Pontualmente, Taeyong saiu de seu apartamento e deu poucos passos até a porta ao lado, tocou a campainha um pouco hesitante, estava um pouco constrangido para encarar Jaehyun nos olhos, afinal, além de que sua cara já entregasse que estava numa péssima ressaca, sentia-se estranho por ter pensando tanto no homem, sem contar o fato de que havia beijado Shownu enquanto pensava em Jaehyun. Taeyong sentia que quando Jaehyun pusesse os olhos em si, poderia ler todos os seus pensamentos, que poderia ver todos os desejos e sentimentos que sentia.
A porta logo foi aberta por Jaehyun que já estava praticamente pronto para sair, o mais velho sorriu ao ver Taeyong e logo deu licença para que o outro entrasse.
– Bom dia, Taeyong!
– B-bom dia... – Sua voz soava rouca e fraca.
– Você está bem?
– Estou, por que não estaria?
– Bebeu? – Jaehyun riu, sabia bem os efeitos causados por uma noite de balada onde se enchia a cara, afinal, viveu muito disso quando mais jovens – Senta aí, vou pegar um remédio!
Jaehyun não demorou em voltar com um grande copo d'água e uma pequena cartela de remédios, Taeyong não sabia bem para o que serviam mas acreditava que os remédios fossem o fazer bem já que vinham de Jaehyun. Agradeceu e pegou o copo, logo bebendo a água junto ao remédio, que tinha um gosto forte e amargo mas não reclamou, o tomou junto a vários goles na tentativa de amenizar o gosto ruim.
– Se não melhorar, pode me ligar... Também tem ingredientes para um sopa, você pode fazer para você! Mas acho que o remédio ajuda! – Jaehyun passou as mãos pelas bochechas um pouco avermelhadas de Taeyong – Vou pegar o Mark...
– Obrigado, hyung... – Taeyong sorriu brevemente para o outro, que lhe retribuiu com um sorriso ainda maior.
Logo Mark já estava sentado ao lado de Taeyong, assistindo a algum desenho bobo, Jaehyun já estava preparado para sair, então despediu-se de seu pequeno, o beijando e abraçando, quando terminou a sessão de carícias, seus olhares se voltaram à Taeyong.
– Se precisar por me chamar, mesmo! Não hesite. – Trocaram sorrisos sinceros e Jaehyun abriu a porta – Se cuide... Se cuidem na verdade, volto mais tarde.
Estava sozinho com Mark.
– Do que você quer brincar pequeno? – foi indo em direção de Mark.
– De escondê! – se levantou animado chegando mais perto de Taeyong.
A relação dos dois estava melhorando. Desde que entrará pela primeira vez pela grande porta branca, havia feito gigantescos avanços. Sequer imaginava que conseguiria mesmo. Mark tem um coração de gelo mas nada que uma chuvinha, cereais e mangas não quebrem.
– Esconde-esconde? – não tinha certeza de que brincadeira Mark estava se referindo.
A criança assentiu rapidamente e avisou a Taeyong que ele se esconderia primeiro. Explicou que poderia de chamá-lo três vezes que ele responderia. Teria que contar até 30.
– Vinte oito, vinte nove, trinta. Mark eu tô indo!
Não conhecia o apartamento como o menor, não fazia ideia de onde estava. Mas ele tinha uma vantagem de 17 anos em relação a Mark, então era praticamente impossível ele não achá-lo.
Foi em direção a cozinha, abriu os armários de lá e percebeu que não estava ali. Resolveu usar seu primeiro grito e recebeu uma resposta vinda do andar de cima. Se sentiu aliviado, lá em cima seria muito mais fácil de achar.
Procurou no quartinho de brinquedos e logo depois se dirigiu ao quarto do menor. Já estava cansando de procurar, então resolveu usar mais um de seus gritos e então soube de onde o som estava vindo.
Quarto do Jaehyun.
Não queria entrar ali e invadir a privacidade do outro mas seu espírito competitivo era maior, mesmo estando competindo com um criança. Entrou e ficou encantado com a decoração do quarto. Era muito grande e tudo nas cores branco e cinza, era lindo.
A cama com certeza caberiam 5 pessoas e ainda sim dormiriam tranquilamente. Havia uma enorme televisão na frente da cama e assim como o quarto de Mark, era uma suíte. Percebeu que haviam diversas fotos de seu filho pelo quarto, quando viu uma foto de Mark recém nascido teve vontade de chorar.
Até assim ele era lindinho, pensou.
Por alguns instantes se esqueceu do que estava fazendo ali e se deixou se perder nas memórias que o quarto de Jaehyun guardava. Encontrou uma foto de uma mulher segurando Mark no colo, mas já tinha a visto certa vez no prédio e sabia que aquela não era a mãe da criança, ela tinha uma aparecia muito jovial e extremamente fofa, imaginou que fosse amiga da esposa de Jaehyun.
Encontrou logo em seguida uma foto de Jaehyun ao lado de um outro homem na frente da clínica, esse ele já havia visto entrando no prédio diversas vezes, eles pareciam tão felizes juntos. Viu inúmeras fotos de Jaehyun com o pequeno e se perguntou se seus pais ainda guardavam esse tipo de coisa e imaginou que a resposta seria negativa.
E então encontrou uma foto de uma mulher sozinha, sentada em um banco de praça, olhando para frente e sorrido.
Teve a certeza que era a mãe de Mark.
Estava linda, de todas as maneiras, o cenário só colaborava mais ainda. Só conseguia pensar como Jaehyun foi agraciado com tantas pessoas bonitas em sua vida, imaginou como os dois formam um casal extremamente atraente juntos e como o filho deles é a maior prova disso.
Se sentiu mal por ter imaginado Jaehyun na noite anterior.
Se sentia um idiota.
Lembrou o que estava fazendo ali e então caminhou até o guarda roupa de Jaehyun, sabia que Mark estava lá dentro. Em um movimento rápido abriu a porta e falou "achei". O pequeno abriu um sorriso na hora e começou a rir, estava muito feliz por Taeyong ter o achado. Soube naquele momento que não deveria alimentar esperanças pelo mais velho, estava ali pelo seu filho e nada mais.
Seu único objetivo ali era cuidar de Mark.
O pegou no colo e começou a caminhar em direção a sala colorida.
– Tae, todlas as princesas tem um príncipe. Você tlem uma princesa? – perguntou enquanto brincava com os fios de Lee.
– Mark, eu diria que eu gosto mais de príncipes do que de princesas, mas eu não tenho não. – abriu um sorriso agora para o pequeno que estava o encarando. O colocou no chão.
– Eu acho que o papai também. – sentou-se no chão da sua salinha.
– O que você disse ?
– Vamo assistir pokémon!
Colocou um episódio e depois de algum tempo, já estavam discutindo.
– Tá, mas entre os pokémons iniciais, qual você escolheria? - Taeyong estava começando a ficar nervoso.
– Entle o charmander e o squirtle, squirtle! – cruzou os bracinhos.
– Você tá falando isso porque o squirtle é mais bonitinho. Charmander é muito melhor. – também cruzou seus braços.
Eram duas crianças discutindo.
– Squirtle.
– Charmander.
– Squirtle.
– Charmander.
– Squirtle.
– Você, nem sequer considerou o bulbasaur como uma opção.
– Ele é feio, Taetae.
Para Taeyong, ele estava indo longe demais.
– A não... – foi interrompido por Mark.
– Queria poder escolher o pikachu.
– Ele não é um pokémon inicial.
– Mas o Ash...
– A gente nao vai entrar nessa discussão. – Levantou e saiu da sala, precisava chamar reforços. Ligou para Yuta.
– Yuta? – chamou o amigo que estava do outro lado da linha.
– Uhm... – emitiu um som engraçado sinalizando que tinha acabado de acordar.
– Você tava dormindo até agora? – praticamente gritou – Onde você tá?
– Na sua cama meu amor, não lembra da noite passada? – fez uma voz sexy para irritar Taeyong.
– Pelo amor de deus, Yuta!
– Até brinquei com seu amiguinho ontem...
– O que você tá falando? Cadê o Doyoung?
– Vazou faz uma hora, logo depois de você. – estava ainda falando devagar e às vezes grunindo entre as palavras.
– Pega seu violão e em para cá, preciso de ajuda para fazer o Mark dormir. – estava andando de um lado para o outro no corredor.
– Voce acha que eu vou lá no meu dormitório buscar meu violão só para...
– Tá na sala, você deixou antes de ontem no meu apartamento. – revirou os olhos.
– To chegando, Tae.
Quinze minutos depois Yuta abriu a porta da salinha de brinquedos - que taeyong indicou as direções por mensagem - e logo avistou ambos sentados no meio da sala, Mark no colo de Taeyong, assistindo um desenho qualquer.
Yuta tinha tomado mais um banho para acordar e usava roupas de Taeyong, essa era a coisa mais comum de se acontecer, adorava "roubar" roupas do outro. Abriu a porta com cuidadosa mas chamou a atenção dos dois assim que o seu violão enganchou na batente da porta e fez um barulho alto, seu cuidado inicial foi para nada.
– Tae, quem é? – já estava se encolhendo no colo de Taeyong.
– É meu melhor amigo, Mark.
Yuta sentou-se na frente dos dois e Mark já não parecia mais estar com medo. Yuta pegou a mãozinha do pequeno enquanto com a outra fazia cócegas na pequena barriga. O menor parecia estar se divertido, Taeyong ficou com inveja da forma como o japonês sabia lidar tão bem com crianças.
– Meu nome é Yuta! – disse estampando seu lindo sorriso.
– Uta! Uta!
– É Yuta! – falou dessa vez pausadamente – e o seu?
– É Mark, Uta!
– Certo, me chame do que quiser. – começou a assobiar baixinho.
– Yuah, Tae como faz isso? – começou a se mexer no colo de Tae, mostrando animação.
– Faz biquinho, e assopra devagar.
Yuta estava assobiando no ritmo da tão conhecida música "baby shark" e enquanto Mark falhava em tentar assobiar, ficava dançando ao som da música que tanto gosta. Havia amado o amiguinho de Taeyong. Quando finalmente conseguiu soltar um sonzinho certo, o japonês terminou a música.
– Mark, o que você acha do Yuta continuar cantando para você, lá no seu quatro?
Mark fez que sim então, o levaram para lá. Colocou uma roupinha mais confortável nele e o deitaram na cama tão fofinha dele.
– Eu faço faculdade de música, sei tocar varios instrumentos, neném. – agora, fazia carinho no cabelo de Mark, enquanto Taeyong estava na cozinha esquentando leite com chocolate para ele tomar.
– Sério? Você sabe toclar violão, Uta? – cobriu um pouco mais seu corpinho com a coberta.
– Sei sim, quer que eu toque o que para você?
– Brilha, estrelinha! – Disse assim que Taeyong entrou no quarto e logo depois sentando ao lado da cama e entregando seu copinho - com tampa - com leite.
Yuta começou a tocar no violão a música pedida pelo pequeno e poucos segundos depois, já estava deixando sua doce voz chegar no ouvido dos outros dois ali presente.
Brilha, brilha, estrelinha
Taeyong terminou de o cobrir. O fazendo sorrir em direção a ele, o agradecendo com o olhar. Gostava de Taeyong e talvez agora se ele perguntasse não iria mentir. Ter ele ali o deixava feliz, era muito melhor que sua babá anterior. Ele realmente estava ali com ele e não só o olhando, era uma diferença enorme na cabeça do pequeno.
Lá no céu pequenininha
Solitária se conduz
A voz de Yuta é encantadora, Mark estava apaixonado por cada palavrinha que era cantada pelo maior. Dormiria qualquer hora caso Yuta estivesse ali para cantar para ele, ainda mais com Taeyong fazendo um carinho no corpo do mais novo.
Pelo céu com tua luz
Taeyong apesar de escutar Yuta cantar diariamente, sorria toda vez que escutava ele cantar, o modo como ele dedicava todo seu coração e alma quando faz permite com que todos a sua volta não escutem simplesmente a música mas se envolvam com ela.
É arte.
Brilha, brilha, estrelinha
Não estava acostumado a cantar músicas infantis, mas seja lá qual for a música, estaria feliz por estar cantando. Depois de 3 anos na faculdade, não se arrependera um segundo sequer. Sabia que fazendo com amor, exatamente da forma como fazia, chegaria longe.
Lá no céu pequenininha
Mark já estava fechando seus olhinhos, indicando que a música estava funcionando. Taeyong não parou de acariciá-lo. Não queria dormir, queria ficar ali brincando com os dois, mas naquele momento era praticamente impossível não cair no sono.
Brilha, brilha, estrelinha
Lá no céu pequenininha.
Mark finalmente fechou seus olhos e se permitiu ser levado pelo sono. Taeyong tirou seu copinho da cama para que não se machucasse durante o tempinho que estivesse ali e Yuta finalizou a música. Saíram de lá em silêncio, deixando o pequeno anjinho sonhando, provavelmente, com um lindo céu estrelado.
Foram para o sofá, estavam extremamente exaustos da noite passada, aquilo tinha sido uma loucura para ambos.
– Yuta, foi muito errado o que aconteceu ontem? – esse pensamento não parava de martelar a cabeça do Lee
– Claro que não, Tae, você está atraído por ele e pensou nele enquanto estava com outro. Não é como se você tivesse algo com Hyunwoo ou como se estivesse tendo algo com Jaehyun fazendo ele trair a esposa dele. Tá tudo bem!
– Eu só sinto que é tão errado, eu já me senti atraído por tantas pessoas mas talvez pelo caso dele ser algo "proibido"... – estava pensando em cada característica marcante do rosto do mais velhos, os olhos tão proporcionais que se tornavam tão adoráveis quando sorria e até mesmo na boca tao vermelhinha que sempre vinha acompanhada do lindo sorriso.
– E por isso só te da mais vontade, porque você não pode tê-lo. – pegou a mão do seu melhor amigo e a apertou mostrando que estava ali – Escuta, aproveita que você não está apaixonado e só se acalma. Você nem sabe se ele de fato tem uma esposa, nunca a viu pelo prédio, você é o vizinho dele, escuta toda vez que alguém entra, pode existir uma chance e também pode nunca acontecer. – fez uma pausa, olhando seu amigo mais uma vez. – Nesse momento você só precisa, esperar e ver no que acontece. Se ele quiser algo ele vai agir.
– Ele usa aliança, Yuta... – estava tão cabisbaixo que doía para o japonês ter que assistir tal cena.
– E daí? Hyunggu tambem usava uma aliança mas no final era apenas uma que a mãe dele tinha dado. Não tem nada demais. – Eu to aqui para o que você precisar você sabe disso.
– Eu sei. – abriu o primeiro sorriso sincero, desde que sairá do quarto do Mark.
– Se ele realmente não for casado eu te garanto que ele vai se apaixonar por você rapidinho – piscou. – Impossível não, com você sendo um gatinho desses.
Taeyong se permitiu rir. Se sentia protegido ali, com Yuta. Como se nada nunca fosse ser um problema de verdade desde que estivesse com o outro ao seu lado. Tinham se conhecido de um jeito estranho, mas sabia que não teria sido obra do destino se fosse de uma forma diferente.
– E o Sehun ontem? – mudou de assunto agora com um sorriso de lado. – Lembro muito bem que essa não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira vez que vocês ficaram, o que está acontecendo?
Yuta sorriu ao pensar no outro.
– Ah, você sabe né, eu sou amigo dele a quase três anos. E a gente tem uma relação meio engraçada, a gente fica, esquece porque metade das vezes a gente está chapado, aí fica de novo. – mentiu. – E é sempre muito fofo, o Sehun é sempre muito fofo.
– Quantas vezes vocês já ficaram?
– Eu não conto, mas sabe... – pensou por alguns segundos. – foram muuuitas vezes.
– E você tem sentimentos por ele? – Taeyong estava completamente entretido com a relação alheia.
– Nao, mas não é como se fosse "só sexo" a gente nunca sequer transou, nosso role é só ficar mesmo, mas eu realmente sinto um carinho por ele e é sempre muito bom ter ele como companhia, os beijinhos são só bônus. – havia mentido mais uma vez.
– Yuta meu querido... – Taeyong estava rindo.
– É aquele negócio né, eu não faço nada, mas se ele quiser eu quero. – riu com Taeyong. – Ele, inclusive, me chamou para ir na casa dele agora, mas não sei se eu deveria ir...
– Vai logo, japonês, tá esperando o que?
– Certeza?
– Absoluta!
Levantou do sofá, deixou um beijo nos cabelos de Taeyong, pegou seu violão e saiu do apartamento de Jaehyun. E entao...
Estava sozinho com Mark, novamente.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.