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História Essência da Verdade - Olhe bem profundamente


Escrita por: Laisve e MorganaLFay

Capítulo 10 - Olhe bem profundamente


Fanfic / Fanfiction Essência da Verdade - Olhe bem profundamente

 

Camus estava boquiaberto, olhando o belo homem que permanecia de braços cruzados e com o sorriso de relações sociais que havia presenciado na noite anterior. 

O universo só podia estar fazendo algum tipo de chacota com ele. Compensação kármica, pensou ouvindo a voz irritantemente macia de Shaka em sua cabeça. 

Não era possível que ele também trabalhasse ali. Acaso teria que reviver a humilhação e o abandono na noite anterior por mais quanto tempo? 

Não era o tipo de homem que se dava por vencido, mas estava cansativo demais vivenciar a avalanche de sentimentos que o tomaram há alguns horas. 

— Eu trabalho aqui senhor… Camus. — Sorento respondeu sorrindo educadamente.

Camus engoliu seco, aquele mesmo sorrisinho de sadismo soft, o tom de voz entojado e a pose de superioridade. Ah como tinha vontade de dar uns tapas naquele homem! Uns bem dados só pra quebrar essa postura. Uns tapas umas mordidinhas… 

Pensou sorrindo maliciosamente, o que foi claramente observado por Sorento que se mantinha impassível. 

— Por acaso você não dorme? — Camus perguntou debochado olhando para o próprio relógio. 

— Se assim o fizesse poderia jurar que estou no início de um pesadelo. — Alargou o sorriso. 

O sorriso morreu nos lábios de Camus e ele pigarreou; possuía mais de uma abordagem, era apenas questão de equalizar a correta; tentando recuperar o controle da situação:

— Gostaria de ajuda com um livro da vitrine. Você poderia me ajudar? 

— É sempre uma satisfação ajudar o senhor. Venha… Me mostre qual o livro. 

Sorento caminhou até a vitrine sendo seguido por Camus, que mais uma vez olhou o agora livreiro de cima a baixo. Apontou para um quadrinho que estava em pé junto de outros publicações do mesmo estilo. O livreiro torceu os lábios. 

— Por acaso é um presente ou é para o senhor mesmo? 

Camus franziu o cenho com a pergunta, mas decidiu não questionar, ao que parece o rapaz estava realmente tentando fazer seu trabalho. 

— É um presente… Por quê? 

— Posso fazer uma sugestão? — Aguardou a concordância do cliente para prosseguir — Esse quadrinho que o senhor pretende comprar não é de muito bom gosto, digamos assim. Ou melhor, ele atende a um público bem específico. Então, a não ser que o senhor tenha certeza que a pessoa vai gostar, aconselho pedir um selo de troca no produto.

O ruivo ponderou por alguns segundos. Não queria entregar um presente de desculpas que acabasse indicando outra coisa.

— Ok, Sorento. Qual seria a sua sugestão? 

— Venha comigo. — Caminhou até a sessão de quadrinhos. — Já que escolheu uma HQ, imagino que a pessoa em questão goste. Sugiro essa daqui. — Tirou um livro grosso de capa dura da estante e entregou a Camus. 

— Aqui? — Perguntou rindo em seguida. 

— Sim. A premissa dela é abordar a passagem do tempo, mas de uma maneira fora da curva. Nas páginas da HQ ao invés de você acompanhar a vida das pessoas, a grande protagonista é uma sala de estar e suas mudanças durante centenas de milhares de anos. Você vai vendo a construção, a degradação e as pessoas que passaram por aquele ambiente, só que simultâneo. Aqui… — Abriu as páginas da HQ e começou a mostrar - Essa criança por exemplo… — Apontou para uma cena — Ela começa esse movimento de cambalhota em 1987 e em 2001, outra criança termina. Percebe? 

Camus sorriu sinceramente virando as páginas do livro.

— É uma bela forma de falar sobre a passagem do tempo, as mudanças e permanências. Sem contudo ser óbvio. Acredito que seja um belo presente tanto pela temática que é cara a todos nós. Quem nunca pensou sobre o tempo e suas implicações? E também pela arte do material que é uma obra prima. 

Sorento terminou seu discurso e ficou olhando o ruivo que ainda sorria e folheava o livro. Ele fica mais bonito quando sorri assim, sem nenhum tipo de máscara. Pensou enquanto observava o francês e admitia que a pele de alabastro se sobressaia naquela roupa escura e que os cabelos ruivos, de um tom muito peculiar, mesmo presos, pareciam transformar o castanho daquele olhos em um vermelho intenso. Olhos de coelho. Sorriu.

Percebeu que o ruivo tinha uma bolsa de academia nos ombros, e que mesmo que não ornasse com o restante do visual, não era o suficiente para deixá-lo menos elegante e altivo. Definitivamente, era um homem irritantemente bonito! Pendurado na bolsa tinha um par de luvas. Sorento ficou intrigado, não imaginava que ele lutasse. Tudo bem que aquele corpo não seria mantido com a quantidade de cervejas que o ruivo havia bebido na noite anterior, mas em nenhum momento passou pela cabeça dele que ele praticasse algum esporte.

Interessante! 

Camus desviou os olhos do quadrinho, no intuito de demonstrar seu agrado com a sugestão e viu que era atentamente observado pelo garçom-livreiro. O olhar do rapaz repousava sobre as luvas de Muay thai.

— Também gosta de lutar? — A pergunta foi feita em um tom de malícia e ambiguidade. 

Sorento suspirou. O sorriso verdadeiro tinha sumido da face do ruivo. Vem fácil, vai fácil. Sabia muito bem o tipo de luta a qual o outro estava se referindo. 

— Sou versado em outro tipo de arte senhor… Camus. — Sorriu polidamente.

Camus o encarou por alguns segundos apreciando a resposta. Pensou em dizer algo mais, porém, recordando que suas investidas na noite anterior foram rebatidas com precisão cirúrgica, decidiu por repensar sua estratégia. De todas as opções vigentes essa parecia ser, afinal, a menos problemática. 

— Você parece familiarizado com o livro, faz tempo que tem ele?

— É uma leitura fascinante, mas não possuo um exemplar, li aqui na loja. Algo mais em que possa ajudá-lo? 

Mais uma vez Sorento foi brindado por um sorriso honesto e devastadoramente belo. E teve que finalmente conter um ligeiro tremor. O ruivo talvez não soubesse, mas fora do personagem caçador era muito mais impressionante e arrebatador. O agora livreiro aguardou alguma resposta recheada de terceiras intenções, mas apenas recebeu um meneio de cabeça. 

— Obrigado, por hoje é somente isso, vou dar mais uma olhada pela loja. Mas sua ajuda foi preciosa. 

O livreiro sorriu ao perceber a sinceridade nas palavras do ruivo e caminhou entre as estantes retomando seu trabalho. Sempre existia alguma coisa para arrumar. 

Camus sorriu enigmático acompanhando o jovem se afastar. Permaneceu um tempo com o livro indicado em mãos acompanhando o último esvoaçar de cabelos até perder Sorento de vista. Olhou para a estante e pegou outro exemplar do mesmo livro. Com um um sorriso maroto e um olhar quase divertido dirigiu-se ao caixa. 

Sorento viu pelo canto do olho a passagem do ruivo que hoje não parecia tão psicopata e deu de ombros. 

Camus fez o pagamento dos livros, pedindo que ambos fossem embrulhados para presente, contudo, sem o selo de troca. Comprou também dois cartões e escreveu uma mensagem dentro de cada um deles, pedindo para que as embalagens fossem identificadas. Isso feito, guardou um dos livros dentro de sua bolsa e saiu com o outro na mão. 

— Com licença… 

Sorento olhou confuso. O que mais esse homem pode querer? 

— Pois não? O senhor precisa de mais alguma coisa?

— Na verdade sim. Duas para ser exato. Primeiro, queria saber se existe mais algum lugar randômico no qual eu possa te encontrar. Assim o susto fica menor.

— Humm… Aulas particulares de flauta. 

Camus ficou ligeiramente vermelho, mesmo que a frase não tenha sido pronunciada com nenhum tom de malícia ou ambiguidade. Entendeu um pouco tarde o que o rapaz quis dizer com “Versado em outra arte”, mas agora sabia que sua face entregava o rubor e seguiu com a abordagem.

— Entendi. Quem sabe um dia…

— E a segunda coisa? 

— Ah sim… — Camus esticou o pacote de presente. — Para você. 

Sorento ficou um tempo olhando a mão esticada antes de pegar o objeto com movimentos quase vacilantes. 

— Obrigado pela dica… Até a próxima, Sorento. — Piscou charmoso.

O livreiro balançou a cabeça negativamente mediante a ininterrupta tentativa de flerte e aguardou a saída de Camus abrindo a embalagem de presente em seguida. Sorriu abertamente ao ver um cópia da HQ que havia indicado e retirou o livro do embrulho.

Um cartão caiu no chão, quando abriu a capa do livro e ele leu a mensagem: “É sempre bom pensar nas implicações do tempo e em suas mudanças. Quem sabe assim, você não muda a ideia errada que deve ter sobre mim e eu deixo de configurar seus pesadelos. Obrigada pela sugestão. Camus.” 

Depois do nome tinha um número de telefone. 

Sorento guardou o cartão dentro do livro e encaminhou-se até o seu armário para guardar o presente. Ele é mais interessante do que eu imaginava. Fechou o armário sorrindo e voltou ao salão a tempo de ser abordado por uma família e o sorriso sincero se tornar um suspiro cansado. 

 

***

 

Não encontraria adjetivos para nomear a última noite. Nada educado ao menos. Estava envergonhado, emputecido e principalmente com tesão. Tesão e tristeza eram uma combinação adolescente demais para ele. Sabia ser ainda jovem, mas sua alma, bem… Possuía uma alma velha. Velha e raivosa. 

Percebia já há algum tempo a movimentação pela casa. Ou apartamentinho. 

Pelos sons pode mapear que Hyoga levou as roupas para a lavanderia do prédio, tinha lavado o banheiro, provavelmente voltou da lavanderia. Fez uma vitamina, lavou louça e recentemente saiu novamente. 

Podia quase ver a alegria dele escorrendo feito porra e glitter pelas paredes. Queria se alegrar pelo amigo, mas não conseguia, pelo menos não enquanto estava sozinho no seu quarto sem nenhuma necessidade de fingir estar tranquilo e desinteressado. 

Deitado de lado na cama observava que a parede do quarto, carecia de alguns reparos, tão quanto sua alma. A intranquilidade do sono não havia ajudado a organizar as ideias sobre o que tinha acontecido na noite anterior. Só era nítido que parecia ter protagonizado uma das cenas de ciúme mais ridícula que se poderia noticiar, mesmo que não conseguisse admitir isso. Tudo aquilo o incomodava profundamente! 

Não gostava de perder o controle das situações nas quais se inseria, muito menos das relações que travava com outras pessoas. Mas Kanon, tinha sido um singularidade desde o primeiro encontro. Por mais que a princípio tivesse optado por não mergulhar no oceano que era aquele homem, quando percebeu já estava sentindo ímpetos de desfazer no murro o sorriso de um certo ruivo desagradável. Estava cansado! 

Ao menos parecia que Hyoga tinha aproveitado a noite. 

O Pato era um bom amigo, não tinha do que reclamar, mas ele… Bom, Isaak não tinha chegado a nenhuma conclusão sobre suas atitudes na noite anterior e comparar seu estado de espírito com o do amigo não era algo animador.

Abriu a porta do quarto e sentiu o cheiro de limpeza. O amigo não tinha apenas lavado o banheiro. Ele arrumou toda a residência. Um pequeno sorriso. "Hyoga deve estar mesmo muito contente para incorporar a dona de casa zelosa!". 

Confirmando que estava sozinho foi ao banheiro e depois de aliviar todas as suas necessidades biológicas tomou um banho. 

Tentou não bagunçar nada. Voltou para o seu quarto e se vestiu com uma bermuda de tecido tactel verde escura e uma camiseta branca.  Arrumou sua cama e abriu a janela. O dia estava quente, uma brisa fresca, entretanto, deixava o clima muito agradável. 

Ligou seu celular. Logo os avisos de ligações perdidas e mensagens brilharam na tela: uma ligação perdida de Kanon, poucos minutos depois que o mandou deixar a casa. Suspirou. 

As mensagens: uma de Thétis reforçando que não deveria se atrasar e agradecendo pelo apoio na noite anterior. A segunda era de Bian contando que estava com sua parte das gorjetas coletivas e que lhe entregaria mais tarde. 

Nesse momento escutou a porta da entrada sendo aberta por Hyoga. Caminhou até a sala onde viu o amigo tirando frutas, verduras e mais algumas coisas de uma ecobag. Aparentemente tinha voltado da feira. 

— Bom dia, Isaak. — Hyoga cumprimentou com um sorriso. — Quer que eu prepare algo para você comer?

— Olha só… Ganhei uma mãe ou uma esposa de uma hora para outra? — Questionou mal humorado. 

Hyoga olhou o amigo por alguns minutos analisando o rosto cansado e chateado do outro.

— Mãe ou esposa eu não sei. Mas um amigo você sempre teve. Quer conversar? 

— E desde quando falar vai resolver alguma coisa?

— E não falar vai? 

Isaak se deu por vencido, sendo seguido por Hyoga sentaram no sofá da casa. 

— Não sei muito bem o que dizer… Ou como dizer…

— O que te fez colocar o Kanon para fora? Achei que você queria aquele homem mais do que tudo. Estavam quase transando no carro mesmo. 

— E eu queria… Quero… Ah Hyoga… Não sei se isso de desabafar vai dar certo! Você sabe que não faz muito o meu feitio. — Sorriu entristecido. — Acho que prefiro comer alguma coisa e quando estiver melhor comigo mesmo a gente conversa. 

Hyoga suspirou, passando a mão pelos cabelos. Isaak era difícil, mas aquela amizade era muito valiosa. 

— Como preferir. Vou preparar algo pra você comer.

— Valeu… Mas… E você e o Milo? Tem um tempo que não vejo tanta animação vindo de você, meu caro Pato. 

Hyoga revirou os olhos com o apelido besta, e se empenhou em fazer uma vitamina enquanto contava o que tinha acontecido na noite anterior. Mantendo os detalhes mais íntimos, claro. Isaak ouviu a história com sincera curiosidade, um pouco de culpa por ter interrompido indiretamente o momento de Milo e Hyoga e quem sabe uma pitada de inveja. Não inveja da pegação, mas da presença de espírito e cumplicidade entre aqueles dois que haviam literalmente acabado de se encontrar pela primeira vez na vida. Acaso não fosse sua crise… Ainda negava que pudesse ter sido uma crise de ciúmes, estaria acordando ao lado de Kanon e tomando o café da manhã com ele.

Suspirou. Aquele grego maldito o faria enlouquecer!
 

***

 

As batidas violentas na porta entraram lentamente na mente imersa no sono do homem que se esparramava entre lençóis sedosos. Uma tela em mais de um tom de preto para o corpo escultural. Uma estátua grega. De beleza a fazer inveja para qualquer habitante do Olimpo. Saga dormia nu. Abriu os olhos.

Às vezes se perguntava qual o motivo de pagar uma taxa de condomínio obscena se em mais de uma ocasião os vizinhos de seu apartamento se comportavam como se aquele luxuoso prédio fosse um cortiço vertical. Pela penumbra do quarto sabia que era ainda bastante cedo. 

Alcançou o pesado relógio de pulso dourado que repousava em sua mesinha de cabeceira e confirmou sua impressão. Cedo! 

Levantou-se impulsionado pela irritação direcionada ao ser abusado que ousava espancar sua porta. Antes de deixar o quarto pegou um robe negro e se vestiu com ele, cobrindo seu quadril e deixando parte do peito a mostra. Caminhou rápido, mas sem correr. Abriu a porta sem verificar o olho mágico e foi como se deparar com um espelho. Um espelho que te deixa menos elegante, é verdade, mas o ar de descuido de Kanon também tinha seu charme. 

— Tudo isso por saudade?

Sorriu de forma a transmitir que era ameaçador e amistoso ao mesmo tempo, uma equação somente alcançada por Saga.

Kanon encarou seu gêmeo, mais velho 3 minutos e 33 segundos. E sem sorrir apenas decretou:

— Preciso de respostas. É urgente.

O gêmeo mais velho abriu espaço para que o outro adentrar sua morada e com uma sobrancelha arqueada perguntou enquanto fechava a porta após a entrada do irmão.

— Aconteceu algo com os velhos? Falei com minha Mãe há dois dias e estava tudo bem! 

"Minha Mãe"... Kanon se conteve para não repetir estas palavras cuspindo desdenhoso. 

— Não é sobre eles. 

— Nesse caso você podia ter esperado até o almoço, não Kanon? Eu preciso de todas as minhas horas de sono. Trabalho pesado a semana toda. Vida de advogado não é mole não...

— Não dormi quase nada também, por isso serei breve. Preste atenção: cabelo liso, longo e ruivo, num tom bem escuro de vermelho não cobre. Quase tão alto quanto a gente, pele clara, magro e muito muito bonito. Sabe de quem estou falando?

— Hunmmm… — Saga o olhou sem entender por alguns segundos e então seu semblante se iluminou — Francês, certo? Nossa! Vocês se conhecem?

Kanon quase literalmente murchou na sua frente e Saga estranhou a reação do irmão.

— Quando você ficou com esse cara, Saga? Me responde sinceramente, como foi esse relacionamento e da onde você conhece ele? 

O gêmeo mais velho notou que aquelas respostas pareciam importar genuinamente ao irmão. Kanon torcia mentalmente para ser algo recente. Algo bem recente.

Saga, por sua vez, mapeava quais seriam as motivações que levaram a aquela conversa randômica. A noite com o ruivo havia sido intensa e deliciosa, mas já fazia tanto tempo, realmente não era de seu feitio ficar remoendo encontros exclusivamente pontuais. 

— Me explica o motivo do interrogatório. Não estou gostando das suas expressões. 

— Pelos Deuses, meu irmão, por favor responda! 

Saga jamais admitia ser pressionado, mas sentia em si a angústia do irmão. Não era homem de tirar conclusões precipitadas e julgou que o caminho mais rápido para receber suas respostas seria fornecendo as que Kanon solicitava. O tal homem parecia, afinal, fazer parte de algum enredo importante para seu irmão mais novo. Ele só não conseguia prever qual, afinal até onde se lembrava o tal ruivo era provavelmente alguém da área das Artes; afinal por qual motivo estaria em uma vernissage tão seleta?

Não eram muitos os convidados. Ele mesmo havia conseguido apenas 2 convites e os passara para o irmão que agora o pressionava. 

— Por volta de 3 anos atrás? Talvez menos, bem provável mas não tenho certeza exata da data apenas puxando pela memória, foi em um evento de lançamento de um dos artistas plásticos que a firma representa, o sueco, Nyman, aquele das rosas… Aliás, deixei na sua portaria dois convites, mas claro ninguém compareceu! Enfim, nessa vernissage conheci o Francês, honestamente não me lembro se ele era artista ou merchant. Me pareceu carregar um pouco no sotaque, mas pode ser que fosse pelo prosecco ou pelo vinho. — Saga adquiriu um olhar sacana e sorriu coçando o queixo como se tivesse rememorando momentos bem sórdidos — Era um cara interessante e culto. Passamos uma noite bem… Única juntos. Mas não trocamos contato. Nunca mais encontrei com o sujeito, tão pouco o procurei. Entretanto, confesso que valeria a pena. Agora me explica. O que aconteceu? 

— Você lembra do nome dele?

— Me lembro. Não falo mais nenhuma palavra antes que me explique que merda está acontecendo. Estou me irritando. 

— Eu dei os ingressos para o Milo, estava tudo muito corrido com as questões do mestrado e da minha viagem naquela época… Achei que ele pudesse aproveitar… 

Kanon se apoiou no sofá muito pálido.

Parecia que de alguma maneira a culpa pelo que tinha acontecido era sua. Ele sabia racionalmente que não, mas sentia um peso enorme sobre seus ombros. Meses depois daquela noite ele também havia sido traído e a dor demorou muito tempo para cicatrizar. Às vezes ainda se perguntava se havia cicatrizado completamente. 

Essa situação era imensamente desconfortável. 

Saga fez um gesto com as mãos para que ele se sentasse, mas que continuasse falando. Não conseguia decifrar o que se passava no interior do mais novo e a miscelânea de reações em seu rosto estavam tornando aquele momento ainda mais inquietante. 

"O que raios tinha o Milo a ver com essa confusão?" Refletiu aguardando a argumentação do irmão.

O mais novo obedeceu e respirando fundo pronunciou de uma só vez:

— Saga, você passou uma noite com o namorado do Milo! 

— Mas… É… O que?! 

Foi a resposta do advogado enquanto sentia suas pernas fraquejarem e o coração acelerar.

 

 

 

 

Continua...


Notas Finais


Ponto para @paragotte , @fefa_chan e @WaNanda

acertaram na mosca quem atendeu nosso Boy-Lixo predileto na livraria.

Deixamos a primeira noite para trás e agora vamos avançar. Expectativas? Hunmmm

Saga deu as caras peladão, afinal... é para isso que pagamos internet!


Link para saber qual foi a HQ sugerida por Sorento:

https://www.amazon.com.br/Aqui-Richard-McGuire/dp/8535928723




Todas bem? Estamos nos divertindo muito com essa fic e vocês?

Obrigada pela companhia.
Nos vemos em breve!

Beijos
<3 <3


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