Você me libertou.
Você foi capaz de me mostrar a minha verdadeira face. Foi você quem teve a coragem de aproximar-se da minha prisão, enfrentar-me e retirar as correntes que me prendiam àquele lugar. E o medo, ah, eu senti um pavor excessivamente compulsivo. Talvez tenha sido esse o motivo pelo qual o ataquei, sem piedade, cegamente. E então, você ergueu o espelho. E o que eu vi ali, assustou-me ainda mais. Conseguiu fazer com que eu desse passos para trás, recusando-me a enfrentar qualquer que fosse a criatura que existia ali, diante de mim.
Você segurou-me os pulsos e os meus olhos encararam íris castanhas, quase douradas. Os lábios da fera tremiam, lágrimas desciam pelas suas bochechas imundas, suas mãos, tão pequenas, permaneciam segurando seu próprio pescoço e suas garras, tão assustadoramente pontudas, quase rasgavam sua jugular.
Grunhindo, a criatura fechou seus olhos e, repentinamente, a escuridão invadiu o aposento, fazendo-me respirar ofegantemente e tentar me livrar do aperto em meu corpo. Então, abri meus olhos, lentamente e ao ver-me, levei minha mão ao meu rosto, sentindo minha pele.
E, num ato desesperado, um baralho ensurdecedor irrompeu meus lábios e logo depois, o espelho se quebrou.
Em mil pedacinhos.
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