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História Eu tentei - Instinto animal


Escrita por: Eric_Elgae

Notas do Autor


Oie pessoas queridas!

Adiantando o capítulo por que o feriado tá aí e a mana pediu encarecidamente...haha

Quero mais uma vez agradecer a companhia e o carinho de todo mundo que marca presença por aqui.

Avisos especiais:

Hote tem sexo. Zoofilia. Se não quiser ler, siga as seguintes instruções:
Vá até essa parte que vou colocar aqui

Ele sequer esperou resposta e já saiu indo pro meio da confusão. Não era nada demais na verdade, apenas dois cachorros latindo feito loucos um pro outro. E olha que ainda estavam nas mãos dos donos. Ao nos aproximarmos, ouvimos um bate boca.

-Ele só faz isso por um motivo.


Por que isso? Por que tem algumas explicações antes da parte mais tensa, até essa parte está tudo mais tranquilo. Mas tem explicações do por que tudo ocorre, então como vocês sabem que eu não coloco coisa de graça, só pra chamar atenção, leiam devagar. E apesar do teor, não há violência contra animais!

Boa leitura, nos vemos lá embaixo

Capítulo 6 - Instinto animal


Fanfic / Fanfiction Eu tentei - Instinto animal

 

Mais uma semana se arrastou. Saori me disse que Saga pedira de exercício uma folha contando sobre as pessoas mais próximas de mim, e o que achava delas. Continuando a meditação, eu podia esquecer o exercício dos elogios.

Falar dos outros era mais fácil, e o que eu pensava deles também.

Shun era sensível. Shiryu era sem graça. Hyoga era melindroso. Seiya era teimoso.

E por ali a lista corria.

Na sessão com Saori contei meu incômodo por Saga agir feito louco. Era inadmissível que um psiquiatra socasse o paciente, e risse da cara dele.

-Saga te incomoda?

-Muito.

-Mas ele é o melhor Ikki. E queira ou não, desde o começo das consultas, não soube de você ter saído para encontros estranhos.

De fato, eu não saí com mais ninguém desde o episódio com Durval.

-Só não o fiz por que ando cansado. As coisas que ele me pede me cansam emocionalmente. E achei que ele me passaria algum remédio.

-Eu também pensei nisso.

-Pois é. Não quero mais vê-lo Saori.

-Por quê?

-Ele é estranho. Parece bipolar. Uma hora está todo gentil, educado... De repente ri, vira um boca suja grosseiro. Não sei como lidar com isso nele.

Saori concordou com a cabeça.

-Apesar das excentricidades, ele é o melhor. E a prova é como você tem evitado situações de risco. Diga a ele que não quer vê-lo. Se ele concordar em interromper o tratamento, acatarei a vontade dos dois.

Eu duvidava que Saga iria topar isso. Mas concordei.

O que mais eu podia fazer?

No dia seguinte já entrei no consultório e me sentei. Nem ele nem Saori estavam na sala. Aguardei quase meia hora até que chegassem.

Quando a porta se abriu, Saga entrou, parecendo surpreso.

-Oh... Bom dia. Chegou cedo hoje.

-Bom dia.

-Preparado para me contar o que quero saber?

Ele não largaria o osso tão facilmente.

-Se precisa disso para que eu melhore. Vamos em frente.

-Muito bem. Saori chegará em breve. Quer esperá-la?

-Acho melhor.

-Muito bom. Há algo que queira me dizer?

-Não. Quero perguntar na verdade.

-Diga.

-Os últimos casos que te contei... Eles se encaixam naquelas parafernálias que você disse?

Saga sorriu de maneira gentil.

-Parafilias. Na verdade sim.

-Mesmo?

Eu pensei em pesquisar, mas acabei tão atarefado e cansado que deixei isso de lado. Além do que era melhor ouvir direto de quem entendia da situação.

-A atração por anões se chama Nanofilia. E o fetiche dos legumes recebe o nome de Dendrofilia. O que é intrigante é que você vivenciou episódios isolados desses fetiches, mas não é um praticante de nenhum deles. E da forma que vivenciou, sequer posso dizer que os desfrutou de alguma maneira.

Engoli em seco.

-A Nanofilia demonstra atração e desejo romântico por anões ou pessoas de estatura bem menor que a sua. Geralmente se tem um desejo sexual intenso pelo anão. Mas o que você me contou foi um episódio super... Inusitado. E o fato dele estar gripado e você pedir que ele espalhasse muco em você enquanto imaginava que era a pessoa que você amava fazendo isso... Mostra uma carência afetiva muito exacerbada.

-Eu não me sinto carente.

-Ikki, pense comigo. Se seu irmão chegasse em você, e dissesse que a parceira dele espalhou catarro pelo corpo dele e ele sentiu prazer com isso, o que você diria a ele?

Golpe baixo. E logo naquele dia, pelo menos até aquele momento, ele estava muito gentil.

Não podia eu ser o grosso ali.

-Que ele era estranho, no mínimo.

-E por que você diria isso?

-Por que isso é nojento. E pode transmitir uma gripe ou coisa do tipo. E ele poderia acabar fazendo coisa pior mais a frente.

Saga acenou com a cabeça.

-Percebe que isso não é normal?

-Percebo.

-Acha que ele precisaria se sujeitar a algo assim?

-Não. Nunca. Ele é maravilhoso, não precisaria aceitar algo desse tipo para receber atenção ou carinho.

Saga deu um sorriso discreto. Diferente dos que eu já vira até então.

Um sorriso meio...

Humano.

-Eu tenho um irmão mais novo também.

-Mesmo?

-Bom, é meu irmão gêmeo, mas é mais novo, cheguei ao mundo oito minutos antes dele.

-Gêmeo? Nossa... E como ele é?

Saga exibiu uma expressão triste.

-Uma pessoa carente de atenção. Mas me diga, deixando minha família de fora do assunto, e a sua também: mais alguma dúvida?

-Sim.

-Pode falar.

-Essa tara do Tatsume por legumes. Isso é normal?

-Há... A dendrofilia. Na verdade ela é a atração sexual por árvores, frutas, legumes... Qualquer vegetal. Mas pelo que você me contou e pelo que conversei com Saori, esse senhor deve ter sido abusado de alguma forma e reflete isso através de uma dominação sádica. Ele está em tratamento na verdade, precisa trabalhar muita coisa pelo que discuti e nem sei se terá vida o suficiente para isso. Mas usar dos vegetais como fez com você soou mais como uma vingança para mim.

Nunca pensei em Tatsume como alguém que pudesse ter sido abusado. Isso me chocou um pouco naquele instante.

-O que me incomodou foi você se sujeitar a isso. Por que deixou ir tão longe? Era apenas atenção mesmo que você queria?

Ele usava um tom muito brando e preocupado. As palavras pareciam saltar de mim sem nenhum esforço naquele dia.

-Eu... Geralmente, quando não sinto que recebo atenção dele ou sinto que sou meio deixado de lado... Fico louco, Saga. Eu penso que posso estar incomodando e ele vai se afastar em definitivo, e se isso acontecer eu posso... Posso morrer sem ele por perto.

-Mesmo?

-Sim. Eu... Eu procuro pela atenção que acho que ele deveria me dar, e aceito qualquer coisa quando encontro alguém que me olhe como eu imagino que ele deveria me olhar. Entende? Eu vejo os olhos dele nos olhos dos outros. E só assim me sinto calmo novamente, sem aquele medo de morrer sozinho e machucado.

Saga piscou algumas vezes

-Sabe... Eu queria saber sobre aquele relacionamento que você disse que teve. Pode me falar como foi? E quero ver os exercícios da semana também, por favor.

Saga parecia tão...

Tão atencioso comigo, que as palavras foram pulando da minha boca outra vez. Tentei ser breve, enquanto passava a folha com as minhas anotações e o celular para ele.

-Eu... Havia uma garota no orfanato. Ela se chamava Esmeralda. Nós crescemos juntos. Ela era muito doce. Bondosa. Gentil. Eu poderia enumerar mil qualidades e seria pouco. Não sei por que, mas ela se aproximou de mim e... Nós nos apaixonamos.

-Certo.

-Acho que desde que nos conhecemos até o dia que nos separamos se passaram oito anos. Algo em torno disso. Eu lembro que estávamos prestes a completar dezoito anos. Tivemos um namoro adolescente. E era perfeito. O que eu ouvia de cobrança dela às vezes é que eu era muito seco, devia dar mais atenção a ela e coisa do tipo.

-E por que se separaram?

Aquilo sempre me dava embrulhos no estômago.

-Um dia... Acordamos com a notícia de que tentaram roubar a mansão Kido. Houve tiroteio entre os bandidos, a polícia e os seguranças do local. Esmeralda fora até a mansão para receber o dinheiro para uma festa que as garotas do orfanato fariam, todos os anos havia um baile de debutante para as meninas e naquele ano, o último dela ali, ela era responsável pela decoração. O dinheiro cobriria decoração e também os vestidos das meninas. E ela era de confiança, todos achavam que ela sairia dali e trabalharia diretamente com o velho Kido. Acontece que ela saia da mansão bem na hora que o tiroteio começou.

Saga pareceu surpreso.

-Não me diga...

-Três balas no peito. Uma na barriga. Ela ficou caída enquanto todos brigavam, sequer foi notada. No necrotério disseram que se ela tivesse sido socorrida de imediato talvez houvesse chance de salvá-la. Mas só a encontraram meia hora depois que o tiroteio começara. Num dia estava ali, bem, feliz e cheia de planos. E no mesmo dia, era apenas mais um corpo vazio e sem vida.

-Ikki...

-Depois da morte dela, eu me senti culpado. Se eu falasse, desse atenção como ela pedia, talvez não me sentisse tão culpado. Por isso eu... Sinto que por mais atento que eu seja com as pessoas ao meu redor nunca é o bastante. E se eu falhar de novo... Não quero mais sentir aquela dor. Além do que... Doeu tanto que eu... Não quero sentir algo parecido nunca mais.

-Entendi. Beba uma água, respire fundo antes de continuarmos.

Saga me ofereceu um copo de água. Nem eu percebera o quanto estava alterado. Ele ficou quieto alguns minutos, observando os vídeos da minha meditação. Saori chegou nesse intervalo, e tomou assento em silêncio como sempre.

-Podemos prosseguir? Sente-se melhor?

-Sim. Podemos.

Saga pegou uma pasta e começou a mexer ali. Não me olhou quando perguntou:

-Ikki, pode me dizer o que o levou a passar por uma cirurgia tão delicada como essa da reconstrução anal?

Ele estava muito gentil naquele dia.

-Posso. Mas espero que não se assuste.

-Por que eu me assustaria?

-Por que eu mesmo me assustei.

-- --

-Por favor, irmão.

-Não Shun. Já disse, não gosto de bichos.

-Não é como se nós fôssemos pegar um deles pra criar. Vamos só dar um passeio. Poxa, todo mundo vai...

Shun vinha insistindo para que nós fossemos a uma feira de adoção. Eu não gostava da ideia, mas ele disse a palavra mágica...

TODO mundo ir incluía ele. Logo, eu não perderia a chance.

-Tá bem. Mas só uma volta e eu vou embora. Fica feliz assim?

Céus, por que meu irmão tinha que ser tão meigo? Tinha horas que eu mesmo duvidava que fôssemos irmãos, tamanha a diferença de personalidade.

Mas eu amava aquele cara. Amava inteiramente. Eu não sabia dizer não pro Shun. Não de verdade.

A tal feira iria acontecer num fim de semana. Começamos a dar umas voltas, e logo menos encontramos com os outros.

Não comentei antes, mas havia as garotas do nosso grupo. Nesse dia, June, Marin e Shina estavam conosco e Saori.

June era uma moça loira e bondosa que estudara administração junto com Shun. Marin era uma ruiva que crescera conosco, assim como Shina, uma moça geniosa de cabelo castanho escuro. Marin se afeiçoara a Seiya, que a tinha como irmã mais velha. Shina sentia certo ciúme disso e sempre implicava com Seiya. Achamos na época que era por que Marin sempre mantinha um olho em Seiya, e Shina queria a atenção da amiga quando ela estava enrolada com o moreno.

Nos encontramos na metade da feira. Fizemos a algazarra de sempre e começamos a observar os animais ali, prontos a serem adotados.

Sim, havia muitos bichos bonitos. Shun se encantou por um gatinho branco e ficou brincando com ele. Os outros conversavam entre si, animados e tranquilos.

Foi quando eu o vi ali, meio sozinho. Parecia mal humorado. Achei que era uma chance para me aproximar.

-Hey, tudo bom?

-Oi Ikki.

-O que foi? Não tá com uma expressão muito boa.

-Nada. Nada não. É só...

Ele coçou a cabeça. Se eu não me vigiasse seria capaz de fazer aquela expressão estúpida de gente apaixonada bem diante dele. Precisei me controlar.

-Há, besteira. Eu encasquetei com uma história, sabe?

-Típico. O que é dessa vez?

-Há Ikki, não sei se quero falar...

-Quando você diz isso é por que está se coçando pra falar. Eu te conheço, vai. Aproveita enquanto os outros não chamam a gente.

Ele sorriu- só pra constar, o sorriso mais lindo do universo- e começou a falar.

E eu poderia passar dias sem fim só o escutando. Ele era tão vivo, espontâneo.

E inquieto.

E lá estávamos nós, quando de repente aquele imbecil atrapalhou tudo.

-- --

-Um segundo, desculpe interromper. Então você é apaixonado por uma pessoa próxima?

Suspirei.

-Sim.

-Ele sabe disso? Ou desconfia?

-Nunca. Ninguém sabe, nem mesmo Shun. Sou muito bom em disfarçar meus sentimentos.

-Entendo. Pode prosseguir.

-- --

No meio do papo, ouvimos uma certa confusão. Todo mundo começou a correr para o lado onde a aglomeração de gente aumentava.

-Ei Ikki, o que é aquilo?

Ele sequer esperou resposta e já saiu indo pro meio da confusão. Não era nada demais na verdade, apenas dois cachorros latindo feito loucos um pro outro. E olha que ainda estavam nas mãos dos donos. Ao nos aproximarmos, ouvimos um bate boca.

-Ele só faz isso por um motivo.

-Por que é louco que nem você.

Quem estava discutindo eram dois homens. Um deles segurava um Pastor Alemão, e o outro um fila brasileiro.

O fila era enorme. Era marrom com algumas manchas pretas. O dono dele era um tipo muito estranho, com um cabelo curto mas uma franja lateral exagerada.

Ele era forte, bem parrudo e tinha uma estranha tatuagem de aranha na nuca. Usava uma calça preta e uma camiseta muito justa num tom de amarelo mostarda.

-Ele é um doce de cachorro. Só tá agitado assim por que é época mesmo.

-Sei... Deve ter sido treinado pra distrair a polícia isso sim.

O fila latia alto, puxava a coleira, tentava se aproximar do Pastor Alemão, que latia mais para o dono que para o cachorro.

-Cala a boca, tira seu cachorro louco daqui antes que o Vilão acabe com ele.

-Cala a boca você rapaz. Eu sou policial, e o meu Hayate só fica agitado assim quando sente cheiro de droga. Agora, ou você é um viciado ou é o traficante que anda causando encrenca na região. Prefere colaborar e me deixar fazer uma revista ou quer que eu te prenda antes?

-Hayate? Não acredito.

Todo mundo parou quando o doido do Seiya começou a gritar no meio da confusão.

-Hayate. Oie. Garoto, lembra de mim?

Acreditem, até pouco tempo ninguém sabia dizer o que era mais estranho na cena: um policial discutindo com um possível traficante enquanto os cachorros dos dois latiam, ou o Seiya ir conversar com um cachorro como se fosse um velho amigo.

O Seiya era sem noção nenhuma. Devo salientar isso.

-Hayate. Oieeeeeee...

E o pior é que o bendito cachorro reconheceu o Seiya. Não sei que mágica ele exercia nas pessoas ou nos bichos, mas foi de imediato: o cachorro olhou pra ele, e começou a latir diferente, de empolgação.

Aí pronto. O Seiya e o Hayate ficaram ali, rindo e brincando enquanto a multidão se dispersava sem entender nada. O policial começou a conversar com o Seiya e os outros, e depois nós entendemos que o Seiya ficou alguns dias com o Hayate para ajudar o dono dele que ia viajar e era conhecido dele do orfanato.

Enquanto todo mundo rodeava eles, o dono do fila foi se afastando.

Eu fiquei meio chateado naquele momento, admito. Aquela baderna toda atrapalhou meu momento com ele...

Antes que eu entrasse em uma crise de ansiedade aconteceu algo. E inusitado: o cachorro do maluco me encarou e veio pro meu lado.

-Porra Vilão. Dá um tempo.

O cachorro não latiu nem quis me morder. Pelo contrário, ficou todo bonzinho. Mas puxou o dono com força, e acabou se enfiando nas minhas pernas.

-Desculpa ae cara. Meu cachorro tá desequilibrado hoje.

-Sem problema. O que ele tem?

O rapaz deu um sorriso estranho.

-É um tarado. Aqui deve ter no mínimo umas dez cadelas no cio. E ele fica louco só de imaginar a chance de uma trepada.

Que assunto mais idiota pra se ter com um desconhecido. O fila estava todo bobo brincando comigo.

-Vem Vilão, deixa o rapaz quieto.

-Vilão?

-É. Era pra ser um nome intimidante pra um cachorro que desse medo. Mas consegui foi é criar um palhaço tarado pelo jeito. Não sei por que diabos ele tá todo aviadado hoje.

Tive que rir do jeito dele.

-Como é?

-Hoje ele só tá se engraçando pro lado de homem bonito. E deu um surto agora, querendo na certa se esfregar no dono do outro cachorro ali.

Opa. Aquilo foi um comentário ou uma cantada?

-Então ele bateu a cabeça, ou de tanto você puxá-lo faltou ar no cérebro. Ele tá todo bonzinho comigo e eu nem sou bonito.

O cara deu uma risada sarcástica com um que de tenebrosa.

-Bonito é pouco né? Não leva a mal, mas tu é um puta dum macho gato.

Opa, opa...

-Isso é você que acha ou é opinião do Vilão?

Ele deu de ombros.

-Acho que de nós dois.

Ele me deu uma piscada, e eu tive que rir.

-Você é doido.

-Doido ou não você é muito gato. Eu até tentaria te cantar, se tivesse tempo. Mas preciso levar esse carinha embora e rápido.

Mas o cachorro não queria ir.

-Porra Vilão, colabora ae seu merda.

-Problemas?

-Isso quando empaca é pior que mula.

-Precisa de ajuda? Posso ir andando com você, quem sabe ele colabora.

O cara sorriu. Eu sorri. E lá fomos nós.

-- --

-Você não avisou ninguém?

-No meio do caminho mandei uma mensagem pro Shun. Ele já esperava que eu fosse embora mesmo, então estava tudo mais ou menos certo.

-E o tal tipo era drogado mesmo?

-Usava algumas coisas pelo que me disse, mas era mesmo traficante. Quando chegamos a casa dele fiquei sabendo dos detalhes.

-- --

-Desculpa a falta de educação. Me chamo Aracne.

-Aracne?

-É meio que um apelido. Fique a vontade.

A casa dele era simples, mas grande. Mesmo depois de solto, o fila continuava perto da gente.

-Posso te oferecer alguma coisa? Pra compensar sua ajuda com esse bicho doido?

-Uma água tá ótimo.

-Só água?

-Pode ser. O que mais tem pra oferecer?

Ele deu um sorriso meio que debochado.

-Senta aí, vou pegar sua água.

Depois de alguns minutos, ele voltou com a água e um tipo de nécessaire.

-Além da água, tenho maconha, ecstasy, cocaína, crack, cigarro de palha, cigarro de menta e cerveja. Se fuçar bem, acho que até um vinhozinho perdido na geladeira.

Dei uma gargalhada, mais de nervoso que qualquer coisa.

-Só a água tá bom obrigado.

-Não curte um doce? Uma balinha*?

-Não.

Drogas nunca fizeram meu estilo. Sabia que muita gente usava, mas eu por mim não curtia as consequências.

-Pena. Um companheiro pra rolar um baseado seria uma boa.

-Bom, esse não sou eu. De qualquer forma, já vou indo.

-Já?

-Já fiz a bondade do dia. Sua cara ficou limpa, pelo menos por hora. Então...

Aracne sacudiu a cabeça.

-Pode ser... Mas poxa, já que está aqui... Podia ao menos, sei lá...

Claro que eu entendi o “sei lá” dele. Mas eu queria mais.

-Sério, não precisa se preocupar.

-É que... Olha, um cara gato como você no meu sofá... Não é coisa que aconteça toda hora. Como te convenço a ficar? A recompensa será ótima, isso eu garanto.

O olhar de expectativa eu já conhecia. E a ansiedade também.

-Se eu ficar...

-Posso te deixar louco. Isso eu tenho certeza.

-- --

Saga me encarava com curiosidade.

-Desculpe interrompê-lo a essa altura. Ele te drogou?

-Não. Eu usei algo sim, mas não foi culpa dele.

-Achei pelo modo que tem falado que ele teria te estuprado ou algo do tipo depois de drogá-lo.

-Oh... Não, não... Ele foi... Não o responsável direto.

Saga arqueou uma sobrancelha.

-- --

Começamos a nos beijar. Fechando os olhos eu não enxergava qualquer outra pessoa que não fosse...

Ele.

Portanto me entregava. Me entregava imaginado que aqueles cheiros, aqueles toques-gentis ou não- fossem os dele em mim. Por que antes ter uma fantasia completa dele, do que nenhuma realidade.

-Você realmente é um tesão cara.

Aracne me olhava de um modo instigante. Eu estava excitado pensando em outro, mas ele não precisava saber disso.

-Vou enrolar um beck* se não liga. Desse jeito consigo te aproveitar todinho do jeito que quero.

Que ele fizesse a merda que quisesse, eu livre daquilo não me importava.

-Fica a vontade.

Ele saiu da sala e Vilão, que até então estava deitado se levantou e começou a latir e abanar o rabo. Aracne gritava com ele do quarto.

-Cala a boca.

Ele voltou fumando e se sentou perto de mim. Vilão ficou na frente dele, latindo e todo agitado.

-Seu sem vergonha.

-O que ele tem?

-Acho que ele associa o cheiro com sexo. Toda vez que eu vou meter, acendo um. E ele fica todo aceso.

-Você transa com seu cachorro assistindo?

Aracne começou a rir, rir tanto que tossiu e acabou enfiando o cigarro na minha mão.

-Hahaha... Cof, cof... Hahaha... Mais do que isso, muito mais. Espera.

Ele continuou tossindo, devia ter se engasgado ou coisa do tipo.

-Dá um trago, é natural. Eu... Haha... Ele fica vendo sim, de um jeito ou de outro.

Achei aquilo bizarro.

-Nunca fiquei chapado.

-Relaxa, considera um tipo de calmante. A brisa que te bate é maneira.

Admito que fiz pelo embalo do momento, pelo fato de estar curioso e tudo o mais. De primeira engoli uma fumaceira nojenta e quente e tossi feito louco. Aracne tragou de novo, e me mandou puxar a fumaça da boca dele.

Aí ficamos nessa até acabar o baseado. Nos beijamos, e eu só conseguia pensar...

É. Sempre nele.

Viajei. Não sei dizer se foi psicológico ou o que, mas viajei legal, esqueci de tudo e só usava o Aracne pra matar minha vontade do...

Dele.

No meio dos amassos, percebi que o Aracne estava super excitado.

-Quer ir pro quarto?

-Nem... Aqui tá bom.

-O Vilão vai assistir?

-Haha. Qual o problema?

-Há poxa... Maldade. O bicho não tá no cio?

-Todo dia. Só pensa em meter esse daí.

-Vai ficar com vontade. E se ele sobe no sofá e quer foder sua perna? Ou a minha?

Aracne me encarou e começou a piscar. Aí sim ele riu mais, gargalhava com vontade.

-Que foi?

-O Vilão sabe foder gente, não fica na perninha só não.

Achei que era efeito da viagem, mas não.

-Como é?

-Eu trepo com ele. Trago umas vadias pra ele fuder comigo. O rapaz aí é fodedor dos bons.

Me sentei me afastando do Aracne.

-Tá me dizendo que tu trepa com teu cachorro?

Aracne me olhou como se eu fosse o doido ali.

-Trepo. Comprei ele pra isso, desde cedo. Demorou um tempo acho, uns dois anos pra ele ficar pronto. De lá pra cá, tem sido uma viagem.

Devo ter feito uma cara de muito nojo ou surpresa. Ele ria ao falar comigo.

-Qual é? Nunca fez com um bicho não?

-Tá louco?

-Não sabe o que tá perdendo. Esses aí são incansáveis.

-Não acredito. Tu faz sexo com o cachorro.

-Trepo mesmo porra. E ele adora. Se quiser, te mostro como é.

Nunca que eu ia entrar numa dessas.

-Por que eu ia querer ver isso?

-Há cara. Eu ia adorar ficar te olhando com ele. É o que me dá mais tesão.

Eu estava carente. Nervoso. Chapado pela primeira vez.

E ele estava me olhando...

-- --

-Realmente...?

-Sim.

-- --

Aracne abriu espaço para Vilão no sofá, e o chamou para lá.

-Primeiro, quero que garanta que vai me obedecer, entendeu? Faça tudo como eu falar.

-Hum hum.

-Quer que eu filme?

-Não. Nunca.

Aracne deu de ombros. Começou a brincar com o cachorro e guiou minha mão até o animal.

-Agora deixe ele te cheirar. E o acaricie bastante. Na barriga principalmente,

-Por quê?

-Desde pequeno ele é treinado pra isso. Isso o excita.

Fiz conforme o ordenado. Vilão parecia satisfeito.

-Ele não está pronto por que não te conhece. Veja isso.

Aracne continuou a acariciar o animal. Ele começou a mexer na barriga, e logo menos chegou até a intimidade dele.

-Um pênis de cachorro fica escondido geralmente. Você precisa expô-lo. A pele do pênis deles é muito mais sensível que a humana e pode secar. Isto é muito doído para o animal.

Um pedacinho de carne apareceu ali.

-Você precisa lubrificar gentilmente ele. Tem um tubo de gel ao seu lado, nesse movelzinho. Pode caprichar na dose, e seja gentil. Apesar dele já estar acostumado comigo fazendo isso, você é um estranho.

Eu estava mesmo pronto a cair fora, mas Aracne me olhava de um jeito... E eu pensei no coitado do bicho como se fosse eu, ansioso por ser tocado, por se sentir aliviado...

O pênis do cachorro é muito diferente MESMO de um pênis humano no formato. O membro canino é afilado, e tem um furo pequeno na ponta. Tem uma parte que incha, chamam de "vela". Essa parte alarga quase quatro polegadas. Atrás dela, aparece um outro pedaço de carne de quase seis centímetros de diâmetro. É o nó do pênis.

Descobri tudo isso quando aquele troço ficou rijo e vermelho na minha mão. O cachorro gania feito louco.

-Muito bom. Agora siga minhas instruções devagar. Segure firme por algum tempo, sem fazer nenhum movimento.

Por que prossegui com aquilo?

-Ele vai começar a mover os quadris. Quando sentir que ele fica mais duro, puxe bastante forte.

Vilão latia, mas permanecia no mesmo lugar.

-Ele vai gozar forte logo de cara. Mantenha a mão fechada ao redor do nó. Isso. Agora faça movimentos como se fosse uma onda, indo e vindo, abrindo e fechando os dedos.

Obedeci.

Nunca havia visto isso. O cachorro começou a gozar. E parecia que não ia parar nunca.

-Isso é normal?

-Perfeito. Pode continuar com calma. Agora, ele já está mais a vontade com você. Lamba o pau dele.

-- --

-Espera um minuto. Você realmente se relacionou com o cachorro, mesmo achando tudo muito estranho?

-Queria dizer que não, mas seria mentira.

Foi a primeira vez que vi Saga parecer desconfortável com algo. Ele coçou a nuca.

-Pode... Eh... Continuar.

-- --

-Comece pela ponta. Somente língua. E tente engolir toda a porra.

-Não vou fazer isso.

Aracne pareceu impaciente.

-Eles adoram isso. O esperma canino tem um gosto salgado, mas diferente e mais saboroso do que o esperma de homem que tem cheiro de água sanitária. Não se preocupe, é bem fluida e desce fácil garganta abaixo.

Eu não ia fazer aquilo.

Nunca.

Mas o pobrezinho parecia tão feliz...

-Lamba. Eles adoram isso, vai facilitar o ato em si.

Bem. Aracne estava de olho em mim. Vilão parecia feliz.

Então...

Eu fiz. Fiz, lambi tudo que saiu dali, e o cachorro gemeu feliz como eu gemeria se minha porra fosse engolida por...

Por ele.

Aracne sorriu, satisfeito.

-Ótimo. Muito bom mesmo. Agora deixe ele se recuperar. Pode tirar sua calça e cueca e se ajoelhar onde achar melhor.

Eu não entendia bem o que me forçava a continuar. Se era a brisa, a vontade de continuar sendo olhado... Enfim.

Só prossegui.

-Não quer tirar você?

Aracne sorriu de desejo. Ele se encaixou atrás de mim e começou a se esfregar com vontade, enquanto me despia devagar. Quando fiquei nu, ele me disse pra permanecer de tênis.

-Perfeito. Cara, você é lindo demais...

Pensando sempre que era ele a me dizer as coisas que eu queria ouvir, me perdi no beijo que veio na sequencia. Fiquei meio perdido e quando vi...

Ajoelhei conforme Aracne orientara. Vilão latia ansioso.

-Calma garoto, calma... Agora Ikki, bata nos ombros. Ele vai por suas patas neles. Quando ele fizer isso, empine a bunda o máximo que conseguir e ponha a cabeça no chão.

Feito.

Eu tinha certa expectativa, admito.

-Ele quer muito te comer. Safado, anda sempre no cio mesmo. Agora relaxe, vou te lubrificar e introduzir o Vilão em você.

Não respondi.

-Quer continuar?

-Você pode me olhar?

-De frente? Claro, quero muito ver essa cena.

-Então anda logo com isso.

E assim Aracne fez. Lubrificou minha saída generosamente e quando Vilão ficou por cima de mim, ele começou a guiá-lo com a mão.

-Calma garoto, calma... Ikki, relaxe bastante. Vou tentar fazer com que ele seja gentil.

Eu respirei fundo.

Então começou.

Doeu. Mordi o lábio para conter os gemidos. Aracne tentava controlar o bicho, mas era difícil.

-Ikki, preciso te avisar que a base do pênis dele vai inchar dentro de você, e ele vai ficar mais ou menos meia hora atarracado aí dentro.

-Como é?

Comecei a me desesperar. Não sei por que.

-O inchaço da carne do nó é do tamanho de uma bola de tênis. Mas ele vai ejacular varias vezes, e vai te lubrificar mais enquanto isso. Se relaxar será menos dolorido. Logo você vai estar urrando de prazer, como uma legítima cadela.

Há não... Aquilo já era demais.

-Não... Não quero mais isso.

Aracne sorriu de um jeito meio insano.

-Tarde demais.

Senti uma estocada forte e não aguentei. Soltei um urro de dor.

 -Isso só o faz entender que você está gostando. Se ficar quieto pode ser que ele enjoe de você antes do tempo normal.

Aquilo doía mais do que qualquer coisa que eu já tivesse pensado. Comecei a chorar. Parecia que eu estava sendo rasgado. A carne inchava dentro de mim.

E o nervosismo só me fazia contrair e querer me afastar. Mas ao invés de sair, o cachorro se aprofundava mais.

-Che... Chega...

Aracne pareceu desapontado.

-Achei que você seria mais empolgado, ia curtir isso. Vilão merecia uma primeira vez melhor.

Me virei ao ouvir aquilo.

-Primeira... Primeira vez?

-Há... Sim, com um homem. Geralmente ele fode mulheres, isso é óbvio. Queria ver como ele reagiria com um homem, e você se ofereceu como uma putinha de estrada... Achei que seria algo bom pra ele, mas estou com dúvidas agora.

Certo. Pelo menos nesse caso eu admito que fui mais doente que ele em aceitar aquilo. Mas eu não tinha me oferecido como uma putinha de estrada.

Tinha?

Vilão começou a ganir alto, e se movia com força e velocidade. Parecia me rasgar mais a cada investida. Eu achava que ia morrer, que dor amaldiçoada.

-Ele vai te arranhar nas pernas e nas costas e braços. Sabe como é, as unhas...

Dito e feito.

A dor era tão insana que eu nem sabia mais o que fazer. Acabei por deitar, e o cachorro começou a ganir agoniado.

-Não seu idiota, assim ele vai ficar desconfortável, vai acabar te mordendo. Empina essa bunda seu idiota, mas que porra.

-Não consigo...

-Merda...

Aracne teve que me erguer. Por sorte, não demorou muito e senti o cachorro diminuir o volume dentro de mim.

-Porra, você é ruim demais cara. Nem meu cachorro quis essa bunda de merda. Ele vai sair logo, quando acontecer fica no chão. Já vi que você vai se cagar ou algo do tipo. Que merda...

Não sei bem como, mas acabei apagando quando me senti finalmente livre daquela montoeira de carne de cima e de dentro de mim.

-- --

Saga me encarava assustado.

-Então... Foi o cachorro que dilacerou seu ânus a ponto de ter que fazer a reconstrução anal?

Mal podia encará-lo.

-Isso. Foi tudo culpa dessa... Situação.

-E como... Como os outros reagiram quando souberam?

-O que? Ninguém além de Saori sabe disso.

-Impossível. Uma cirurgia dessa é delicada, você precisaria de cuidados e muito tempo de repouso.

-Não foi bem uma reconstrução. Eu já tinha colocado o botox na fissura, na verdade foi uma agressão no esfíncter. Eu fiquei fora por um tempo sim, mas Saori usou a mesma desculpa, que eu ia aprender algumas coisas em um evento de artes marciais fora por uns dias. Após a alta, fui encaminhado para um hospital em uma cidade mais afastada, e conversava com Shun e os outros pela internet ou por telefone.

-Entendi. E isso foi o conjunto da droga, o momento e a carência.

-Posso dizer que sim. E por causa desse episódio, fui gentilmente intimado a iniciar a terapia com Saori.

-Posso perceber o por que. Diga-me, voltou a ver esse rapaz depois disso?

-Uma vez apenas. Após eu ter desmaiado, ele me vestiu como deu e me levou para um hospital qualquer. Disse que tinha me achado na rua, óbvio. Não lembro de ter acordado a não ser quando já estava num quarto, com Saori me encarando de maneira nervosa.

-E você contou a ela o ocorrido?

-Não de primeira. Mas ela sabe sondar, e já me conhece muito bem. Ela disse que soube que eu havia sido internado num hospital qualquer através de um médico conhecido, me transferiu para o nosso hospital de sempre, e me contou que eu tinha sido operado. Ela não chamou ninguém por que queria saber de mim o que tinha ocorrido. Demorei um pouco a reconstruir a história, e depois disso você já sabe.

-Certo... E quando foi que viu o dono do cachorro novamente?

-Alguns meses depois.

-E por que o contatou?

-Precisava informá-lo que eu estava doente. Tinha sido infectado.

-Infectado? Com o que?


Notas Finais


** doce e balinha são os apelidos de certas drogas, assim como baseado é o nome popular dado pra cigarro de maconha... Não é como se todo mundo não soubesse disso, mas enfim, achei por bem avisar.

É...
Tenso...
Semana que vem, mais explicações e o avanço da história. Se puderem me dizer o que estão achando, isso muito me estimula.

Confesso que foi um dos capítulos mais "argh" de escrever.

Beijos e abraços, até mais ^^


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