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História Equilíbrio. - Fera selvagem


Escrita por: MaurraseC

Notas do Autor


Neste capítulo, encerro a aparição dos anjos por enquanto.
Isso irá abrir as portas para que Rubia e Louis possam se entender melhor, já que seus segredos serão revelados.
Agatha permanecerá com suas suspeitas, mais afiadas.
Contudo, o que quero mostrar com este capítulo é: Hesitação é uma forma de fracasso. Uma vez que tiver decidido algo, busque alcançá-lo. Um dos anjos irá perceber o erro que cometeu em insistir com algo que visivelmente era imutável. Não era um simples "se eu me esforçar, poderei mudar isso", mas ele percebeu que desde o começo, nada podia ser mudado.

Não ouse olhar para trás, depois de ter andando tanto para frente. Isso é desconfiança... isso é Desequilíbrio.

Boa leitura.
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Na imagem: Paula e Gabriel, soldados caídos.
"Nunca abandonar um companheiro, esse é o legado de honra dos soldados".


Artista: Bogdan-MRK
Link: Sniper by Bogdan-MRK
(Obs: imagem meramente ilustrativa, sem vínculos com a história de Equilíbrio)

Capítulo 81 - Fera selvagem


Fanfic / Fanfiction Equilíbrio. - Fera selvagem

— Não podemos mais nos calar, tragam nossas famílias de volta já! — protestavam os civis, e alguns militares, que sentiam saudades de seus familiares deixados na ilha de D´Artagnan. O local em que gritavam era frente ao quartel militar, onde acreditavam que Louis e seus conselheiros estavam; porém, somente Agatha se mostrava presente. Sem sinais de Robert e Alan, ela não poderia recorrer a Louis que estava em sua residência. Precisava de algum jeito segurar o protesto, mas isso lhe impedia de continuar sua investigação sobre Rubia.

Enquanto isso, Louis se deparava com uma ameaça inesperada, Klaeu e Calastiel surgiam na sua frente, vindos do céu e ameaçando contra sua vida. Rubia estava logo atrás, apreensiva, não queria que seus novos companheiros lutassem contra os humanos, que já estavam em prontidão. Paula se distanciava, com seu rifle em mãos, enquanto Gabriel empunhava sua Magnum, eram tudo que podiam usar, mesmo que fossem ineficazes contra a aura alva. O pensamento de usar seus poderes passava pela sua mente, mas Louis sabia que não poderia, em hipótese alguma iria machucar Rubia.

— Vieram me salvar? — perguntou a alcandoriana, encarando-os surpresa.

— Quais as ordens?

— Podem matar — respondeu rapidamente, mostrando sua clara frieza.

— Muito bem — Gabriel se posicionou para correr, destravando sua arma.

— O que? Não! — Rubia tentou segurar o homem, mas fora tarde demais. Gabriel correu em alta velocidade, flexionando suas costas para ganhar impulso.

— Lembre-se...

— Eu sei, não matar — Calastiel deu um passo para frente, e abriu suas asas para intimidá-lo; mas não adiantou, o humano continuou avançando e erguendo a arma, fez dois disparos precisos. O anjo se protegeu com as asas na frente, de forma majestosa. Sua visão estava fechada pela penugem branca, permitindo que Gabriel se aproximasse sem hesitar. O humano passou pela penugem e desferiu o soco preciso, acertando o peito do alvo. Calastiel abriu as asas, mostrando-se imponente. O golpe causado não lhe trouxe desconforto. Gabriel ainda tentou mirar com sua arma, mas o anjo a segurou e, concentrando sua aura na mão, amassou o revolver. Calastiel imaginou que destruindo a arma, a investida do humano se encerraria, mas a conclusão não fora como esperado; Gabriel lhe socou o rosto, fazendo-o virar a face levemente. O olhar selvagem do humano era quase intimidador, mostrando o tamanho de sua determinação. Impaciente, o anjo arremessou o homem para longe, com um golpe de mão aberto em seu tórax.

Gabriel voou e caiu de barriga para baixo. Sua ameaça não era nada para o alcandoriano, que tentou se aproximar, mas o estrondo do rifle de Paula ecoou no ar, obrigando Calastiel a se defender. O homem tentou se levantar do chão, mas era visível sua incapacidade na batalha; o único golpe recebido fora o suficiente para fazê-lo desabar, ainda não perdendo a consciência. Paula fez outro disparo e avançou, continuando a fazer isso até seu cartucho de munição acabar. Ela se abaixou próxima do companheiro, analisando-o: “Aparentemente, não está ferido, fora somente o impacto”, ela concluiu, sem muita confiança. Rapidamente, recarregou seu rifle, mas sabia que não iria conseguir fazer algo efetivo.

­— Não os machuque, por favor — Rubia se pôs na frente, protegendo os humanos. Calastiel abriu uma brecha em suas asas, visualizando a interrupção da alcandoriana. Ele deixou seu olhar semicerrado, em desconfiança.

— Rubia, rápido! Venha até nós — lhe chamou Klaeu, estendendo a mão.

— Não vou deixar! — urrou Louis, num olhar furioso.

— “Louisu” — murmurou Rubia, preocupada com a aproximação dele.

— Vou te proteger, ninguém irá te tirar de mim — repentinamente, ele a abraçou, e desprevenida, Rubia foi golpeada na nuca, desmaiando. Louis lhe pegou nos braços, não a deixando cair, e lentamente a pôs no chão. A expressão dela era de sofrimento, o que lhe deixava mal-humorado. — Você é a única que não pode me ver assim.

— Desgraçado, o que fez com ela? — Klaeu avançou dois passos, enraivecido.

— Me perdoe, Gabriel e Paula, mas infelizmente, não poderei salvar vocês — Louis revelava sua aura sinistra, fazendo o terreno abaixo dos seus pés apodrecer. Os dois soldados ficaram sem reação, estavam espantados ao descobrirem a real identidade do líder dos humanos.

— Aí estar, sua verdadeira face — Klaeu concentrou sua aura no braço esquerdo, pronto para avançar.

— Não vou deixa-lo sozinho — Calastiel se pôs ao seu lado, mostrando que iria lutar junto. Ele também sentia remorso por não poder ter ajudado os humanos na ilha de D´Artagnan; e mesmo repreendendo seu companheiro, o alcandoriano sentia culpa por ter sido um mero espectador do massacre contra os humanos.

— É inútil — a praga de Louis, em forma de névoa, se espalhou infectando tudo a sua frente. Ele estava concentrado, pois temia que o vento levasse sua peste para onde Rubia estava deitada. Paula e Gabriel tentaram gritar, mas não conseguiram emitir qualquer som; fora tudo rápido demais para eles: seus corpos começavam a necrosar em alta velocidade, a pele definhava em podridão e por fim, eles caíram; esqueléticos. Toda a vegetação verde, do jardim, morria; se tornando marrom escuro.

— Fuja! — gritou Calastiel, pegando no braço de Klaeu e o jogando para o alto, saindo da direção da névoa. A podridão voou sobre si, e tudo que pôde fazer foi se envolver com a aura alva. O corpo do anjo ficou cercado, como uma bolha; fora o mesmo que havia feito com Robert e Alan, Louis fazia a névoa girar em alta intensidade.

— Pare com isso! — Klaeu liberou sua rajada de luz, expurgando a peste. Louis ficou surpreso por ver seu poder se esvaindo. Com a eliminação da praga, foi revelada a proteção alva ao redor do anjo. Calastiel estava ofegante, mostrando uma expressão abatida. Seu companheiro se sentiu aliviado ao vê-lo vivo, porém se assustou ao perceber que metade da asa esquerda dele havia sumido; assim como a pele, que tinha pequenas partes necrosadas. A praga do humano o havia alcançado, antes da barreira se fechar; percebendo que a intensa podridão se concentrava mais em sua asa, e caso não resolvesse algo de imediato teria sua vida em risco, o anjo decidiu destruir a parte corrompida, para assim salvar sua vida. Contudo, mesmo estando vivo, seu orgulho como alcandoriano estava manchado. — Você está bem?

— Vou mata-lo — ameaçou. A raiva se mostrava maior que sua expressão cansada, e mesmo enfraquecido, ele avançou alguns passos, enfurecido com a aura alva em seu braço. — VOU MATÁ-LO!

Em alta velocidade, ele avançou contra o homem, que apenas ficou parado. Louis não tinha reflexos rápidos o suficiente para se esquivar, e brutalmente foi agarrado pela cintura, tendo suas costas sendo pressionada pela árvore. Louis sentiu as dores, mas resistiu, e aproveitando a aproximação, tentou usar seus poderes para infectar o inimigo. Porém, Calastiel já previa isso, e rapidamente o girou e lhe arremessou para longe. O homem rolou no chão, ferindo seu corpo. No momento que tentou se levantar, sentiu sua perna sendo agarrada; Klaeu estava nas suas costas, segurando-o e o levando para o céu. Ele tentava ganhar altitude para jogá-lo contra o solo, mas Louis, que estava de cabeça para baixo, tentou se apoiar na perna do inimigo e ganhar estabilidade. Entretanto, Klaeu lhe soltou, temendo ser pego; na queda, Calastiel surgiu e agarrou o homem no ar, jogando mais para cima. O ar rarefeito afetava o corpo do humano, enfraquecendo-o. Louis compreendia que precisava agir logo, mas não conseguia pensar corretamente. De repente, ele sentiu uma pressão forte em suas costas, fazendo-o perceber que já estava em queda livre. O ar rarefeito deixava sua consciência lerda, demorando a compreender os acontecimentos. Mesmo com a visão turva, ele conseguia visualizar a silhueta dos dois lhe observando, e estavam se afastando.

Vermelho... Fios vermelhos surgiam em seus olhos, como se fossem os fios da vida regidos pelas tecelãs do destino. Repentinamente, a escuridão lhe envolveu, numa espécie de cápsula. Ao piscar os olhos, a mesma escuridão fora diminuindo, lentamente. Louis sentiu seu corpo ser amparado gentilmente. Sua visão ainda estava embasada, mas aqueles olhos cor de púrpura eram nítidos. Rubia usara a aura negra para lhe salvar, e agora o segurava nos braços. Ela mostrava um sorriso gentil, enquanto o olhava.

— Rubia? — falou, com a voz fraca.

— Você também é importante para mim, “Louisu”, não deixarei que te machuquem — sua voz era suave, como se fosse um ser angelical. Rubia o pôs no chão, devagar. Era um segredo que ela não queria revelar, mas o momento não era para se restringir. A alcandoriana avançou alguns passos, afastando-se do homem. Louis tinha a visão escurecida, conseguindo apenas ver os longos e ruivos cabelos de Rubia voarem no vento; a aura negra lhe rodeava os pés como se fossem chamas dançantes.

— Não — Klaeu fraquejou, ao vê-la daquela forma. — Por favor...

 — Não somos seus inimigos! — vociferou Calastiel, com dificuldades para planar no ar. — Queremos te salvar dos...

— Vocês machucaram meu amigo — ela olhou ao redor, não encontrando Paula e Gabriel. Imediatamente, concluiu que haviam sido mortos. Sua atenção voltou para os anjos no céu, que estavam apreensivos. — Saiam daqui, não machuquem mais os humanos.

— O que disse?

— Deixem os humanos em paz, eles não precisam de outra guerra... de mais mortes — ela cerrou o punho, lembrando-se de Paula. Queria poder fazer algo, mas caso atacasse só iria iniciar o combate indesejável. “Não se deixar levar pelos sentimentos negativos é mais difícil do que imaginava”, pensou, entendendo pelo qual motivo os humanos agiam tão impulsivamente quando o assunto eram sentimentos.

— Você não entende — insistiu Calastiel —, nós queremos salvar...

— Pare — disse Klaeu, levantando sua mão para seu companheiro. Ele conseguia ver nos olhos dela: determinação e confiança. O trio ficou em silêncio por alguns segundos, como se o tempo tivesse congelado.

Enquanto isso, a população estava amedrontada com a aparição dos seres alados no céu. O pânico era grande, muitos corriam e se escondiam. Os militares estavam se armando, vestindo seus equipamentos e empunhando seus fuzis. Agatha terminava de pôr sua roupa de combate, dessa vez não usaria algo pesado como coletes, que diminuía sua mobilidade e seria inútil contra os seres alados. Ela apenas esperava que todo seu esquadrão se reunisse para poder partir até a mansão de Louis. Sua mente estava inquieta, com pensamentos obscuros, e algo lhe dava o mau pressentimento de que Rubia estava envolvida.

— Vamos embora — falou Klaeu, se recompondo.

— O que? — Calastiel se mostrou surpreso. — Não era você que...

— Eu sei, mas... — hesitou, sem tirar os olhos da alcandoriana. — Essa é a decisão dela, não podemos fazer nada.

— Como pode dizer isso? — seu companheiro lhe agarrou os ombros, desconformado. Sua asa estava destruída, assim como seu orgulho. Ter feito tudo isso em vão não lhe agradava. — Me responda Klaeu!

— Olhe para ela, não é mais uma de nós, é uma humana — declarou, fazendo-o lhe soltar. Rubia se manteve firme, parte dela estava feliz em ouvir aquilo; ser chamada de humana, uma raça que gostava tanto. — Mesmo assim... Eu ainda a amo.

— O que? — Rubia arregalou os olhos, surpresa.

— Desde Alcândor até aqui, eu a amo... Por isso, não posso lutar contra ela — Klaeu mostrou um sorriso conformado, abaixando suas asas, mais ainda no ar. Apenas três dos milhares de alcandorianos haviam despertados sentimentos, isso somente pela vontade de deus. O surgimento de sentimentos num novo ser, ainda em Alcândor, era inédito. Isso aconteceu quanto eles se conheceram pela primeira vez, Rubia não se lembrava, mas eles já viram o mundo humano uma vez, pelo portal entre os mundos. Ver a animação nos olhos dela lhe despertou os sentimentos que guardava até os dias atuais, não somente de proteção aos humanos, mas também com ela. Desde esse dia, Klaeu não teve mais contato com Rubia; e semanas depois, a guerra eclodiu, separando-os e unindo-os novamente naquela situação crítica.

— Amor? — ela sussurrou, desviando o olhar. A aura negra em seus pés havia desaparecido, sumindo com toda a atmosfera sombria. Ainda não estava acostumado sobre os sentimentos, entretanto se sentiu estranha ao descobrir que alguém sentia isso por si.

— Não me venha com besteiras! — Calastiel estava visivelmente enfurecido, não aceitando aquela declaração fútil. Sua mente foi perturbada pela cena dos humanos mortos na ilha; estar tão próximo do assassino deles e não poder fazer nada, mais do que isso... Ver sua ex-comandante protege-lo era pior ainda. — Não me fale de sentimentos quando tantas vidas estão em perigo! Não foi você mesmo que me disse que iria mata-lo para ajudar os humanos?

— Não foi você que me disse que não valia a pena? Você estava certo... Não, eu não posso lutar contra a Rubia.

— Desgraçado, se você não vai fazer nada, então farei! — falou, voltando-se contra ela. Ele mostrou sua aura alva, de forma violenta. Klaeu tentou segurá-lo, mas tarde demais, ele havia avançando em alta velocidade. A mulher estava desatenta, sendo surpreendida pelo ataque.

— Rubia! — gritou Louis, pondo-a para trás. Erguendo a mão, ele liberou sua praga, que avançou contra seu alvo, infectando-o e lhe consumindo o restante de sua carne.

— Não! — Klaeu ficou paralisado, ao ver seu companheiro caindo. Seu coração acelerou, querendo impulsiona-lo para avançar e lutar também, mas sabia que não podia fazer isso; não poderia deixar que seus sentimentos lhe tomassem, e com o coração apertado, Klaeu abriu as asas, preparando-se para ir embora. Louis planejava liberar seu poder novamente, mas Rubia lhe parou, lacrimejante. Ela tentava não chorar com a visão de Calastiel inerte no chão; sua aura ainda tinha um brilho fraco, até sumir completamente. Klaeu deu um último suspiro, dando as costas. Ele hesitou por alguns segundos, mas nada que fizesse poderia mudar a decisão dela, teria que esperar. — Prometo que voltarei para te buscar, você perceberá o erro que está cometendo... Um dia.

— “Kaliel” — Rubia engolia em seco, não querendo se despedir daquela forma. Louis cerrava os dentes, ansiando para mata-lo e eliminar qualquer testemunha do seu feito, que já começava a lhe pesar na consciência.

Louis abaixou os ombros, relaxando a tensão muscular. Os passos começaram a serem ouvidos, surgindo os militares, liderados por Agatha. Logo ergueram suas armas, mirando contra o ser alado que tinha um olhar de pena sobre eles. Num bater de asas, ele voou para as nuvens e desapareceu da visão deles. Rubia pôs suas mãos sobre o peito, sentindo tristeza. As pernas de Louis fraquejaram ainda fracas do desmaio. Agatha lhe socorreu, enquanto Rubia permaneceu parada, olhando para o céu. A mulher encarou a alcandoriana, pelas costas.

— O que aconteceu aqui? — perguntou, percebendo a nítida mudança do terreno: onde a vegetação estava morta e sinais de depressões no solo. Rubia não respondeu sua pergunta, estranhando o comportamento dela. A expressão gentil e infantil dela havia se transformado num olhar melancólico, misterioso. Os militares descasaram as armas, percebendo que não havia mais ameaças. Aceitando o apoio de Agatha, Louis se postou em pé, tentando assimilar tudo o que acontecera. Mostrando um sorriso de satisfação, ele olhou para Rubia, contente por ela não estar ferida. “Sim, ninguém irá te tirar de mim”, pensou sorridente. Agatha percebeu o olhar ganancioso de seu líder sendo desferido para a mulher à frente; era como uma fera selvagem, que ao invés de devorar sua presa, lhe protegia. — O que diabo aconteceu aqui?


Notas Finais


No próximo capítulo:

Sua alma sofre, e pensando em seu amado, ela decide se autodestruir em troca de parar sua adversária. A mulher que estava cega abre os olhos, se questionando sobre suas ações. Um pilar de luz se ergue, iluminando suas almas. As mulheres lutam com todas suas forças... Em busca da liderança.


E que nossos interesses estejam em Equilíbrio.
Até a próxima.


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