História Dois Irmãos - Que Mala Sem Alça! Parte 2

-O quê? Eu não quero fazer dupla com ele. -Digo me levantando do meu lugar e chamando a atenção de todos para mim.

Eu não tinha muita voz ativa na sala de aula, não gostava de ler textos, fazia por obrigação quando me era solicitado, e quando eu conversava com minhas amigas sempre falava em tom de voz baixo, mas sei lá o que havia me dado naquele momento para falar daquele jeito, com certeza foi a raiva de pensar que eu teria que fazer um trabalho escolar com aquela peste.

-Sophie, sinto muito, mas as duplas já foram escolhidas, se achar ruim, é só não fazer e ficar com 0. -Falou minha professora.

-Droga! -Digo ao me sentar novamente e cruzando meus braços.

Olho para Christopher com cara de reprovação, ele me dá um sorriso mega falso. Reviro os olhos num gesto de indignação, seria a treva ter que aguentar esse idiota.

-Não acredito que terei que fazer o trabalho com a chata da Mayara. -Diz Mika.

-Quer trocar de dupla? -Pergunto. -Tô doando a minha, mas não aceito devolução.

-Muito engraçadinha! Mas eu adoraria fazer com o gato do Christopher, você está reclamando de barriga cheia.

-Pode pegar ele todinho pra você, não suporto esse garoto.

-Ai, só você mesmo por ficar chateada em fazer o trabalho com o lindo do Christopher.

-Falando de mim? -Ele pergunta ao chegar por trás nos surpreendendo.

-Estávamos comentando que eu tive o azar de ter que fazer dupla com o garoto mais chato da sala.

-Sempre amável! -Diz ironicamente. -Mika, como você aguenta ela?

-Também queria saber.

-Hey! Eu tô aqui. -Digo.

-Tô brincando, amiga. -Diz se pondo a me abraçar.

-Acho bom! 

Christopher ri. Merda! Aquele infeliz tinha um sorriso lindo. Reparo em seu sorriso e ele para de sorrir, acho que havia ficado meio sem graça, se é que ele sabe o que é isso.

-Então parceira, quando começamos o trabalho? -Ele me pergunta.

-O mais rápido possível pra gente terminar de uma vez.

Christopher e eu combinamos dele ir à minha casa naquele mesmo dia, no período da tarde. Pelo menos quanto mais rápido a gente começasse, mais rápido a gente terminaria e eu poderia me livrar daquele mala sem alça.

Cheguei em casa e papai já estava saindo para trabalhar, ele iria mais tarde nesse dia.

-Oi meu amor. -Perguntou meu pai assim que eu cheguei em casa. -Como foi a aula?

-Um porre. -Falo ao largar minha mochila em cima do sofá. -Serei obrigada a fazer um trabalho com o garoto mais chato da minha turma.

-E por que ele é chato? 

-Xi, a lista é grande, viu?

-Talvez seja uma boa oportunidade pra vocês se conhecerem melhor.

Fico olhando - o e não o reconheço, aquele diante de mim não era o homem que eu conhecia, meu pai não diria uma coisa dessas se tratando de um homem.

-O que o senhor andou bebendo? -Pergunto.

-Nada. -Diz entre risos. -Vou nessa, qualquer coisa, me liga.

-Pode deixar.

Ele me dá um beijo na testa e sai, me deixando meio pensativa.

Tento ligar para Ethan, queria tanto falar com ele, mas infelizmente o telefone só dava desligado. O que terá acontecido? Será que ele havia trocado de número para não falar comigo? Mas por que Ethan faria uma coisa dessas? Será que eu fiz alguma coisa que ele não gostou? Mas eu não conseguia lembrar de nada, fora que ele não fazia o tipo de cara que fica bolado com algo sem tentar conversar antes, isso tudo estava tão estranho, eu tentava mas não conseguia entender, e por mais que eu estivesse acabada por dentro, eu tentava me manter forte por fora, nunca gostei de demonstrar fraqueza.

16h. A campainha de casa toca.

-Quem será? -Me pergunto.

Vou correndo até a porta de entrada para abrí-la.

-Oi. -Ele diz.

-Ah, é você…

-Sim, fiquei de vir aqui para fazermos o trabalho juntos, esqueceu?

-É que eu busco esquecer as coisas desagradáveis. -Respondo.

-Bela casa. -Ele diz ao entrar sem ser convidado.

Fico olhando - o e tentando entender como ele consegue ser tão intrometido. Ele me olha e sorri, tentando ser sedutor, mas comigo aquilo não daria certo, se bem que ele tinha um belo sorriso, ai, detesto caras idiotas com sorrisos bonitos. Que droga!