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História As crônicas de Oikawa Tooru (iwaoi) - Iwaizumi é nocauteado por uma garotinha


Escrita por: mucha

Capítulo 2 - Iwaizumi é nocauteado por uma garotinha


Por mais que as coisas estivessem confusas — além do mais, um fantasma havia aparecido para mim pedindo para que eu me declarasse para meu melhor amigo —, tentei ter um olhar positivo — se é que havia algum. 

Eu iria a um encontro com Iwaizumi naquela noite. 

Tá, tá, não era exatamente um encontro, já que nós comíamos juntos com frequência, e ele só estava me pagando um jantar por conta de uma aposta, mas eu poderia sonhar, não poderia? Além do mais, era comum que, durante a escola, passássemos tempo com Hanamaki e Matsukawa. Por isso, gostava de aproveitar meu tempo sozinho com Iwaizumi.

— Iwa-chan vai pagar meu jantar hoje — cantarolei, os braços balançando ao lado do meu corpo inconscientemente enquanto andávamos em direção a casa de lamen.

Ouvi Iwaizumi suspirar alto ao seu lado.

— Me lembre de nunca mais apostar nada com você.

— Mas eu quero que você me pague um jantar de novo! — protestei. 

— Nunca mais, Lixoikawa. 

Sabia que ele falava isso, mas no fundo acabaria pagando algo para mim de novo, porque Iwaizumi era assim, e talvez por isso eu gostasse tanto dele.

Era mais uma noite normal. Eu e Iwaizumi passávamos tanto tempo juntos que, às vezes, essas pequenas coisas não pareciam tão especiais — porque de uns tempos pra cá já havia me acostumado com a presença de Iwaizumi. O problema daquele dia era que, depois de anos lidando com esses sentimentos, eu me sentia nervoso.

Por conta daquelas palavras.

“Fale para ele.”

Como eu poderia interpretar isso, além de pensar que era para eu falar dos meus sentimentos a Iwaizumi? 

E como que eu poderia falar dos meus sentimentos para ele?

Já comentei sobre isso, mas confiava que Iwaizumi não pararia de falar comigo. Mesmo assim, acredito que externar isso faria toda nossa relação mudar. Iwaizumi passaria a ser mais cuidadoso quando estivesse perto de mim, e ele não me contaria caso se apaixonasse por alguém. Talvez ele até se privasse de namorar, justamente porque Iwaizumi era daquele jeito, por mais que fingisse ser um gorila sem sentimentos. 

Eu não queria aquilo. Eu preferia sofrer de amor — embora naquele momento eu já tivesse me acostumado com a melancolia de não ser correspondido. 

Aquilo, porém, não importava naquele momento. 

Porque eu e Iwaizumi havíamos chegado em frente a casa de lamen da sra. Akari e o cheiro fez meu estômago roncar. Iwaizumi deu uma risada, mas eu sabia que ele devia estar morrendo de fome também — porque sempre ficávamos famintos após os treinos. 

Foi uma noite normal e tranquila.

Conversamos sobre jogos, e assistimos vídeos de voleibol. Depois, ficamos vendo fotos antigas que tínhamos no celular, e relembrando coisas como por exemplo o Campeonato Regional de quando estávamos no ensino fundamental, ou quando eu bati a cara em um poste e o Iwa-chan riu por quinze minutos seguidos — algo que, confesso, não gosto muito de lembrar. 

Eu já havia meio que aprendido a controlar meus sentimentos pelo Iwaizumi, mas naquele dia, por conta das palavras daquele fantasma maldito, meu coração estava acelerado e eu estava com borboletas no estômago.

Mas foi um sentimento bom. 

Eu gostava de gostar de Iwaizumi no fim.

Quando saímos, e a brisa da noite nos recebeu, eu estava tranquilo, e aquelas palavras nem me incomodavam mais. Não tanto. Iwaizumi parecia bem calmo também — sua testa nem estava enrugada.

Estávamos quase chegando em minha casa. Não queria me despedir, mas sabia que era algo sem sentido — eu o veria no dia seguinte de qualquer forma.

Talvez por conta da calmaria, não sei, por um segundo, tive coragem.

— Ei, Iwa-chan — falei, olhando para o chão, observando a forma como eu dava cada passo. 

Sabia que devia olhar para cima; além do mais, não queria bater minha cara no poste de novo. 

— O que foi? — perguntou ele, a voz suave, nem parecendo o mesmo brutamontes de sempre.

— Eu… — comecei. Eu gosto de você. Eu gosto muito de você. As palavras entalaram em minha garganta. O segundo de coragem já havia acabado e só havia restado um Oikawa covarde e idiota. 

Então, sem pensar muito, falei:

— Eu me arrumo tão bonitinho sempre... Você devia fazer o mesmo e aprender a colocar a gravata do uniforme. A sua fica toda torta.

Iwaizumi me deu um tapa doloroso na nuca, me fazendo murmurar um “ai”. 

— Já que é um especialista, por que não me ensina então, seu otário? — perguntou ele, com uma risada.

— Eu não posso. Minha gravata é um dos meus charmes. Preciso ser o único — falei, com um sorriso falso no rosto.

Eu havia falhado. 

Talvez eu jamais conseguisse me declarar para Iwaizumi, por mais que eu quisesse muito. 

Talvez isso jamais mudaria. 

Quando percebi, já estávamos na frente da minha casa. As luzes da sala estavam acesas, indicando que minha mãe estava assistindo um dos seus programas noturnos. Olhei para o portão meio melancólico, não querendo realmente que a noite acabasse, mas também querendo me esconder em meu quarto.

Argh, por que eu não podia ter um pouco mais de coragem?

— Boa noite — disse Iwaizumi, dando um pequeno soco em meu ombro e andando tranquilamente, distanciando-se de mim.

— Boa noite, Iwa-chan — cantarolei, acenando com as duas mãos. 

Separamo-nos ali: eu, abrindo o portão; ele, descendo a rua para a quadra seguinte. 

Não entrei em casa. Na verdade, fiquei parado, olhando sua figura desaparecer. 

A luz do poste piscou, me fazendo olhar para cima. Havia três mariposas ali, batendo no vidro sem parar. Depois, voltei a encarar as costas de Iwaizumi e, quando ele estava longe o bastante, sussurrei:

— Eu gosto de você.

 

Tive um sonho esquisito.

Talvez medonho fosse a palavra correta. Não sei exatamente como definir.

Eu estava sozinho em um local escuro. Não conseguia ver nada além dos meus próprios pés. Aliás, eu nem sabia como conseguia me ver sem luz alguma. Havia um barulho repetitivo, um “taque, taque, taque”, e eu procurava a fonte do som, correndo sem rumo, tentando seguir meus sentidos. 

Então vi uma luz, longe de mim, mas ainda assim visível. Corri ainda mais rápido, indo o mais depressa possível. Quando cheguei, encontrei Iwaizumi desmaiado no chão. Ele nem parecia respirar, e só fui reparar que ele ainda estava vivo porque chequei a pulsação na carótida. 

Em frente a ele, olhando-me com um sorriso maligno, estava a garotinha sinistra. Ela me encarava de um jeito extremamente medonho, como se fosse me matar. Estremeci, arrepiando-me inteiro. 

Queria gritar e perguntar o que ela havia feito com o Iwaizumi, mas minha voz não saía. 

Como se percebesse meu desespero, ela deu uma risada, alta e gelada, fazendo-me paralisar.

Então, disse, a voz sinistra:

— Eu te avisei. — Ela riu novamente. — Eu te disse para falar. 

Acordei suando frio. Meus pelos estavam arrepiados e eu sentia minha respiração acelerada. 

Era a mesma menina que havia visto na escola mais cedo, a mesma que estava no treino. Eu não entendia o porquê de ela ter aparecido, ou o motivo de ter me falado aquelas coisas. 

Mas, nesse sonho, eu consegui sentir uma coisa: algo muito ruim iria acontecer com Iwaizumi. 

Levantei da cama, correndo, colocando um casaco e olhando pela janela. 

Parecia ter sido combinado, porque avistei Iwaizumi andando pela rua às seis da manhã. Mas o que diabos ele estaria fazendo tão cedo? Só iríamos para a escola depois das oito. Resolvi sair correndo, quase caindo ao calçar meu tênis antes de sair, e continuei no mesmo ritmo até alcançar a calçada. 

A rua estava vazia. Iwaizumi não estava mais ali. Senti um desespero crescer dentro de mim e disparei em direção à esquina, na esperança de encontrá-lo. Quando fui virar à esquerda, pois aquele era o caminho que fazíamos para ir à escola, acabei me batendo com alguém. 

Meu corpo caiu para trás, e eu senti a palma da minha mão se esfolar quando me encontrei com o asfalto áspero. Fiquei meio atordoado por uns segundos, e só levantei a cabeça quando ouvi:

— Ei, você está bem? — disse um garoto alto de cabelos pretos. Seu rosto era estranhamente familiar, o que me deixou ainda mais encucado com tudo. Ele pareceu me reconhecer também, porque cerrou os olhos e perguntou: — Você é… o capitão da Seijo?

Normalmente eu me acharia muito com isso, e falaria para Iwaizumi sobre o quanto eu sou famoso, mas naquele instante eu estava desesperado. 

— Você viu um garoto… — falei meio rápido, me levantando — mais baixo que eu, cabelos espetados, cara carrancuda… 

— Não — respondeu ele. — Você está bem?

Se ele havia repetido a pergunta, imagino que eu estava com uma cara não muito boa.  

— Eu… 

— Eu te ajudo a procurar — disse ele, me interrompendo.

Fiquei perplexo. Eu nem ao menos o conhecia, então por que ele me ajudaria? Mas havia algo que estava ainda mais forte em minha cabeça...

— O que você está fazendo aqui às seis da manhã? — perguntei, como um idiota. Por que diabos eu queria saber aquilo com tudo que estava acontecendo?

Ele deu de ombros. 

— Eu gosto de correr antes do sol nascer.

Eu ia responder que ele era louco de sair para correr tão cedo, mas vi quando seus olhos se arregalaram e ele apontou para trás de mim.

— Espera. É aquele garoto? 

A rua estava vazia quando tinha olhado a primeira vez, mas quando olhei de novo, vi Iwaizumi e o fantasma medonho de cabelos pretos. Iwaizumi andava em direção a garotinha em passos lentos, e ela o aguardava, sorrindo.

Tive um mau pressentimento sobre aquilo. Algo daria muito errado se eles se encontrassem.

Saí correndo e gritando, mesmo que fosse seis da manhã:

— Iwa-chan! Iwa-chan, não vai!

Mas era tarde demais. Iwaizumi segurou em sua mão e, de repente, uma grande quantidade de luz apareceu. Jurei que vi o corpo de Iwaizumi flutuar por um momento, e os olhos da menina ficaram brancos. 

Em seguida, o corpo de Iwaizumi caiu no chão ao mesmo tempo que a garotinha sumiu. 

Paralisei por um instante. No momento seguinte, passei a correr, desesperado em direção ao meu amigo inconsciente.



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