1. Spirit Fanfics >
  2. Conforme o passar das estações >
  3. Exagerado

História Conforme o passar das estações - Exagerado


Escrita por: btsgallery e Roxy-P

Notas do Autor


Bom dia, boa tarde, boa noite, boa madrugada! Tudo bem com vocês? 🤗💖

Sejam muito bem-vindos a "Conforme o passar das estações"! 🧡

Espero que esse romance adolescente, que se passa na década de 80, possa cativar os corações de vocês tanto quanto cativou o meu! Ele é inspirado em Exagerado, do Cazuza, e haverão algumas referências a música no capítulo. 🥺💛

Uma ótima leitura a todos e até as notas finais! 💙

Música: Exagerado - Cazuza

Capítulo 1 - Exagerado


Aquela era a primeira manhã de primavera do ano e eu estava extremamente empolgado.

Enquanto um grande sorriso nascia em meus lábios, saltei da Brasília amarela e arrumei os óculos redondos em meu rosto, passando a analisar atentamente a enorme casa amarela que estava a minha frente.

— O que achou, Kook? — Minha mãe perguntou, enquanto acariciava meus fios castanhos de forma carinhosa.

— É linda! E bem amarela! — respondi, arrancando uma risada da mais velha.

— Escolhi pensando em você, querido. Sabia que iria gostar.

Nunca soube o porquê, mas minhas mãe tinha uma mania de priorizar a cor amarela na maioria das coisas que comprava, apenas por essa ser minha cor favorita, e todas as vezes em que ela fazia isso, eu me sentia o garoto mais feliz e sortudo do mundo.

— E, mais uma vez, o primogênito é jogado para escanteio. — Hoseok, meu irmão mais velho, dramatizou enquanto se aproximava de nós.

— Ora, garoto, não seja besta — disse indignada, enquanto dava um peteleco na testa de Hoseok. — Nossa geladeira é azul e até onde sei, essa é sua cor favorita.

— Calma lá, dona Jisoo, nossa geladeira foi comprada antes do nascimento da criança — resmungou, também indignado enquanto apontava pra mim.

— E, por alguma razão, isso faz diferença? — Cruzou seus braços, passando a encarar meu irmão com as sobrancelhas arqueadas. 

— Claro que faz! Desde aquela noite chuvosa de setembro, tudo que me restou foi o esquecimento. — Levantou seu olhar para o céu, enquanto fingia secar uma lágrima no canto do olho.

Em sua juventude, minha mãe trabalhou como atriz e, desde sua infância, meu irmão estuda teatro, então, situações em que simulamos um drama familiar são corriqueiras.

— O que está dizendo é uma grande mentira! Sempre lembramos de você quando queremos comer panquecas — disse, cruzando meus braços e observando os olhos de Hoseok dobrarem de tamanho, ao mesmo tempo em que minha mãe soltava uma gargalhada.

— Exploradores! — gritou, enquanto apontava para nós. — Isso dá processo! Vocês terão que se entender com meus advogados! — Cruzou seus braços, enquanto batia seu pé esquerdo diversas vezes no chão.

Minha mãe e eu estávamos prestes a prosseguir com as provações, porém, uma voz suave interrompeu nossa brincadeira.

— Com licença. Vocês são os novos vizinhos?

Quando me virei, a fim de descobrir a quem pertencia aquela voz, senti meu coração falhar uma batida e meu queixo cair.

Entretanto, não tive aquela reação graças ao rapaz de fios negros que se dirigia a minha família, sorrindo de forma única enquanto equilibrava uma forma de bolo em suas mãos. Tive aquela reação graças ao rapaz de pose marrenta que o acompanhava.

Esse possuía fios ruivos e usava óculos escuros, além de roupas de couro, correntes de prata e uma infinidade de anéis.

E não bastou muito para que eu percebesse que, ao longo de minhas quinze primaveras, eu jamais havia visto alguém tão belo e sedutor.

 

[...]

 

Aquela era a primeira tarde de verão do ano e eu estava absurdamente confuso.

Fazia exatos três meses que conhecia aquele rapaz de fios ruivos e exatos três meses que não pensava em outro alguém além dele.

Durante esse tempo, descobri que seu nome era Jimin e que ele era o melhor amigo de Taehyung, o rapaz simpático que presenteou minha família com aquele bolo delicioso quando nos mudamos.

A mãe de Taehyung era confeiteira e amava distribuir seus quitutes pela vizinhança, então, ele nos visitava frequentemente, o que o tornou um grande amigo de Hoseok, mas apesar de Jimin visitá-lo todos os fins de semana, Taehyung nunca mais o trouxe consigo. E, por alguma razão, isso me entristecia profundamente.

— Guk, está prestando atenção? — Hoseok questionou, me tirando de meus pensamentos.

Era uma tarde de sexta-feira, meu irmão havia saído mais cedo do trabalho e por isso me convidou para assistirmos um filme juntos, mas eu não conseguia prestar atenção em nada além de meus pensamentos.

— Desculpe, Hobi, acabei me distraindo — respondi, tentando me concentrar nas cenas que se passavam na pequena televisão marrom.

— Você anda muito distraído ultimamente… O que aconteceu? — questionou, claramente preocupado.

— Não aconteceu nada — respondi, apreensivo.

— Não minta, conheço você melhor que a mim mesmo — disse,com seriedade, desligando a televisão e tocando meu ombro de forma carinhosa. — Sei que algo está acontecendo, mas não posso ajudar se você não me contar o que é.

— É o Jimin — murmurei, após alguns minutos de silêncio, enquanto abaixava minha cabeça e me virava em sua direção.

— Jimin? Ele fez algo contra você? Se a resposta for sim, eu arrebento ele agora mesmo!

— Eu não consigo tirar o Jimin da minha cabeça... — disse, em um surto de coragem. — Penso nele vinte e quatro horas por dia. 

— Oh — exclamou, surpreso. — E como você pensa nele?

— Como o garoto mais deslumbrante que já conheci. — disse, ainda de cabeça baixa, suspirando e dando um pequeno sorriso. — Gosto da forma como ele parece ser tão bonito por dentro, quanto é por fora.

— E essa é a única coisa que gosta nele?

— Ainda não sei responder essa pergunta, Hobi. — murmurei, sentindo meus olhos lacrimejarem. — Mas, estou tão confuso e assustado. O que a mamãe pensaria se descobrisse que eu gosto de um garoto?

Hoseok suspirou, me puxando para um abraço apertado e começando a fazer cafuné em minha cabeça.

— Ela pensaria que esse garoto é muito sortudo por ter seu coração, assim como eu estou pensando agora — disse, de forma carinhosa, ao mesmo tempo em que eu retribuía ao seu abraço. — Não importa se é uma garota ou um garoto, desde que você esteja feliz, iremos te apoiar, Guk.

Eu ainda estava confuso em relação aos meus sentimentos por Jimin, mas escutar as palavras vindas de meu irmão me fez perceber que não havia razão para eu me sentir assustado.

E não bastou muito para que eu percebesse que, ao longo de meus quinze verões, eu jamais havia me sentido tão sortudo por ter Hoseok como irmão.

 

[...]

 

Aquela era a primeira manhã de outono do ano e eu estava definitivamente apaixonado.

Desde minha conversa com Hoseok, passei a procurar compreender melhor meus sentimentos e acabei percebendo que realmente gostava muito de Jimin.

Sempre que possível, conversava mais vezes com meu irmão e ele sempre enfatizava que gostar de um garoto não era errado, que isso jamais mudaria a visão dele em relação a mim e que ele continuaria me amando da mesma forma.

Taehyung ainda nos visitava frequentemente, assim como Jimin ainda o visitava todos os fins de semana, mas desde a primavera, eu não voltei a vê-lo frente a frente.

Ao menos, não até aquela manhã de sábado.

Como de costume, Taehyung bateu em minha porta após o café da manhã, mas dessa vez ele não trazia apenas um dos quitutes de sua mãe, ele trazia também Jimin.

Quando vi o ruivo adentrar minha cozinha, sorrindo e cumprimentando a todos gentilmente, fiquei completamente nervoso e minha única reação foi correr para meu quarto, sem sequer cumprimentá-lo de volta.

Após fechar a porta, suspirei e me joguei em minha cama, afundando meu rosto em um de meus diversos ursos de pelúcia e tentando esquecer a vergonha que havia acabado de passar.

Como já esperava, não demorou muito para que minha mãe adentrasse o quarto e se sentasse ao lado de meu corpo.

— Kook, porque saiu daquele jeito? — questionou, acariciando minhas costas numa tentativa de me transmitir conforto e confiança.

Apesar de minhas diversas conversas com Hoseok, eu ainda não tinha contado sobre Jimin para minha mãe, porém, quando ela pronunciou aquelas palavras, eu soube que não poderia mais esconder esse segredo dela.

— A presença do Jimin me deixou nervoso. Eu não soube como agir diante dele, porque... — Suspirei tentando ganhar mais coragem antes de prosseguir. — Eu gosto dele, mãe — murmurei, após alguns segundos em silêncio. — Gosto muito dele.

— Eu sei, querido — disse, simplista.

— Como? — Sobressaltei assustado, me sentando rapidamente e encarando minha mãe com os olhos arregalados. — Hobi contou para a senhora?

— Hoseok nunca iria trair sua confiança, filho — respondeu segurando minhas mãos de forma carinhosa. — Eu apenas percebi, pois te conheço muito bem. Mas achei melhor esperar você se descobrir e me contar por conta própria.

Assim como na primeira conversa com Hoseok, senti meus olhos lacrimejarem e o medo se esvair, ao mesmo tempo em que era puxado para um abraço apertado.

— Mãe...

— Sei que sentiu medo, mas está tudo bem — disse, enquanto fazia um cafuné em meu cabelo. — Você ainda é o meu filho e eu continuo te amando da mesma forma. Nada mudou.

E não bastou muito para que eu percebesse que, ao longo de meus quinze outonos, eu jamais havia me sentido tão leve.

 

[...]

 

Aquela era a primeira noite de inverno do ano e eu estava definitivamente decidido.

Após conversar com minha mãe, Hoseok me disse que o próximo passo era conversar com Jimin, então, durante o outono, ele me aconselhou e me deu diversas dicas sobre como iniciar essa conversa.

No fim das contas, eu decidi apenas ser sincero e deixar o momento me levar, caso tudo desse certo e ele não me rejeitasse, eu o convidaria para ir ao cinema e poderíamos começar a nos conhecer melhor.

Confesso que, no início, senti muito medo de conversar com o ruivo, pois eu não sabia se ele também gostava de garotos, porém, Hoseok me tranquilizou, dizendo que o próprio Jimin havia lhe contado que era gay e que não tinha vergonha nenhuma de assumir.

Ele também disse que eu não precisava me preocupar em definir um rótulo para minha sexualidade, como Jimin havia feito, pois rótulos realmente não eram o mais importante. Meu irmão me tranquilizou muito com todos esses dizeres.

— Guk, está pronto? — Hoseok questionou, adentrando meu quarto e me tirando de meus pensamentos.

Passaríamos aquele inverno na casa da nossa avó, em Belo Horizonte, pois ela estava um pouco doente.

Como já havia arrumado minhas malas durante a tarde, agora estava dando uma organizada em meu quarto antes de pegar a estrada com minha família.

— Me arrumei faz um tempo — respondi, com um grande sorriso. — Sei que sequer chegamos na vovó e que pode parecer um pouco exagerado da minha parte, mas não paro de pensar em nosso retorno.

Graças a viagem, eu teria que conversar com Jimin apenas na primavera e, sendo sincero, eu estava feliz em me declarar na mesma estação em que me apaixonei.

— Imagino. — Riu, enquanto bagunçava meu cabelo. — Mas não se preocupe, Guk, o tempo vai passar voando.

— Tomara!

E não bastou muito para que eu percebesse que, ao longo de meus quinze invernos, eu jamais havia me sentido tão ansioso para a chegada da primavera.

 

[...]

 

Aquela era a primeira tarde de primavera do ano e eu estava completamente nervoso.

Hoseok tinha razão ao dizer que o tempo passaria voando, pois, num piscar de olhos, o inverno chegou ao fim e voltamos para São Paulo.

Chegamos na cidade na manhã de um sábado e, mesmo estando um pouco cansado, não quis esperar nem mais um dia.

Após o almoço, vesti minha roupa favorita e roubei uma rosa amarela do quintal de minha vizinha, antes de correr até a porta de Taehyung e bater três vezes.

Quando chegamos, Taehyung veio nos dar as boas-vindas, então, Hoseok aproveitou para conversar com ele e pedir que, quando alguém batesse em sua porta três vezes naquela tarde, ele pedisse para Jimin atender em seu lugar.

Mesmo não entendendo o que estava acontecendo, o rapaz concordou, aceitando que meu irmão lhe explicasse tudo mais tarde.

E como foi combinado, Jimin quem abriu a porta.

— Oi, Jimin — cumprimentei, dando meu melhor para não gaguejar.

— Oi, Jungkook — respondeu, enquanto um pequeno sorriso nascia em seus lábios. — Rosa bonita.

— Obrigado! Eu roubei da dona Ana — disse, arrancando-lhe uma risada. — Sendo mais específico, eu roubei pra você. — Estendi a rosa em sua direção, enquanto sentia meu rosto esquentar.

— Oh! — exclamou, surpreso, enquanto tomava a rosa de minhas mãos. — Pra mim? Por quê?

— Por que eu gosto de você — murmurei, após alguns segundos em silêncio, enquanto abaixava minha cabeça.

— Você… Gosta?

— Muito! — Respirei fundo, tomando mais coragem antes de prosseguir. — Durante o último inverno, completei dezesseis anos e, mesmo sendo tão jovem, sinto que você é o amor da minha vida, sinto que nossos destinos foram traçados na maternidade. Sendo sincero, sinto uma paixão desenfreada por você e poderia te trazer mil rosas roubadas, apenas para que elas me ajudarem a demonstrar essa paixão.

— Está... Falando sério?

— Nunca falei tão sério em minha vida. — Suspirei, sem conseguir encarar seus olhos. — Eu sei que nunca nos falamos direito e que parece meio exagerado, mas…

— Eu também!

— O quê? — Levantei meu olhar para ele, um tanto confuso.

— Desculpa interromper sua declaração, mas eu não posso passar nem mais um segundo sem te dizer isso. — Sorriu grandemente, antes de se aproximar de meu corpo e segurar minhas mãos. — Eu também gosto muito de você! Desde a primeira vez que te vi, estou caidinho por você, na verdade, estou jogado aos teus pés. — Riu baixinho, antes de prosseguir. — Se você não tivesse me notado, eu nunca mais iria respirar, eu acho que poderia até morrer de fome se você não retribuísse meus sentimentos.

— Jimin…

Sem pensar duas vezes, me joguei em seus braços e o abracei com força, ao mesmo tempo em que sentia meus olhos lacrimejarem e meu coração bater cada vez mais forte.

— Tudo bem ser exagerado, pois eu também sou.

E não bastou muito para que eu percebesse que, ao longo de minhas dezesseis primaveras, eu jamais havia me sentido tão feliz.

 


Notas Finais


"Bem... É isso! 🤗💖

Gostaria de agradecer, com todo meu coração, a @busanjimin pela capa maravilhosa e a @Manu_Tavares pela betagem impecável. Vocês são anjinhos muito preciosos e imensamente talentosos, fico muito feliz em poder ter o trabalho de vocês presente na minha obra! 🥺🧡

Agradeço também a toda administração do projeto, que é incrivelmente anteciosa. Vocês são tudo! 💛

Aos leitores, agradeço pela atenção! Realmente espero que tenham gostado! 😙💙

Um grande beijo e até a próxima! 💜"


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...