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História Desfocado - Nossa amizade em teste


Escrita por: Laisve e LeChevalier

Capítulo 2 - Nossa amizade em teste


Fanfic / Fanfiction Desfocado - Nossa amizade em teste

 

Assim que cumpriu sua missão, Milo percebeu que tinha pisado na bola, ou algo equivalente a isso com Hyoga. 

Se ergueu e partiu atrás do mais novo, que havia corrido para fora do quarto, para se desculpar. Afinal, mesmo no meio de toda aquela confusão e, apesar de mal terem se visto durante tanto tempo, eles sempre se deram bem e Milo lembrava com carinho do menino tímido e meigo sempre por perto nas brincadeiras. Queria resolver as coisas com Hyoga, mesmo que agora ele fosse um adolescente arredio e silencioso. 

— Camus, eu lhe disse que devíamos ter aberto o jogo pra ele logo de uma vez. Eu não posso crer que ele fez isso de propósito para nos flagrar, não tem outra justificativa. 

— Ah, Dite, relaxa. Milo teve oque mereceu, não gosto da ideia de ter platéia, mas ele queria isso, não queria? Pelo visto ele curte, porquê bloqueou ontem para ver hoje. Acho que pegou gosto. De qualquer forma nós não devemos satisfação a ninguém sobre o que fazemos ou deixamos de fazer, não é?

— Errado você não está, mas acho que ter falado com ele sobre, seria no mínimo um gesto de consideração, você não acha? Aposto que ele está se sentindo excluído. Bem, eu me sentiria, caso fosse comigo.

— Pode ser, mas você viu o que eu vi? Isso vai nos sair melhor do que poderíamos imaginar.

— E porque você acha isso?

— Vamos atrás deles.

Era nítido para Milo que Hyoga queria ficar só, mas de certa forma, ele acreditava que era sua obrigação esclarecer tudo para não comprometer o desenvolvimento saudável do caçula. Milo conseguiu impedir que Hyoga trancasse a porta, quase levando uma portada na cara, lá dentro andava de um lado para o outro, tomado por um nervosismo inédito para si, explicando de forma didática as reações do corpo de Hyoga como se estivesse conversando com um menino de doze anos.

— Hyoga, olha não tem motivos para ficar com vergonha, okay? Os estímulos foram fortes demais, não se preocupe, é tudo normal. Inclusive, eu diria que é um sinal positivo, porque significa que tudo aí está funcionando muito bem! — Gesticulou na direção dos países baixos do irmão de Camus.

— Milo, da onde você tira a ideia que faz sentido me tratar como criança? Eu sou apenas dois anos mais novo que você, pare com isso! Não vou escutar esse absurdo! Não preciso dessas explicações, melhor você sair do meu quarto… Me dá licença!

— Me desculpa, Hyoga...

Hyoga segurava firme no braço de Milo, na tentativa de expulsá-lo do quarto, mediante a sua exposição forçada no quarto do irmão, Hyoga apertou mais o braço de Milo, uma força que fez Milo arregalar os olhos, se surpreendendo e saindo do transe em que se encontrava.

— Milo, precisamos conversar. Mas, não agora. Entende?

Milo apenas assentiu, ambos em silêncio mal se olharam e nesse momento ele já não ligava para o tal relacionamento dos amigos, estava chocado com a possibilidade de ter magoado e ofendido Hyoga. 

Hyoga o conduz com firmeza para fora do seu quarto sem lhe dar qualquer chance de dizer mais nada. Milo apenas escuta o som da porta se fechando a suas costas. Ele a encara por alguns instante e desiste de bater. O outro rapaz foi bem claro. 

Quando Milo se vira, depara-se com os amigos pouco a frente no corredor. 

Camus e Afrodite caminham até ele, com aquelas expressões de paisagem, como se nada tivesse acontecido, tais reações passaram a irritar Milo, que chegou a conclusão nesse momento que esse tipo de atitude por parte daquela dupla é recorrente. Quantas vezes eles não devem ter transado e feito as maiores putarias pelas suas costas e depois apareciam com essas caras de tédio? Nesse mesmo momento Milo esquece da conversa com Hyoga e direciona a sua atenção ao casal, que estancaram no caminho.

— Isso é tudo culpa de vocês por guardarem segredos dos amigos! Que tipo de pessoas são vocês que me escondem um lance desses? Vocês expuseram o Hyoga! Eu definitivamente não acho que ele precisava ver nada disso!

— Milo, não temos nada a ver com isso. Como em primeiro lugar, vocês foram parar em meu armário?

— Ué, vocês fazem as safadezas na minha frente, mentem na minha cara e esperavam que eu fizesse o quê? É óbvio que eu tinha que desmascarar vocês, precisei da ajuda do Hyoga, é claro. 

Afrodite apenas assistia o disparate de Milo, que obviamente não tinha parado para pensar que se havia algum culpado nisso tudo, era ele mesmo. Que cena. 

— Milo, tudo bem. Passou, agora você já sabe que eu e Afrodite estamos juntos. Sem nóia, tá legal? A gente só não contou antes porque ainda não definimos nada e também porque… Bem, eu acho que não é da conta de ninguém, mas se isso te faz feliz, pronto, estamos juntos! Ah… E não se preocupe com o Hyoga, ele tá assim porque é apaixonado por você, sabe como são essas coisas…

— CAMUS! — Afrodite gritou, fuzilando-o com os olhos, a revolta foi tanta que praticamente era palpável.

Camus seguia firme, como se tivesse acabado de falar sobre o tempo, absolutamente despreocupado. 

Milo estava petrificado, ou melhor, mortificado, eram muitas informações em um dia só para sua cabeça. O mundo estava de cabeça para baixo! Até outro dia todos eram amigos vivendo sem segredos e Hyoga era na prática o irmãozinho de todos eles, não? 

A ideia de Hyoga, pauzudo e apaixonado por si lhe eram surreais, tão surreal quanto a possibilidade de ter visto os amigos transando na noite anterior, portanto, de tão surreais, logicamente só podiam ser verdade. Ou não? Seria Camus brincando com sua cabeça?

O fato de que não havia se sentido ofendido com nada daquilo com certeza era um detalhe que não merecia sua atenção imediata, refletiu.

Desde que veio morar na casa com Camus, Hyoga se manteve razoavelmente distante, aliás, de uns meses para cá ele está praticamente invisível, imaginou que fosse culpa da faculdade. O primeiro ano era uma fase de adaptação. Muita coisa nova para absorver, pelo  menos se lembrava de ter pastado um tempo até se adaptar com todas as atividades e responsabilidades do curso, seu estágio de meio período, além de cuidar da organização de uma casa dividida entre amigos e colegas. Eram muitos fatores. 

Por outro lado, Camus conhecia Hyoga por quase toda sua vida… Quando a mãe de Hyoga e o pai de Camus se casaram eles passaram a ser muito próximos, mesmo Camus sendo meio inexpressivo, todos sabiam que ele adorava o irmãozinho, por isso até, ele incluiu muitas vezes Hyoga nas atividades e assim Milo acabou se afeiçoando ao mais novo… 

Jamais passaria pela sua cabeça que o motivo do distanciamento pudesse ser impulsionado por questões sentimentais. 

“Não é possível, não tem como, Hyoga ainda é menino! Acabou de sair da escola, capaz de nunca nem ter tido uma namorada ainda, ou será que não? Desde quando esse menino cresceu? Ele definitivamente cresceu, a prova foi tirada no armário, instantes atrás” — As ideias se atropelavam em sua mente. 

Angustiado, Milo sabia que precisava conversar com alguém sobre isso e definitivamente não podia ser com o recém revelado casal. Precisava ligar para Aiolia. Com certeza ele ao menos o escutaria. Deixou aquela casa no modo automático. 

De volta ao quarto de Camus, Afrodite vestiu sua camisa e aguardou alguma reação do namorado que observava algum ponto misterioso na parede. Sem paciência girou os olhos. 

— Camus, o que você fez? — Afrodite estava consternado com a indiferença do boy, que acabou de expor o irmão sem dó, nem piedade. 

— Ah, ele já está há um bom tempo nesse dilema, foi bom pra ele, agora Hyoga pode tomar um rumo!

— Camus, você não tinha esse direito!

— Da mesma forma que nenhum dos dois tinham direito de se enfurnar no meu armário para nos flagrar, concorda? Bem, fique tranquilo. Hyoga é homem feito, no final de tudo, ele ainda irá me agradecer por isso.

— Ou ele nunca mais te olha na cara, Camus. Vamos torcer para a primeira opção. 

 

***

 

Hyoga, dentro de seu quarto, apoiou as costas na porta agora fechada sentindo fraqueza nas pernas. Tentou regular sua respiração e se acalmar. Apertou a junção entre os olhos e já estava sentindo-se melhor quando escutou a voz de Camus dizendo a última coisa que ele poderia proferir naquele momento. Sentiu seu rosto em chamas. Uma dor na boca do estômago equivalente a um soco o atingiu. Quis gritar. Não conseguiria. “Merda! Merda!” — Sua cabeça poderia explodir agora. Um buraco se abrir no chão e ele ser dragado para outra dimensão. Provavelmente não se morre de vergonha, se fosse possível ele com certeza seria uma vítima perfeita. Com um irmão desses, ninguém precisa de inimigos.

“Só pode ser o fim dos tempos!” — Pensou enquanto deixava seu corpo deslizar até o chão. Sentia que poderia esganar o irmão impiedosamente. Camus não tinha decididamente nada que ter falado isso! Lamentou irritado, mas aqui se faz e aqui se paga e o de Camus estava bem guardado, ou não.

Quando, um tempo atrás, percebeu que o irmão estava analisando sua postura toda vez que encontrava com Milo fez questão de se policiar com mais afinco, decidiu manter uma distância segura de tudo que sentia quando estava perto de Milo. Há pouco a confirmação de que para o outro ele era ainda um menininho de no máximo doze anos. Um disparate sem dúvidas, mas toda aquela conversa receptiva de educação sexual realmente só poderia partir daquele adorável lesado.

Com plenos 22 anos aquele idiota se acha tão adulto que é capaz de acreditar ser da meia idade, delira demais. Há um bom tempo Hyoga havia aceitado que Milo jamais focaria suas atenções nele, o principal motivo era vê-lo como um irmãozinho? Sim, mas o fato de ser rodeado de mulheres e totalmente hétero com certeza influenciava e muito. De qualquer forma, depois do que Camus falou, não teria mais como desconversar, se esquivar como se o que aconteceu no quarto do irmão fosse apenas um momento constrangedor entre amigos como um arroto ou peido barulhento. Teriam que conversar, não poderia fugir disso. 

Se esforçou tanto e por tanto tempo para manter controle sobre essa sua demanda e agora… Tudo jogado no ventilador. Não era assim que planejou seu dia, tão pouco foi assim que projetou que Milo soubesse de seu interesse… 

A bem da verdade seu plano era deixar esse sentimento enterrado e esquecido. Acabaria o dia sentindo-se humilhado, exposto e de pau duro, ainda tinha isso, seja por conta do momento do armário, seja por conta da adrenalina momentânea de sentir alguém expondo suas entranhas a contragosto, ainda teria de lidar com mais essa. Tinha como meta seguir os conselhos de Isaak e aproveitar mais sua juventude, e todas as possibilidades que as férias trariam em breve.

Ledo engano, o quase início de férias começou já de forma vergonhosamente trágica, o que mais estaria reservado para si?

Entre suas pernas o pau latejava. Fechou os olhos. Nunca pensou que Milo pudesse ser tão cheiroso. Estava fodidamente perdido.

Virou para a porta, se colocando de joelhos, abriu o zíper cheio de culpa, hora de rezar a missa. Não seria a primeira vez, nesta, no entanto ele tinha uma memória diferenciada. Milo no seu colo, o perfume dele e seu rosto muito perto. Aqueles olhos se arregalando, a boca carnuda… A memória era tão clara que em poucos movimentos já estava quase. Não seria maravilhoso se ao invés desse desfecho ridículo, Milo estivesse a cavalgar gostoso em cima de si?

Depois de tudo, ali sozinho, ninguém precisaria saber que até da dignidade Hyoga abriu mão. Única coisa que lhe restou de fato foi a imaginação, e se você está no inferno, abrace o capeta, portanto, permitiu se alienar, dando um final muito mais interessante ao ocorrido, um final feliz, onde todo mundo saia sorridente e satisfeito. 

No momento do ápice, se imaginou gozando gostoso dentro daquela bunda durinha de Milo, o outro se contorcendo, a porra escorrendo entre as pernas, até que abriu seus olhos e deu de cara com a realidade, havia esporrado na porta do quarto. 

Se perguntava nesse momento se não havia dado motivos para a nóia de Milo, afinal de contas, não queria ser visto como um moleque, mas nesse exato momento não estava agindo feito um adolescente de 14 anos? “Muito bem, Hyoga, você não é nada virjão”, pensou, sentindo a moleza típica.

Apesar dos pesares, a situação valeu a pena, em um dia muitas revelações vieram à tona, foi Camus saindo forçado do armário, foi a sua própria saída, não que sua sexualidade fosse segredo, mas definitivamente não deveria ser pauta de ninguém. Ao contrário do irmão, Hyoga conversou com a família e Camus sempre ficou introspectivo e agora estava lá, namorando enquanto ele mesmo tinha sido de alguma forma ridicularizado. 

 

***

 

Milo caminhou até sua casa perdido em pensamentos. Só podia ser alguma brincadeira do Ruivo. Se fosse qualquer outra pessoa talvez conseguisse se convencer disso. Camus, porém, não era conhecido exatamente por seu bom humor e jovialidade. Não fazia nenhum sentido. 

Chegou na república que dividia com mais quatro estudantes. Era um sobrado enorme, cada um deles possuía um quarto particular. Subiu para o seu e se fechou lá jogando o corpo na cama. Sabia que não adiantava ligar para Aiolia. Nesse momento ele deveria estar em plena avaliação semestral, apresentação de projeto ou algo assim. O amigo falou repetidamente sobre isso, a única informação que guardou era a de que na sexta deveriam beber até cair, afinal ele estaria finalmente livre dessa tal tarefa. 

Passou a observar algumas fotos em seu celular. Na maior parte delas estava entre amigos, nas aulas, festas ou encontros na casa de algum deles. Em algumas fotos, especialmente na casa de Camus, Hyoga aparecia, sempre tentando evitar as fotografias.

Fixou seu olhar em uma foto que nem ao menos se lembra de ter lá guardada. Foi tirada pouco antes do primeiro ano deles na faculdade. Nela estavam Camus, ele  e… Hyoga. Bochechas coradas e um sorriso bem bonito, ao invés de olhar para a frente, como ele e Camus o mocinho acompanhava os seus movimentos. Engoliu em seco quando se percebeu analisando toda a figura do mais novo. Naquela época ele já não se parecia com um garotinho, tinha que admitir e, agora, bem, não havia dúvidas de que o irmão mais novo de Camus cresceu e não foi pouco. 

O celular escapou de seus dedos e despencou em seu rosto quando vibrou avisando que chegou uma mensagem. Apertou o nariz entre dois dedos fazendo um gesto de negativo com a cabeça. Às vezes se sentia um completo idiota. Sentou-se para ler a mensagem. Era de Afrodite. Ele informou que tentaria falar com Hyoga e que depois eles conversariam também. Pediu desculpas pela confusão. 

— Desculpas… Ao menos o Dite ainda mantém alguma consideração. Mais do que mentir para mim, falar aquelas coisas sobre Hyoga. Que absurdo… 

Resmungou enquanto voltava a pensar sobre Hyoga. Com certeza o rapaz deveria estar muito constrangido. Lembrou do calor dos olhos claros dentro do armário e depois do aperto firme em seu braço e um arrepio lhe correu a espinha. Fechou os olhos e a sensação daquele hálito em sua nuca fez com que os abrisse arregalados no segundo seguinte.  

— Puta que pariu… Não acredito! — olhou para baixo e se deparou com uma inesperada ereção. 

 

 

Continua... 



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