lo.

— Independente de tudo isso, eu sempre vou estar aqui pra te ajudar. Sabe disso, não é?

Neteyam fechou os olhos por um segundo, mas depois voltou a organizar as coisas na bolsa.

— Não esquece que precisamos voar hoje. – Deu o assunto por encerrado.

Chateado, Ao’nung assentiu e se afastou outra vez.

***

— Tai’Ren, chega de balançar. Você acabou de comer. – Ao’nung sinalizou para o tronco de madeira, lembrando de sua anotação mental. – Vem. Senta aqui.

Parando sua brincadeira, o garotinho tirou os cabelos dos olhos e obedeceu, olhando sorrateiramente para Neteyam, que terminava de comer. Confuso ao ver Ao’nung parar atrás dele, virou o rosto para perguntar:

— O que vai fazer?

— Seu cabelo está te incomodando tem um tempo. Vou trançar.

Sem saber o que era “trançar”, Tai’Ren apenas deu de ombros e deixou o Metkayina trabalhar cuidadosamente em seu cabelo, separando e iniciando o traçado da maneira que seu clã fazia. No início, o menino achou muito relaxante e tranquilo, mas rapidamente começou a se entediar, enchendo Ao’nung de perguntas que ele insistia em repetir.

— Tá acabando?

— Estou quase.

— Você disse isso da última vez...

Neteyam sentia que seus olhos sairiam das órbitas de tanto que reviravam. Uma sensação muito incômoda lhe cutucava insistente diante da cena.

Ao’nung, por sua vez, ignorava os questionamentos da criança e focou em terminar todas as tranças, amontoando-as posteriormente em um coque.

— Pronto.

Tai’Ren suspirou aliviado ao finalmente poder se levantar. Levou as mãos aos cabelos, sentindo o penteado, curioso.

— Olha, parece o seu cabelo!

— Sim. – Ao’nung se sentou para descansar a perna. - Eu costumava usar o cabelo assim quando era mais jovem. Eu ainda uso o coque, mas gosto de deixar uma parte solta agora.

— Por que mudou o cabelo?

O mais velho deu de ombros.

— Com o tempo enjoamos e queremos mudar um pouco.

Cansado de assistir aquilo, Neteyam se levantou, pegando seu arco e saindo da clareira. O Metkayina não perdeu tempo e foi atrás dele.

— Neteyam! Espera! Aonde vai?

— Não vou ficar assistindo você brincando de “vida feliz”.

— Do que está falando? – Perguntou Ao’nung, confuso.

O Omatikaya se virou para ele bruscamente. Os olhos dourados pareciam afiados.

— Essa coisa não é seu filho, Ao’nung!

— Eu sei que não. – Respondeu, se preparando para uma nova rodada de discussão. – Eu não tenho filhos.

— É, obrigado por me lembrar. – Neteyam provocou, ácido. – Eu não tinha percebido.

— Aonde quer chegar, Neteyam?

— Olha pra você, Ao’nung! Está cuidando daquele garoto, mesmo sabendo tudo o que esses desgraçados fizeram com o meu povo! Se quer tanto assim ser pai, eu peço desculpas por não ser bom o suficiente pra te conceder isso!

Era muita informação para o herdeiro e ele já estava cansado de ver seu amado tão alterado. Mas havia algo nas palavras de Neteyam que soavam estranhamente sinceras, o que o incomodou.

— Eu nunca te pressionei para termos um filhote.

— E precisa, Ao’nung? Está mais do que claro pra mim agora!

O Sully se virou, preparando-se para se afastar, mas Ao’nung segurou seu braço.

— Meu Neteyam. – Sua voz soou exausta. – Será que não é você que está cobrando a si mesmo? Eu entendo que essas coisas acontecem quando devem acontecer.

— Então, por que está agindo como pai do parasita?

— Não chame ele assim...

— Está vendo? Daqui a pouco você vai querer levá-lo para a vila!

— Talvez eu faça isso. – Admitiu Ao’nung.

Neteyam arregalou os olhos, em choque.

— O quê!?

— Não estou dizendo que vou cria-lo, mas, sabendo que não tem ninguém na ilha, não posso deixar uma criança aqui pra morrer. Ao menos em Awa’atlu ele vai poder contar com outras pessoas que podem cuidar dele.

— Tudo isso porque não temos um filho...? – Neteyam sussurrou, estranhamente magoado.

Ao’nung segurou seu rosto, com ambas as mãos.

— Neteyam, isso não é sobre nós. É sobre termos um pingo de bondade.

O na’vi da floresta baixou o olhar, sentindo cada vez mais distante do homem que deveria amar.

— Eu não vou deixar você arriscar a vida do nosso povo levando esse...menino pra lá. – Neteyam se afastou. – Agora vamos. 

Aceitando a mudança de assunto, o herdeiro suspirou:

— Descobriu alguma coisa?

Neteyam tentou não se mostrar afetado por ter se afastado de Ao’nung e o encarou seriamente:

— Sim. Eu estive lá. A base 136 existe e temos um problema maior do que imaginávamos.


Notas Finais


Eu amo a forma como o Neteyam fica se mordendo pra não surtar outra vez kkkk

Devo avisar que estamos entrando em uma espécie de reta final da história. E sim, as coisas se complicam mais pra frente...

Não sei se consigo postar nesse fim de semana, mas caso não consiga, compenso super no carnaval e faço maratona de escrita o/

Beijos e MUITO OBRIGADA PELOS 100 FAVORITOS <3 E TODOS OS COMENTÁRIOS!!


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