História Crossed Destinies - Gabriel, Igor e Fábio

Flashback on:

Demorou até que eu conseguisse acreditar naquela frase que diz que não podemos ter tudo, mas é a verdade. Quando eu finalmente consegui minha viagem para Manchester eu perdi o apoio da minha família. Nós não nos odiamos, mas meus pais não me queriam tão longe, e eles simplesmente surtaram quando eu disse que viria. Não me deram nenhum apoio. E eu não digo financeiro e sim moral.

Eu precisava dessa viajem, precisava espairecer e nada melhor do que novos ares para isso. Novas pessoas, novo ambiente, uma nova vida.

Depois da briga com os meus pais eu vim assim mesmo e decidi que quando voltar para o Brasil não irei para a casa deles. Já combinei com os meninos e moraremos juntos no Rio. Voltar para casa não seria a mesma coisa.

Eu demorei a me adaptar, apesar do clima agradável. Teria demorado ainda mais se não tivesse encontrado Gabriel, Igor e Fábio. Eles já estavam aqui a algum tempo já que Gabriel veio para jogar no Manchester City e trouxe os amigos para morar com ele.

Eu estava procurando apartamento quando os encontrei. Estava ficando em um hotel, mas se ficasse lá por mais tempo ficaria sem dinheiro algum. Igor vinha em minha direção acompanhado dos outros e eu os parei para pedir uma informação sobre um prédio, mas eles iriam me parar pedir também uma informação.

Acabamos ficando perdidos juntos e nos achamos também juntos. No fim os meninos acharam o apartamento que eu olhei horrível e me convidaram para passar um tempo na casa deles. Eu os ajudaria com a língua – que eu dominava – e eles me dariam um teto. Acabei por aceitar. Seria bom ter companhia.

Foi então que a minha vida começou a caminhar para um lugar nada agradável futuramente. Em uma manhã Gabriel foi para o treino acompanhado de Igor. Por motivos desconhecidos por mim Fábio não os acompanhou. Não era nem de longe a primeira vez que ficaríamos em casa sozinhos e éramos amigos, então não era nada estranho para a minha pessoa.

Eu estava na cozinha lavando algumas louças do café. A senhora que limpava a casa só viria mais tarde e eu não me incomodava de fazer aquilo. Senti um olhar sobre mim, eu sabia quem era, mas me virei para certificar.

- Tudo bom? – apenas balançou a cabeça concordando, fiz o mesmo e voltei minha atenção para a pia. Não demorou muito e senti seus dedos esfregarem em meu pescoço enquanto afastava meu cabelo o jogando para o outro lado. Virei meu rosto para o lado e o seu estava a centímetro de distância.

É muito difícil resistir a você, sabia? – deixou um beijo na minha nuca. Minha respiração ficou ofegante.

-Fábio – foi a única coisa que consegui dizer antes de seus lábios atacarem os meus de forma arrebatadora. Sua língua pediu passagem e eu cedi. Eu não tinha nenhum sentimento por ele, mas não podia negar que o beijo dele era sem dúvidas um dos melhores – se não o melhor – que eu já havia provado em toda a minha vida. É claro que eu sabia que aquilo poderia nos levar a um caminho de decepções sem volta, mas resolvi não me importar com isso no momento.

Eu senti quando seus lábios deixaram os meus e cravou seus olhos em minhas orbitas azuis que aquilo nos levaria a um lugar que não findaria de um jeito agradável. No entanto, eu não estava preparada pra impedir que aquilo rolasse.

Flashback off

Estacionei o carro um pouco afastado da lanchonete, depois dos jogos o local lotava, então deixei os meninos na porta para que entrassem e ocupassem uma mesa enquanto eu iria atrás de uma vaga. Não foi nem um pouco fácil de achar e quando dei por mim já estava a uma distancia considerável da entrada do lugar. Mesmo assim parei por lá antes que perdesse essa vaga também.

Caminhei lentamente até a lanchonete. Desde que Léo falara que Gabriel estava na cidade com os meninos algumas memorias vem me invadido a cabeça sem dar um minuto sequer de paz e sossego. Jessica revelou estar ficando preocupada com a minha falta de atenção no serviço e eu prometi melhor logo.

Eu não havia os encontrado ainda, mas sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer. Era inevitável. Eu tinha saudade dos meninos, Gabriel fora um de meus amigos mais fieis em minha passagem pela Inglaterra e Igor apesar do jeito de criança era um ótimo adulto quando precisava ser e sempre me ajudava. E tinha ele. Fabio. Não queria encontra-lo, mas ao mesmo tempo meu corpo parecia querer que isso acontecesse.

Talvez uma prova de fogo, saber se ele ainda sentia alguma coisa por mim e o mais importante se os fantasmas dele ainda me rodeavam.

Lembrei-me também de Paulo Vitor e de como ele passara de “amor da minha vida” a uma de minhas maiores decepções amorosas em tão pouco tempo. Não tive mais nenhuma noticia dele desde o ultimo buquê de rosas que fora direto para o lixo. Depois disso eu só o via pela TV algumas vezes ou no estádio. Muitas vezes eu tinha vontade de perguntar para alguns dos meninos como ele estava, mas preferia não tentar.

Entrei no estabelecimento e corri os olhos pelo lugar à procura dos meninos, não foi muito difícil levando em consideração que Marcos e Jackson pareciam dois muros de tão altos. Caminhei rapidamente até eles e quando me viram me olharam de forma... Atônica? Franzi a testa.

- O que foi? – perguntei impaciente. Se tem uma coisa que não venho tendo com muita frequência essa coisa é paciência. Ainda mais com os meninos que ultimamente sempre pensam duas vezes antes de me dizer alguma coisa. Léo inclinou a cabeça para o lado indicando que eu olhasse e assim eu fiz.

- Oi, Khy – fui rodeada por braços morenos. Aquele cheiro era inconfundível.

- Gabriel?! – respondi assim que ele me soltou. – Igor – sorri para o branquelo a minha frente. Ele me abraçou também – Fábio – sorri de lado. Sorriu da mesma forma. Aquele sorriso.