História Dancing With The Devil - Rachell Younger Hospital

Day IV - 05h05 

Oliver me encarava sério, até que seus olhos começaram a encher d'água. Ele abaixou a cabeça, suspirou e depois virou pro lado contrário ao meu rosto. 

- Dixie é minha namorada, eu acho. Somos amigos desde muito novos e sempre sentimos algo a mais um pelo outro. De uns tempos pra cá ela começou a ficar estranha. Praticamente moramos juntos, então eu te asseguro que ela realmente estava fora do normal. Estava sempre mais pálida, não comia, dormia uma ou duas horas por dia, isso quando dormia. Só fumava o dia todo e começou a usar drogas. Essa definitivamente não é a minha Dixie. Essa noite nós nos desentendemos porque eu disse pra ela parar de usar drogas, já que ela sabia do meu histórico. Antes dessa noite, fazia quase um ano que eu estava sóbrio. Aí ela deixou aquela trouxinha no meu bolso, e eu simplesmente... - ele suspirou e enterrou o rosto nas mãos - eu cedi. 

- Bom, daqui a pouco você recebe alta e vai voltar pra casa comigo. Tem mais algum aspecto da Dixie que não está normal? 

- Ela está com o corpo gelado demais pra um humano. Seus olhos escureceram e às vezes eu podia jurar que os via inteiro negros. De vez em quando ela tem alguns surtos de personalidade e começa a falar comigo numa língua estranha. - ele fechou os olhos com força e uma lágrima escorreu - Eu só quero minha Dix de volta. 

- Eu vou avisar a enfermeira que você acordou. Talvez você fique levemente dopado com os remédios, mas vai estar em casa, então relaxa. Tudo bem pra você dormir no sofá? - eu perguntei tentando animá-lo.

- Claro. Ei... Obrigada por cuidar de mim. 

Eu sorri e saí do quarto. Novamente aquele ar gelado que circundava apenas o corredor soprava e arrepiava minha espinha. Quando cheguei na recepção, vi a doutora que tinha conversado mais cedo. Ela estava de costas, conversando com uma enfermeira. 

- Doutora - eu disse tocando em seu ombro - o Oliver acordou. 

Quando ela se virou, por mais que estivesse sorrindo, estava com um semblante extremamente apavorado em seu rosto. Os olhos quase pulando pra fora do osso da face e pálida, pálida como quem vê um fantasma. 

- Claro, claro. Já vou. - ela me olhou como quem fala "vá até lá e não saia do lado dele" e quando reparei na enfermeira que ela estava conversando pude ver os típicos olhos e demônio. 

Segui pelo corredor de novo e assim que virei a esquina, sabendo que ninguém poderia me ver, saí correndo até o quarto. Quando abri a porta, Oliver não estava mais na cama. 

- Oliver? Oliver? Cadê você??? - eu estava quase gritando, em pânico - Oliver, pelo amor de Deus! 

- Ei, calma, eu tô aqui. - disse ele saindo do minúsculo banheiro que tinha dentro do quarto, que até ele usar, eu nem sabia que existia. 

- Puta merda Oliver, eu quase morri do coração menino. Vamos, se troque que a médica já está vindo dar sua alta. 

A doutora já mais calma entrou no quarto e eu avisei que ele estava se trocando. Fui até a recepção e paguei a "estadia" de Oliver, que me encontrou lá mesmo e nos dirigimos ao meu carro. 

Sentada na frente do volante com Oliver semi acordado ao meu lado, pude ver a letra C do letreiro escrito Rachell Younger Hospital piscar, enfatizando hell. Aquilo me deu arrepios. 

Segui o mais rápido (e, modéstia parte, foi realmente rápido) pra casa e os meninos me ajudaram a colocar Oliver num lugar confortável. Já estava amanhecendo, então decidimos que seria melhor ele passar aquela "noite" no escritório, já que era mais seguro. 

Percebi que haviam desenhado um pentagrama em cada janela e na porta do escritório, só por precaução. Enquanto Ed e Dan colocavam Oliver deitado no sofá com um balde ao lado no chão, que com certeza ele iria usar, eu me peguei rindo da situação. 

- Esse menino vai ficar louco a hora que acordar. 

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Acordei pulando com os gritos de Oliver. Eu sabia que ele ia ficar assustado de acordar num lugar estranho cheio de armas de prata e pentagramas. Afinal, quem não ficaria? 

Saí correndo da cama e abri a porta bruscamente, o interrompendo em seu pedido desesperado de socorro. 

- Oliver, tá tudo bem, você tá na minha casa. Consegue se lembrar do que aconteceu? - eu perguntei me sentando ao seu lado no sofá. 

- Sim, eu me lembro. Mas o que significa tudo isso aqui????? - ele me perguntou de olhos arregalados. 

- Venha, vamos comer, depois eu explico. 

Peguei em seu braço e descemos as escadas até a cozinha, onde Charl e Ben estavam preparando algo pra comer. 

- E aí cara - Charl disse - ficamos bem preocupados com você ontem. Como está se sentindo? 

- Melhor e com fome. 

- Tá saindo uma lasanha no capricho! - Ben disse animado. 

- Vocês vão acabar entupindo a veia do coração de todos nós. 

Enquanto almoçávamos, explicamos - nós todos - tudo o que estava acontecendo ao Oliver. 

- Eu acho que algo pode ter possuído a Dixie. Lilith vem aqui mais tarde, podemos cuidar disso. Mas, por enquanto, você precisa ficar aqui conosco. Os meninos podem ir com você até sua casa pra você pegar algumas roupas e ver como Dixie está. Não fale nada sobre o que nós conversamos à ela. 

- Pode deixar. 

- Vem, vamos, eu e Ed vamos com você - Dan disse.

- Ben, Charl, a responsabilidade de cuidar das meninas é de vocês. Não façam merda. 

Todos rimos e eles saíram.