História Dear Friend - 4.No we're not friends

Música do capítulo: Don't Let Me Go - Harry Styles

New York - algum tempo antes.

Taylor'S POV

Vagando. Essa seria a melhor e mais apropriada palavra para descrever as atividades desempenhadas por minha pessoa naquela festa que para salientar não era qualquer festa. Era minha festa de aniversário e por algum motivo eu não conseguia me sentir plenamente feliz em meio a todas aquelas pessoas que eu amava. Algum tempo atrás eu poderia declarar que o motivo de toda essa minha melancolia era o meu ex noivo, Calvin Harris. Que aliás resolveu terminar nosso namoro de uma maneira supersensível e respeitosa. Mas não, não era ele. Eu tinha me livrado de todos os meus sentimentos por Calvin há um tempo e quanto mais eu me perguntava o motivo de toda aquela tristeza mais confusa eu ficava.

Após algum tempo Selena saiu do me encalço e foi conversar com Niall que pelo que eu tinha percebido tinha conseguido encontrar os cupcakes que eu havia guardado para Harry. Ri daquela cena e continuei meu trajeto sem destino certo, passava por alguns amigos e os cumprimentava com alguns sorrisos forçados, mas nada que alguém pudesse realmente perceber, quer dizer, talvez uma pessoa fosse uma exceção.

E ele realmente era.

Os meus saltos de cor nude estavam me matando e todos os sofás da minha sala estavam ocupados. Caminhei com certa dificuldade até o meu lugar favorito do apartamento, a varanda. Era aqui onde eu tinha as melhores inspirações para músicas ou onde eu somente passava o tempo quando não tinha nada para fazer. E naquela noite em especial acho que o senhor universo resolveu me presentear hoje e deixou o céu encantador. Estava mais estrelado do que o normal e a lua cheia tinha um aspecto meio amarelado o que tornava tudo ainda mais mágico.

- O que a garota mais bonita desse lugar faz aqui sozinha? - Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz rouca que aparentava estar ali há um tempo considerável. Era Harry e mais um dos seus trocadilhos que me deixavam sem graça e com as bochechas vermelhas.

- Eu já falei que não é legal você testar as cantadas que sai usando nas garotas mundo a fora com sua melhor amiga - respondi completamente sem graça e apostava um pacote de doces que minhas bochechas pareciam dois pimentões maduros e por isso Harry ria.

- Eu nunca testei uma cantada em você - se defendeu - tudo o que eu te digo sempre é sincero - afirmou com seriedade ou ao menos era o que ele aparentava. Juro que procurei uma pontinha de sarcasmo ou ironia na voz dele, mas não consegui encontrar. Estranhei instantaneamente, afinal sarcasmo e Harry Styles eram coisas que se completavam, como peças de um quebra-cabeça.

- Ok, eu acho que tem álcool demais em seu cérebro - tentei me desvencilhar do rumo que aquela conversa poderia tomar.

Ele segurou meu braço antes que eu pensasse em sair dali. Seus olhos estavam mais verdes do que o normal e seu hálito exalava o sabor de um dos meus vinhos preferidos. Senti aquela aproximação e todo meu corpo se estremeceu. O que diabos estava acontecendo? Quero dizer, é claro que qualquer outra garota não hesitaria em levar aquilo pra longe. Imagina ter Harry Styles em uma cama com você? Céus, Taylor! Enfim, eu era uma exceção, ou ao menos achava que era.

- Bebe comigo - ele pediu com um sorriso gracioso. Ah aquele maldito sorriso.

- Harry - hesitei - você sabe o quão fraca eu sou para bebidas - procurei a desculpa mais fácil - álcool e Taylor são opostos - concluí com um sorriso tenso.

Ele balançou a cabeça como costumava fazer quando ria de algo e me olhou como se eu fosse uma criança, ao menos foi o que aparentou.

- Você nunca ouviu falar que os opostos se atraem, Taylor? - Questionou e eu pude sentir a ironia em sua voz.

- Ah, vamos Harry - tentei mudar o rumo da conversa - nós dois já bebemos demais por uma noite só - dei um riso fraco sentindo as três taças de vinho branco que eu havia tomado fazendo efeito sobre meu corpo. Sabia que se eu demorasse mais um minuto sequer ali alguma coisa iria acontecer e nós dois iríamos nós arrepender por aquilo por o resto de nossas vidas.

Ele deu um, dois, três, quatro passos e então parou. Nossos corpos ficaram próximos, muito próximos. Tão próximos que o alarme de alerta "melhor correr ou você vai quebrar a cara" de Taylor Swift tocou em minha mente. O sinal de alerta só toca quando eu estou em três especificas situações.

A) meu batom está borrado.

B) estou dançando de um jeito mais desengonçado do que o normal.

C) estou prestes a beijar meu melhor amigo.

- Harry, eu... - tentei falar alguma coisa mais minha voz foi interrompida por seu dedo indicador que se encaixou na dobra dos meus lábios.

- Você sabe - pude sentir seu batimento cardíaco acelerar naquele instante - nós dois sabemos. Talvez esconder isso, fingir sermos amigos foi uma boa desculpa para que - ele tomou fôlego - tentássemos reprimir esse sentimento. Mas você sabe, Taylor - balançou a cabeça e seus olhos foram de encontro aos meus - pior que isso, você também sente.

Eu entrei em choque, estática. O que eu deveria dizer? Ok, talvez existisse uma possibilidade remota daquilo tudo ser verdade. Ou talvez eu já tivesse sonhado com isso algumas vezes. Talvez isso justificasse o fato de que eu sempre preciso ligar para o Harry quando estou insegura em relação a alguma coisa e como ele sempre consegue dizer o que eu preciso ouvir nem que seja apenas com um olhar. Mas eu sabia que a partir do momento em que aquelas três palavras saíssem da boca dele.

Nada seria como antes.

- Céus - ele riu - eu realmente gostaria de estar sóbrio para te dizer isso. Eu tentei te dizer isso várias vezes - acho que Harry acabou se perdendo em suas palavras - desde que nos conhecemos. Quando você ganhou seu primeiro Grammy, quando eu ganhei o meu primeiro Grammy ou quando nós passávamos aquelas madrugadas fazendo maratona de todos os filmes de Harry Potter e em todos os momentos que eu estou com você, todos os momentos que eu olho em seus olhos. Taylor, eu só preciso dizer isso uma vez e você só precisa ouvir isso uma vez...

Eu sei que você desejaria me matar nesse momento, mas, eu sabia muito bem o que ele iria dizer e por mais que uma pequena parte minha quisesse ouvir aquilo sair da sua boca, eu não poderia ser egoísta. Era nítido que se ele terminasse aquela frase nossa amizade estaria acabada para sempre. Eu não suportaria que isso acontecesse, preferia amá-lo em segredo isso deu certo até hoje, poderia dar certo para sempre.

- Por favor não diga - implorei sentindo meu coração apertar.

- Eu te amo - Styles ignorou meu pedido e olhando em meus olhos despejou tudo aquilo.

Não sei se era o álcool em nosso organismo falando mais alto ou se era a necessidade de sentir o gosto dos seus lábios ou até mesmo a carência de ambos já termos nos machucado bastante com outras pessoas. Mas nós nos beijamos, não foi um beijo calmo. Era diferente, como se eu precisasse daquilo para continuar respirando. Os lábios dele eram como oxigênio e naquele momento eu queria encher meus pulmões.

...

Selena estava sentada em um dos sofás tão distraída com seus pensamentos que nem percebeu que tinha alguém ao seu lado observando-a. Finalmente se deu conta que um par de olhos azuis estava ali do lado, calado, apenas analisando a situação.

- Você comeu os cupcakes do Harry - a morena se pronunciou - a Taylor vai te matar - zombou.

- Em minha defesa foi tudo ideia do Louis - o loiro riu e acusou o amigo que estava em uma conversa animada com uma loira no outro lado da sala.

- Niall - Selena já sabia onde aquela conversa os levaria novamente e ela não queria isso. Não era justo.

- Nós precisamos conversar, Selena - o sotaque irlandês do rapaz ficou claro. Isso sempre acontecia quando ele estava nervoso.

Algum tempo atrás, durante uma das turnês da 1D,Selena e Niall tiveram um relacionamento. Nada que durou muito tempo, por mais que ele não admitisse seu coração ainda estava ligado a outra pessoa. E nem mesmo com todo o amor e dedicação Selena teria como conseguir isso para si, não até agora.

- Nós já dissemos tudo o que havia para ser dito, Niall - a latina ia se levantando do sofá quando sentiu uma mão segurando seu punho.

O loiro sabia que tinha errado com Selena, mas a verdade é que nem ele sabia o que realmente tinha acontecido. Estava dividido, Jade lembrava ele do passado que gostaria de ter, da tranquilidade que tinha na Irlanda. Já Selena era parecida com tudo o que sua vida tinha se tornado com o tempo, um furacão. E apesar de ser mais nova ela sempre se mostrou mais madura do que muitas das garotas que Niall conhecia.

- Se isso tivesse terminado você não continuaria me ignorando como está fazendo agora - foi direto.

- Eu não evito você - ela riu tentando passar veracidade - nós só não temos assuntos em comum.

A verdade é que Niall e Selena eram o típico casal que só teve início para descobrir se poderiam ter algo mais além de amizade e infelizmente entre eles parece que nem a amizade sobreviveu. Os primeiros meses não foram fáceis para a latina, mas suas amigas ajudaram muito e cada carta que recebia do seu "admirador secreto" deixava o dia melhor, entretanto Niall ainda era uma ferida aberta.

- Por favor, fale comigo - o loiro pediu novamente.

- Sabe, Niall? Está tudo bem - ela suspirou - eu não posso culpar você por não sentir o mesmo que eu sentia, nem sempre as coisas são reciprocas e nós temos que lidar com isso - deu um sorriso melancólico - e querendo ou não eu sabia que você não estava 100% comigo.

O irlandês queria negar, todavia sabia que Gomez tinha razão.

- Selena, eu sinto... 

Ela segurou sua mão e deu um sorriso. Selena não sentia raiva nem tristeza por o relacionamento dos dois não ter dado certo. A única coisa que desejava era a amizade dele de volta.

- Ei, Horan - apoiou a mão no ombro do rapaz - para com esse drama e me dá uma carona para casa que amanhã eu tenho aula cedo e a Demi deve está ocupada agarrando algum garoto inocente por aí.

- Isso quer dizer que você me perdoou? - Horan perguntou ainda duvidoso.

- Isso só depois que você me pagar um chocolate quente - Selena brincou.

E assim os dois foram, juntos, por a noite agradável de Manhattan como se os coisas ruins tivessem sido apagadas em um passe de mágica e elas realmente foram.

...

Tokyo - Dias atuais.

A única coisa que Taylor se lembra daquele dia era de ter bebido demais e ter dormido na casa de Harry, ao menos era isso que ela gostava de acreditar. Entretanto ela tinha consciência do que realmente tinha acontecido aquela noite. Havia deixado seu coração falar mais alto do que seu cérebro e dormido com seu melhor amigo.

Atordoada com aquela situação ela preferiu fingir que aquilo não tinha acontecido. Saiu antes que Harry acordasse e desde aquele dia os dois não tinham se visto pessoalmente. Ela continuava agindo como se nada tivesse acontecido quando os dois se falavam e até mesmo evitava falar com Styles, infelizmente não conseguia evitá-lo em seus pensamentos.

E agora lá estava, Harry Styles, se declarando para ela do outro lado do mundo e com um buquê de cerejeiras japonesas amassadas em suas mãos. Após ouvir tudo o que Harry falou, ela sabia.

Ela sentia o mesmo e não via problema algum em assumir isso, ali e agora.

- Eu também te amo, Harry.

" De repente, não mais que de repente, o amor se fez presente."