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História Dandelion - Amor perfeito


Escrita por: KakaLeda

Notas do Autor


Oieieieieieieieieieie Gentemmmmmm hoje definitivamente eu vou estar entregando para vocês uma bíblia ashuashuahsuahsu foram horas escrevendo no pc, mas deu certo ( E deu muito grande também T.T me desculpem)
Sobre a melodia que eu coloquei para vocês ouvirem no cap passado: vou ficar colocando músicas de vez em quando nos próximos capítulos, então espero que esta seja uma boa notícia ;D
Amor perfeito: Reflexão
So, Enjoy!!!!

Capítulo 14 - Amor perfeito


Sophie

 

Passei a tarde toda trancada em meu quarto, tentei estudar, mas a conversa com Castiel simplesmente não saía da minha cabeça.

Estou vivendo como uma covarde, fugindo e abaixando a cabeça. Desde que minha mãe morreu, Castiel havia sido a primeira pessoa que encarei nos olhos, que falei como igual e que não tive medo de expressar meus sentimentos. E agora ele soltara isso sobre mim: “Parede de ser uma covarde e siga seus sonhos”, quase o escutei dizer. Por um momento pensei que ele estivesse me dando uma lição de moral, ou talvez sua intenção seja de simplesmente zombar de mim.

A verdade eu não sei, mas sei que, por incrível que possa parecer, ele estava certo. Vou seguir meus sonhos, vou erguer minha cabeça e deixar meu passado e meus temores para trás.

De noite, durante a janta, o silêncio reinava. Eu apenas encarava meu prato de comida e engolia devagar, Castiel parecia inquieto.

Quando terminei, levei o prato para a cozinha e voltei para a sala onde Castiel estava.

– Você estava certo... Aquilo que disse sobre mim... – comecei a falar, ele me encarou surpreso – Vou parar de ter medo e vou começar a decidir as coisas – eu suspirei e comecei a me afastar – Não que você se importe, mas eu apenas queria soltar isso.

Então ele agarrou o meu pulso, impedindo-me de prosseguir.

– Apenas... – Castiel parecia estar refletindo sobre o que falaria a seguir. Por fim ele me soltou, pôs as mãos nos bolsos da calça pijama e desviou o olhar para a lareira – Apenas se defenda de idiotas assim como você se defende de mim – e foi se sentar no sofá de frente para a enorme televisão.

Eu fiquei observando-o durante os segundos seguintes.

 “Castiel, você é tipo um pequeno príncipe, um poço sem fundo cheio de mistérios”, pensei.

Na manhã seguinte, antes das primeiras aulas começarem, fui até o clube de dança contemporânea falar com Melissa. Eu estava pronta para dançar tudo aquilo que guardei durante anos.

Melissa me recebeu com um sorriso radiante e um abraço de urso.

– Eu sabia que um dia você ia fazer parte do meu navio! – a ruiva colocou as mãos na cintura e esbanjou uma pose de vitória.

– Pensei que vocês fossem dançarinos, e não marinheiros ou coisa parecida... – Armin comentou irônico.

– Somos piratas se eu quiser! – Melissa mostrou a língua para Armin.

Estávamos eu, Melissa, Armin e Rafaela numa quase festa de boas-vindas para mim.

– Eu organizei meu clube numa apresentação durante a feira de artes – Melissa explicou – Mas tenho direito de poder colocar mais duas apresentações. Que tal nós duas fazermos solos!?

– S-solo...? – perguntei assustada.

– Assim você vai espantar a Sophie, Melissa – Rafaela falou enquanto arrumava os óculos – Ela é novata e você já quer colocá-la sozinha?

– É apenas minha intuição me dizendo que ela daria conta muito bem – a ruiva cruzou os braços – Mas vocês estão certos. Eu não vou obrigar Sophie a nada – ela sorriu carinhosamente para mim.

Começamos a comer o lanche enquanto escutávamos as músicas do clube de dança e assistíamos alguns membros treinarem.

– Como vai o seu clube de Teatro, Rafaela? – Melissa perguntou.

– Você é líder dele? – perguntei intervindo.

– Não, sou apenas um membro, Sophie. E Melissa, ainda estão decidindo qual peça nós faremos – Rafaela explicou enquanto dava uma mordida num sanduíche de presunto.

– E você quer o papel principal, não é? – Melissa perguntou maliciosamente. Rafaela corou.

Enquanto isso duas garotas entraram na sala discretamente e se dirigiram timidamente à Rafaela. Elas pareciam ser mais novas que eu.

Rafaela

 

Eram as garotas do clube de artes, as reconheci no momento que entraram na sala. As duas vieram até mim, provavelmente querendo saber se eu havia conseguido.

– Estão lhe chamando na sala do clube, presidente... – uma delas falou. Eu engoli o último pedaço do sanduíche e me levantei.

– Vejo vocês mais tarde. Preciso resolver umas coisas – falei enquanto acenava para o pessoal. Eles fizeram o mesmo para mim.

Quando chegamos ao clube de artes, todos os membros me aguardavam, ansiosos.

– Ok... Eu consegui convencê-lo – falei calmamente, os membros sorriram em resposta e começaram a me agradecer – Vocês estão me devendo uma...

– Claro que sim, Presidente! Agradecemos muito! – o líder falou em êxtase.

– Bem, meu trabalho já acabou, então... – comecei a me retirar do clube, quando um dos membros me chamou.

– Encontramos isso no antigo armário do Lysandre. Talvez ele tenha se esquecido – o garoto me entregou um pequeno bloco de notas. Eu o peguei surpresa e ansiosa. “Achei!”. Por algum motivo estranho eu fiquei muito feliz com isso.

– Obrigada... Vou entregar isso a ele – falei e saí.

Enquanto andava pelo corredor comecei a folheá-lo. Ele era repleto de desenhos de plantas e animais, os únicos desenhos de pessoas eram de uma garota com cabelos claros, longos e lisos, e estava sempre correndo. “Será que é uma garota importante...?”, balancei a cabeça, não era hora para pensar em besteiras!

 Apenas um desenho se diferenciava que era de dois garotos pequenos, um de cabelos pretos como a noite e outro de cabelos platinados e embaixo uma frase: Eu e meu irmão Leigh.

Então tive uma ideia. Peguei meu celular, suspirei fundo e liguei para o número que apareceu na tela.

“Alôu?”, a voz era fina e alegre.

“Rosalya? É a Rafaela, a garota de óculos daquela lanchonete”, expliquei. Havíamos trocado nossos números no banheiro.

“Oieeeee! Garota, precisamos marcar novamente, você e aquela ruivinha são muito incríveis”, ela falou entre gritos.

 “O-obrigada e seria ótimo, mas agora eu queria te pedir uma coisa...”, falei sem jeito. Eu mal a conhecia!

 “Claro, minha flor, mas tem que ser rápida, estou no banheiro durante o horário de aulas então tenho que voltar já já”, ela sorriu.

 “Ai me desculpa!”, o que eu estava pensando em ligar para alguém a essa hora!? “Eu estou tentando fazer o Lysandre voltar para o grupo de artes, ele disse que aceitaria com a condição de que eu arranjaria uma paisagem única para ele. Já que você conhece ele e o irmão dele bem mais do que eu... Pensei que você talvez conhecesse algum lugar que o agradaria”, expliquei o mais rápido que pude.

Foram alguns segundos de silêncio, Rosalya devia estar pensando.

“Tem sim!”, sua voz ecoou para fora do meu celular, “É uma praça que fica de frente para o rio. É um pouco distante da cidade, mas você consegue chegar em meia hora no máximo”, ela começou a me passar o endereço enquanto eu anotava num papel, “O melhor horário é o do amanhecer, antes do Sol surgir”, ela me avisou.

 “Nossa! Muito obrigada Rosa! Como você conheceu este lugar?”

 “Uma vez o Leigh me levou lá..., mas faz um tempo”, sua voz parecia triste. Por que fui perguntar isso!?

 “Ah... De qualquer forma muito obrigada!”

 “Que nada, flor! É bom nos encontrarmos de novo outro dia!”, Rosalya falou e depois desligou.

Pronto, achei o lugar.

Agora era rezar para que Lysandre o aprovasse.

               

               

Castiel

 

– Castiel, se eu fosse esse pastel, já teria sido estrangulado faz meia hora – a voz de Lysandre me tirou das minhas distrações. Olhei para a mão que segurava o salgado e me deparei com um pastel completamente amassado com a força que eu estava colocando. Eu dei uma mordida violenta – Você não vai me dizer o que está te atormentando?

– Não tem nada... – falei impaciente. Coloquei as mãos nos bolsos da jaqueta preta de couro depois de terminar de comer o salgado.

– Você está assim desde ontem de manhã... Fiquei sabendo que uma garota brigou com você na frente de todo mundo – Lysandre falava sorrindo. Ele tomou uma expressão surpresa – Meu amigo Castiel sendo desafiado por uma garota? Essa é novidade! – ele começou a rir – Por acaso você está assim por causa dela...?

Eu bufei e virei o rosto.

Por que estou assim? Eu consegui o que queria, mostrei para todos quem eu sou. Mostrei para ela e agora Sophie deve me odiar. Eu devia estar satisfeito e aliviado. Mas não estou.

Desde ontem de manhã me sinto mal, fiquei repassando na cabeça as palavras de Sophie, repassei também as minhas próprias palavras. Mas que merda, porque eu fui tão longe a ponto de xingá-la?

Por que estou me importando!?

– O Kentin não veio hoje de novo... – Lysandre mudou o rumo da conversa. Eu encarei meus pés e soltei o ar.

– Eu estou preocupado de verdade com aquele cabeça de biscoito – admiti.

A aula iria começar em minutos, então Lysandre e eu começamos a andar pelo corredor rumo às nossas salas. Foi quando avistei a ruiva baixinha que havia abraçado Sophie na manhã de ontem. Vou ser sincero que achei ela legal quando ficou do lado da Sophie enquanto eu dizia aquelas idiotices.

Passamos por ela e percebi que a garota escrevia alguma coisa num cartaz na parede. Parei quando li “Clube de Dança contemporânea”.

Quando a ruiva terminou, ela se virou para mim e fez uma careta de reprovação – Parece que Sophie não é a única que me odeia – eu esbanjei um sorriso sarcástico para a baixinha antes da mesma ir embora. Então encarei o cartaz, nele havia os nomes dos membros, e lá embaixo estava o nome de Sophie.

Eu sorri discretamente.

– Você parece bem feliz agora – Lysandre comentou curioso.

– Talvez... – falei ainda sorrindo e encarando o nome. Pus a mão no ombro do platinado – Lysandre, hoje não vou poder ir ao Tacos com você e os outros. Tenho outros planos.

               

 

Lysandre

 

Às vezes as pessoas tomam atitudes estranhas e fora do comum. Castiel poderia entrar na lista de pessoas que mais faziam isso.

 Primeiro ele parecia com raiva, depois estava pensativo e com expressão arrependida, e agora esbanjava um sorriso sincero. O que ele estava pensado em fazer?

Depois do episódio no corredor, cada um foi para a sua sala. As aulas do dia acabaram e lá estava eu, nenhum pouco ansioso para voltar para casa. Fiquei sentado na minha carteira na sala de aula esperando todos irem embora, eu encarava a paisagem através da janela.

“Será que ela vai aparecer hoje?”, perguntei mentalmente, então achei graça daquele pensamento. Peguei uma caneta e comecei a desenhar o rosto de Rafaela num papel sem perceber, quando encarei o desenho ele parecia incompleto para mim, os ângulos delicados do rosto estavam certos, mas eu precisava da matriz para retratar o brilho das ondas do cabelo loiro, o rosa do lábios – Imaginei se eles eram tão macios quanto pareciam – e principalmente aqueles oceanos claros que eram seus olhos, que sempre pareciam misteriosos e determinados por trás dos óculos.

Então, como se fosse uma ironia do destino, ela apareceu na porta da sala. Escondi o desenho o mais rápido que pude e pus meus olhos nela.

– Eu sabia que ia te encontrar aqui... – Rafaela falou enquanto se aproximava.

– Então qual o trabalho de hoje, senhorita presidente? – perguntei sorrindo de canto.

– Nenhum, estou aqui apenas por você – ela foi direta. “Por mim?”, de repente alguma coisa dentro de mim se acendeu. Impedi um sorriso.

– Em que posso lhe ser útil?

– Eu achei a paisagem que prometi – ela explicou – Fica um pouco distante da cidade, mas é só seguir esse endereço – ela me entregou um papel com informações escritas – A pessoa que me falou sobre esse lugar disse que o melhor horário é o de antes do Sol nascer...

– Então que dia poderemos ir até lá? – perguntei encarando-a. Ela ficou com uma expressão de desentendimento.

– N-nós? Mas quem vai desenhar é você!

– Achou mesmo que eu iria sozinho para esse fim de mundo? – perguntei malicioso. Ela arrumou os óculos e me encarou fazendo bico.

– Certo... – Rafaela falou derrotada – Pode ser nesse fim de semana se quiser – ela revirou os olhos.

– Tudo bem pra mim – falei enquanto arrumava meus pertences. Peguei a mochila e me virei para ela quando estava prestes a sair da sala – Onde posso te pegar nesse sábado?

Por longos segundos ela ficou sem reação – Você vai me levar...?

– Seria mais prático assim... Ou não, se eu esquecer – expliquei levemente sarcástico.

– É bom que não esqueça – Rafaela fechou a cara – Como vamos chegar antes do Sol nascer?

– É só passar a noite lá – dei de ombros. Rafaela recuou – O que foi? – perguntei sem entender sua reação – Não estou dizendo para dormirmos juntos...

– Eu com certeza não vou dormir – ela parecia muito desconfiada. Rafaela pegou uma folha de papel e começou a anotar um endereço, depois me entregou – Eu moro neste lugar. Me pegue às onze horas na minha casa. Pode ser para você?

– Pode sim, presidente.

 

Sophie

 

Agradeci por hoje ninguém ter enchido meu saco. Eu estava muito feliz por ter entrado no clube então não queria que nada estragasse aquela alegria.

Cheguei na casa de Castiel e senti o cheiro forte de lasanha. Meu estômago roncou. “Eu te amo, Tom!”. Tomei banho e troquei de roupa o mais rápido que consegui para ir logo almoçar. Nem me importei com a presença de Castiel, a lasanha estava deliciosa demais para eu prestar atenção em qualquer outra coisa.

Eu estava cheia quando terminei de comer.

– Você come demais – Castiel observou surpreso. Eu sorri sarcástica para ele, o ruivo retribuiu o sorriso – Fiquei sabendo que você entrou para o clube de dança contemporânea.

– As notícias correm tão rápido...?

– Aquela ruiva baixinha escreveu o seu nome no cartaz de membros do clube – ele revirou os olhos – Então tomou coragem.

Eu não respondi, apenas dei de ombros e me retirei para meu quarto.

Depois de cochilar durante uma hora, fui estudar as matérias pendentes. Hoje não era dia de trabalho para mim, então eu teria o resto da tarde livre depois de estudar. “Acho que vou ler um livro...”. Mas quando deu perto das seis horas da tarde, ouvi uma batida insistente na porta.

– Se arruma, rápido! – era a voz de Castiel, ele parecia... Desesperado?

– O que foi? – perguntei sem abrir a porta.

– Não dá pra explicar agora, apenas se arruma rápido! – ele perecia realmente impaciente. O que estava acontecendo? – Precisamos ir agora!

Pensei em mil problemas diferentes que poderiam estar causando essa reação em Castiel. Engoli em seco. “E se, de alguma forma, meu pai fosse a causa...?”. Esse pensamento foi o suficiente para me fazer me arrumar bem depressa. Pus um short jeans, uma blusa regata vermelha e um tênis xadrez e saí correndo pela porta.

– O que está acontecendo!? – perguntei para Castiel. Ele olhou para mim, pegou meu pulso e começou a me puxar.

– Vou te explicar quando chegarmos! – o ruivo falou enquanto descíamos as escadas em alta velocidade.

Quando chegamos na garagem da casa, ele me pôs na garupa da sua moto e depois subiu.

– Castiel! – gritei tentando fazer minha voz ficar mais alta que o vento – Para onde estamos indo!?

Em resposta senti que seu corpo vibrava. Ele estava rindo? Isso era uma brincadeira?

– C-Castiel... Você está brincando com a minha cara!? – perguntei com raiva. Ele começou a rir mais alto. Comecei a ficar assustada de verdade – O que você vai fazer comigo? – perguntei, minha voz demonstrava o medo que eu estava sentindo.

Então Castiel soltou uma das mãos da direção da moto e segurou a minha que abraçava seu tronco musculoso – Não precisa ficar assustada, Tábua, não foi você que disse que iria deixar de ter medo?

– O que quer dizer!?

– Você me disse que eu deveria refletir sobre quem sou, então acabei descobrindo que sou um cara muito sarado, boa pinta, com habilidades invejáveis com a guitarra e completamente charmoso e sedutor – ele falou sarcástico, eu revirei os olhos. Então seu tom mudou para algo mais sério – Além disso, descobri que você estava certa...

Fiquei um tempo em silêncio tentando entendê-lo.

– Mas para onde você está me levando?

– Algum lugar que venda comida – ele respondeu dando de ombros. Em resposta eu o apertei – Au! Olha, se for pra se acalmar, pode ficar com isso – ele me entregou uma faca dobrável.

– Você anda com uma faca!? Como eu posso me acalmar!? O que mais tem no seu bolso, um revólver!?– gritei. Ele suspirou fundo.

– Não... Ainda não posso usar esse tipo de arma – ele balançou a mão como se estivesse entediado.

Eu me encolhi. O que aquele garoto estava pensando em fazer comigo? Decidi pegar a faca e pus minhas esperanças nela.

Quando finalmente paramos, percebi que Castiel havia nos levado a um tipo de livraria cafeteria.

– Fiquei sabendo que hoje iriam fazer citações de “O Pequeno Príncipe” neste lugar, e já que você conhece... Pensei que seria legal – ele estava desviando o olhar.

– Citações? – perguntei radiante – M-mas por que está fazendo isso...?

Ele pôs as mãos nos bolsos da jaqueta e suspirou fundo.

– Apenas queria me desculpar por ter dito aquilo antes – Castiel falou com muito esforço. Percebi que estava incomodado, talvez pedir desculpas não fosse muito comum para ele... – Você vai querer assistir ou não?

Então nós dois entramos. Lá dentro nos sentamos em cadeiras próximas e compramos cappuccinos para tomarmos enquanto assistíamos às citações. Tudo durou mais ou menos uma hora, admito que me emocionei nas cenas com a flor e a última cena do deserto. Pela primeira vez achei Castiel engraçado com seus comentários sarcásticos, todos eles se referiam ao modo como alguns citadores se comportavam enquanto representavam seus respectivos papéis. Pela primeira vez concordei com o ruivo.

– Obrigada... – falei quando saímos da cafeteria assim que tudo terminou.

– Não fiz isso só por você, Tábua. “O pequeno príncipe” era minha história preferida quando eu era criança – ele resmungou. Suspirei fundo e revirei os olhos. “Ele realmente não muda...”, pensei.

Eu estava prestes a retrucar quando vi uma silhueta medonhamente familiar se movendo no bar ao lado da cafeteria. Institivamente tentei me esconder atrás de Castiel. “Ele não pode me ver!”.

– O que está fazendo? – Castiel perguntou surpreso.

– P-por favor, eu te imploro, não chama atenção e me cobre. P-por favor, eu não posso ser vista por e-ele – minha voz era um fiasco trêmulo, eu estava prestes a chorar, mas era necessário controle para sair logo daquele lugar. Castiel me encarou sem entender, por um momento ele pareceu preocupado.

Então o ruivo tirou a jaqueta e o colocou sobre a minha cabeça, depois envolveu meu ombro com o braço. Eu abracei seu tronco, trêmula, e começamos a andar até a moto. Sentamo-nos no automóvel sem chamar atenção, eu sempre de cabeça baixa, e saímos rápido de lá. Passamos quase todo o percurso em silêncio.

– Vamos embora agora? – perguntei, minha voz ainda estava um pouco trêmula.

– Não... Vamos comer de verdade primeiro. Aquele café não matou minha fome – e foi só isso que ele disse.

Chegamos a um restaurante com mesas que ficavam ao ar livre. Este parecia ser um lugar muito caro, era cheio de garçons ricamente uniformizados, as mesas organizadas de forma delicada, várias flores e árvores devidamente podadas, e uma vista para o rio.

– O senhor reservou uma mesa? – a atendente do balcão perguntou quando entramos no lugar.

– Apenas procure o nome... – Castiel ia falando, mas ele me encarou e engoliu em seco. Então entregou algo que parecia ser uma carteira de identidade para a mulher. Para minha surpresa ela abaixou a cabeça e aparentou ficar tensa, depois tocou no microfone ligado ao seu fone de ouvido e falou algumas coisas num sussurro.

Poucos segundos depois, três garçons apareceram para nos levar até uma mesa com vista para o rio e próxima o suficiente do grupo de músicos que tocava enquanto alguns clientes dançavam. Os garçons nos bajulavam de todas as formas possíveis, e, depois que eu e Castiel os dispensamos, eu perguntei:

– O que você fez?

– Apenas tenho alguns contatos – ele deu de ombros sorrindo de canto.

– Por acaso esses contatos seriam um grupo de mafiosos? – ergui a sobrancelha enquanto provava um pouco do Martini que acabara de chegar. Era forte e delicioso. Talvez mais duas doses e eu estaria zonza.

Castiel também apreciava sua bebida enquanto me encarava de forma curiosa, como se soubesse de tudo e eu não – Talvez... – ele respondeu ainda rindo de canto.

– Aqui é caro demais para mim...

– Nem pense em querer pagar – ele cruzou os braços. Eu tentei intervir, mas ele insistiu – Eu que te trouxe aqui a força. E também não aceito ajuda de garotinhas.

Fechei a cara – Vou embora – comecei a me levantar, mas o ruivo puxou meu braço.

– Para de ser complicada... – ele suspirou – Olha eu te trouxa aqui por causa da música. Quero ver se é sério mesmo que você decidiu perder o medo para poder dançar na frente das pessoas.

– Você quer que eu dance daquela forma aqui!?

– Não... Apenas dance – ele deu de ombros e sorriu maliciosamente – Quero ver esse show.

– Ok... – esbanjei um sorriso de cobra para ele e o puxei para fora da mesa – Mas você também vai comigo. Não vou pagar mico sozinha.

Ele me encarou e sorriu – É disso que estou falando – sua voz saiu rouca e sedutora.

Nessa hora o grupo de músicos começaram a tocar um jazz muito animado e vários casais se levantaram para dançar. Primeiro começamos devagar, eu não conhecia ainda o ritmo e era estranho demais ficar tão próxima de Castiel. Depois os passos ficaram mais agitados e rápidos, o ruivo me rodava e me conduzia, hora ou outra errávamos um passo e era bem engraçado ver a reação de dor do outro. Foi uma dança divertida. Então a música acabou e nós dois decidimos ir embora pois estava ficando tarde.

Chegamos em casa rindo mais que o normal enquanto comentávamos sobre quase termos esbarrado num casal.

– Acho que estamos bêbados – falei enrolando a língua.

Você está bêbada – Castiel falou sarcástico – Estou rindo da sua cara – eu mostrei a língua para ele.

– Deve ser muito legal ter uma casa desse tamanho – falei mudando radicalmente de assunto. “Eu realmente devo estar bêbada”.

– Sophie... Sobre aquilo na frente da cafeteria... – Castiel estava sério. O assunto me levou de volta para a lucidez.

Comecei a andar até o sofá, sentei-me nele e abracei os joelhos.

– Era o meu pai... – expliquei num sussurro – É dele que estou fugindo se quer saber – comecei a tremer. Apenas mencionar aquele homem, todas as minhas promessas de ser mais corajosa desapareciam. Pensei que Castiel fosse me perguntar meus motivos, mas ele não o fez. Porém o ruivo se aproximou de mim e me envolveu num abraço.

– Eu só quero que saiba que, enquanto estiver comigo, ninguém vai tocar em você... – seu hálito quente invadiu meu pescoço, a força dos seus braços parecia infinita e, por um momento, me senti completamente segura de todo o mal do mundo. Ele limpou a garganta e se desprendeu de mim. Eu o encarei atrás de alguma expressão de zombaria ou brincadeira, mas só havia sinceridade e cautela em seus profundos olhos cinzentos. Meu coração batia muito rápido – Agora vou dormir...

– C-certo – agora minha voz estava trêmula por outros motivos. Comecei a caminhar até as escadas, mas minhas pernas não estavam me obedecendo completamente por causa do álcool, tanto que, depois do quinto degrau, eu tropecei. Castiel correu para me alcançar, mas nem a força dos seus músculos dos seus braços eram suficientes contra a força da gravidade. Caímos os dois em círculos pela escadaria, e paramos apenas quando alcançamos o chão, o peso de Castiel me esmagava.

– Você me causa muitos problemas... – sua voz era de alguém com dor.

– Você está me esmagando! – falei ofegante. Ele começou a se apoiar nos seus cotovelos e me encarou.

– É porque você é muito pequena – ele sorriu sarcástico.

Nossas cabeças estavam de frente uma para a outra e a poucos centímetros de distância, tanto que sentia sua respiração pelo meu rosto. Seu tórax cheio de dobras de músculos apertava meu busto e principalmente meus seios. Eu conseguia sentir sua pulsação acelerada. Castiel não estava mais sorrindo, sua boca era uma linha tensa e seus olhos me encaravam profundamente. Então ele começou a se aproximar devagar, estávamos tão próximos que eu sentia o calor do seu rosto. Dos seus lábios.

Então o celular do ruivo tocou. Castiel começou a recuar devagar ainda me encarando, sua expressão era um misto de sentimentos indecifráveis. Eu me foquei em tentar controlar minhas próprias emoções. “O que está acontecendo, Sophie!?”, perguntei mentalmente.

– Oi Lys, o que... – Castiel se interrompeu no celular. Sua cara se fechou – Ele o quê!? – o ruivo socou a parede mais próxima – Aquele imbecil... Está certo, eu vou tentar, mas isso não vai ser como das outras vezes – ele desligou e olhou para mim.

– Posso saber qual o problema? – perguntei – Ou é algo sigiloso sobre os seus contatos?

– Não...Eu lhe asseguro que amanhã todos na escola vão ficar sabendo que nosso colega de sala, Kentin, foi preso.


Notas Finais


Espero que tenham gostado desse cap gigante!!! Por favor comentem suas impressões, vocês sabem que amo ler seus comentários e eles me inspiram de verdade!!! Kissus!!!


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