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História Bzzzzz-bilhoteiro - Bzzzzz-bilhotando


Escrita por: emdji

Notas do Autor


Oi meus amorecos!

Depois de quase dois anos, tô aqui com uma nova história do Ingridverso. Quem diria, hein?

Para quem chegou aqui de paraquedas e NUNCA leu nenhuma das histórias sobre a Ingrid, o Austin ou o Eric, corre nas notas finais que eu coloquei as fanfics em ordem cronológica pra ninguém ficar perdido.

A história "Rebeca levada da breca" fazia parte do universo, mas será deletada dentro de alguns dias porque eu pretendo tirar a personagem. Se você leu a história, desconsidere o que está escrito nela.

Bem, boa leitura!

Capítulo 1 - Bzzzzz-bilhotando


Austin passava a maior parte do tempo pensando em possíveis coisas que dariam fim à sua vida. 

A sua primeira opção era morrer dormindo. Ele conseguia se imaginar bem velhinho, provavelmente sem os cabelos pretos que caíam teimosamente por cima dos óculos, com a pele das pálpebras tão enrugada que mal daria para abrir os olhos, e aí um dia, quando o carteiro fosse entregar a sua correspondência, ele não atenderia a porta, porque estaria ocupado, dormindo para sempre.

Ele também achava que poderia morrer de um ataque cardíaco. Ou atropelamento. Com a sorte que tinha, talvez tropeçasse nos próprios cadarços quando fosse descer do ônibus da escola e acertasse a cabeça com força em alguma peça de metal pintada. Aí, quem sabe, as pessoas finalmente deixariam todos os outros boatos que envolviam ele e seus amigos para trás. Uma trégua para um cadáver.

Carrie, A Estranha, era uma prova de que isso não aconteceria. Pior ainda, o Diário de Anne Frank

As pessoas estão sempre bisbilhotando e tecendo novas inverdades. São todas Latrodectus mactans; viúvas-negras, prontas para te devorar depois de dormirem com você.

Austin tinha feito isso com seus melhores amigos, Eric e Ingrid. Dormido com eles e então os atirado para a cova dos leões, mesmo sem ter intenção disso. E tudo o que fez foi escrever e desenhar coisas sobre aquele dia tempestuoso, em que a maratona de Harry Potter não foi o suficiente para expressar todos aqueles sentimentos confusos que adolescentes possuem dentro de si mesmos.

Todos os dias, ele se arrependia de ter se deixado levar pelo momento. Dormir com os amigos foi um erro. 

Não. Dormir com Ingrid foi um erro.

Depois de ir embora do apartamento da amiga naquele dia, o garoto ficou do lado de fora da própria casa, sentado nos degraus, sentindo cada gota da tempestade que caía feroz e furiosa contra sua pele, roupas e óculos. 

Austin não era religioso, mas suplicou aos céus para que aquela chuva fosse capaz de tirar da sua mente aquela imagem proibida de seios ligeiramente desproporcionais, da cor de leite com café, pressionando o seu tórax e o deixando sem fôlego. Dos cabelos tingidos de rosa, com cheiro do perfume importado que ela ganhou do pai; os cabelos surpreendentemente macios que Austin acariciou pela primeira vez na sua vida. Dos dedos de Ingrid tocando o maxilar enquanto ela se inclinava para lhe dar um beijo.

Ele não teve coragem de beijá-la. Todas as vezes em que ela tentava tomar seus lábios, ele tentava distraí-la ou beijava Eric. 

Se Austin beijasse Ingrid, seu corpo definitivamente explodiria.

Então, ele escreveu sobre aquele dia, certo de que as lembranças fluiriam para o papel e fariam aquela ereção dolorida e sem fim desaparecer de vez. Mas bastava olhá-la na escola, para o seu sorriso curvado que raramente mostrava dentes, que ele sentia de novo, toda aquela coisa esquisita que sentia quando achou que talvez fosse gay e quando começou secretamente a se envolver com Eric. E aquilo o deixava muito confuso.

Foi por isso que Austin decidiu desenhá-la em seu diário — porque ele se recusava a transformar Ingrid em uma fantasia pervertida que poderia usar quando quisesse, mas enlouqueceria se não conseguisse tirá-la dos próprios pensamentos.

Ingrid deveria ser só dele e de Eric. De mais ninguém.

Mas o destino existe para nos mostrar que nossos segredos não estão a salvo e que nosso egoísmo machuca as pessoas que mais amamos no mundo. E agora, por causa disso, todos os garotos e garotas da escola sabiam como Ingrid era por baixo de seu macacão jeans e de suas blusas de algodão. 

Era difícil acreditar que existia alguém tão cruel na escola, que roubava diários em armários durante a aula de Educação Física, fazia cópias das páginas e espalhava por aí. E a cada vez que Austin encontrava uma nova folha anexada ao seu armário, ou de Eric, ou os xingamentos no armário de Ingrid, ele desejava que a morte chegasse naquele exato instante.

Ele havia saído um pouco mais cedo da aula de História, só para tentar remover os cartazes imbecis que pregavam nas paredes todos os dias, quando se deparou com uma das líderes de torcida da escola na frente do armário de Ingrid. Imediatamente, colou o corpo à parede e prendeu a respiração, tentando fazer com que seus um metro e noventa e dois passassem despercebidos enquanto a espiava.

Austin não prestava muita atenção nos outros alunos da escola. Sabia o nome de dez, doze pessoas no máximo, e até então não ligava pra isso. Naquele momento, no entanto, ele daria qualquer coisa para saber o nome daquela menina de rabo de cavalo e vestido de manga longa.

— Não tem nenhum cartaz ainda, James — ela disse baixinho, como se conversasse com outra pessoa em segredo. Austin inclinou a cabeça ligeiramente para o lado e viu que a garota pressionava o celular contra a orelha. — É, eu também acho que estão colando eles uns minutos antes do sinal bater. Vou enrolar um pouco no banheiro e tentar ver alguma coisa, mas cê sabe, o sr. Hamilton tá começando a desconfiar de mim. 

A menina ficou em silêncio por alguns segundos e Austin podia jurar que tinha sido descoberto.

— Tem alguém saindo do ginásio — sussurrou antes de desaparecer atrás da porta do banheiro feminino.

Austin também não perdeu tempo. Ele se jogou atrás de uma grande lixeira que estava perto dele e puxou o capuz do moletom, em uma tentativa de esconder o próprio rosto.

Do ginásio, saiu um rapaz com jaqueta jeans, All Stars encardidos e uma touca vermelha de lã. Ele segurava uma porção de papéis debaixo dos braços — os papéis que Austin odiava mais que tudo na vida — e começou a pregá-los rapidamente nas paredes, armários e portas das salas. 

Em qualquer lugar do mundo, poderiam existir garotos de cabelos oxigenados, com olhos azuis que brilhavam com malícia, sardas que manchavam as testas, bochechas, lábios e queixo. 

Mas Austin sabia, e seu coração doía por isso, que nenhum desses garotos usava um anel de abelhinha no mindinho esquerdo. 

Somente Eric.


Notas Finais




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