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História Depois que te conheci - Moral of the story


Escrita por: luzinanda

Notas do Autor


Oi gente, como vocês estão?
Eu vim dar algumas explicações, vai ser longo, mas por favor, leiam.

Eu estou atrasada com atualizações e comentários, sei disso e por isso vim explicar um pouco o que está acontecendo.
Eu moro em Petrópolis e não sei se todos estão acompanhando, mas para quem se preocupar, eu estou bem, inclusive estava falando com a Gabi na hora da tragédia e foi tão de repente que eu só descobri tudo que aconteceu quando minha família começou a ligar. Por sorte minha casa não é área de risco, porém também fui afetada, minha família é dona de comércio e nós estamos basicamente sem nossa renda até que tudo seja normalizado, internet, luz e água estão completamente instáveis e no meio de tudo isso, minha saúde mental foi para o ralo kkkkk descobrir que pessoas que você conhece, conviveu, morreram de formas tão horríveis, eu nem mesmo consegui ficar muito tempo como voluntária, é doloroso e enfim, isso tudo gerou um mix de preocupações em mim e me travou, gente, eu não tô conseguindo escrever muita coisa.
A vontade tem, sabe? Eu quero escrever, eu tô inspirada, mas eu não consigo e me sinto culpada por isso, é uma bosta.

Então estou me desculpando antecipadamente para qualquer atraso mais longo, nenhuma fic será abandonada, eu só preciso de um tempo, gente.

Outro aviso: estou reescrevendo Dead Walking on earth, já mexi nos cinco primeiro capítulos e tenho outros já reescritos aqui, quem já leu me diz o que tá achando 🥺

Boa leitura.

Capítulo 14 - Moral of the story


Então eu nunca te conheci de verdade

Deus, eu realmente tentei

Surpreendida, viciada

Achei que poderíamos realmente fazer isso

Mas na verdade eu fui tola

Pensando no passado, está

Óbvio


Alguém bateu na porta no exato momento que Armin terminou de pentear o cabelo. Na frente do espelho do banheiro, o loiro observou seu reflexo, os fios lisos caindo sobre a testa, formando uma franja alinhada, harmonizando com o rosto outrora infantil, mas agora com uma mandíbula bem marcada, um nariz arrebitado e olhos profundos e azuis e depois de tanto tempo, Armin gostou do que viu.

Não há nada de diferente, ele ainda é o mesmo, o mesmo penteado, as mesmas roupas, os mesmos sonhos e Armin não sabe se entende o que exatamente aconteceu, mas ele gosta, de qualquer forma.

Uma segunda batida, agora impaciente, soou por todo o apartamento e suspirando, Armin correu até lá, estranhando receber qualquer visita a essa hora da manhã.

Atendeu de uma só vez, abrindo a porta totalmente como sempre fez desde criança e foi quase como se um filme estivesse se repetindo em sua mente, em como durante dois anos, na mesma posição e com os mesmos olhos, está Annie, séria e com uma postura que por muito tempo ele acreditou ser intimidadora, isso até quebrar a muralha de gelo em volta dela.

– Levi está? – Annie perguntou, direta como sempre, os olhos passando para o apartamento atrás de Armin, que piscou em silêncio por um tempo, surpreso com a visita inesperada da ex. – Armin.

– Está na aula. – Armin então respirou fundo, ele não se sente paciente como antes. – Posso deixar o recado se quiser.

– Eu quero falar com você. – Annie disse de uma vez antes de cruzar os braços sobre o peito.

Antigamente, Armin encararia a atitude com medo, Annie seria muito para ele e suas bochechas corariam e seus ombros ficariam caídos, mas agora o Arlet conhece Annie o suficiente para saber que isso nada mais é que uma linguagem de insegurança.

E isso é motivo o bastante para fazer Armin relaxar, ele não é o único nervoso ali, afinal.

– Tudo bem. – Entrou e foi direto até o sofá, assistindo Annie cruzar a sala e então sentar em frente. 

Eles se encararam em silêncio, um constrangimento desconhecido surgindo entre os dois, como se fossem dois estranhos, pessoas sem qualquer intimidade se analisando, como se eles nunca tivessem dado as mãos e prometido fazer o outro feliz.

– Você está bonito. – Annie estava analisando Armin agora, a blusa branca, a jaqueta em um tom quente, a calça chino bege e o tênis branco.

– Tenho uma entrevista. – E novamente, o clima pesou, Armin não conseguiu se sentir culpado por isso. – O que quer falar?

– Sobre nós. – Annie mordeu o lábio, cruzando os braços novamente. – Eu ainda gosto de você, Armin.

Armin não respondeu, seus olhos piscando lentamente na direção de Annie, analisando a situação, tentando entender ela, o motivo de dizer isso, por que agora? Foi difícil ignorar a pequena esperança que surgiu em seu peito, a sensação de conforto em escutar isso, mesmo que não seja a mesma de antes, ainda é Annie.

– Annie…

– Nós estávamos indo bem, você lembra? Iríamos nos formar e comprar um apartamento juntos, iríamos ter dois filhos e dois cachorros e uma biblioteca idiota em casa, nós prometemos. – Ela caiu rápido, lágrimas brilhando nos olhos azuis, Armin apertou as mãos em punhos. – Casais passam por momentos, não é? Não podíamos esperar que tudo fosse sempre igual, nós só precisamos nos… adaptar.

– Você se adaptar? – Armin não queria discutir, mas foi difícil segurar as palavras. – As coisas mudaram, nós mudamos e nossos… sentimentos, mudaram, nada é como antes.

– E isso é ruim? – Annie estalou os dedos, Armin sabe que ela está perdendo a paciência. – Podemos lidar com isso.

– Você não entende. – Armin balançou a cabeça, lutando contra as lágrimas se acumulando em seus olhos, ele ainda a ama? Annie foi tão importante para seu crescimento, Armin tem noção disso, ela foi importante o suficiente para marcar sua adolescência, seu crescimento, mas quando foi que ele deixou de ser apaixonado pela mulher que ela é? Armin não sabe. – Tudo mudou, menos você.

– O que isso quer dizer? – Annie piscou, cuspindo as palavras em um tom mais alto, seus ombros caindo para frente. – Não comece a dizer merdas difíceis, você não vai me manipular, eu só quero resolver isso, não é fácil para mim.

– Não tem resolução. – Disse rápido, áspero.

– Armin! – Annie então puxou o fôlego, soltando os braços e agarrando a espuma do sofá com força, suas unhas fincando no tecido macio. – Dois anos, Armin, dois malditos anos e você quer jogar isso fora? Você por acaso já me amou? Você já me quis? Eu fui uma piada para você esse tempo todo? Como você pode-

– Você me traiu! – O grito de Armin fez Annie saltar, ficando de pé enquanto o loiro apenas treme, olhando no fundo dos olhos azuis da Zoe. – Você me traiu. – Disse mais baixo, encarando então o chão, seus ombros tremendo. – Você me traiu. – Lágrimas escorregaram dos olhos azuis, a voz saindo em um sussurro, pequeno, quebrado.

Ele ignorou isso por tanto tempo, a dor coçando lá no fundo, lembrando-o de todas as falhas, de tudo que tinha acontecido até ali, eles tiveram tanto, estavam por um fio, mas ainda juntos. Uma relação poderia ser resgatada, desde que a confiança ainda estivesse intacta.

– Armin. – Annie agora estava de joelhos, também chorando, as mãos tremendo quando as ergueu para segurar no rosto de Armin, encarando-o. – Eu vim aqui, não é? Eu vim atrás de você, eu estou tentando, realmente estou, eu quero que nosso compromisso continue dando certo, nós podemos lidar com isso.

Armin ficou quieto, encarando silenciosamente o rosto de Annie, ele não a ama mais, é tão claro que dói, encarar a loira e se sentir tão desconfortável, como se ela fosse uma desconhecida, alguém que ele não sabe quem é, a casca de quem ele acreditou que era, que seus sentimentos, sua paixão, não são nada além do compromisso entre os dois.

A traição foi mesmo o motivo de tudo isso ou ele já se sentia assim antes? 

– Eu-

– Você não pode jogar essa merda em mim agora, Armin, não seja assim, por favor. – Annie sussurrou, lágrimas escorrendo de seu rosto agora tão próximo.

Eles estavam bem, até ela começar a gritar com ele, normalmente Armin precisava se esforçar, ele não gostava de chatear a namorada, principalmente com coisas tão pequenas, ele se sentia tão idiota, fazendo tão pouco.

E ela o machucava, ele se esforçou e mesmo assim, ela o traiu, mesmo quando ele sabia que o relacionamento não estava sendo saudável.

Levi avisou, não é? 

Armin sempre soube e… tudo bem, ele errou em insistir, mas iria ficar tudo bem, é assim que funciona.

Mas porquê ele simplesmente não consegue? Ele não queria terminar, isso dói, mas ficar ali, escutar cada palavra de Annie, assistir seus lábios se movendo, simplesmente parece errado, não encaixa.

Armin não consegue ceder mais.

– Você não pode me culpar realmente, nós dois estávamos distantes. – Ela continuou falando, ainda firme, ainda intimidadora, mas não como antes, Armin conhece seu desespero.

– Annie. – Seu tom foi firme, mas baixo. – Vá embora.

– O-o que? – Annie então se afastou.

– Vá. – Levantou a cabeça, não há mais espaço para discussão.

– Mas- – Engasgou quando Armin se levantou, ele sempre foi mais alto, magro e esguio, porém Annie nunca se sentiu tão pequena antes, Armin nunca se impôs contra ela. – Foi apenas uma vez, Berthold forçou a situação e eu perdi o controle, você me conhece.

Ele ignorou cada palavra enquanto ia até o quarto, pegando as chaves, carteira, documentos, celular, ele ainda tem tempo para chegar na entrevista.

– Armin! – Annie repreendeu, parada no meio da sala, agora de pé, parecendo furiosa, mas novamente, Armin não respondeu, caminhando até a porta e abrindo.

Annie o seguiu, quase batendo o pé, bufando furiosa, o rosto limpo, sem sinal de choro.

– Armin! – Armin anuiu enquanto vai para fora, se virando rapidamente e puxando Annie junto, sem brutalidade ou violência, apenas um puxão forte o suficiente para fazer a mulher sair do apartamento. Fechou então a porta em um baque, trancando-a enquanto Annie grunhe. – Eu não terminei.

– Mas eu já. – E desviando o olhar, Armin saiu andando, seguindo em direção ao ponto de ônibus enquanto Annie permanece chocada no mesmo lugar, nesse momento, ele não se importa.

&&&

O escritório de Mikasa não é nada que Armin esperava. Ao chegar para a entrevista, o loiro se surpreendeu com o ateliê bem conceituado e decorado, a Luz natural da sala de espera e as plantas fofas e coloridas nas janelas deixando o ambiente inicial relaxante o suficiente.

Incluindo também a recepcionista simpática e gentil, foi fácil se acomodar em uma das cadeiras em um tom amarelo claro e esperar, não falta muito e com as mãos suando, Armin dispensou o celular.

É importante que ele consiga o emprego e mesmo não entendendo nada de moda, o Arlet se esforçou em pesquisar sobre e até tentou ser o melhor possível em suas roupas. A conversa com Annie está enterrada no fundo de sua mente, os documentos separados antecipadamente na pasta e o celular no silencioso, ele está preparado, ele pode conseguir isso.

Isso está acontecendo, ele vai conhecer Mikasa e depois, conseguir o emprego, ele vai conseguir isso, ele é educado, inteligente, Armin sabe que pode, ele só precisa se acalmar, ficar tão nervoso não vai ajudar.

Respirou trêmulo, tentando se acalmar.

Então quase saltou quando ouviu o som de saltos batendo no piso extremamente limpo, alguém se aproximou da recepção, parando perto de Mina, a atendente gentil, e com surpresa, Armin arregala os olhos enquanto observa a linda mulher parada bem na sua frente.

Ela é alta e esguia, a pele bem clara, com cabelos e olhos escuros, uma clara ascendência asiática em suas feições deslumbrantes, muito bem vestida com uma saia lápis apertada, saltos escuros com o fundo vermelho e uma blusa de botões que parecia muito elegante, a pessoa mais bonita que Armin já tinha visto, não só pela aparência, mas por tudo sobre essa mulher gritar presença e se mais pessoas estivessem ali, Armin tem certeza que estariam olhando para ela.

– Ele já está aqui, senhora. – Olhando então para Armin e depois para a mulher novamente, Mina voltou a falar. – Precisa de mais alguma coisa?

– Não, Mina, obrigada. – Sorrindo pequeno para a menina no balcão, Armin pensou ter esquecido de respirar com o som disso enquanto a mulher olha para ele, analisando-o de cima para baixo, intimidante, Armin quis se encolher, suspirando quando ela se aproximou lentamente. – Armin Arlet?

– Sim. – Respondeu baixo, fazendo a mulher juntar as sobrancelhas, ela então cantarolou antes de se afastar e entrar no ateliê, deixando Armin sozinho e respirando fundo ao lado de Mina.

– Ela vai recebê-lo.

– Ela?

– Sim, Mikasa Azumabito, algum problema?

Balançando a cabeça, Armin se levantou desajeitado, pegando suas coisas antes de seguir Mina até a mesma porta que Mikasa passou.

Eles entraram e Mikasa está sentada atrás de uma mesa grande e espaçosa com alguns banquinhos em volta, ela segura um papel com um desenho que não consegue identificar por causa da distância, sobre os olhos um par de óculos com uma armação estilosa.

Isso é estranhamente quente e enquanto Mikasa sobe o olhar em sua direção, Armin troca o peso de uma perna para a outra.

– Pode ir, querida. – Mikasa é suave quando fala com Mina, quase como se elas fossem amigas, a garota acena antes de sair e Mikasa suspira antes de olhar para Armin novamente. – Você é a indicação do Eren.

Não é uma pergunta, mas Armin não se importa em concordar movendo a cabeça.

– Certo, então sente-se em qualquer lugar que quiser, Armin. – Rolando um dedo, Mikasa indicou o lugar e apesar de toda a postura altiva da mulher, Armin sentiu apenas a suavidade em seu tom. – Esse é um lugar de criação, é especial, então tenha cuidado.

Olhando em volta, Armin percebeu alguns tecidos pendurados em um móvel diferente nos fundos, manequins com peças pela metade, roupas em cabideiros, muitos acessórios em gavetas transparentes, sofás e cadeiras nos cantos e armários que ele não faz ideia se tem mais coisas ou não e no centro de tudo, uma mesa enorme em um tom de areia claro com réguas, fitas métricas e outras coisas que ele não conhece em cima.

Um pouco inseguro e murmurando um "com licença", Armin se sentou de frente para Mikasa, no outro lado da mesa, o que fez a mulher levantar os olhos do papel novamente, prestando atenção em sua escolha.

– Sei que essa não é sua área. – Mikasa pareceu cansada e Armin encolheu os ombros. – Mas eu não preciso que faça meu trabalho, apenas o básico, como buscar meu café, levar as roupas para a lavagem, anotar meus recados, atender minhas ligações comerciais e cuidar da minha agenda de eventos, desde que você consiga fazer um bom trabalho, não teremos problemas.

– Certo. – Juntou as sobrancelhas, um pouco perdido com a quantidade de informações, pareceu… intenso.

– Mas eu espero que você aprenda alguma coisa com a experiência. – Sentando e finalmente largando o desenho do que Armin percebeu ser um vestido, Mikasa encarou o loiro nos olhos. – O que você sabe fazer?

– Posso oferecer meu currículo? – Armin arriscou, mas Mikasa negou em um movimento suave, então Armin explicou algumas de suas competências calmamente, levando em conta sua experiência com computadores e programas básicos usados em qualquer empresa, o loiro evitou o olhar de Mikasa e somente quando terminou de falar, ela se moveu, ajustando o corpo no banco.

– Você é habilidoso. – Murmurou e Armin sorriu levemente. – Para sua área.

Armin juntou as sobrancelhas, o sorriso descendo de seu rosto com a resposta, ele não esperava porém também não foi uma surpresa, no fim, Mikasa tem razão. A mulher o encarou em silêncio, talvez esperando que ele reaja? Ou vá embora? Armin não sabe como ler a mulher mais velha, porém ele se sente quase desafiado.

– Posso escrever cem palavras por minuto. – Disse de repente, fazendo Mikasa suspirar e tirar o óculos. – E sou multitarefa?

– Isso é interessante. – Tombando a cabeça levemente, Mikasa analisou o rapaz jovem em seu ateliê particular. – Fará um teste de uma semana, se passar o emprego é seu.

– Sério? – Levantou as sobrancelhas, agora muito surpreso.

– Sim, mas lembre-se, estou fazendo isso pelo meu melhor amigo. – Dobrou o óculos, encaixando na abertura da blusa de botões e cruzou as pernas dentro da saia lápis. – Você tem uma semana para mostrar que merece isso.

Armin balançou a cabeça, impressionado e tímido, mas muito determinado, se ele precisa, então vai dar tudo de si para conseguir, agora só depende dele e se Mikasa continuar desse jeito, não será difícil trabalhar e conviver com ela, pois apesar da postura altiva, Mikasa em momento algum foi arrogante ou impotente com ele.

Ela é uma boa chefe, aparentemente, e Armin gosta de saber que pode trabalhar com alguém assim, que claramente é uma autoridade, mas é respeitada por ter uma atitude madura com seus funcionários.

– Vou pedir para Mina montar um stand para você ali. – Mikasa apontou para um canto vazio nos fundos do ateliê. – Preciso que esteja comigo na maior parte do tempo, aqui e no escritório principal.

Ela então anotou algumas coisas em uma papel avulso na mesa, estendendo para Armin.

– Esse é o salário, a carga horária e a lista de documentos que preciso. – Armin piscou surpreso com a boa remuneração. – Não se engane com o valor, eu pago por seu tempo, então se eu precisar de você, deverá estar disponível.

– Tudo bem.

– Mina já irá trazer o contrato trabalhista, você tem uma semana para analisar e apontar o que gosta ou não. – Colocou novamente o óculos, encarando Armin com seriedade. – Se não gostar, fale, não concorde com tudo, tenha confiança, se vai trabalhar comigo, tem que ser assim.

Mikasa falou um pouco mais, explicando burocracias, o trabalho que deveria fazer, como começar e até mesmo como ele deve se vestir para acompanha-la, não é nada abusivo, apenas algumas dicas de como combinar a estação e as roupas, além de explicar brevemente a história da moda e um pouco do universo em torno disso.

Armin poderia escutar a mulher falando por mais algumas horas, ela é inteligente, paciente e tem uma ótima dicção, porém ele se viu curioso sobre um assunto em específico e quando ficou confortável para perguntar, não conseguiu se segurar.

– Senhora, tenho uma dúvida. – Mikasa anuiu para que continuasse falando. – Se esse lugar é tão importante, porque então decidiu fazer a entrevista aqui?

Mikasa sorriu com a pergunta.

– Porque desde o começo, garoto, eu quis que você ficasse com a vaga. – Ela foi sincera, mesmo que não tenha movido nenhum músculo do rosto, seus olhos são honestos e limpos, Armin gostou disso, um dia eles poderiam se tornar amigos, talvez? – Podemos voltar ao assunto? A partir de amanhã você vem depois de suas aulas, iremos trabalhar aqui nas segundas, quartas e sextas, Mina irá passar o endereço do outro escritório.

Murmurou uma concordância, sorrindo levemente, ele vai dar tudo de si agora, ele vai conseguir esse emprego.

&&&

Isabel está tremendo enquanto espera Levi no lado de fora da biblioteca do campus, a mochila em suas costas parece pesar cinco vezes mais e depois de evitar o namorado a manhã toda, ela se sente exausta, um peso invisível em suas costas.

É dolorido pensar que tudo está prestes a desabar e até agora, ela está sozinha, sem coragem de contar a outras pessoas, seus pais estão fora de questão, Farlan também, Armin apesar de gentil, é muito prático, muito racional e Isabel não sabe se pode lidar com isso agora.

Então restou Levi, que no fim, é a melhor opção, ele é direto o suficiente para dizer a verdade, mas sem intenção de machucar, Levi apenas vai ser honesto e ajuda-la com alguma solução, ele vive sozinho, sem família ativa, se virando a tanto tempo, claro que ele vai ter uma solução, é lógico.

– Isa. – O alvo de seus pensamentos apareceu bem na hora, vestido com um moletom rosa e all star, ele parece fofo apesar da carranca permanente. – Parece que você vai cagar nas calças.

– Vem aqui. – Pegou nas mãos pálidas e pequenas, puxando Levi para dentro da biblioteca vazia por conta do horário. – Precisamos conversar.

– Sim. – Levi pareceu estranhamente nervoso, mas Isabel não deu muita atenção para isso, estava mais preocupada com o problema dentro de sua mochila. – O que-

Não deu ouvidos, puxou Levi até uma das mesas isolada nos fundos, longe de olhos e ouvidos curiosos.

– Oe, acalme-se. – Levi se livrou do aperto assim que chegaram, mas Isabel continuou se movendo, levada por uma coragem momentânea a ruiva jogou a mochila na mesa e então abriu o zíper, enfiando a mão no bolso e tirando uma caixa de lá.

Enquanto abre a caixa lentamente, Levi arregala os olhos em sua direção e com a fitinha fina e branca nas mãos, Isabel respira pesadamente enquanto Levi parece chocado.

– Minha menstruação estava atrasada...

– Você acha que está grávida? – Levi sussurrou desacreditado, olhando para os lados em desespero.

– Eu já fiz o teste. – Isabel estende o teste em suas mãos, os olhos verdes arregalados. – Levi, acho que é um positivo.

– Deixa eu ver. – Respirando fundo, Isabel se vou desmoronando enquanto o amigo lê as instruções e observa o palito com atenção, ele parece estar mais calmo enquanto ela apenas cai, os olhos enchendo de lágrimas. – Você seguiu as instruções?

Moveu a cabeça em positivo e com o olhar que recebeu dele, já sabia a resposta.

– Isa. – Seu corpo cedeu e Levi estava lá lhe segurando enquanto chora, suas mãos agarrando as costas dele desesperadamente enquanto as lágrimas descem e Isabel finalmente percebeu a gravidade disso.

Ela está grávida, com dezessete anos e no primeiro semestre da faculdade, sem um emprego e sem nenhuma estrutura. Isabel não tem estrutura para isso, ela nem ao menos gosta de arrumar o próprio quarto, não gosta de ir ao supermercado e dorme o máximo que pode.

Como ela pode ter um bebê agora? Como ela vai lidar com isso? Seus pais vão… seus pais, o que eles vão pensar dela?

– Tudo bem. – Levi sussurrou, acariciando seu cabelo, suas costas, tentando acalmar a menina em prantos. – Farlan sabe?

Negou com a cabeça, ela não sabe como vai revelar isso para o namorado, justo agora, quando eles estão se conhecendo, se apaixonando, não é justo.

– Seus pais? – Isabel nega novamente. – O que pretende fazer, Isa? Agora é questão de tempo.

Ela sabe.

– Você não está pensando em-

– Não. – Sua resposta fez o Ackerman respirar aliviado. – Eu não sei se consigo lidar com algo assim.

– Sim, é difícil.

– Eu… eu não sei o que fazer, Levi. – Sussurrou, as lágrimas ainda escorrendo, o rosto escondido no ombro de Levi. – Eu só quero que tudo volte ao normal.

– Não dá mais, Isa. – Levi foi honesto. – Você fez isso, agora precisa lidar, tudo bem ficar triste só… conte para as pessoas certas, ok?

– Meus pais? – Levi concordou baixinho. – Não sei se consigo.

– Eles vão entender, sua mãe e seus pais são bons para você, eles vão te apoiar nisso, mesmo te dando uma bronca no processo. – Isabel quis rir, ela sabe que é verdade.

– Não consigo.

– E se você contar a Eren primeiro? – Levi disse após puxar o ar, desviando então o olhar quando Isabel se afastou para encara-lo.

– Por que Eren? – Perguntou confusa. 

– Ele é compreensível, vai ficar um pouco surpreso, mas vai te ajudar com seus pais e te apoiar, ele não poderia ficar bravo com você, nem por isso.

– Como… como você sabe disso? – Isabel piscou, ainda mais confusa, Levi está certo, estranhamente certo, e isso é muito esquisito, por que Levi conheceria tão bem seu padrinho? 

O Ackerman cruzou os braços, olhando para o chão enquanto puxa o ar, Isabel percebe que ele está tentando criar coragem para contar algo, então ela espera.

– O homem com quem sai nos últimos três meses...

– Aquele que Armin sempre te provoca? – Levi grunhe em concordância.

– Sim, ele é… – Olhando agora diretamente para Isabel, não foi difícil para a ruiva entender. – É Eren.

Silêncio. Isabel está em choque, parada encarando seu amigo, ela pensa que ouviu errado, não pode ser Eren, seu padrinho, ele é quinze anos mais velho que Levi, ele nem é gay, é?

Mesmo que fosse, Levi não contou nada antes, nem uma dica. Ele esteve o tempo todo dormindo com seu padrinho e não teve coragem de contar? Por quê?

– Eu não sabia que Eren era seu padrinho até o dia do café. – Contou, encolhendo os ombros. – Mesmo assim, fiquei com medo de contar e você reagir… assim, me desculpe.

O clima é tenso e Isabel não sabe o que dizer, ela é uma adolescente grávida, ela pode mesmo julgar Levi? Eren? Isso é mesmo ruim? Ela precisa ficar brava? 

– Você não me contou. – Sussurrou, esticando os dedos. – Vocês tem uma coisa?

– Algo assim. – Isabel não deixou as bochechas rosadas de Levi escaparem de sua vista e isso foi… adorável, fofo, tão diferente do Levi triste e taciturno do último mês, tão vivo. Então esse é o efeito Eren nele? Se for, Isabel não pode ficar contra.

– Ele te faz bem, não é? – Ainda falando baixo, Isabel sorriu quando Levi desviou o olhar. – É estranho, não sei o que pensar, ainda estou desesperada e com um bebê na barriga.

– Isa…

– Só não magoe ele, ok? Eu não posso escolher entre os dois. – Sorriu mais abertamente, se aproximando para abraçar Levi. – Eren se apega fácil, ele é um grande bobão.

Levi anuiu em concordância, retribuindo o abraço.

– E você precisa contar ao Farlan. – Murmurou de volta, fazendo Isabel anuir dessa vez.

– Eu sei.

– Ele vai apoiar você, suportar isso junto. – Apertou a amiga. – Vocês devem encarar isso juntos agora.

– Sim. – O sinal do próximo tempo tocou, mas eles não se moveram. – Obrigada, Levi.

&&&

– Você parece preocupado. – Armin comentou casualmente, em suas mãos duas xícaras de café. – Acho que precisamos de um pouco disso.

– Obrigado. – Levi murmurou, olhando para frente mas não prestando nenhuma atenção no que se passa na TV. – Estou bem, como foi a entrevista?

– Fui bem, Mikasa me deu uma semana de teste. – Levi seguiu o amigo com os olhos até que estivesse sentado ao seu lado. – Eu ser indicado pelo melhor amigo dela foi o que me deu essa chance, o salário é muito bom.

Levi não conseguiu evitar trincar o maxilar ao ouvir o nome da ex de Eren, por mais que o Jaeger tenha sido claro ao mencionar Mikasa, citando-os como apenas amigos, ainda é difícil ignorar o fato de que eles foram casados, duas pessoas bem sucedidas que deveriam estar juntas até hoje.

E Eren insisti em continuar vendo ele, o que seus pais pensariam?

– E ela?

– Ela está bem, foi gentil comigo. – Levi estreitou os olhos quando Armin corou. – Mas eu queria saber sobre você, está meio distante desde que chegou da aula, o que aconteceu?

– Não é nada…

– É com o Eren?

– Estamos bem.

– Estão, é. – Armin sorriu malicioso. – Então vocês tem alguma alguma coisa agora? São um casal?

– Não. – Levi suspirou, encarando a xícara cheia de café. – Mas ele me convidou para uma festa de aniversário com a família dele.

– Você vai conhecer os pais dele? – Armin juntou as sobrancelhas. – Parece um relacionamento.

– Deveria ser apenas casual, mas… – Levi encarou os olhos azuis do amigo, percebendo as pequenas olheiras e o sorriso ansioso dele, Armin está tentando, não é? Ele é um bom amigo. – Ele disse que quer cuidar de mim.

Virando o rosto para esconder as bochechas coradas, Levi não viu a expressão de Armin, mas escutou com clareza a risada baixa do loiro.

– Isso não é uma surpresa, você sabe, Eren gosta de você.

– Mas é apenas casual. – Levi se virou, encontrando o amigo sorrindo afavelmente.

– Se você está dizendo. – Dando de ombros, Armin se virou para ficar de frente, uma das pernas dobradas no sofá em que estavam sentados. – Mas tome cuidado, ok? Eu me preocupo com você e não quero te pressionar mas… se ele fizer qualquer coisa, se ele te machucar, eu vou estar aqui, sou seu amigo.

Levi olhou para o chão, pensando que se fosse para alguém se machucar ali, definitivamente esse seria Eren, o Jaeger era bom demais para fazer isso, Levi sabe disso, Eren é maduro, gentil, compreensivo, carinhoso, não havia formas do Jaeger machuca-lo intensionalmente, não, se isso acontecesse seria por pura culpa própria.

– Eu não sei se… – Puxou ar com força. – Não sei se depois de Mike eu consigo me entregar assim, com Eren é muito fácil e isso me assusta, me deixa na ponta dos pés e eu não sei se gosto disso, se gosto de incerteza do que vai acontecer com a gente. Eren faz parecer que nada no mundo importa, mas quando eu saio da casa dele é como se o mundo estivesse me esmagando novamente, e então o efeito da bolha some…

– Tudo bem. – Armin sorriu novamente. – Eren é um porto seguro para você, isso é bom, você talvez só esteja se sentindo muito exposto, não é uma coisa comum você se abrir assim e eu estou feliz por isso, é bom saber que você não está sozinho.

– Claro que não. – Bufou, desviando o olhar com as bochechas ainda mais coradas. – Eu tenho você, idiota.

– Sim, sim, mas não desse jeito, hum?

– Annie veio atrás de você? – Sua mudança de assunto fez o loiro vacilar e então suspirar, virando para frente.

– Sim, ela não aceita o fim.

– O que você fez?

– Eu a mandei embora. – Armin juntou as sobrancelhas.

– Boa. – Levi se permitiu sorrir de canto. – Nós somos ferrados.

– Completamente.

– Ah, esqueci de te contar.

– O que?

– Isabel está grávida.

&&&

Eren observou Sasha rodar a caneta de forma impaciente nos dedos, um suspiro cansado escapando de seus lábios.

Desde que o novo sistema foi instalado em todo o escritório tudo o que aconteceu foi loucura, bagunça e reorganização. Demorou para que todos se acostumassem e com a adaptação, surgiram erros.

E agora com Sasha lhe encarando preocupada, Eren espera que o resultado da análise da amiga seja isso, mais um erro.

– Zeke está vindo. – Bateu os dedos na mesa. – Você tem certeza que é isso?

– Sim, eu revi três vezes. – Sasha cruzou os braços. – Tem uma quantia faltando no orçamento separado para a inauguração do restaurante do hotel novo, é um erro da contabilidade ou-

– Vamos esperar que Zeke explique isso. – Sasha moveu a cabeça, impaciente e minutos depois, Frieda bateu na porta, anunciando o irmão Jaeger mais velho.

– Estou aqui. – Zeke estava sério, as sobrancelhas juntas. – Trouxe as impressões que pediu.

– Obrigado, Zeke, sente-se. – Apontou para o lado de Sasha. – Acho que você já sabe o que está acontecendo.

– Sim, tem uma falha na contabilidade, não sei se é o sistema, mas… – O Jaeger mostrou os documentos que estavam em suas mãos. – Eu anotei todas as transações, desde as que aceitei até agora, até às que foram negadas, verifiquei as contas e as quantidades, tudo parece correto.

– Não faz sentido. – Sasha murmurou, lendo os documentos e verificando que sim, Zeke está correto. – Então onde…

– Vou rastrear o sistema e mapear as contas. – Eren suspirou, esfregando as mãos no rosto. – Deve ser algum erro no sistema mesmo, eu sabia que não era confiável.

– Foi você quem quis isso. – Zeke brincou e Sasha sorriu, concordando.

– Você é o chefe, é seu trabalho resolver todos os problemas. – Eren grunhiu fazendo os outros dois soltarem risadas de sua reação. – Acho que preciso de uma pausa.

– Sim, eu estou prestes a dar a minha também. – Zeke se espreguiçou. – Vou levar a gracinha de sardas para comer alguma coisa no café.

– O Marco? – Eren juntou as sobrancelhas.

– Sim, o assistente, ele é bem fofo e parece gostar de flertar.

– Ele sabe aproveitar a vida. – Sasha riu, balançando as sobrancelhas. 

– Espero que não esteja com ciúmes, irmão. 

– Não, ele já tem a gracinha baixinha dele… – Eren mordeu os lábios, balançando a cabeça.

– Sei quem é, ele está sempre lá em casa.

– Já chega de falar da minha vida amorosa, bando de fofoqueiro. – Eren balançou as mãos como se estivesse enxotando. – Xô da minha sala, vão trabalhar.

Os dois gargalharam, mas obedeceram, saindo rapidamente da sala enquanto Eren volta a bater os dedos na mesa.

Marco saindo com Zeke? Isso é novo, estranho, mas nada que incomode Eren, na realidade o Jaeger só consegue pensar em Jean, preso a costumes antigos e assistindo a pessoa que gosta ficando com outras, Eren tem pena dele.

Estar com quem gosta é uma coisa tão… Eren não sabe como descrever.

E é impossível não pensar em Levi e em seu sorriso maravilhoso, nas covinhas em suas bochechas coradas e nos olhos azuis brilhantes, Levi é tão lindo quando sorri, Eren não consegue parar de repetir o momento em sua mente, seu coração batendo forte dentro do peito.

– Senhor Jaeger? – Frieda surgiu na porta, batendo antes de entrar. – Estou fazendo minha pausa, precisa de alguma coisa?

– Hum? Não, eu também vou parar um pouco. – Encarou a assistente, sabendo que seria educado convidá-la para comer junto.

Eren não está realmente incomodado com Frieda, surpreendentemente a mulher não tentou flertar nenhuma vez, nem mesmo olhou mais tempo do que o necessário em sua direção, o que foi um alívio, trabalhar sem o assédio deixou Eren mais a vontade com a Reiss.

– Tudo bem.

– Quer me acompanhar? – Eren perguntou com um sorriso falso, ele não tem muita vontade de conversar com Frieda, mas ela é irmã de Historia, então ele pode lidar. 

– Se for tudo bem para o senhor.

– Estou convidando. – Se levantando, Eren pegou suas chaves e carteira antes de sair de trás da mesa, andando ao lado de Frieda pela empresa até o lado de fora, entrando em um café na esquina, perto o suficiente para que não necessitasse de viagem de carro.

Eles pediram cafés e croassaints, comendo lentamente e em silêncio, este quebrado apenas quando Frieda limpou a garganta, já no fim do seu lanche.

– Senhor Jaeger, eu… – Respirou fundo. – Queria me desculpar.

– E qual seria a razão, Reiss?

– Pode me chamar de Frieda. – Sorriu suavemente, mas Eren não retribuiu, esperando. – Fui incoveniente com o senhor, sendo tão… aberta, peço desculpas por isso, acho que entendi mal a situação.

Eren piscou, largando o café na mesa e então sorrindo também, respirando quase aliviado com as palavras de Frieda.

– Tudo bem, acho que posso perdoar isso. – Brincou, piscando um dos olhos, Frieda concordou com a cabeça. 

– Obrigada por isso. – Frieda então bebeu um gole do café, fazendo uma careta. – Isso aqui está horrível, sinceramente.

– É porque você não adoçou. – Eren apontou para o saquinho de açúcar ainda intacto ao lado da xícara. 

– Precisa? Eu não vi. – Abrindo a boca em surpresa, Frieda fez bico quando Eren riu abertamente de seu erro. – Não acredito que bebi café amargo por burrice.

– Foi só falta de atenção. – Eren continuou sorrindo, achando graça. – Acho que devemos voltar.

– Sim, está na hora. – Com um sorriso, a Reiss observou Eren pagar a conta.


Alguns erros são cometidos

Tá tudo bem, tudo ok

Você pode pensar que está apaixonado

Quando está apenas com dor



Notas Finais


Esse capítulo é do Armin e eu gosto muito disso, posso até prometer um especial com ele mais para frente, com obcenidades e tudo 😌


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