Narrador
Débora estranhou o fato de alguém estar batendo a sua porta aquele horário e, ao se encaminhar para abrir, sua surpresa fica ainda mais evidente. Antes que ela possa dizer alguma coisa, Domingos questiona:
•Domingos: Posso entrar?
•Débora: O que faz aqui uma hora dessas?
•Domingos: Logo depois de sua ligação eu me preocupei e resolvi vir pessoalmente saber se estava bem...
•Débora: Conhece uma coisa chamada telefone?
•Domingos: Ô sua mal agradecida, poderia ao menos me deixar entrar... Está garoando, sabia?
Débora dá passagem a ele, que entra tímido. Os dois trocam olhares sem dizer uma palavra, até que ele avista o remédio para dor de cabeça:
•Domingos: Dor de cabeça?
Débora pensa em dizer que sua vida não lhe diz respeito, mas desiste ao perceber que ele estava realmente preocupado:
•Débora: Quem me dera se fosse apenas uma simples dor de cabeça, Domingos...
•Domingos: O que está acontecendo com você?
Diante da insistência dele, ela faz um breve desabafo:
•Débora: Eu juro que estou tentando ser forte, mas está tão complicado...
Domingos se aproxima e, por um instante, hesita em abraçá - la. Ela percebe e declara:
•Débora: Eu não mordo, Detetive...
Ele assente e a abraça. Ela afunda a cabeça no vão do pescoço dele e ele apóia as mãos nas costas dela. Permanecem nessa posição por longos minutos até que ela se desvencilha do abraço:
•Débora: Como conseguiu sair de casa no meio da madrugada?
•Domingos: Deixei um bilhete ao Léo caso ele acordasse e percebesse que não estava... Saí como qualquer pessoa normal... Não é porque sou casado que tenho de viver preso...
Os dois sorriem e ela declara:
•Débora: Só quero ver o que Luciana vai achar disso... Ela já não gosta de mim e você ainda vem no meio da madrugada justamente para minha casa... Se prepare...
•Domingos: Ela é muito possessiva e controladora... Ontem, quando saí com Léo do seu carro ela estava vigiando pela janela, acredita?
•Débora: Não acredito... Ela deveria estar esperando vocês dois...
•Domingos: Ela estava nos esperando para o jantar e eu me esqueci completamente...
•Débora: Óh meu Deus... Como foi se esquecer?
•Domingos: Não esperava lhe encontrar no lago... Quando vi, havia perdido a hora... Sem contar o carinho que o Léo tem por você... Se deixar, ele vai lhe visitar todos os dias no escritório...
Débora gargalha e Domingos se impressiona, mas nada diz:
•Débora: Seu filho é um garoto muito inteligente e especial... Pode levá - lo ao escritório sempre que quiser... Vou gostar muito de revê - lo...
Domingos observa a janela um instante e constata que a garoa se intensificou:
•Domingos: Parece que a chuva veio para ficar...
Quando ele diz isso, Débora se dá conta de que estava apenas de camisola com o hobby por cima. Ela fica visivelmente incomodada, e vai se trocar:
•Débora: Só um instante... Havia me esquecido completamente de meus trajes... Com licença...
Alguns minutos se passam, e ela volta para a sala:
•Débora: Como pode ver, agora estou bem... Não precisava ter se preocupado tanto...
•Domingos: Não quer mesmo dizer o que está acontecendo? Quando cheguei você não parecia nada bem...
•Débora: Mesmo se lhe contasse não adiantaria... Acredite...
•Domingos: Por quê é tão difícil para você dividir os problemas?
•Débora: Sempre resolvi minhas questões sozinha desde muito cedo... Acho que acostumei a viver assim...
Enquanto eles dialogam, as trovoadas e raios começam. Num determinado momento, a energia falta:
•Domingos: Essa não... Falta de energia!
•Débora: Vou tentar achar uma vela com a lanterna do celular...
Domingos vai ajudá - la e ela acaba tropeçando no tapete. Só não vai ao chão ao ser amparada pelos braços dele. Com isso, os dois ficam numa proximidade considerada perigosa demais, onde a única coisa que se escuta são os trovões e as respirações descompassadas. Apesar da escuridão, ambos conseguiam desenhar seus rostos na memória. Domingos quebra o silêncio:
•Domingos: Se machucou?
•Débora: Óh não... Aqui está a vela!
Domingos toma a vela das mãos dela, a ajudando a se recompor, pois estava "agachada", e declara:
•Domingos: Posso me arrepender disso mais tarde, mas estou exercitando meu alto controle desde o momento em que pus os pés aqui dentro... Sinceramente, a luz agora não faz a menor falta...
Ao dizer isso, num ato completamente impulsivo, ele a prensa na parede, deixando - a completamente indefesa. Ela, por reflexo, posiciona as mãos na maçaneta para tentar se afastar, mas é em vão:
•Débora: O que pensa estar fazendo?
•Domingos: Querendo algo que você também quer... Vai negar? Hein?
•Débora: É melhor você ir...
•Domingos: Tem certeza?
Nesse instante, Domingos se aproxima ainda mais a deixando sem saída. Quando seus lábios se tocam, é como se ocorresse uma explosão dentro deles. Como no elevador, os dois duelam por dominância e suas línguas entram em choque. Quando Débora está praticamente se rendendo, a energia volta e eles se separam, instantaneamente. A chuva cessa e Domingos se despede:
•Domingos: Agora que a energia voltou e a chuva parou, é melhor eu ir... Sobre o que aconteceu, eu...
•Débora: Não precisa se explicar... Eu acabei me deixando levar pelo momento e permiti o beijo... Melhor você ir, afinal tem um filho e uma esposa à sua espera...
•Domingos: Você tem razão... Fica bem.
Assim que ele sai da casa dela, sente - se confuso:
•Domingos: "o que você pensa estar fazendo?"
•Débora: "o que esse Detetive está fazendo com minha cabeça?"
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