História Amizade Virtual - A viagem (One I) - O final de semana

Hirosaki — Norte do Japão

Sakura Haruno, uma estudante e residente de medicina, que mora com os pais em Hirosaki, decide se desenfadar de sua rotina, quando rompe de vez um namoro conturbado que a mesma viveu por três longos anos.

Embora a Haruno tenha tido diversos problemas com Sasori, seu amado, eles se entendiam ao modo deles. O Akasuna era associado à empresa Akatsuki, onde trabalhava apenas durante a semana, o oposto de Sakura, que além de estudar pela manhã, estagiava em um hospital à tarde sob escala, logo, suas folgas nem sempre caiam aos fins de semana. O que ocasionava ao casal, pouco tempo juntos.

No início, Sasori era como um tipo de príncipe para a rosada, que se encantara ao conhecê-lo no meio de seu acampamento escolar, onde ele a salvou depois de ter se perdido do restante de sua turma. Daquele momento em diante, tornaram-se inseparáveis, encontravam-se com frequência, saiam juntos e findaram um relacionamento.

No entanto, conforme os anos foram transcorrendo, Sakura havia notado uma evidente mudança nas atitudes do namorado. Eles não se encontravam mais frequentemente, claro que parte disso era devido as responsabilidades diárias que ambos tinham, mas ele também não mandava mais tantas mensagens e muito menos a procurava em seus períodos livres. Foi quando, em uma noite de folga de seu plantão, ela resolveu chamá-lo para conversar, ponderando sobre a hipótese da relação deles ter caído na rotina, contudo a Haruno esperava uma reconciliação calorosa; o que não ocorreu.

— Não estou entendendo, o que isso quer dizer?

— Que seria melhor darmos um tempo. Somos jovens e atarefados, mal temos tempo para nos vermos, seus horários são loucos e não consigo me acostumar com isso.

— Não inventa, Sasori! Nosso meio tempo nunca foi problema pra você! — respondeu irritada.

— Mas eu não estou bem assim, sou novo para um relacionamento tão sério e...

— Então você quer ser livre para relacionamentos rasos?

— Não é bem isso, Saky...

— Não, tudo bem. Eu já entendi — disse cortando-o e abrindo a porta bruscamente, esperando que ele saísse.

— Não me interprete mal, vamos conversar direito...

— Melhor você ir, já foi o suficiente nossa conversa — rebateu fechando a porta e correndo para o seu quarto, se jogando sobre o colchão e afundando seu rosto no travesseiro desalentada, quando ouviu o ressoar do seu celular e sorriu fraca, constatando ser Ino.

A Yamanaka era sua melhor amiga, sempre radiante, elas adoravam conversar sobre todas as coisas possíveis e imagináveis, além de vir sempre com alguma novidade em mãos. Dessa vez não foi diferente, quando a rosada recebeu o convite para ir ao show, que elas eram loucas para assistir, deu um pulo da sua cama para verificar se não era uma alucinação.

Ino, 9:20pm.

— Vamos, Testuda!!! Não vejo a hora de ter uma folga aqui em casa.

— Eu não tô muito bem. Terminei com Sasori.

— Sério? Não brinca! Sinto muito, Saky, mas já era hora de se livrar desse ruivo sem graça! Hahaha.

 — Não fale assim, Porquinha!

— Vamos, vai! Sei que está louca pra ir nesse show e conhecer de pertinho os BTS. Amiga, lá você vai relaxar e esquecer ele facinho...

— É, “talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor”. Rs

— Então nos vemos sexta que vem à noite. Pegue seu recesso vencido, alugue um carro e me encontre na Ilha Honshu.

— Um fim de semana?

— Sim, perto do Monte Fuji!

— Fechado, então. Rs

Sakura, 9:31pm.

Okayama - Sudoeste do Japão.

— Pegou tudo, minha peônia?

— Sim, meu bem — retrucou a loira revirando os olhos, era a terceira vez que Sai lhe perguntava isso, desde que ela chegara em casa com o carro alugado especialmente para a viagem ele ficava fazendo esse tipo de pergunta, cuja resposta obviamente era “sim”.

Se não fosse ele mesmo quem lhe deu os ingressos ela desconfiaria que o marido estava tentando irritá-la para fazê-la desistir de ir. O que nunca ocorreria, pois Ino almejava conhecer o monte Fuji e há anos sonhava em encontrar Sakura pessoalmente, desde que começaram sua amizade virtual no fandom dos BTS. Era sua chance de ouro, uma longa viagem de carro para espairecer de sua rotina atribulada como residente em uma clínica de psicologia, dona de uma floricultura especializada em jardins de inverno e mãe de família atarefada.

Deu um último beijo no esposo e um abraço no pequeno Inojin, que olhava do pai para a mãe como se perguntasse o que estava acontecendo.

— Mamãe volta logo, meu anjinho, enquanto isso tente não dar trabalho ao papai e a vovó, sim?

O garotinho loiro de dois anos sorriu e acenou para ela como se entendesse o que dizia. Era óbvio que ele iria dar trabalho, era uma criança afinal, mas por um final de semana ela se daria o direito de deixar que o pai cuidasse disso, como ele havia lhe dito ao entregar os ingressos, esses dias seriam benéficos para ambos, ele passaria mais tempo com o filho, já que sua rotina agitada de investigador não permitia isso, e ela iria espairecer um pouco.

A loira entrou no carro e partiu deixando Okayama rumo a Tokyo, onde no dia seguinte assistiria ao show mais esperado de sua vida. A viagem foi tranquila, no rádio ela ouvia suas músicas favoritas salvas em um pendrive, o vento que entrava pela janela aberta clareava sua mente outrora cansada e estressada. Lembranças de sua amizade com Sakura lhe povoavam de recordações de todos os momentos em que se ajudaram mutuamente apesar da distância, a adrenalina pela proximidade da realização de seus sonhos de adolescência fazia seu sangue correr rápido pelas veias, como os carros na autopista.

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Quando, há duas semanas, Sai chegou em casa com dois ingressos para o único show que Bangtan Boys faria no estádio em Fukuroi esse ano, ingressos esses que já estavam esgotados há meses, ela precisava ir. E quando ele disse que ela poderia chamar alguém, pois ele não iria, só havia uma pessoa em quem sua mente poderia pensar em convidar, Haruno Sakura.