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História Apples - Festa de Aniversário


Escrita por: folklorewriter

Capítulo 9 - Festa de Aniversário


Fanfic / Fanfiction Apples - Festa de Aniversário

"Todos os amantes sentem que estão inventando alguma coisa?"

Portrait of a lady on fire (2019) dir. Céline Sciamma.

 

"Quanto aos amantes, eles estão descobrindo novas formas de amar. Ouça, as janelas deles estão abertas. Você pode ouvi-los rindo."

— Mary Oliver, Late Spring.

 

Toda a arrumação deu certo. A festa está perfeita, todos os familiares confortáveis, e suas crianças brincando. A ajuda que Emma me ofereceu hoje foi essencial, só não fazia ideia de como agradecê-la. Pensei em deixá-la comer os doces que desejara durante a entrega antes dos parabéns, mas quando desci, Ruby já tinha lhe dado alguns com permissão de Zelena, Zelena!!!

Eu já sabia que Emma e Ruby tinham criado uma amizade desde o restaurante, mas, pelo visto, Emma acabara de conquistar Zelena também nos trinta minutos que passei tomando banho. Será que existia como alguém não se encantar com ela?

A resposta para essa pergunta se mostrou um grande “não” quando eu a apresentei para os meus amigos. Em uma hora, Emma parecia já fazer parte do grupo, conversando sobre tudo com todos bem no meio da mesa.

— Na verdade, eu gosto muito de crianças. Estava querendo seguir com psicologia infantil, antes de decidir sair da faculdade. — Emma responde a alguma pergunta, tirando-me dos meus pensamentos.

— Eu acho que não teria coração forte para trabalhar com crianças, são sempre meu ponto fraco — Úrsula comenta, e recebe a confirmação da maioria da mesa.

— Eu queria psicologia também — Mary, esposa de David, fala. — Mas decidi largar e fazer pediatria. Hoje ensino para crianças e acho que encontrei o melhor emprego do mundo.

Solto um sorriso ao perceber a cara adorável que Emma faz para o comentário de Mary, desmanchando os lábios para baixo e sorrindo um pouco.

— Deve ser bom — Emma diz. — Mas o gosto pelo mistério me chamou mais atenção, eu acho.

— Você gostaria de ter filhos, Emma? — Ella pergunta.

Fico um pouco receosa sobre elas estarem encurralando muito a detetive, mas Emma só sorri bem relaxada. A própria personificação da extroversão.

— Sim, penso que três é um bom número.

— Três?! — Mary quase grita. — Nossa, eu tenho meu pequeno Neal com David e eu tenho certeza que não aguentaria três dele.

— Eu penso o mesmo do nosso Milo — diz Zelena, logo recebendo um olhar surpreso de Ruby.

— Você disse que aceitava quatro filhos! — Ruby reclama. Ah, essa história de novo. Claro que eu vou ser tia de pelo menos mais um.

Zelena finge se engasgar com o suco e começa a tossir e rir ao mesmo tempo, a mesa toda logo a acompanhando na risada, até Ruby.

— Eu nunca disse isso, meu bem — Zelena responde quando se acalma.

— Você concordou — Ruby confirma, soltando um sorriso esperto na direção da sua esposa. — Você só estava distraída demais na hora.

Ah, pelo amor de Deus. Enquanto metade da mesa grita, elas trocam um selinho. Pego Emma sorrindo para cena a sua frente, e o meu peito se enche de uma sensação boa e estranha, até que ela me encara de volta com aquele mesmo sorriso e eu só passo a sentir nervoso.

— Está gostando de Storybrooke? — Malena, graças a Deus, chama a sua atenção.

— Muito — Emma responde. — É uma cidade bem tranquila, apesar do motivo pelo qual eu vim. — Ela me olha de novo.

— E está gostando da prefeita também? — Nós duas viramos o rosto em direção a Mal. Não acredito que ela perguntou isso.

— Mal — corto a brincadeira. — Todas vocês deixem a detetive em paz.

Mas Emma só levanta as duas mãos para negar, rindo um pouco. — Estou me divertindo, a sua família é bem legal.

— Viu, Regina, você quem precisa relaxar um pouco — Ruby reclama.

Reviro os olhos e tento salvar Emma. — Bom, se quiser fugir, Henry está jogando videogame com David lá em cima.

— É bom saber disso. — Ela sorri e se vira para o resto da mesa, já se levantando. — Mas acho que eu vou comer primeiro. Já volto.

Todas assentiram e voltaram a falar de outras coisas, só Ruby e Zelena que me encaravam agora.

— O que é? — Questiono.

— Não aja de forma tão estranha perto dela ou Emma pode ficar desconfortável — Ruby continua reclamando.

— Eu não estou tão estranha!

— Você quase expulsou a mulher agora. — Foi a vez de Zelena tentar me reprimir um pouco.

— É claro que não! — Defendo-me. — Vocês não conhecem Emma. Ela gosta de jogar com Henry e já conhece David da delegacia. Só estava sugerindo caso vocês a deixassem desconfortável.

Zelena só nega com a cabeça enquanto Ruby suspira e tenta mudar de assunto. — Ela é divertida.

Isso é verdade. — Ela é.

— Emma vai ficar para festa hoje, não vai? — Mal pergunta.

— Não sei, ainda não avisei da festa pós-aniversário — respondo.

— Avisa, vai ser legal conhecer mais ela — Ella aconselha.

— Certeza que ela vai gostar quando souber que a festa é mais de adulto — Mal completa.

— Certo, vou avisar. — Pelo menos é uma desculpa para ir procurá-la. Não quero que Emma pense que eu estava a expulsando da mesa. Às vezes Zelena tinha uma percepção de irmã mais velha que eu não conseguia ignorar.

Mas eu a encontro à vontade e rindo no sofá, entre David e Henry, terminando uma partida de Mario Kart. Não sei nem se meu filho percebe que ele está todo encostado em Emma, quase em seu colo. Os dois sempre riam na mesma hora e, ao final da partida, me pego sorrindo também.

— Vou precisar roubar Emma de vocês um pouco agora — aviso, antes da próxima partida começar.

Emma se levanta do sofá, parecia que estava esperando aquele convite há muito tempo.

Saímos para o jardim, andando sem direção. — Você está conquistando meu filho aos poucos — começo.

— Sim, ele é sempre muito engraçado e bem competitivo. Creio que as nossas personalidades se batem — Emma responde com um sorriso orgulhoso, arrancando-me uma risada.

— Sem falar que vocês dois têm o mesmo paladar infantil. — Olho para o seu prato cheio de doces. — Gosta tanto assim de jujubas?

— São os melhores doces de aniversários. Sei todos os sabores de cor, sem precisar olhar qual coloquei na boca.

Paro de andar para lhe encarar. — Deve ser porque você não experimentou os verdadeiros bombons de aniversários.

— Esse ganha. — Emma dá de ombros e olha por cima dos meus ombros. Só agora eu percebo que caminhamos até a parte de trás da casa, perto da hidromassagem, mas, dessa vez, Emma se direciona para a pequena varanda, onde tinha o sofá-cama, a rede e mais quadros.

Entendo a escolha do nosso subconsciente, gosto do silêncio daquela área apesar das risadas distantes. Ela se senta no sofá-cama e eu faço o mesmo, nossos ombros lado a lado no encosto.

— Experimenta.

Percebo uma jujuba em sua mão e não consigo negar quando sinto os seus dedos se aproximando dos meus lábios. Abro a boca e aceito a jujuba, as pontas dos dedos deixando carinhos aleatórios que eu já esperava. — Continua muito doce.

Emma ri, quase fazendo-me rir também, mas o seu polegar volta para limpar a minha boca, e a minha garganta trava. Apenas me mantenho intacta enquanto ela alisa o meu lábio inferior e depois leva o mesmo dedo para os seus lábios finos. Só consigo ver a ponta da sua língua, mas é o suficiente para me deixar em transe.

— Esses doces têm o mesmo sabor.

Detesto esse sorriso sabido dela. — Eu disse que eu consigo descobrir qual é a cor de cada um até de olhos fechados.

— Não acredito que está chamando sabor de cor.

— Ninguém difere as jujubas pelas frutas, Regina. — Emma tem a audácia de arquear uma sobrancelha em minha direção.  — Quer apostar?

Bom, isso é interessante.  — Apostar o quê exatamente?

— Eu vou fechar os olhos, você pede qualquer coisa e coloca uma jujuba na minha boca. Se eu errar a cor-

— O sabor.

Emma revira os olhos. — Se eu errar o sabor, eu tenho que fazer o que você pedir.

— Qualquer coisa?

— Qualquer coisa. — Emma divide um sorriso esperto comigo.

— Certo — digo e chego para frente. — Fecha os olhos.

Ela obedece e deita na almofada de olhos fechados. Só me aproximo do seu rosto para garantir que ela não vai roubar.

— O que está fazendo?

— Verificando que você está de olhos fechados mesmo.

Percebo ela sorrindo. — Por que você não chega mais perto para conferir?

Quase me afasto, mas já estou me acostumando com os seus flertes. O que aconteceria se eu só respondesse a altura?

Com essa pergunta, só me inclino até o meu nariz tocar a sua bochecha. Oh, eu vou me lembrar desse suspiro surpreso dela. E também da sua pele macia. Faço um leve carinho, como ela sempre faz, meu nariz passeando até a descida da maçã alta da sua bochecha.

— Parecem fechados daqui — suspiro.

Sinto ela sorrindo. — Sabia que a minha parte favorita do dia sempre é quando você flerta descaradamente comigo por trinta segundos?

Antes que eu pudesse rir contra o seu rosto, afasto-me. — A minha parte favorita é quando você sempre transforma algo em brincadeira. — Era para sair como um julgamento, realmente era, mas a minha voz ainda estava rouca e fraca. Melhor voltar para a aposta.

— Tudo bem. — Busco pelo prato de jujubas em seu colo. — Se errar essa primeira, você vai ter que comer salada no almoço por uma semana.

Emma suspende as sobrancelhas, mesmo seus olhos ainda fechados. — Alguém está disposta a grandes desafios.

— É para compensar todas essas porcarias que você come. — Escolho primeiro a de uva. — Abre a boca.

Ela aceita o doce e não demora dois segundos para sorrir. — Roxo.

— Uva — corrijo, mas suspiro ao perder a primeira. — Certo, agora valendo você usar o uniforme da delegacia todos os dias.

— É bom escutar você assumindo os seus fetiches.

Fecho os olhos enquanto um sorriso incrédulo vence os meus músculos faciais. Só posso agradecer que ela está de olhos fechados, meu rosto está ardendo quando eu escolho a próxima jujuba. — Abre.

Ela obedece na mesma hora. — Amarelo.

— Abacaxi.

— Amarelo não deveria ser banana?

— Para de ser idiota, Swan.

— Mas você gosta.

Meu coração erra uma batida. Engulo a seco. Nem confirmo, nem nego, só busco pela jujuba de limão.

— Valendo você me contar toda a história do dia que você fugiu do orfanato — peço, e ela suspende as sobrancelhas de novo.

Dessa vez, ela nem mastiga direito. — Limão.

— Olha só, alguém sabe os sabores.

— Fui influenciada — ela sorri. — Mas eu nunca vou errar, Regina.

Aquilo me enche de uma certa determinação. Tenho até medo do que sou capaz ao ser desafiada. — É mesmo?

— É mesmo — ela responde séria. — Nunca vou trocar uma cor.

— Tudo bem, se você se diz ser tão impecável assim — Só penso em uma coisa, e eu sou capaz de pagar para ver agora. Busco por uma jujuba sabor laranja e a coloco contra os seus lábios.

— Valendo o quê mesmo?

— Um beijo meu.

Emma para de mastigar na mesma hora.

De fato, falei sem pensar, mas não importa, ver toda a sua feição orgulhosa sumindo vale a pena. Consigo até perceber a sua respiração mudar, seu peito arfando de forma pausada, mas forte. Se eu pudesse dava um tapinha nas minhas próprias costas ao vê-la engolindo a jujuba a seco.

Emma tem o mesmo espírito competitivo que eu. Então, eu sei que ela entende aquele desafio como uma indireta. Se ela errasse esse, era como se ela tivesse perdido o jogo todo.

Só pude escutá-la suspirando, antes de responder. — Amarelo de novo?

Há! Como era bom o gosto da vitória. — Pensei que você nunca trocava de cor, que era impossível, a melhor do mundo.

Ela abre os olhos e finge surpresa. — Eu errei? Não acredito! — Só quando ela chega mais perto que eu percebo onde eu me enfiei, a sensação de vitória se embrulha em meu estômago, dando lugar ao nervoso. Mas eu ainda tinha tudo ao meu favor. — Meu deus, e agora?

Só me inclino um pouco mais em sua direção, estava na hora do xeque-mate. — Agora você vai ter que receber a sua punição.

Você sempre sabe quando desarma alguém por completo, e eu acabei de fazer isso com ela. Consigo perceber a sua mente parar de funcionar, ela só trava, boca um pouco aberta e olhos quase arregalados. Que delícia.

Só fecho o espaço entre a gente devagar e quase erro o meu foco ao ver os seus olhos fechando. Mas, de último segundo, seguro o seu rosto e me viro para dar um beijo em sua bochecha. Era para deixá-la frustrada, não sei porque eu fiquei também.

Subo os lábios para o seu ouvido, fingindo ainda estar vitoriosa. — Eu só não disse onde.

Ela praticamente cai contra a almofada, suspirando fundo. O seu rosto o mais vermelho que já vi na vida. — Você joga sujo, Mills.

— Ainda está dentro das regras.

Ela só deita no colchão, tirando o prato do seu colo e esticando o corpo. Parecia que ela estava se reiniciando.

O meu peito infla, mas não sei o que é, só não esperava tanta reação assim. Não que eu queira recompensá-la, não ligo para o seu bico agora, mas deito ao seu lado, um pouco mais perto do seu corpo que o normal.

Depois de um tempo, eu já estava com medo de ela está chateada ou algo do tipo, até que ela se vira para mim com um sorriso pequeno. — É bom ter um tempo sozinha com você, Regina, mesmo com você quase me matando do coração. — O seu sorriso vira uma risada. — É sempre divertido.

Relaxo contra a almofada, de pouco a pouco as dúvidas escapando da minha mente. — E você está gostando do aniversário?

— Sim, eu adorei a sua família, eu estava voltando para a mesa depois de pegar os doces, mas o videogame chamou a minha atenção.

— Você se socializa de forma tão fácil, deve conhecer várias pessoas. — Não pretendia falar de forma tão pretensiosa assim, mas…  — Deve sair muito.

— Na verdade, é o contrário disso. — Sua resposta vem fácil. — Faz tempo que eu não conheço novos amigos, eu sou meio que a obcecada pelo trabalho.

Bom, eu entendo aquilo. Mesmo assim, ela parecia ter tanta vida em si, tanto carinho, tanta atenção. — Sem tempo nem para romances? — As palavras saem antes que eu as evite.

Ainda bem que Emma só sorria.— Minhas irmãs quase não deixaram eu vim porque estou há muito tempo só trabalhando. E, não um tipo de trabalho que nem esse, que eu vou em festa de aniversário ou que a minha contratante coloca jujubas na minha boca. — Dividimos uma risada, antes dela continuar. — Eu só ficava presa no quarto estudando ou seguindo gente pela rua. Eu realmente não tenho cabeça para encontros ou romances há um bom tempo. — Ela se vira para olhar o céu. Antes que eu pudesse entender bem o que a sua fala significava, ela mostra que só tinha feito uma pausa. — Não tinha, pelo menos.

A pergunta do que a tinha feito mudar de ideia morre na ponta da minha língua. É muito perigoso, e eu temo qualquer resposta que pode sair dela, todas seriam as que eu não gostaria de escutar. Olho para o céu também. No fundo, eu sabia o que era.

— Quando o aniversário acabar e as crianças subirem para dormir, vamos ter uma pequena festinha aqui. Entre o nosso grupo de amigos mesmo e com bebidas — explico, se ela podia fazer promessas disfarçadas, eu também podia. — Você deveria ficar.

— Finalmente poderei ver o que acontece nas festas da mansão Mills? Que honra — ela brinca. — Eu fico, vai ser bom me divertir um pouco e conhecer mais os seus amigos. Talvez eu só troque de roupa até lá, aproveitar que o quarto em que estou hospedada fica nessa rua também.

Não sei como tenho facilidade de rir das suas besteiras como se o momento anterior não tivesse existido. — Fica com o vestido, eu gosto dele. — E, com mais facilidade ainda, volto a encará-la, descendo pelo seu corpo deitado. — Eu gosto de ver você vestida nele.

O vestido marcava bem o seu corpo, a seda pedia para ser tocada, alisada. Só que a melhor parte era o seu colo todo a mostra, as alças finas do vestido deixavam o desenho das suas sardas a mostra, sinais que desciam do seu pescoço para até onde eu podia ver no seu pequeno decote.

Sempre me pego imaginandp até que ponto do seu corpo esse desenho chega.

— Regina?

Olho para cima e Emma está me encarando, seu olhar preso em mim, concentrado, quase me lendo. Preciso de alguns segundos para perceber que não foi ela quem me chamara, a voz conhecida veio do outro lado do jardim. Quebro nosso transe e olho por cima do ombro, encontrando Zelena parada no início da trilha para cá.

— Sim?  — Conheço o seu olhar curioso desde pequena, mas não faço questão de me afastar de Emma agora, nem preciso.

— Está na hora de cantar os parabéns.

— Ah, certo. — Isso me faz levantar. — Estamos indo.

Quando Zelena se afasta, viro-me para Emma, ela já está sentada também, mas o seu olhar continua o mesmo.

Não digo nada, seguro o seu rosto da loira e dou outro beijo naquele espaço macio que encontrei acima da sua bochecha. O cheiro dela era mais forte ali, não sei explicar, só sei que deixa o meu corpo todo amolecido.

Afasto-me devagar, aproveitando a névoa de dopamina que ainda ficou na minha mente. Só não estava prepara para ver que os olhos dela haviam ficado mais escuros.

— Vamos? — Pergunto em voz sonolenta, mas ela parece estar em um estado ainda pior.

— Vamos.


Notas Finais


Eu amo tanto elas, meu deus!
Obrigada a todos que estão acompanhando a história ♥


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