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História As quatro estações - Arestas (parte.I)


Escrita por: Walflarck e Lysedarcy

Notas do Autor


Sexta-feira, coisa linda! Chegou e aqui o penúltimo capítulo dessa fanfic que é o meu amorzinho.
Acho que aqui é onde começamos a fechar a trama de fato, destinando algumas coisas ... E digo com sinceridade que não quis final milabolante e mexicano, porque estou optando por um final mais esperançoso, já que mesmo sendo ficção, eu quero acreditar que as pessoas podem parar e refletir sobre suas atitudes... Corrigir e rumar para novas coisas... Acho que Star Wars é sobre isso... E eu quero essa fantasia com realismo...

Boa leitura!

Capítulo 20 - Arestas (parte.I)


Fanfic / Fanfiction As quatro estações - Arestas (parte.I)

Leia Organa Solo era alguém que amava-se ou que odiava-se, não existia meio termo. Podiam julgá-la muito rígida ou muito amável… Não que lutasse sobre algum tipo de doença de bipolaridade para demandar tamanha dualidade, mas naturalmente, era uma pessoa que podia-se sentia as modificações de humor e isso era incapaz de controlar de sua parte.

Por um tempo, Leia achou que as pessoas eram contra suas opiniões, quando não sabia que na verdade seu maior problema era ter opinião demais sobre qualquer coisa. Seus ponto sempre tão bem avaliados por si mesma fazia com que ela se esquecesse, que as outras pessoas também tinham pensamentos diferentes sobre os mesmo assuntos.

Ela não era alguém ruim, somente alguém que costumava achar que por sempre pensar demais nunca estava errada, por isso quem não concordava com ela, geralmente era taxado como aquele que não gostava dela, ou era imaturo para entender seu ponto de vista.

Aborrecia-se facilmente, e como qualquer ser humano normal possuía um enorme ponto fraco, que quando atingido sempre fazia com que caísse em si ou repensasse suas atitudes. Qual era este ponto? Os seus filhos.

Ben e Anakin eram o centro do universo daquela senhora forte, determinada e controladora, embora muitos falassem que era impossível amar igual aos filhos, Leia negava isso com uma voracidade, que era capaz de estapear qualquer um que ousasse proferir o contrário.

– O amor dos pais é igual para os filhos, o que muda é a forma de expressão. Se seus filhos não são iguais, logicamente que não tem como tratar ambos da mesma forma, mas isso não significa menos amor. – Ela disse certa vez na frente de sua nora.

Adorava Phasma, tinha um carinho quase maternal pela loira, porque sempre a considerou uma boa moça, alguém que esteve com o seu filho em todos os momentos escuros. Foi em primazia, portanto, a maior incentivadora para o casamento de Ben e Kelda… E, achava veemente que havia feito a escolha certa para Benson.

Com os anos no entanto, viu que não era extremamente assim, porque o coração não funcionava sobre lógica ou mesmo certezas. E por sempre achar que no passado seria uma mulher diferente se ela tivesse a cabeça que possuía no hoje, jamais teria se casado com Han.

Ainda assim, ela possuía o sonho de ser avó e conviva com a frustração que a tal criança nunca chegava. Kelda não engravidava, o que indicava que os esforços por parte de Ben eram nulos para fazer o casamento ir para frente... E Anakin, bom, este nunca estava na companhia da mesma pessoa por mais de duas noites…

Pensava nos vestidos que guardava em seu armário, uma coleção incrível que ficaria belíssimo no corpo de qualquer jovem adolescente. Pensava em quantas de suas amigas da alta sociedade possuíam lojas com roupas para bebês, mas a dita herdeira Solo nunca aparecia e isso estava começando a ser um sonho cansativo de ser mantido.

Cansaço, palavra boa para definir aquela vida.

Sabia que por mais que houvesse sido uma vitória traçar o casamento de Benson com a nora e ajudar levemente no destaque de seu filho mais velho na financeira Escorpion, nenhum deles estava feliz. Mas o que era a facilidade? As mães não deveriam saber o que era devido a experiência e olhar de águia? Leia pensou que sim, porém, a verdade é que uma mãe poderia ter uma visão tão cega quanto de um filhote recém-nascido de cachorro ou percepção rasa de um bebê humano, quando somente queria ver a sua percepção.

– Esperando que Ben volte? – A voz de Han preencheu a sala do imenso e solitário casarão.

– Não, eu estava somente lendo as últimas notícias de nosso grande estúpido primeiro ministro, Boris Johnson e seu grande posicionamento conservador… Não consigo compreender como a política de imigração pode resolver os problemas econômicos deste país. – Leia discursou, e Han acabou revirando seus olhos.

Não conseguia entender como aquela mulher podia ser tão obcecada por política. No mínimo em outras vidas deveria ter sido uma senadora ou uma chefe de estado.

– Você realmente não vai querer discursar tal tema comigo vai? – Agora foi a vez de Leia revirar seus olhos. – Ótimo, acho que estamos de acordo que não sou bom ouvido e você não seria boa discursando comigo.

Como eles puderam se casar? Essa era a pergunta que valia mais que um milhão de dólares.

Han e Leia não combinavam em quase nada, afinal possuíam interesses completamente distintos. Para as pessoas a sua volta nem era possível acreditar que haviam construído laços que perduravam anos.

Han era um homem agitado, que antes de conhecer Leia vivia na malandragem e na esbórnia. Mas talvez fosse pelo fato de ser diferente dos homens mais "certinho", pelo seu modo malandro que justamente a agradou… E apesar da malemolência difícil de ser ignorada tinha suas qualidades, que dentre estas estava ser um sujeito muito quente em sua juventude… Sim, Han Solo era o tipo que arrancava o ar dos pulmões com os seus beijos, abraços e uma certa mão boba em suas parceiras. Além disso, ele tinha uma voz agradável quase inalterada, que mesmo quando era um tanto descarado, ao proferir que o problema de Leia era que precisava de um "sujeito mais canalha na sua vida", conseguia ser incrivelmente sensual...

– Nisso tenho que concordar, você é péssimo para ouvir.

Alfinetou de modo que Han não se importou.

– Quer que eu vá então? – Ela negou.

– Sabe que não. – sussurrou baixo e ele se sentou.

Ali estava ela precisando de seu marido, um apoio a quem pudesse recorrer, e querendo ou não era o único capaz de dividir suas tormentas.

Abraçaram-se.

A sensação foi boa para reativaram em seus sentidos o motivo e os porquês de estarem juntos. No começo pode ter sido só uma atração, mas depois foi a construção do amor através da família que por tantas vezes bambeou pelo caminho incerto.

Beijaram-se levemente, esquecendo do que estava lá fora imersos em suas respirações, até que uma figura adulta cruzasse a porta com as roupas esfarrapadas e a boca com resquícios de sangue.

Leia e Han se colocaram de pé imediatamente, mas foi Leia que teve coragem de parar o recém chegado com sua autoridade materna.

– O que houve?

Lágrimas na face de um amadurecido homem se formar e este se ajoelhou diante da mãe, agarrando e abraçando suas pernas enquanto confessava:

– Mãe, eu o matei… – Sua voz falhou pelos soluços no choro engasgado.

*

Fazia anos que não precisavam por alguém para dormir, e era surreal fazerem isso com Anakin depois deste ser um adulto feito.

– Ele vai ficar bem? – Indagou ela para o marido.

– Por enquanto. Ainda está um pouco alcoolizado. – Han observou. – Não entendo como se envolveu em uma briga, dirigiu em alta velocidade e se envolveu em um acidente de trânsito, onde negligenciou socorro ou outro condutor… Se o homem morrer como cogitar...

– Ninguém vai levar o meu filho preso. – proferiu sabendo como a frase terminaria.

Mas querendo ou não, Han estava certo. Leia sabia que mais cedo ou mais tarde a polícia iria puxar as filmagens da rodovia e descobriria quem foi o condutor negligente.

Han suspirou. A puxou sem muitos protestos, colocando a cabeça da mulher em seu peito.

– É grave – falou querendo que ela aceitasse, por mais que amasse Anakin de modo incondicional as consequências e possibilidades – Homicídio culposo… Não é brincadeira querida…

– Ani não o matou. Foi uma acidente! – Leia protestou.

Han obrigou-se a ser mais duro.

Afastou-se, segurou em seus ombros a fazendo olhar diretamente em seus olhos claros.

– Estava alcoolizado – rebateu e viu que sua esposas congelar no lugar.

Sabia bem como funcionava a lei, assim como que uma pessoa ao volante sob efeito de bebida estava assumindo o risco de matar alguém, por isso o processo de condenação chamava-se "culposo".

– Eu também o amo, mas não posso fechar meus olhos para isso.

Estava na hora de encarar que havia algo anormal com Anakin, que ele tinha mudanças de comportamento que se mostravam sutis ao longo dos anos, porém agora pareciam bem mais presente em seu forte caráter.

Não queria que seu filho sofresse, e ainda assim toda aquela proteção parecia ter sido a causadora do ponta pé para tudo.

*

Do outro lado da cidade, ao chegar no apartamento na companhia de Beltane, Benson se deparou com Rey e Phasma na cozinha. Havia ficando por tanto tempo conversando que nem perceberam a hora de parar.

– Rey…? – Sua voz incerta capturou atenção, por isso ambas perceberam o que pensava.

Ele ficou sem reação ao fitar o rosto da mãe de sua filha inchado, denunciando o quanto essa chorou antes da sua chegada.

– Desculpe não avisar que viria, mas eu precisava conversar com Rey – a visitante ficou de pé, mostrando que estava menos a vontade em sua presença.

O escritor sentiu a face queimando de raiva. Ainda se lembrava de como havia sido sua última conversa com a mulher em questão no hospital, imaginando que seu único claro motivo de estar ali fosse estar importunando sua família

– Querida, por que não deixar sua mochila no quarto? – Sugeriu para a filha.

A menina pareceu desconfiada, mesmo assim não questionou a solicitação do adulto, que percebeu que está por sua vez não gostou da forma como ele olhou para Phasma, porque jamais havia visto tal expressão em seu rosto.

– Está bem… – A tranquilizou.

E a menina perdida, procurou por Rey.

– Mamãe pode me ajudar?

A mãe se prontificou a acompanhar, ainda que não se sentisse segura de ir sem explicar o que Kelda faz ali.

– Ben… – Rey vacilou com as mãos antes de ir para a menina. – Escute-a primeiro. – Aconselhou.

Seu tom foi brando e conseguiu tranquilizar Ben, mesmo que fosse insuficiente para fazer baixar a sua guarda perante a loira.

– Certo …

E com a palavra de concordância, Rey conseguiu se conscientizar que ficaria tudo bem, e acompanhou Bel para o quarto.

– Estou ouvido – antecipou-se ao estarem sozinhos.

– Imagino o que esteja pensando, acredite – Phasma disse natural.

O conhecia por tanto tempo que era impossível não ler suas expressões em cada traço de seu rosto longo.

– Precisava falar com Rey sobre Anakin…

Seus suspiro parecem intensamente pesado, e Ben por um momento vacila. O que teria acontecido com o irmão?

– Ao que parece está muito conturbado. – revelou sem rodeio – Mais cedo até mesmo acabou atacando Rey…

– Do que está faltando? – Ben se aproximou querendo entender onde estava querendo chegar, quando o telefone em seu bolso tocou.

Ben quer renegar a chamada, ele não quer se preocupar com outra coisa, porém ao checar o número no visor, ele sabe que os assuntos podem estar interligados e por isso atende.

Phasma para no mesmo ponto com lágrimas nos olhos. Ela parece pressentir que as notícias do outro lado da linha não serão boas, porque o modo como Ben abana a cabeça diversas vezes sem falar muito, demonstra o seu modo mais característico de renegar o que não gosta de ouvir.

Ele termina suas poucas palavras, contornar a mesa da cozinha, sentasse. Arqueia a cabeça para cima ao mirar o teto e aperta seus olhos. Algo em Ben parece formular que vai desabar a qualquer instante e ele sofre tanto, que Kelda mesmo sabendo sua posição não se importa de ir até ele o abraçar.

A sua aproximação é tão natural, que Benson não recusa, mas tampouco contorna o seu corpo grande em correspondência. Ele parece ainda chocado demais e suas palavras inconstantes são trêmulas e confusas.

Rey então volta novamente para o cômodo, e vê a mulher loira com Ben em seus braços… 

Confusão, a define.

Pode ver beleza no que eles foram um dia (casal), e mesmo sabendo que Ben sempre a amou se incomoda um pouco com a aproximação, porque Rey não tem ideia do que se passa entre eles.

Não quer ser egoísta de achar que Kelda e Ben não pode ser amigo, mas no fundo de sua alma teme que ele possa mudar de ideia e voltar para sua antiga casa, apenas pelo simples motivo que as pessoas tendem a construir paranóias e sofrer sobre esses monstros que criam em suas mentes... O processo de insegurança.

Rey pode dizer algo e ela até quer, no entanto, opta por ficar em silêncio, ao menos o silêncio das palavras, porque seu corpo todo parece falar por ela.

Phasma entende o olhar de Rey e ainda que Benson seja seu marido legalmente, ela sabe o seu lugar entre eles, por isso para de abraçá-lo quando finaliza a ligação e se afasta.

– Anakin acaba de ser preso. – Ele murmura para as duas mulheres.

*

Há um evento de surrealismo em seu cérebro, Benson não quer acreditar nos eventos relatados quando chega a delegacia com Phasma. Pelo caminho a mulher que por anos foi sua companheira, é obrigada a falar tudo que aconteceu naquele dia com ela e com Rey… Talvez tivesse até sido mais sensato que Kelda tivesse contado somente sua parte, porém o tempo não esperava, e ela sabe que Solo precisa estar ciente de cada mínimo detalhe.

O homem parece não acreditar a princípio, pensa e repensa no quanto seu irmão foi cruel atacando a ex-professora e envenenando sua realidade. Ele não quer odiar Anakin, afinal sempre o amou de modo forte e coerente, no entanto esse amor estava a prova por suas atitudes.

Kelda não poupa os detalhes, ela precisa que ele saiba tudo e isso também inclui o que Ani confessará a ela…

Mas se eles não era irmãos isso somente podia ser um pesadelo ou um filme surrealista.

Como todos sempre falavam de suas semelhanças? Como sempre falavam que ele deveria ser mais parecido com Anakin? Acreditava tanto nesses laços que nunca duvidou de seus conselhos e nunca questionou sua autoridade, então como podia ser verdade?

– Está sugerindo que o deixemos aqui? – A voz de Leia estava trêmula de tão assustada – Como ousa ser tão displicente com seu irmão?

– Como ouso? Eu quem deveria estar perguntando como pode esconder de nós dois que não éramos irmãos de verdade. – solta enraivecido ao ser segurado por Kelda.

Ela precisava fazer o papel que Rey faria caso não tivesse precisado ficar com Beltane em casa.

– Eu posso perdoar você, eu posso perdoar meu pai… E posso perdoá-lo por machucar Rey – Soltou a última parte com dificuldade – Mas não posso passar a mão sempre em sua cabeça por seus erros, fazendo de conta que não existem.

– O que disse? – A voz de Leia quase não saiu.

– Mrs Organa… – Kelda interferiu. – Anakin atacou Rey mais cedo, antes de confessar que sabia que não era um Solo legítimo…

A mãe parece não acreditar em tais ações, mais ainda, parece não acreditar que ele também soubesse a verdade.

– Tudo porque se sentiu rejeitado pelo fato de não ser sangue do nosso sangue. – Benson revelou deixando sua mãe com um peso imenso sobre os ombros velhos e cansados.

– Deveríamos prever. – Han se colocou na conversa. – Disse a sua mãe que isso causaria mais dor a todos. Ela achava que não, que a verdade era o maior dano a nossa família…

Lembrou-se das vezes que tanto se chocaram sobre o assunto.

– Estava tentando preservá-lo. –defendeu-se das acusações. – Ele é só um rapaz.

– Que necessita de limites também. – O marido resolveu rebater, porque as colocações o estavam tirando do sério com seu protecionismo.

Na verdade, Han Solo também estava irritado consigo, mesmo que não fosse confessar. Havia culpa. A culpa de compactuar com a esposa ainda que a contragosto. Mas também havia a outra culpa que era somente dele.

No passado essa culpa foi o medo de que se fosse descoberto o segredo sobre seu filho mais velho, ele seria encarado como um pai que não amava o seu filho.

– Eu pensei que se fosse muito duro como Ani com sempre fui Ben, em algum momento se soubesse da verdade, Ani pensasse que era diferente de Ben para mim, que não o amava ou me importava… Quando o dever de um pai sempre é amar seus filhos, mas nunca deixar de ensinar o que é certo e errado.

Ben podia entender essas palavras, porque tinha uma filha. Mas Anakin poderia também?

Pais precisavam dizer não, assim como machucar os filhos para que tivessem valores também, um fardo inseparável que muitas vezes causava dor e frustrações.

– Amar também é dizer não… Também é apontar as falhas, antes que alguém faça isso de modo pior. – Han compartilhou seus pensamentos.

– Por isso acho importante que meu irmão pague pelo que fez. – Benson proferiu triste, ainda que duramente. – Precisa aprender que para todas as suas ações possuem consequências.

– Ele… – Leia queria contraditar, porém se viu sozinha ao olhar para o filho e o marido.

– Se o ama, você precisa. – Advertiu Han com consciência.

E ela abraçou o marido desolada entendendo que realmente era necessário.

*

Encontrar Anakin não era algo fácil, não naquelas condições onde ele estava em uma sala de interrogatório com os pulsos presos por algemas.

Quando ele viu a mãe e o irmão ficou tão envergonhado que não sentiu outra opção senão a de se encolher sob o assento. Não podia olhar em seus olhos, principalmente nos olhos de Ben.

O peso pelos seus atos já era intenso demais e podia concordar que havia feito por merecer estar onde estava. A sua liberdade era quase uma ameaça a outras pessoas a sua volta, tal reclusão portanto era necessária para fazê-lo repensar suas atitudes. Por isso mesmo não querendo, Anakin assumiu a culpa sobre a morte do homem durante o acidente de trânsito antes que a polícia o procurasse.

– Ani… – Leia disse com os olhos cheios de lágrimas.

– Não deveria ter vindo mãe. – Na voz somente havia a miséria de um homem errado.

– Claro que deveria, você é meu filho. – Ela o abraçou como se fosse uma criança e ele foi incapaz de recusar seu aconchego. – Não sabe como estou partida por vê-lo assim…

– Acredite, não está mais do que eu… Eu sinto muito mãe... Minha intenção nunca foi desvalorizar o que me deu. – sussurro em culpa.

– Oh! Meu menino... – Ela estava partida ao cariciar sua face.

Benson que somente olhava o encontro também com tristeza. Puxou uma das cadeiras da mesa e se sentou silencioso.

– Ben? – Anakin perdeu a fala ao mirar o irmão.

Será que Rey estava bem? Será que ele já sabia sobre a agressão? Sim, ele somente poderia saber.

– Sinto muito por... – Ele disse encarando a face do irmão que estava em silêncio e não conseguiu completar o nome. – Eu não deveria ter feito aquilo.

– Sei que foi por minha causa. – Ben tinha uma voz fria.

Ele amava seu irmão como nunca poderia amar outra pessoa, Ben também compreendia o seu lado, ainda que este lado fosse horrendo. Mas apesar deste amor e compreensão, não podia reagir senão com espanto e repulsa ao que Anakin fez a Rey, mais do que as mentiras que usava para o manipular.

– Sei que é difícil.

– Sim, muito. – concordou ele sem remorsos. – Você machucou a mim… Você traiu me minha confiança, você pisou no meu respeito por você…

– Ben! – A mãe queria pedir para que ele fosse menos brusco, contudo o outro filho balançou a cabeça negativamente para ela ficar calma.

Era a vez de Ben falar, Leia também precisava escutar.

– Sempre o amei e o respeitei. Acredite. Isso não muda meus sentimentos. – confessou. – Você sabe que podia te odiar, eu podia querer ver você por muitos anos neste lugar. – foi sincero. – Mas tudo que te desejo irmão é que isso sirva para você aprenda a separar as coisas e colocar o que deve ser colocado no seu lugar. Você é um homem brilhante, muito mais do que eu sou… E é muito amado por todos a sua volta. O sangue não é o principal elo de uma família… Este elo é o amor.

Ben olhou para ele e depois para Leia.

– Acha que nossa mãe veio até aqui por quê? Ninguém nunca disse que você era menos. – Explicou paciente. – Isso foi apenas você mesmo falando consigo mesmo.

E Anakin teve que admitir que era verdade, ele nunca foi tratado severamente, discriminado ou menos amado pelos pais.

– Nosso pais o amam. – Observou. – Então não faça com que sofram por você… Não despreze a família que te abraçou por achar que merece menos.

As palavras eram tão maduras que Anakin podia ver o quanto seu irmão era um homem feito, não apenas mais o garoto retraído que queria ser sua sombra. Pela primeira vez não houve raiva ou inveja por sua postura, mas sim admiração por essa constatação.

– Vamos estar com você, então precisamos que esteja conosco… – Recebeu um aceno positivo.

*

Quando o último relatório foi entregue pela investigadora, Ben já sabia a pauta, e não foi uma surpresa encontrar o nome de Anakin Solo no processo da Discovery.

Já havia pelo menos três ou quatro meses que Ani fora considerado culpado pelo acidente que matou um pai de família e que estava preso. Atualização do caso recebia uma ou outra esporádica, através do pai que visitava com a mãe o prisioneiro toda a semana, dentro do regulamento prisional.

Sentia-se triste, um pouco pesado e tal melancolia refletia em seu trabalho quase abandonado.

Para ele era difícil focar na escrita, ter inspirações para contar algo sobre o mundo animal. Ao invés disso, Benson se isolava cada vez preocupando Rey.

– Você não parece bem esses dias – afastou a bandeja com o sanduíche que fez para cima da cômoda. – Não quer conversar comigo? – colocou a mão em seus cabelos negros penteando os fios para trás.

– Eu somente queria que tudo fosse um pesadelo. Queria que o meu irmão não estivesse onde está. – Sussurrou cansado. – Todas essas coisas estão me deixando doente.

– Sei como é exaustivo, mas você precisa reagir logo. – continuou acariciando a cabeça dele, que em pouco tempo já estava em seu colo ao se sentar. – Sei que é um homem forte e admirável... Você vai encontrar o equilíbrio de suas emoções. Você sabe como fazer isso.

– As vezes acho que você é como um anjo, um anjo que veio para me tirar da escuridão – proferiu tombando a cabeça entre as coxas de Rey, afundando sua face no colo quente.

– Sou? – A pergunta o fez reagir.

– Sim… – Dedilhou a face inclinada para ele. – O meu anjo.

– Ben… – Ela murmurou incerta, depois de ter sentido seus dedos.

A cena foi engraçada, porque dessa vez era Rey quem estava com o tom mais baixo, e por um motivo estranho ele pensou que houvesse dito algo errado.

– O que foi? Agora é você quem não parece muito bem.

– Na verdade me sinto um pouco ruim pelas coisas que aconteceram… A sua família parendo estar cada vez mais distante de você do que já estava, tudo isso depois que assinou o divórcio e seu irmão foi preso.

– Isso a preocupa Rey? – questionou.

Claro que também o preocupava, porém enquanto Leia fosse teimosa o suficiente para não pedir desculpas para Rey pelas coisas que havia feito no passado, ele não iria voltar a ter a relação de antes. Além disso, Benson era teimoso como a mãe, acreditando que a curiosidade para conhecer a neta fosse o bastante para fazê-la ceder em algum momento não queria dar o primeiro passo.

– Sim… – Soltou o ar pesado. – Me preocupa que agora que tudo veio as claras a nossa filha cresça no meio de tantas desavenças… Que não saiba quem são seus avós, ou mesmo que possa estar tranquila. Pensei muito sobre isso e acho que deveríamos tomar a frente, sabe? – Explicou. – Não esperar que sua mãe nos procure, porque se entendi bem, ela é teimosa, arrogante, superprotetora… Mas não necessariamente má, ainda que tenha feito coisas ruins...

– Você é uma mulher ou uma heroína? – Estava orgulhoso de sua fala, porém não convencido que era tão simples o quanto ela pensava.

– Pare de brincar. – Solicitou tentando não rir também.

Ele geralmente colocava-a na posição mais alta de sua vida.

– Eu não estava brincando. – ele comentou se levantando. – Isso não é o tipo de coisa que qualquer mulher estaria disposta a fazer. – mordeu os lábios pensativo. – De qualquer forma, mesmo estando grato pela sua forma de pensar. Não iremos fazer isso. – Rey quis protestar. – Não… Não fizemos nada de errado, mesmo porque é ela quem precisa assim como meu irmão enxergar além dela.

Rey ficou calada e reflexiva.

– Rey? – Estranhou tanta inatividade. Nunca agia assim e isso o fez perceber que havia mais

– Ainda falta algo a ser dito?

Conhecia ela bem demais para saber que não estava contando tudo.

– Eu … Estou grávida... – Ben ficou a princípio piscando sem ação.

O que? Ela estava grávida mesmo?

Céus que sensação era aquela que queimava nele por dentro como se fosse explodir ao absorver aquela notícia.

– Como? Meu deus! Você tem certeza? – Se atropelou com as próprias palavras eufóricas.

– Eu tenho. – confirmou.

Ben parecia que iria explodir de felicidade, ele havia cogitado aquilo meses antes e ainda assim não esperava que fosse ser tão rápido.

– Deus do céu! – Ele saltou da cama como um menino a puxando para girá-la no ar. – Beltane vai ter um irmãozinho! – Gritou em um anúncio alto. Depois desceu a mulher de seus braços e tocou o ventre plano.

Agora, no entanto depois de passar pelo estágio mais intenso da euforia, chegava a percepção dela, na verdade, o motivo de porque mais uma vez aquilo era tão importante para Rey. Talvez a notícia que eles teriam outro filho fosse o que era necessário para definitivamente mover e unir aquela família… Definitivamente agora Leia engoliria sua curiosidade, assim que ele falasse que seria avó uma segunda vez.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Me esforcei para caramba para escrever e revisar o máximo que pude.

Próximo capítulo sera o último! Eu espero que estejam comigo nele.


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