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História As quatro estações - Princípio


Escrita por: Walflarck e Lysedarcy

Notas do Autor


Gente pensei em dividir o capítulo porque achei que estava grande, depois percebi que estava com uma numeração razoável e que retirar mais coisas não faria sentido.

Bem dei uma revisada, porém pode ser que tenha deixado escapar algumas coisas... Ainda assim espero que gostem e se divirtam.

Boa leitura!

Capítulo 18 - Princípio


Fanfic / Fanfiction As quatro estações - Princípio

Seria por uma noite, porém a solicitação de Beltane repentinamente pareceu se multiplicar, e então, repentinamente a casa de Rey Johnson já tinha muito mais de Ben Jacen do que dela ou de sua filha. Gravatas, pastas, ternos... Tudo que pertencia ao homem parecia ter ido para ali desde o pequeno mês transcorrido.

Beltane não estava se importando muito com a questão dos adultos, ao contrário, a menina sentir ter os pais mais roteiramente juntos era maravilhoso. Gostava de como sempre podia ficar com eles até pegar no sono ou de como atendiam as solicitações sobre passeios, comida e um carinho duplo.

Acabava que com o tempo tudo se refletia no sorriso mais espontâneo da família, que contemplava alegria genuína e sinceridade.

Foi então que no dia precedente ao Natal, Rey terminava de fazer o que seria servido na noite de festejo, enquanto Ben e Bel estavam no quarto vendo um filme qualquer infantil.

A garotinha havia se enrolado em seus braços e a todo momento fazia perguntas sobre sua vida.

– Isso quer dizer que você e a mamãe podem se casar? – Se mostrava intrigada sobre a questão do tal divórcio.

Era uma garota esperta, aprendia rápido o que Ben explicava sobre o que chamou de "papel social".

– Se sua mãe aceitar. – apertou a pontinha do nariz da menor, brincando.

A garotinha sorriu e segurou seus dedos largos, antes de novamente o surpreender.

– Quer dizer que depois disso posso ter um irmão? –A pergunta pegou Ben desprevenido. Se estivesse bebendo algum líquido provavelmente teria se sufocado mediante ao constrangimento.

– Irmão?! – A voz saiu grave e um tanto atônita.

Não havia considerado tal coisa até aquele momento, afinal, tanto ele quanto Rey estavam satisfeitos com a vida e em como naturalmente tudo estava sendo entre eles.

– É papai! – Revirou seus olhos como se precisasse desenhar para fazê-lo entender. – Um irmãozinho ou uma irmãzinha...

E achando que ele não havia entendi teve uma ideia. Apanhou sobre a cama cerca de 4 bichos de pelúcia para balançar juntos, sinalizando uma família.

Ben mordeu os lábios com a ação representativa, e claro que sorriu pela brincadeira da menina.

Talvez fosse cedo pensar em dar um irmão para Beltane, porém do jeito que ele e Rey estavam indo toda vez que as portas do quarto estavam trancadas... O fazia pensar que não seria exatamente impossível.

Em todo caso, sim, eles poderiam ter um bebê dentro de no máximo um ano pelo ritmo que tomavam.

– Quem sabe... – Não quis discordar de seu próprio pensamento, embora para ele a tentativa fosse melhor do que o sucesso – Acho melhor falar com sua mãe primeiro, ela precisa concordar também.

Na cabeça das crianças era tão simples que Ben realmente acho divertido imaginar o que Rey diria.

– Mamãe! – De repente a menina chamou em um tom alto.

E Ben ficou boqueaberto com o fato dela ser tão rápida.

– O que está fazendo? – Arregalou os olhos pela ação espontânea.

– Disse que iria perguntar, então? – Bel desceu da cama com a mão já na cintura esperando os passos da mãe serem completados.

A expressão determinada da garota lembrou a Ben, Leia. Aliás, se havia uma ironia na sua vida era que ele era simplesmente cercado por mulheres determinadas, teimosas e fortes.

Então, Rey aparece com uma colher de pau na mão e avental. Antes que pudesse indagar onde havia um incêndio, Beltane disse:

– Papai disse que para eu ter um irmãozinho, primeiro tenho que pedir para você.

Rey corou imediatamente olhando para Ben que deu de ombros, já esboçando um sorriso desengonçado.

– Para mim? – Perguntou com sua sobrancelha levemente arqueada. – Ben, não me diga que acabei de deixar arroz na panela porque precisa pedir para nossa filha me pedir um irmãozinho?

Rey claramente estava indo além da imaginação da filha. Dentro do contexto estava sendo solicitada que fizesse sexo com ele.

– A ideia partiu dela. – Ben colocou as palavras em defesa como se fosse um menino.

– Você é péssimo com suas desculpas. – Havia acusações em sua fala que somente Benson percebeu, mas de certa forma o divertiram.

A tentativa era o primeiro passo, ele podia dizer com os olhos.

E Beltane começou a pular entre os dois chamando atenção por sua inocência.

– Então? Vou poder ter um irmão, sim ou não?

Rey rapidamente estreitou os olhos para o homem sentado, assim como ele no princípio, não havia considerado outro bebê tão cedo.

– Eu não direi a vocês sim ou não, apenas talvez. – Resumiu fazendo as bochechas da filha se inflarem, porque definitivamente não era o que esperava ouvir.

– Mamãe, mas isso é por causa do papel social... O casamento do papai com aquela moça loira?

– Você disse a ela o que era um divórcio? – Indagou.

Olhou para o pai da menina um pouco perdida, ele nem se quer havia dito que explicaria isso para ela.

– Estava tentando, porque é mais complexo do que ela imagina.

Leu na face de Rey que não estava satisfeita que tivesse colocado tantas coisas na cabeça da menor. Rey nem tinha certeza do limite de explicar a situação para a menina entre eles, quanto mais envolver a mulher de Ben... Definitivamente achava que tinha coisas demais no caminho...

Suspirou fundo e pensou na discordância que sentia sobre Ben e o que achava que deveria dizer.

Rey gostava de ir aos poucos explorando o terrenos, mas Benson parecia um canhão de informação ao disparar qualquer coisa se Beltane mostrasse curiosidade. Por sorte, não passou pelo constrangimento de explicar também como nasciam os bebês ou como eram feitos, mesmo porque Rey disse que era uma conversa que iria ter com a menina dentro de alguns anos com mais profundidade.

Ainda assim, na época da curiosidade de Bel sobre crianças e origem para Rey a história das sementinhas foi um bom modo de iniciar o assunto. Pensando agora, seria isso? Beltane ainda pensaria que Rey seria um tipo de solo a ser cultivado?

*

Na noite de natal houve uma pequena agitação. Era o momento de celebração da reunião na casa Johnson, Connix estava com Poe e Suralinda. Havia também a presença inusitada e ao mesmo tempo agradável, do pediatra ruivo.

A novidade, inclusive, era que Armitage Hux estava namorando uma estagiária chamada Rose Tico. E Rey ficou feliz por saber que as coisas com seu amigo, e agora confidente, também estavam caminhando para um desfecho romântico.

Rey e Hux entendiam-se e conseguiam até contar piadas um para outro, algo que para uma Rey de não tanto tempo trás seria difícil imaginar, porque até considerou no passado que eles poderiam ter sido mais que simples amigos se tudo fosse diferente do que era atualmente... Embora esse pensamento até em sua cabeça fosse um tanto incerto... Sabe aquele tipo de relação que funciona melhor como é? Então era isso que Rey pensava mais especificamente de Hux, que ele era melhor como um amigo do que em qualquer hipótese, um amante.

– Não se preocupe – sussurrou para Rey em confidência, havia quase que um sorriso zombeteiro em seus lábios.– Rose não é tão exigente o quanto parece, ainda que no princípio tenha sido difícil a convivência... –Olhou para a namorada que estava animada conversando com a irmã da anfitriã.

– Realmente não parece uma mulher muito fácil. – Rey concordou ao mirar a asiática também ao fundo da sala.

– Não faz ideia. – Completou deixando no ar alguma coisa.

A verdade é que Rose, certa vez, até havia o mordido em meio a uma discussão, uma ocorrência que foi antes deles se apaixonarem. Mas o estranho era que até hoje ele podia sentir os dentes dela em sua mão... A princípio, pensou que a dita estagiária fosse louca, mas depois entendeu que era mais uma questão de personalidade forte... E a convivência ajudou que tal percepção o fizesse realmente se apaixonar por ela.

– A propósito. – O ruivo retomou a atenção de Rey – Obrigado pelo convite.

– Eu quem fico honrada que tenha aceitado. – E ela pensou. – No tempo que Beltane estave se recuperando, você foi gentil nos dado seu auxílio – Lembrou.

– Falando nisso como Bel está agora?

Rey suspirou.

– Cismada sobre as marcas que ficaram pela cirurgia.

Recuperou um ponto que não gostava muito.

Hux lamentou internamente, ele sabia que para alguns pacientes adaptar-se com marcas não era fácil.

– É uma sorte ter Ben. – Continuou o relato. – Ele conversou com ela, explicou que isso foi importante para sua saúde, também mostrou as marcas que tem no corpo frutos de uma cirurgia de anos atrás...

O ruivo ficou curioso sobre o evento com o escritor, porém não quis perguntar, quando Rey sorriu indicando que precisava se afastar para terminar os preparativos da mesa de confraternização.

Foram minutos depois disso até que...

– Rey? – Benson logo se aproximou dela assim que terminou a tarefa de organização.

– Ben...

– Tenho que entregar o presente de Beltane. – Ele comentou em um sussurro.

– E a boneca de mais cedo? Não era um presente? – Estranhou.

– O presente do papai Noel, não do pai dela.

Rey podia jurar que o pai da garota estava com ciúmes dele mesmo, embora sem motivos lógicos.

– Não seja bobo Ben. – Riu para dele.

Percebendo o ponto, explicou:

– É meu primeiro Natal com ela. – E Rey lembrou que era verdade.

Talvez na cabeça de Ben houvesse necessidade de fazer além do normal, porque queria recuperar todos os anos que esteve ausente com apenas um evento.

O som da campainha então interrompeu o diálogo, e fez Rey arregalar os olhos para o homem, que sorrindo como se fosse uma criança travessou o espaço. Adiantou-se em uma corrida e terminou por escorregar levemente no piso de madeira, então parou bem a tempo na porta.

Só outro lado alguém que Rey não pode ver entrwgou uma caixa de plástico com engradado, por onde do lado de dentro um choro de filhote escapou. E Beltane que antes estava sentada no sofá desenhando foi a primeira a chegar até o curioso presente, com os olhos ansios, e gritou:

– Um cachorrinho!!!

Foi quando Rey soube que o amor de Ben pelo mundo animais era a única coisa que não havia de fato mudado ou sido afetado naqueles anos.

Em segundos, o colo de Beltane estava ocupado por um animalzinho pequeno de pelos castanhos e emarranhados, que dava lambidas em sua face risonha.

– Sabe que vai ter que tomar conta também, não é? – Rey moveu os lábios para Ben sem fazer som, um tipo de comunicação quase telepática para qual ele afirmou ciência.

O resto da festa se transcendeu tranquilo, assim sendo, tanto Ben quanto Rey puderam relaxar e aproveitar aquele momento em família mais do que próprio, ao qual sabiam que em algum momento seria conturbado por alguma eventualidade a seguir.

– Connix pareceu aceitar mais você hoje. – Rey comentou de modo despretensioso.

A festa havia terminado a alguns momentos, portanto agora era hora de por a casa em ordem.

– No natal as pessoas costumam ser mais receptivas – justificou não achando incomum a atitude da loira. – Mas isso não me preocupa. Sua irmã é o menor de meus problemas. –Respondeu sinceramente.

Estava secando os pratos do escorredor e colocar em cima da mesa.

– O que me preocupa mesmo é minha família, em principal, minha mãe e me minha ex-mulher. – O seu olhar era distante.

Rey sentiu o ar de seus pulmões pesar mais do que deveria. Não havia se lembrando de nada daquilo durante o festejo ou nos dias que o atencerderam, porque Ben antes estava tão feliz que achava que aquilo fosse algo que nem passasse pela sua mente. Mas em verdade, os problemas tornavam ao lembrar que legalmente ele ainda eram casado e que ainda tinha uma família contra suas decisões.

– Acha que podem fazer alguma coisa sobre isso? – Ela ficou preocupada.

– Se tratando da minha família? – Sua face se comprimiu em pensamentos. – Creio que não.

– Diz isso por sua mãe? – Rey parou por um momento de lavar a louça secando as mãos e olhando para Ben.

– Sim. – Foi rápido em admitir. – Eu ainda suspeito que esteja envolvida na sua demissão da Discovery.

Rey sabia da ocorrência, ele já havia mencionado sobre o tal relatório de investigação de Zorri, e ainda que houvesse um incomodo a princípio sobre alguém vasculhar sua vida, ela também lembrava que foi somente graças a investigação que as coisas começaram a se esclarecer, e consequentemente também não haviam mais segredos entre eles.

– Não posso afirmar, mas trabalho com a possibilidade.

– Então se ainda estamos supondo, eu acho seria melhor que tivéssemos nossas ressalvas, Ben. – Não queria ser dura com ele ou pedir que escolhesse entre ela e Beltane ou os Solos, mas Rey queria preservar o que era importante. – Enquanto isso não for esclarecido, não quero que nossa filha conheça sua família – disse com receio.

Ele pareceu entender mais do que os lábios dela queriam dizer, apenas por sua expressão.

– Rey minha família jamais machucaria a Bel, eu garanto... Mas tem razão. – Foi claro. – Minha família não apoia nossa relação e não seria saudável para Beltane esse tipo de envolvimento. Aliás, eu devo te confessar que acho que o problema, seja porque sempre acreditaram que você fosse uma enganadora. – Não era para justificar ações ruins, apenas para que tivesse ideia de como pensavam, continuou: – Ficaram tão obsecados por isso que se tornou a verdade absoluta em suas cabeças.

– O que sugere que façamos?

– Por hora lidar com isso juntos – respondeu.

Ele chegou próximo dela a tomando em seus braços largos.

– Falando nisso, eu vou apresentar a Phillippa a solicitação de seu retorno a Discovery como a responsável pelo meu próximo livro.

– O quê? – Ela chocou-se com as palavras dele. – Não pode fazer isso – protestou de modo que ele a soltou.

– Por que não poderia? – A expressão de Ben era mais incrédula que a dela.

– Já tenho meu trabalho. – O lembrou.

Estava afastada da casa noturna, mas logo iria voltar e já até havia discutido isso com Suralinda dias antes.

– Querida, você ganharia muito mais comigo – argumentou. – Além disso, você poderá ter mais tempo para ficar com a Beltane.

– Ben, eu não posso largar minha vida para viver na dependência da sua. – Não se permitiria sentir desse modo.

Ben ficou ofendido.

– É isso o que pensa? – Foi duro ao perguntar. – Achei que havia concordado que estamos juntos nisso.

Rey revirou os olhos, ele não estava entendendo o que ela queria dizer.

– Não quero que use seu nome e sua imagem por mim, não logo agora que todos sabem sobre nós, sobre Beltane. – Protestou com um lado emotivo e racional.

– Prefere a casa noturna de Suralinda? – Ele contraiu os lábios os mordendo, e quando Rey não o respondeu, criticou. – Não é o trabalho para uma mulher que tem uma filha.

– O que sabe sobre ter uma filha? - Rey se virou completamente para ele e estava tão brava que ele jurava que realmente bateria em sua face como já o fizera outras vezes.

Ben suspirou.

Brigar não ajudaria em nada.

Organizou os pensamentos.

Ele se conteve, deu meia volta sobre a mesa da cozinha cheia de louça, sentou na cadeira, deixando seu corpo cansado repousar para esfregar sua face entre as mãos.

– Desculpe Ben... – Rey viu que também tinha ido longe demais.

Aproximou-se.

Colocou as mãos em seus ombros, enquanto ele se deixou acariciar por suas mãos.

– Eu também estava sendo um idiota, desculpe por isso. – Levou as mãos a ela acariciando, então a puxou para o seu colo. – Entendo que tenha receio sobre a situação, mas você precisa entender que se fizer as coisas sozinhas pode prejudicar até mesmo Suralinda...

Não queria admitir isso, no entanto as coisas estavam indo longe de mais, por isso ele queria alertar o perigo.

– Se estiver comigo minha mãe vai ter que me atingir, entende isso? Preciso de você comigo e você precisa de mim... – E lógica dele fazia sentido. –

Precisamos ter certeza do que levou a sua demissão. Por favor, não seja tão orgulhosa e façamos disso temporário.

A mulher em seu colo assentiu.

Ben estava certo, não havia modo de ficar viva em plena guerra de família se eles não estivesse juntos, aquilo era mais importante sobre o que ela achava que as pessoas apontariam porque era uma questão pura de sobreviver as noites escuras para chegar até a luz.

– Muito bem... – Concordou. – Tem razão. Faremos assim, mas por onde começamos?

E ele sorriu.

– Pelo princípio.

*

"Mas o que não associo eu a ela? O que não a traz à minha memória? Se olho para estas lajes, vejo nelas gravadas as suas feições! Em cada nuvem, em cada árvore, na escuridão da noite, refletida de dia em cada objeto, por toda a parte eu vejo a sua imagem! Nos rostos mais vulgares de homens e de mulheres, até as minhas feições me enganam com a semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de testemunhas de que um dia ela realmente existiu e a perdi para sempre!"

A cabeça de Kelda Phasma pendeu para o lado ao dedilhar as frases no livro grosso de capa dura. Ela nunca se cansava, era como uma obsessão, tal qual do seu próprio marido e dono do livro, manter o conto por perto.

No passado havia cogitado que o alimento do ódio através de cada vírgula seria essencial para que cada coisa ficasse como era para ser, agora, porém já sabia que tudo não passava de um devaneio, de um desejo tolo de uma mulher apaixonada de se agarrar a qualquer tola esperança... Esperando, e esperando o amor que nunca seria seu.

Na face quase inexpressiva linhas apertadas demarcava somente algumas manchas claras proeminentes das lágrimas já um tanto secas quando os dedos se cercaram de copo com líquido escuro e cheiro forte.

Sob a aura quebrada movia seus pensamentos solitários, deixando a música clássica preencher o ambiente de modo tão sombrio quanto seus sentimentos controversos por Benson Jacen, não podia descrever o quanto seu coração estava pisado.

Tanscorrido dias, os malditos papéis do divórcio permaneciam intocados como quando os recebeu, o que a levou a pensar que a vontade de Benson fosse mesmo terminar a mais tempo do que ela mesmo sentia, afinal, a documentação estava pronta antes mesmo da conversa no hospital.

Apertou os dentes, pensando em Rey, em como com tão pouco a ex-professora conseguiu tomar o que anos levou para construir... E esta não era a primeira vez, ela repetiu sombriamente em sua mente...

– Kelda? – A voz não esperou resposta, logo se materializando em uma figura grande e cisuda como a do marido.

Eles eram tão parecidos, ao mesmo tempo, tão diferentes. Mas as similaridades que eram maiores podiam aquecer sua mente a ponto de por um momento confundir Anakin com o irmão.

– Ah... É você... – Seu tom decepcionado não passou despercebido pelo cunhado.

– Desapontada pelo que vejo. – O enteado comentou aproximando-se não demonstrando surpresa pela reação.

Haviam conversado outras vezes naquele meio tempo do afastamento de Ben, porém nada muito conclusivo sobre o Solo mais jovem. Para completar, por algum motivo, Kelda sabia que no fundo das boas intenções, o primogênito possuía uma veia um tanto manipuladora quando queria, algo que a intrigava.

Por anos Kelda conviveu com Anakin, e por anos achou o conhecer bem de mais.

Havia uma crescente em sua convivência com o sujeito, até mesmo lembrava de tê-lo visto se preocupar sobre a criança de Rey, ironicamente, a sobrinha que agora ele preferia ignorar. Mas por quê?

Alguma coisa havia mudado desde que Ben se foi... Era como se alguma coisa tivesse aflorado no peito de Anakin, alguma coisa sobre seu espírito antes somente beijado por uma penumbra ou centelha duvidosa.

Sem dúvidas, ao encara-lo agora, o lobo parecia ter removido a pele do Cordeiro, Kelda avaliou.

– Você realmente vai deixar as coisas desse modo? – A questão em sua voz foi profunda, quase instigante. – A professora ganhou? Anos de sua vida para terminar simplesmente como a pessoa abandonada?

A loira foi incapaz de reagir a ele, estava mesmo humilhada.

– Rey não é alguém melhor do que você... – Comentou como se fosse seu melhor apoio. – E, minha mãe não admitirá tal atitude de Ben.

Processos de divórcios eram complexos, pois envolviam sempre mais do que duas pessoas. Divórcios eram complexos, porque mexiam em diversas vidas que foram enlaçadas, fossem essas da prole, ou mesmo, das famílias que aprendem a conviver unidas.

Kelda não pensava nisso até aquele ponto.

Embora o apoio sempre fosse forte para o seu casamento, nunca esperou que a família de Ben fosse tratá-la assim, então, talvez os anos de dedicação ao seu marido ingrato não fossem tão frustrados. Mas do que valiam os Solos se quem mais desejava não a queria mais?

– Não podemos desfazer o que foi feito... Seu irmão, ele...

– É um perfeito tolo que nunca nos escuta. – Completou lento, num timbre arrogante. – Você sabe que eu sempre tentei o proteger de suas escolhas ruins. Ben era um menino recluso e tímido quando jovem, por muitas vezes me culpava achando que fosse por minha causa, ou melhor, porque nossos pais sempre esperavam que ele fosse como eu. – E ali estavam os problemas familiares.

Anakin tinha que admitir que não esperava ser um homem tão bem sucedido, principalmente porque era uma benefício de um dom natural, por exemplo, nunca precisou virar noites estudando para obter notas altas, uma vez que podia simples ler uma única vez suas anotações das aulas anteriores e lembrar como fazer suas provas.

Além disso, o primogênito também era um jovem muito sociável a quem as pessoas adoravam e veneravam. As meninas mais populares da escola e da sua sala sempre queriam estar em sua companhia, e em grande parte era por isso que os pares de pernas em sua vida nunca foram poucos...

Mas ainda havia uma sede de sempre querer mais, de sempre ter a necessidade de ser o centro das atenções de tal forma, que Ben nunca tinha espaço para parecer ou se destacar.

Ben constumava ficar a maior parte de seu tempo no quarto, recluso. Era um jovem que tinha poucas convivências com as pessoas, o que levou Anakin a se supreender de que houvesse conquistado a afeto de sua colega de escola Phasma, uma vez que sua habilidade social era quase nula.

– A culpa nunca foi sua... Algumas pessoas acabam por ser assim, mais retraídas... É questão de personalidade. – Phasma argumentou.

– Não é o caso do Ben. – Era muito analítico para deixar isso por menos. – O garoto sempre teve potencial. Quem sabe não poderia ter mostrado isso ao mundo se o tivesse realmente ensinado mais algumas coisas, ao invés de só ficar o protegendo na redoma como meus pais.

E aquela dúvida pairava sobre sua mente, teria sido intencional formar uma personalidade dependente em Ben? Não discutiria isso com Phasmas... Era particular de mais.

– Agora pagamos por isso.

Sussurrou como se fosse um crime cruel, depois prosseguiu:

– Foi por isso que Ben acabou sendo seduzido por aquela mulher, e agora... Também por aquela menina.

O tom amargo não foi delírio da cunhada, Anakin parecia realmente não gostar da sobrinha.

– Confesso que a tal Johnson foi mais esperta que nós – admitiu. – Engano a todos sendo uma articuladora, mas tem muitas falhas...

A fala intrigou Phasma, que atenta permaneceu a escutar o homem de mente barulhenta.

– Sempre sendo ambiciosa. – Anakin disse com os olhos nublados. – Começou inclusive a trabalhar em um clube noturno frequentado por homens influentes do mercado financeiro...

– Supõem que esteja atrás de alguém para assumi-la?

Na cabeça de uma aluna que conhecia a professora Johnson e movida de lógica isso não faria sentido, porém para a mente de uma mulher ciumenta e abandonada pelo seu amor parecia completamente coeso...

– Talvez sim ou talvez não. – parecia disposto a deixar a pergunta no ar para que a cunhada pensasse sobre. – O que sei é apenas o fato em si. E... independente do motivo, eu penso que seria interessante usarmos a informação a nosso favor. – Propôs

– O que sugere? – Havia conseguido sua total atenção.

O irmão de seu marido então olhou os papéis que permaneciam com Phasma, não era advogado, mas conhecia bons homens no ramo, além disso sabia que geralmente era a mulher que sempre parecia ser a parte mais necessitada da relação.

Julgando por essa ótica obscurecida ideias não faltariam a uma mente raivosa e controladora.

– Se incomoda? – Perguntou esticando os dedos para os papéis.

Sem entender ela forneceu o maço para o homem que o tomou para si.


Notas Finais


O que acharam? Será que a Beltane vai chegar a ter um irmãozinho? O que Anakin planeja? Vão descobrir quem foi o responsável pela demissão da Rey?

Respostas a galope! Até o próximo capítulo!

Obrigada a todos os favoritos, comentário e apoio! A fanfic tá prestes a terminar 😆 talvez mais uns 3 capítulos, então falem comigo.


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