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História Faking Death (BTS - Taehyung e Jungkook) - Doubts and feelings


Escrita por: maiyeon

Notas do Autor


Hey! Sou eu, a Mai~


Se é sábado, é dia de FKD! Aqui está mais um capítulo dessa história. Espero que vocês gostem dele! O feedback que vocês deram no passado foi lindo! Obrigada, meus amores!


Música do capítulo: Nervous
Artista: The neighborhood


Link da tradução no YouTube:

https://youtu.be/Wo-ey84ptBc



E fiquem com mais um capítulo de FKD!

Capítulo 9 - Doubts and feelings


Fanfic / Fanfiction Faking Death (BTS - Taehyung e Jungkook) - Doubts and feelings


Talvez eu não devesse tentar ser perfeito
Confesso, estou obcecado com a superfície
No final, se eu cair ou se conseguir tudo
Eu só espero que isso valha a pena.”



 

                            — Nervous, The neighborhood

 

                         






 

Terça Feira de manhã 


 

Escola de Sicheong, 




 

A professora olhou para a classe do 3-E que parecia entediada. Alguns brincavam com os outros, alguns rabiscavam os seus cadernos e outros praticamente dormiam. As aulas de cálculos não eram nada agradáveis para a maioria dos estudantes. Ela suspirou, deixando o giz em cima da mesa e anunciando: 


 

— Alguém sabe a resposta desse cálculo? — Ela indagou, apontando para a equação trigonométrica no quadro. A sala permaneceu em silêncio até uma única mão se levantar. — Sim, Senhorita Chae? 



 

— A resposta é que o seno da função x é igual a  -3/2 quando o livro for mínimo e a ½ quando for máximo. — Eunha respondeu, e a professora sorriu e afirmou que estava correto.



 

— Senhor, eu não ia responder isso até 2021. — Samuel afirmou, olhando para o caderno da amiga sentada ao seu lado que continha todas as respostas rabiscadas. 



 

Atrás dele, Yuri apenas rabiscava em seu caderno, desenhando florzinhas e pensando em várias coisas. Ultimamente, ela não tinha conseguido se concentrar muito nas aulas, então ficava perdida nos seus pensamentos. As flores malfeitas que rabiscava já ocupavam uma folha inteira, quando ouviu o som forte do apagador batendo contra a lousa, o que a assustou e a fez olhar na direção do ruído. A professora bateu três vezes, procurando atrair a atenção dos desinteressados. Ela bufou em raiva quando viu alguém que ainda dormia no fundo, apesar do barulho. 




 

— Senhorita Song, você pode por favor acordar o senhor Kim ? — Ela pediu, e a menina que sentava ao lado do de cabelos azuis balançou levemente seus ombros, despertando o rapaz. — Bom, já que o senhor Kim nos agraciou finalmente despertando, agora eu posso comentar sobre as apresentações que teremos que valeram quarenta e cinco por cento da nota do bimestre. 



 

Os alunos torceram o nariz em desaprovação, mas a mulher continuou a calmamente explicar que daqui a duas semanas, a cada aula seis alunos realizaram a sua participação e fez questão de ressaltar que era uma apresentação individual. 



 

— Não adianta, não mudarei de ideia. Sei que muitos acabam se omitindo das suas responsabilidades trabalhando em duplas e em grupo, então quero ver cada um por si mesmo. E começaremos pela ordem decrescente de chamada. — Ela disse, pegando a pasta que continha em ordem alfabética todos os nomes dos seus alunos. —- o que nos deixa com as primeiras apresentações sendo as de Yuri, Wolhee, Suran, Somin, Samuel e Taehyung. Vocês tem essas duas semanas para preparar as suas apresentações. 




 

Assim que a professora terminou de dar as instruções, a sirene tocou para indicar o horário do almoço, os alunos se levantaram rapidamente para se dirigir a saída e entrar na fila do refeitório. No entanto chamou Yuri enquanto os outros saíram. A menina se dirigiu nervosa até a senhora Choi, colocando o caderno contra o peito de uma forma nervosa. 



 

— A senhora deseja falar comigo? — A menina perguntou.



 

— Sim, Yuri. Eu ando percebendo as sua desatenção nas aulas, e isso se reflete na sua nota mensal. Peço que preste mais atenção e faça muito bem na apresentação oral, para que possa melhorar sua nota. Do jeito que está, sua média GPA passará de medíocre a ruim. — A mulher disse, mantendo o olhar o tom firme para a jovem que se encontrava completamente envergonhada. — Percebo também que além da sua dificuldade, sua falta de atenção é fatal. Por isso, eu acho que para uma melhor preparo para a apresentação e novas provas você deveria considerar em solicitar uma monitoria. 




 

Aquele discurso da Senhora Choi era familiar, já que ela fez a mesma coisa há alguns anos atrás. As apresentações orais dela eram famosíssimas, e faziam o terror dos recém chegados. Inclusive a “antiga ela” que tinha medo de falar em público como poucos. Lembrou de como tremera violentamente apenas para se apresentar a turma no seu primeiro ano do ensino médio, então quando chegou a hora de estar na frente deles num silêncio completo com cada par de olhos voltados para si, seu gaguejo, as risadas que soltavam em sua direção. Se lembrar das suas apresentações, era sem dúvida uma das piores lembranças em Sicheong. E agora, ela estava a revivendo. 



 

Ela tremia enquanto seus colegas aplaudiam a garota que falara com propriedade e uma confiança que a parecia fazer com que ela fazia todos os dias. Entretanto, ela não podia dizer o mesmo de si mesma. Só em saber que seria a próxima a levantar e a falar para todas aquelas pessoas já fazia com que suas pernas tremessem e ela começasse a suar frio. Infelizmente, naquele ano o novo segmento escolar ela e Taehyung haviam ficado em salas separadas, então estava tendo que enfrentar aquilo sem ter um rosto conhecido ali. Apesar dos meses em que estava naquela sala, não tinha conseguido se tornar amiga de ninguém. Pelo contrário, as pessoas ali a julgavam. Ela era estranha demais. Sua ascendência ocidental tornava seus olhos redondos demais, seu corpo volumoso demais e a fazia ter espinhas e o cabelo castanho claro tinha um volume que não era característico.  As meninas de sua classe se referiam a ela como um monstro nojento, e o pior era que ela concordava com cada palavra e se pudesse, assinaria embaixo. Ela odiava ser quem ela era. 



 

— A próxima apresentação é a de Shin Alice. — A professora Choi anunciou, e pousou os olhos sobre ela. Sabendo que não tinha saída, se levantou de forma relutante e andou em passos trêmulos e inseguros até o pequeno palco, onde os professores ficavam quando davam aula. A mulher mais velha tentou passar um sorriso reconfortante para ela, vendo que a menina estava nervosa. Quando finalmente conseguiu olhar em direção Ao resto da classe, pode ver que alguns já riam e cochichavam sobre si.  Não havia rosto conhecido ou nenhuma paisagem que pudesse lhe trazer algum conforto, alguma sensação de familiaridade. Apenas ela e seu medo paralisante. 




 

Todos olhavam em expectativa para que ela iniciasse, e ela moveu sua boca para falar algo. 



 

— Meu...n-nome é Shin..Alice...E eu….estou aqui para falar d-de…..— A sua fala saiu entrecortada e com longas pausas entranhas, o que arrancou ainda mais risinhos que a desestruturam. Suas pernas começaram a tremer ainda mais e seu maxilar travou. Não conseguiu dizer mais nada, apenas ficou ali, parada, estática, arranjando um modo de sair daquele momento. O que ela podia fazer para sair dali o mais rápido possível? Queria chorar. Queria correr. 




 

— Quietos! — Ralhou a professora aos que soltavam risadinhas. — Alice, querida, quando você se sentir confortável pode começar. Todos farão silêncio. Quando você estiver pronta pode retomar sua fala. 



 

A mulher deu um passo para trás a fim de dar conforto a menina. Entretanto, todo aquele espaço assustadoramente completava o vazio deixado pela ausência de sua fala, o que a aterrorizava ainda mais. Os seus colegas de classe não riam mais, mas ela sentia os olhares julgadores, o sentimento zombeteiro que enchia a tomateira do lugar. Ela não conseguia. Precisava sair dali.




 

— Desculpe, Senhora Choi. E-eu…..não…— Murmurou nervosa. A mulher assentiu, dizendo que compreendeu. 



 

— Mas, querida, sabe que ficará sem nota, certo? — Disse a mulher. A menina fez um sim com a cabeça, concordando e dizendo que sabia das consequências. 



 

— Tudo bem. Agora eu não me sinto bem. Eu posso por favor, ir ao banheiro? — Ela Perguntou, e a mulher assentiu. Porém as duas sabiam que ela não voltaria nessa aula. 



 

Em contraste com a lentidão que foi para ir de sua cadeira até a frente da sala, sair dela foi extremamente rápido após a autorização para fazê-lo, afinal se esconder era uma das suas maiores especialidades. Odiava falar para um grupo grande de pessoas. Odiava multidões. Odiava ser o centro das atenções. Deu passadas rápidas no corredor em direção q um de seus muitos esconderijos secretos: no fim de um dos últimos corredores, a sala antiga do faxineiro foi esquecida e servia como uma central de entulho.. A porta era um pouco emperrada, mas com um tantinho de força ela conseguia abri-la. Era um tipo de ponto secreto dos alunos, mas assim em meio às aulas ficava vazio e ela o usava para se esconder quando não queria ir às aulas ou quando ficava com vergonha pelas brincadeirinhas. Ficou ali sozinha, pensando no quanto ela queria ser diferente. No quanto ela queria mudar. Chorou sozinha no escuro um pouco, se sentindo derrotada de novo. Patética. 



 

Ouviu a porta abrir rangendo, e pulou atrás da pilha de livros que tinha ali. Não queria que ninguém a visse assim. Seria um casal de alunos? Aquilo era comum naquele ambiente. Mas, quando ela viu quem realmente era penso que seria muito pior. Observou pelas frestas nas pilhas de livros que ali estavam Jungkook e outro menino, Namjoon, que estranhamente estavam juntos. 




 

— Uhm..Jeon. Eu não sei se podemos entrar aí. —Disse o outro menino, ficando na soleira da porta. O garoto riu, entrando na sala. — E muito menos sei por que me chamou. 



 

— Bem, esse aqui são os livros retirados da biblioteca. Alguns estavam na caixa que está separada lá, mas muitos foram colocados aqui. A bibliotecária pediu que se eu conhecesse mais alguém com interesse de verdade na leitura. E pensei em você por que você parece amar ler. Por isso te chamei. E também, não é como se você precisasse assistir a aula. Você já sabe mesmo. — O menino declarou, sorrindo. Ela observou detalhadamente o sorriso que tanto gostava, as pálpebras duplas salientes e a postura do garoto na penumbra. Tudo nele trazia uma espécie de hipnose. Toda vez que olhava para ele, simplesmente ficava perdida e seu coração acelerava. Ele era verdadeiramente lindo. — Se você quiser pode olhar na caixa primeiro e depois eu separo alguns aqui para você. Qual seu gênero favorito? 





 

— Acho que…..Romance policial. E também gosto de livros com viés filosófico ou ideológico. E adoro história medieval. E...eu estou falando demais, não estou? — O outro menino riu. 



 

— Relaxa, Hyung. Desde que jantamos com o seu pai gostei de falar com você. É legal falar com alguém que tem os mesmos interesses de vez em quando. E além disso, estudamos na mesma escola. Não é legal? Então não tem por que de eu não falar com você. 



 

— Sim...muito legal. Desculpa, eu só não estou acostumado a...falar com alguém. Geralmente, ninguém fala comigo. — O mais velho afirmou, ajeitando os óculos. Deu um pequeno sorriso ao menino. 



 

— Bom, não é nada demais. Mas, você é muito legal Namjoon. E inteligente. O problema é de quem não vê isso. — Ele disse, enquanto olhava as primeiras pilhas pegando alguns livros. 



 

— Valeu...Jungkook-ah. Tem problema te chamar assim? — O menino disse meio incerto, sem graça na interação dos dois. 



 

— Nenhum. Eu prefiro, aliás. Bem melhor que “ Jeon.” — O menino acrescentou. Os dois trocaram mais umas breves frases antes de Namjoon dizer que iria olhar a tal caixa. Então, ficou só o menino vasculhando. Ela estava parada, torcendo para que ele não vasculhasse as últimas pilhas onde ela estava. Olhou pelas frestas para ver o que o outro fazia, se estava muito perto. Até que, num dado momento, ela se desequilibrou e pensei para o lado, fazendo com que uma das pilhas caísse junto. 




 

— Ah meu Deus, que susto! — O menino exclamou, ao ver as pilhas de livros no chão. Ele e se então olhou o amontoado de livros e percebeu a menina sobre eles. — Ah, você…..já estava aqui? 




 

“ Ótimo. “. Ela pensou, se levantando. “ Duas vergonhas num dia só. Eu realmente sou a pessoa mais azarada do planeta. E tinha que ser logo o Jungkook? “ 





 

— E-eu…..estava….— Ela disse desconcertada sem ação. — Aqui…


 

— Olha, não tem problema. Você claramente não tá bem e...às vezes está tudo bem em sabe...querer chorar e ficar sozinho. — Ele disse, e complementou rapidamente. — Eu não vou contar a ninguém, tá? E você também não conta que eu estive aqui. É o nosso segredo. 



 

— Obrigada. Mas acho melhor te deixar em paz para escolher os livros. — Ela se levantou, querendo sair dali o mais rápido possível. 



 

— Por que não fica com um deles? Gosta de ler? — Ele perguntou.


 

— Gosto um pouco. — Ela disse ainda tímida. 



 

— Gosta de romance? — Ele perguntou. 




 

Na verdade, ela os adorava. Amava se imaginar mas princesas graciosas e nas ladys dos romances de época até se imaginar na moderna mocinha que conquistava os olhares dos rapazes em romances colegiais. A atitude e segurança de mudar, de fazer acontecer que ela jamais teria. Mergulhar nessas histórias lhe trazia um certo conforto, e até mesmo um escape. 




 

— Err….Sim. Principalmente os de época. — Ela comentou ainda tímida, temendo que ele julgasse seu gosto literário. — Principalmente os que envolvem realeza. 




 

— Interessante. — Ele disse, vasculhando a pilha. — Perguntei por que esses faziam parte justamente dessa seção. Eu não vou indicar “ Jane Austen” por que seria um grande clichê da minha parte e se você gosta do gênero já deve ter lido “ Orgulho e preconceito” ou “ Persuasão.” Então vou indicar um mais desconhecido. 



 

O garoto afirmava enquanto jogava os livros citados de lado, e então parou em um especial. 




 

— Este aqui creio que você vai gostar. Envolve realeza também. — Ele afirmou, entregando o livro para a garota.



 

— “ Volte para mim” — Ela leu o título na capa. — Nunca ouvi falar nesse. 



 

— É, a autora não é tão conhecida. Eu peguei esse livro emprestado no semestre passado, e apesar de não gostar tanto desse gênero, esse livro em específico me prendeu. — Ele comentou, continuando a explicar. — A história é sobre a herdeira de um duque inglês que foge para a Escócia a fim de fugir das dolorosa obrigações com a família. Entretanto, onze anos depois ela mais madura e mais consciente do que ela era de si mesma se vê obrigada a retornar e reviver as consequências geradas pela sua fuga, principalmente no melhor amigo e primeiro amor que ela deixou para trás. Se você gosta de romances, esse é uma ótima leitura.



 

— Oh...obrigada. — Ela disse, aceitando o livro. — Bem...está perto do recreio. Acho….que eu deveria ir agora. 



 

Ele sorriu para a menina.



 

— Tudo bem, Alice. A gente se vê por aí. — Ele disse, voltando a atenção as pilhas enquanto ela o encarava surpresa. 


 

— Você….sabe meu nome? — Ela perguntou incerta. 



 

— Claro que sei. Você sempre esteve na mesma classe que eu no ensino fundamental. Uma pena que no ensino médio eles mudaram isso. — Ele disse, ainda concentrado em selecionar alguns exemplares para si. — Enfim, a gente se vê por aí. Depois me conta o que você achou do livro. Tá legal? 



 

Ela deu um pequeno sorriso. 



 

— Tudo bem. Até mais, Jungkook. — Ela disse, colocando o livro contra o peito num pequeno sorriso e deixou a sala ainda o ostentando no rosto. 




 

Era uma pena que ela nunca tivera tempo de tentar conversar mais com o menino e lhe agradecer por ter a a apresentado “ Volte para mim” livro que a consolou e a transportou para um outro mundo naquela semana. 




 

Mas não pode lhe contar isso por que” morreu” no mês  seguinte, e nunca teve coragem de falar com ele depois daquele dia. “ 





 

A recordação daquele dia, uma das poucas que tinha em que falara diretamente com Jungkook, sempre lhe lembravam de o porque ela resolverá mudar. Ela necessitava ser um novo alguém, não ficar se escondendo atrás de seus receios e de sua timidez. Foi mais um dos gatilhos que a fez ter certeza do que queria fazer. Queria ser como as elegantes e poderosas senhoras das histórias. Queria mudar sua vida, queria se mudar para uma versão melhor. Uma menina melhor. Aquela que sempre quis ser. Sua impotência em atividades orais, em conversas com aqueles que queria formar uma amizade a irritavam. Ela não queria ser assim. Ela não era mais assim. Custasse o que custasse, ela jamais voltaria. Mudou uma grande parte de si, e jamais voltaria atrás. Mesmo que algumas coisas ainda dentro de si permanecessem ali, ela mudou. As experiências em que se colocou a tornaram Yuri. 



 

— Tudo bem senhora Choi, eu adoro trabalhos orais. — Ela disse, sorrindo. — Usarei isso ao meu favor. Farei o meu melhor. 




 

A mulher sorriu. 



 

— Acredito em você, querida. Não desperdice seu potencial e preste um pouco mais de atenção nas aulas. Pense sobre a monitoria, iria te ajudar bastante. — Recomendou a professora. A menina lhe agradeceu e foi liberada para se juntar aos colegas no almoço. 




 

Ela podia fazer aquela apresentação. Como uma redenção. Como uma prova real de que ela mudou. 



 

E que nunca voltaria atrás. 




 

••••••••


 

A menina de cabelos negros observava sozinha do lado das estantes o de se destacavam os alunos premiados da escola. O troféu de prata em formato de anjo estava protegido dentro da estante, concedido a todos que eram o primeiro lugar geral do ranking a cada terceiro ano, mas tinham a melhor média geral no seu ano de conclusão. Eram agraciados com aquele troféu e premiados com uma bolsa com ajuda de custos na universidade de Seoul. Eunha sabia que antes que sua mãe a obrigasse a arranjar um emprego e a largar seus estudos novamente, aquele objeto era seu passaporte para a oportunidade de uma vida melhor. Todos os dias ela olhava para ela se lembrando de impor que se esforçava tanto, do por que estar ali, da dádiva que era poder frequentar a escola. Ela não tinha muitas coisas, morava num carro, a mãe não conseguia nada além de um subemprego e seu pai estava internado numa clínica para tratar de seus vícios. Ela tinha um emprego de meio período, que as faziam segurar as pontas e ter o que comer. O único bem que tinham era o carro, onde viviam desde que atrasaram o aluguel do último quitinete. Parava as vezes ali para se lembrar do por que continuar indo em frente. 



 

Aquela era a sua oportunidade.




 

— Ah, o troféu da universidade de Seoul? — Uma voz perguntou ao fundo. Ela se assustou por um momento, surpresa com a presença de outra pessoa ali. 



 

Se virou e deparou-se com Kim Namjoon, encostado na parede oposta com os olhos no mesmo troféu. Ela não sabia por quanto tempo ele estava ali, mas ele parecia já estar acomodado ali a algum tempo. 




 

— É….sim. — Ela respondeu, tentando não olhar diretamente para ele. As memórias de sábado ainda estavam vivas demais na sua mente para que ela conseguisse superar a vergonha. Um momento de silêncio preencheu os dois naquele hall. 




 

— Então...você se chama Eunha, não é mesmo? — O menino perguntou, mesmo sabendo da resposta. Ela assentiu com a cabeça. 




 

— Sim...Chae Eunha. — Ela disse, percebendo sua própria redundância mas não sendo capaz de se corrigir. As memórias da festa eram revividas enquanto falava com o rapaz. Tanto as boas, como as ardentes, até as vergonhosas como o soco que deu em Kang Seulgi. Sode ouvir a voz dele, ela sabia que Namjoon era um problema e tanto. Ele era a personificação de tudo o que a desviava, de tudo o que ela deveria e precisava se afastar. Sabia que não deveria falar nele, pensar sobre ele e muito menos ficar próxima. Ele praticamente vinha com um sinal invisível de alerta, e ele nunca durou com garotas mesmo. Ela acabaria se do uma de suas distrações, e ela não queria isso. Muito menos queria um relacionamento. Tudo o que importava para si era mudar sua própria vida, seu destino. 




 

Então, se sabia suas prioridades, por que não conseguia dizer nada? Por que não simplesmente o mandava embora? 






 

— Então. Eu estava pensando sobre sábado. — O Kim começou. — Sabe, na minha festa. 




 

— É. Esquece isso, minha amiga está interessada em você de qualquer forma. — Eunha sabia que Yuri tinha inventado seu “crush” em Namjoon apenas para despistar as suspeitas de Sooyoung, mas aquela era uma boa desculpa para se livrar daquilo. Só queria evitar aquela conversinha o de ele fingia se importar com o que aconteceu. — Tá no passado, de qualquer forma. Eu não vou espalhar pra ninguém que quase dormi com você e que soquei sua ex. Fique tranquilo, não quero problemas. 



 

— Na verdade, eu queria pedir seu número. Não falar sobre sua amiga ou Seulgi. — ele simplesmente acrescentou. 



 

Ela piscou os olhos duas vezes. Qualquer coisa que ele pudesse falar, ela não esperou aquilo. 





 

— O meu número? Para que você iria querer o meu número ? — Ela perguntou, rindo ironicamente. Era uma aposta? Uma pegadinha? Ou ele pensava que ela era como as outras meninas que caíram na conversinha fiada dele? Seja qual fosse. Ela não podia acreditar naquilo. 



 

— Bem, não é isso que as pessoas perguntam quando ficam interessada em outras? — Namjoon disse, colocando as mãos nos bolsos. — É tão absurdo assim? Eu digo, tivemos um ótimo tempo  juntos na noite de sábado e você é bonita. Devo acrescentar, estava especialmente bonita naquele vestido. Bem, você chamou minha atenção. É coisa de outro mundo, Chae? 



 

— É que...somos tão diferentes. — Ela começou. — E, que garantia eu tenho de que você não está só tirando uma com minha cara e tentando me fazer de mais uma garotinha na sua lista? 




 

O menino riu, retirando as mãos dos bolsos. 



 

— A única garantia que eu tenho Para te dar é que eu estou interessado em você. Se isso bastar, me de seu número, se não, talvez eu deixe para lá. Ou talvez eu arranje outro meio de conseguir. 




 

Ela franziu as sobrancelhas. 



 

— Como assim, outro meio? — Eunha indagou, confusa. Realmente não entendia os joguinhos daquele garoto, e nem tinha vontade. Ao mesmo tempo, ficava ali, curiosa, querendo saber o por que de tanto interesse em si. 




 

— Se você tem tanto problema para confiar em mim, posso te mostrar como eu sou determinado por um desafio. Mas, se eu ganhar, você me dá seu número e eu também te levo para sair. Se eu perder, eu te deixo em paz e não insisto. Eu sugiro uma aposta.




 

O seu olhar se estreitou. Uma aposta? Ele realmente queria lançar um desafio a si? Realmente, Kim Namjoon era mesmo o pilantra bonito que gostava de joguinhos como todos diziam. Entretanto, poderia ganhar. E aí, toda aquela distinção acabaria e ela sairia com a volta por cima, sem ter que lidar com as insistências do menino. 




 

— E se eu concordar, qual seria a aposta? — Perguntou, curiosa.  Não custaria ver qual era a oferta. 




 

— Inglês é a minha melhor matéria e a sua como eu bem sei pois ajudo na montagem dos rankings de nota pelo conselho. Teremos prova agora na sexta. Quem tirar a maior nota, ganha, princesa. É simples. — O garoto disse, ignorando o fato de que a garota revirou os olhos ao ser chamada de princesa. 




 

— Não sei. — Ela sabia que era justo, já que os dois eram bons naquilo, mas ao mesmo tempo, sabia que tinha chance real de acabar perdendo. E sentia que ao deixar Kim Namjoon ter ao menos a possibilidade de entrar na sua vida, estaria cometendo um grande erro. Afinal, se ela se apegasse e ele descobrisse que ela não tinha ao menos onde morar, jamais estaria interessado nela. 




 

— Medo de perder? — Ele disse irônico. — Capaz de eu levar aquele lindo troféu da universidade de Seoul de você também, sabe. Afinal, eu sou o primeiro do ranking geral. 




 

Aquilo fez o sangue dela ferver. Ele realmente não tinha noção do que ela estava disposta a fazer. Do quão ela queria lutar por aquilo que precisava, que acreditava. Ele era o único aluno que a média a ultrapassava e ficava acima de si que poderia levar aquela bolsa de estudos, aquela chance. Ela não deixaria. Precisava provar para ele que ela poderia vencer. E que ela iria. 




 

— Não. Não tenho medo de você. — Ela afirmou, o mais segura que pode. — Eu vou ganhar isso e o troféu. Considere a aposta feita. 



 

— Está feito então, Chae Eunha. Ansioso para o nosso encontro. 



 

— Eu estou ansiosa para me livrar de você, Kim Namjoon. — Ela respondeu, não falando mais nada, apenas virando as costas e deixando o convencido para trás, determinada. 





 

Mas não custaria dar uma estudada extra na biblioteca naquela semana. 



 

Sabe, só para garantir. 




 

•••••••



     Horário do almoço.


 

— Então, é por isso que eu acho que a Nayeon não presta! Ela fica espreitando o Jungkook que eu sei. E se eu não vou mais namorar ele, ninguém vai. — Sooyoung afinar convicta, enquanto suas amigas minions apenas assentiam, concordando. Yuri apenas observava a conversa, como sempre quando sentava ali, não tendo a mínima vontade se engajar no assunto ou interesse. Realmente, Sooyoung, Seulgi e Joohyun eram o conceito de futilidade. Desfilando por ali com aqueles uniformes de líderes de torcidas, as unhas postiças e os cabelos bem feitos, sentindo que eram melhores que o resto da escola. Entretanto, se impedia de julgar elas por  suas aparências e atitudes perante a todos. 



 

Ela literalmente fez uma máscara profissional, então se alguém era mestre em utilizar-las era ela própria. Não tinha o direito de falar nada. 




 

— Então, Yuri. — Ela acordou do seu transe quando a menina chamou seu nome. — Eu….preciso falar uma coisa para você.




 

Ela outra ficou confusa, mas sorriu. 





 

— Pode falar, Sooyoung. — Ela incentivou. 




 

— Eu você senta a dois meses conosco no almoço, e acho que é seguro dizer que nós gostamos mutuamente. Você até prestou os testes para o time competindo com outras meninas a um tempo atrás, e suas habilidades são boas. Então pensei que seria adequado você se agregar permanentemente ao nosso grupo como parte oficial do time das líderes de torcida. O que você acha? — Perguntou a líder. 



 

— Você deveria aceitar. Eu tinha minhas ressalvas quanto a você também. Mas, você provou sua capacidade no time. E, está sentando

Com a gente já um bom tempo. — Joohyun assentiu, sorrindo animada. 




 

— É...se a capitã concorda, eu concordo. — Seulgi disse, meio a contragosto, mas se viu obrigada a concordar com as outras amigas. Yuri tinha uma imensa vontade de rir toda vez que olhava para o roxo provocado por Eunha que a menina tentara esconder com base, obviamente falhando. 






 

Bem, isso foi tudo o que sempre quis. Ser bonita. Ser uma líder de torcida. Desde que chegara em Sicheong sobre sua identidade de “ Jo Yuri” ganhou atenção, prestígio, respeito. Conseguiu a atenção até mesmo de Jungkook, aquele que ela observará durante anos. Tinha o corpo no peso ideal, a perfeita aparência e tinha alcançado tudo o que sonhou há dois anos atrás, quando ainda se escondia atrás de inseguranças, suéteres largos e óculos redondos. E agora, que finalmente conseguirá o que tanto almejara, por que nunca conseguia se sentir completa? Talvez a sua resposta estivesse ali, algumas mesas atrás, mexendo de forma distraída em seu celular com os cabelos azuis bagunçados. A incompletude de si vinha também da incompletude não prevista que causara em Taehyung, coisa que nunca fora parte de seus planos. E era bem pior do que ela pensara: Ele foi apaixonado por si. Por sua antiga eu. Ainda se perguntava, como ele pudera? Ela era tão estúpida. Desajeitada. Fora do lugar. O fato de que sim, alguém a amara como Alice que ela era acendeu uma faísca pela primeira vez de que ela talvez não tivesse sido tão estúpida assim. Agora, todas as vezes que olhava para ele, uma porção de “e se” que nunca seriam respondidos tomava sua mente. E pensamentos que nunca tinham tido antes rodavam em seus pensamentos. 




 

E afinal, se tivessem se tornado um casal, como estariam? 



 

Balançou a cabeça. Mesmo que tivessem, do jeito que era naquela época, ela só destruiria a si mesma e ele no processo. Aquela pergunta que fez a si mesma era estúpida e inútil, nem sabia o por que de ter pensado isso. Não conseguia ver um palmo à sua frente, era cega perante a tudo a não ser seu ódio por si mesma. Não seria capaz de devolver o afeto que ele sentia, e sabia disso. Talvez, fosse melhor assim. Entretanto, as palavras dele estavam impregnadas em sua mente. Deveria deixar aquilo para lá. No entanto, suas novas descobertas bagunçavam sua cabeça e seus sentimentos em relação a aquele que algum dia foi seu melhor amigo. Teria ela sido capaz de gostar dela também? Ou ela….poderia o ter amado também? Quanto Mais pensava nessas questões, mas a linha da imagem fraternal construída de Taehyung em sua mente desmoronava, e a forma como o via ficava confusa. Sabia que eram pensamentos perigosos, e malucos. Eram melhores amigos, praticamente irmãos e nada mais além disso. 



 

O fato de que ele a amou um dia não mudaria isso. Afinal, aquela que ele amou não existia mais. 




 

Queria apenas ter deixado as coisas explicadas. As vezes, sentia que ignorou o afeto baseado na sua negação torpe, na sua distorção a sua volta. De qualquer forma, além de confuso, sentia que havia sido importante aprender isso. 



 

Sentia que aquilo mudava tudo. 




 

— Ahm….Claro! Por que eu não aceitaria! — Disse, percebendo que as meninas esperavam uma resposta sua. As garotas bateram palminhas e gritinhos alegres com a adesão de uma nova menina no time, mas a recém incluída apenas sorriu fraco. — Quando começamos?



 

— Os ensaios são toda terça e quinta, depois das aulas. Mas você não precisa ir no de hoje. — Sooyoung explicou. Deu orientações a loira de como conseguir o uniforme, e que a ajudariam nos primeiros ensaios. 





 

Logo, no meio da conversa das quatro meninas o sinal tocou, indicando que o horário do almoço havia acabado. As garotas se levantaram juntas e Seulgi e Joohyun foram na frente, alegando precisar retocar a maquiagem. Já Sooyoung se levantou, sorriu para a menina e disse: 



 

— Fazia um bom tempo que não tínhamos ninguém novo no time, vai ser legal, Yuri. — Ela comentou animada, gesticulando para a outra que sorriu. — Eu gostaria de conversar um pouco mais, mas tenho que ir. Já estou com problemas com o senhor Noh e não quero ganhar mais detenções que me tirem dos ensaios. Até mais. 



 

— Até…— Disse Yuri. A bonita e alta garota se retirou, deixando a amiga loira para trás. Na verdade, não estava afim de ir a classe do senhor Noh, e sim de ficar sozinha. Esses dias as coisas estavam uma bagunça. Entre o time, os eventos da butique de sua mãe e os estudos, sobrava pouco tempo para a Park espairecer. pensou em se oferecer para ajudar a Heeyeon, a estagiária a bibliotecária novamente. Já eram tão amigas que a mulher não se importava de ver Sooyoung ali no período de aula. Entretanto, no caminho até lá se deparou com um menino que nunca tinha visto antes ali. Com certeza, era um aluno novato, que estava ali acompanhado de dois homens e uma mulher que vestia trajes religiosos. Os adultos entraram deixando o menino ali sozinho. 




 

Ele era esguio. Nem tão magro e nem tão alto, mas tinha feições faciais bonitas. Ele parecia meio deslocado, remexendo as mãos sem anéis uma na outra. Ele percebeu o olhar dela por um tempo, e sorriu na direção dela, estreitando os olhos e deixando seus lábios formar um gesto que a fez sorrir também. Ali, sentiu uma conexão instantânea. Aquela sensação que Sooyoung teve era aquela de quando víamos alguém que estava prestes a balançar e entrar na nossa vida, não necessariamente de forma amorosa, mas sentiu uma sinceridade naquele olhar perdido que contrastava com o seu. Por isso, sorriu e andou em sua direção, afim de saber quem ele era. Nem mesmo a nova amiga que acabara de aceitar no seu time de líderes de torcida havia ganhado sua simpatia tão rápido quanto aquele menino de cabelos negros encostado na parede perto da porta da secretaria. E ela nem mesmo sabia o por que. 




 

— Olá! Está se transferindo? Nunca te vi por aqui antes. — Ela perguntou. 



 

— Ah, Sim. Começo a estudar aqui amanhã, na quarta. Eu estou um pouco nervoso. — Ele coçou a nuca, sem jeito. Não esperava falar com ninguém ainda.



 

— Espero que se sinta à vontade. Eu sempre estudei aqui, meu nome é Park Sooyoung. Se você tiver qualquer dúvida, pode me chamar pelos corredores, eu posso ajudar. — Tentou sorrir gentil e estendeu a mão ao rapaz para que ele a apertasse, como sinal de um cumprimento. Ele sorriu. 




 

— Obrigada. É um prazer te conhecer, Sooyoung….Meu nome é Jimin. Park Jimin. — Sorriu, aceitando a mão da garota e a apertando. Ela também sorriu. — Bem, já temos algo em comum: O sobrenome! 




 

Ela riu. 



 

“ Jimin” A menina pensou repetindo o nome em sua mente para não se esquecer. Ela tinha sensação de que não iria acontecer tão facilmente. Por algum motivo, parecia importante. 




 

— É….somos dois Parks contra o mundo, aparentemente. — Fez piada. 



 

— Não acredito que você citou o dorama! — O menino disse, entendendo a referências. — É incrível e passa em teve aberta! Eu e os meninos do orfanato assistimos….



 

Ele parou. Pode ver o constrangimento atravessar o rosto do rapaz e suas bochechas enrubescerem. Ela olhou para ele, constrangido, e soube que pelas suas vestimentas ele sabia que ela era uma menina rica. A boa aparência e as argolas de puro ouro que adornavam suas orelhas e os anéis em seus dedos não enganavam ninguém quanto ao seu status, e sem querer ele acabara de revelar o seu. Normalmente, ela acabaria com a conversa ali mesmo. Afinal, fora ensinada por sua mãe que jamais deveria se misturar com as camadas inferiores, e normalmente seguiria o conselho sem questionar. Entretanto, havia algo diferente naquele menino. Aquela aura que a fez ficar e querer saber mais da história. Compaixão não era um sentimento comum a menina Park, mas naquele momento ele cruzou seu coração. 




 

— Não precisa se preocupar em dizer de onde veio. Deve ter...sido difícil. — Ela afirmou. — Eu sempre tive tudo, então não imagino como deve ser, mas deve..ser horrível. 




 

Ele sorriu. 



 

— Sim. De qualquer forma, ao menos o orfanato ficará no passado. Eu e meu irmãozinho fomos adotados. Inclusive a minha nova família me trouxe aqui, para cursar o último ano. Eu nunca estudei em escola privada, então estou um pouco nervoso. 




 

— Não precisa ficar. Olha, se você precisar de ajuda pode me procurar. É sempre bom ter alguém com quem contar nesses momentos de recomeço. Espero que caia na 3-C, Jimin. Seria ótimo ter um colega de turma como você. — Falou, sincera. Era a primeira vez que realmente não espreitava alguém, procurando saber de quem era, onde vinha e o que podia conseguir conquistando a simpatia daquele de quem se aproximou. Tudo fluía normalmente, sem desconfianças partindo de sua parte os sem aparente jogo de interesses. Conversaram e descobriram várias coisas em comum, o amor por patins e por dança. Foi particularmente interessante descobrirem juntos que tinham um amor especial por dança contemporânea, que acabou por tomar toda a conversa dos dois. 




 

— Que saudades eu tenho de praticar! Mas tive que largar quando arranjei um emprego. — Ele comentou. A afirmação a fez lembrar de uma coisa. 



 

— Na companhia em que eu pratico, a madame oferece algumas bolsas para aqueles talentos que se candidatam e são selecionados, você deveria tentar! — Ela comentou, animada. O rapaz sorriu constrangido. 



 

— Não sou tão bom assim. Eu acho que eu não passaria. — Jimin disse balançando a cabeça para um lado e para o outro em negação. 



 

Sooyoung tentou dar um sorriso confiante. 



 

— Sabe, eu te fazer esse convite não foi um acaso. Eu sinto que...você deveria tentar. É uma grande oportunidade. Não deixe seus sonhos para trás. — O garoto pareceu surpreso pela fala. E então sorriu. O mesmo gesto sincero de quando se viram pela primeira vez. 




 

— É verdade...você tem razão. Pode me dar as informações? — Ele perguntou. A menina pediu que ele ele anotasse seu número e o da academia no próprio aparelho, e assim o fez.  — Obrigada, Sooyoung.




 

— De nada. Creio que seja esse final de semana. Amanhã eu digo o dia exato. — A campainha soou, indicando que uma aula já havia se passado. Ela não tinha percebido o tempo gasto naquela conversa boa, mas agora sabia que precisava ir. Ficar sumida por suas aulas já seria demais. — Bom te conhecer Jimin. Bem vindo a Sicheong e a gente se vê por aí, tá? 




 

O menino assentiu, dizendo: 



 

— Até mais, Sooyoung. Foi um prazer ter te conhecido também. — O garoto sorriu e acenou para a menina, que retribuiu o gesto e virou as coisas, andando lê-lo corredor. 




 

— Que bonitinho, adorável. — Disse Samuel, encostado a alguma distância da parede atrás do menino, o assustando. — Sabe, quando eu revendo uma mensagem dizendo “ estou na escola entregando a documentação, vem me ver quando essa aula acabar” a coisa que eu menos espero na vida é ver a Sooyoung, tipo, sério. 



 

— Ah, você a conhece? — Indagou Jimin. 




 

— Conheço e não gosto. — O loiro afirmou. — Acho ela sonsa demais. Deveria mudar o nome dela para Sonsayoung. 




 

— Credo, Samuel. — Jimin deu risada do comentário. — Pois saiba que ela foi um amor comigo. E muito simpática.



 

O outro menino estreitou os olhos. 



 

— Hm. Tá. Aí tem. Sooyoung não faz o tipo simpática, a não ser que aí tem alguma coisa. — Ele disse estalando a língua. Jimin riu. — Do que você está rindo? 




 

— Beeem, talvez você esteja com ciúmes de mim. Poxa Samuel, me leva pra tomar um sorvete primeiro antes de já me tratar como seu namorado. — Ele disse, acusativo. O loiro sustentou uma expressão de indignação.



 

— Nada a ver. Você está se achando. Só acho engraçado vocês já serem tão amigos assim, tanta conversa. — O mais alto disse, cruzando os braços. Jimin se aproximou dele, checando para ver se Yoongi, Hoseok e irmã Sarah ainda conversavam com a funcionária pela janela de vidro. Se encostou mais adiante da parede, no lado de Samuel. Também cruzou os braços, imitando a posição do mais alto e levantando o queixo para olhar nos olhos dele. Era ridículo a diferença de altura dos dois pelo garoto americano ser bem mais alto que si e que a média dos rapazes coreanos, e evitava pensar nisso por que o fazia lembrar de quando praticamente subiu no balcão da cozinha da casa de um estudante aleatório de Sicheong para beijar o loiro. Aquela não era a hora de ter vergonha. 




 

— Bem. Não é com Sooyoung que eu tenho um encontro marcado amanhã. Ou você se esqueceu? — Ele disse, olhando para o menino. Sentiu o constrangimento evidente no rapaz de pele bronzeada. — Então pronto. Deixa isso, a gente tava só se falando. Quando eu disse por mensagem de texto que eu estava verdadeiramente interessado em você, é por que eu estou. Sei que fica inseguro por que eu tenho mais experiência que você, mas olha, eu sou bem sincero. Tanto que eu dei em cima de você na cara dura, não foi? 



 

O menino riu e o Park acompanhou. Sempre faziam quando se lembravam de quando tudo começou, na praia há duas semanas atrás. Em algum momento, pararam de rir e se olharam sorrindo. Samuel continuou olhando para o mais baixo, que começou a ficar um tantinho desconfortável com o olhar fixo em si. Às vezes, se perguntava o que passava na mente dele. Não conseguia decifrar o loiro as vezes, e isso onomatopaica. Nunca dava para saber se ele tinha vergonha, ou não. Se gostava de si ou se estava confuso. De qualquer forma, olhando para aqueles olhos verdes, Jimin sabia. 




 

Que ele queria ficar por perto o bastante para descobrir tudo sobre ele. 



 

•••••••



 

As aulas haviam terminado pelo dia, e Samuel e Eunha haviam sumido tanto no recreio como nas últimas aulas. Eunha saiu cedo, afinando que necessitava estudar para outra matéria, e Samuel sumira desde o terceiro horário. Ainda faltava meia hora para que desse o horário que precisava estar no ônibus, então decidiu esperar mais perto do horário para ir à rua. Mesmo assim, desceu as escadas a fim de alcançar o pátio de entrada, e gastar um tempo lá ao ar livre. Começou a descer os lances de escada distraída, sem prestar atenção no fato de que tinha alguém lhe chamando. 



 

— Espera! — Uma voz disse do topo da escada. Ela se virou e Taehyung surgiu, de forma animada deslizando pelo corrimão até alcançar o lance de escadas onde ela estava. — Garota, você anda rápido. Onde está indo com tanta pressa? 



 

— Você me assustou. E se você continuar usando os corrimãos, as inspetoras vão brigar com você. — A loira ralhou. O menino a observou entediado, ainda apoiado em um dos objetos de ferro. 




 

— Yah, Jo Yuri. Elas não tão vendo! Então, qual o problema? —O de cabelos azuis disse sorrindo. Ainda era difícil estar tão perto de Taehyung por dois motivos, e o primeiro era saber que não podia contar que era Alice por medo de perder o amigo novamente. E o segundo, era o fato de que ele confidenciou que esteve apaixonado por ela, e essa descoberta em particular a desconcertou toda vez que se lembrava e que olhara para ele. Os dois não se falavam desde domingo, e na segunda ela propositalmente evitou conversar muito com ele. Sabia que isso era algo no passado, mas pelo fato de ter descoberto recentemente aquilo mexia consigo mais do que ela gostaria. Tinha consciência de que nada poderia ser feito, de que foi um erro dela não ter notado, mas agora uma parte mínima dela desejou que tivesse. Mesmo que tivesse dado errado, mesmo que tivesse colocado a amizade dos dois a prova, subitamente, sentiu vontade de ser amada. De dar uma chance a aquele que sempre esteve ao seu nado. Entretanto, ela não notou. E sabia que de qualquer forma, era tarde demais. O melhor seria esquecer. 





 

— Ei, terra chamando, câmbio. — Ela acordou de seus pensamentos confusos quando Taehyung chamou sua atenção, estalando os dedos na frente de seu rosto. — Eu perguntei se você quer uma carona para casa. Eu consertei minha motocicleta. Um desgraçado furou na festa. 






 

A menção do garoto fez se lembrar da festa. Do que tinha quase acontecendo com Minjae. Yuri se esforçava para tentar esquecer, mas vendo ele perambulando pela mesmas escola que ela fazia com que o pensamento voltasse a sua mente. Evitava com todas as forças em pensar no que poderia ter acontecido se Taehyung não tivesse chegado naquele exato momento, no que poderia ter acontecido naquele quarto. O que quase não aconteceu. Tinha calafrios só de pensar. 




 

— Foi o Minjae que furou o pneu, não foi? — Ela perguntou. Taehyung fez que sim com a cabeça. 




 

— Aquele desgraçado. — O Kim disse, com o maxilar trincado. Os dois nunca tinham tocado no assunto depois do fim de semana, mas era inevitável. — Ele está me evitando. Sabe que se ficarmos sozinhos no mesmo ambiente eu vou eventualmente socar aquela cara cínica dele. Ainda não acredito no que ele fez. Fui em tantas festas, o vejo todos os dias pela escola e pelas noites….é verdade aquilo de que “almas podres andam ao nosso lado.” 




 

A loira colocou a mão no ombro do menino para chamar sua atenção, que parou imediatamente a série de reclamações e xingamentos que dirigia ao aproveitador. Ele se calou imediatamente. A loira olhou diretamente para os olhos dele, e percebeu um padrão de culpa. Sabia que ele se sentia mal por não ter feito mais, e arqueologia era um sinal do antigo Taehyung que conhecia. Lhe encantava encontrar detalhes do passado naquela pose autoritária e durona que ele havia construído, tinha a vontade de proteger a todo o custo aqueles com que se importava. E lhe encantava até mais saber que ele se importava o suficiente com “Yuri” também. Talvez realmente pudessem ser amigos de novo. Não na mesma intensidade, mas naquela confusão que era internamente, entre questionamentos sobre sua conduta passada e sobre quem era e o quanto tinha mudado, ter Taehyung era além de um consolo, era uma sensação familiar. Mesmo que nunca fossem os mesmos, ele sempre passaria uma sensação de conforto. 




 

— Você impediu que ele terminasse o que começou. E eu sou grata. Você literalmente me salvou. Acho que nunca tive a chance de dizer propriamente obrigada. — Ela disse, tentando sorrir. — Está tudo bem, Taehyung. Eu vou superar isso. Eventualmente, eu vou me esquecer. 




 

O menino de cabelos azuis foi atingido por suas próprias lembranças ao ouvir a última fala da garota. Um deja vi tomou conta de sua cabeça, e uma série de frases semelhantes invadiram sua memória com uma voz doce, tristonha, e familiar demais. 



 

Não se preocupe, Tae. Isso é comum. Todos já pegam no meu pé mesmo. Logo eu esqueço o que aquelas meninas disseram. “ 


 

“ Está tudo bem. Sooyoung sempre foi assim. Só esqueça isso, tá? Eventualmente eu supero o que ela fez comigo. Só estou triste. “ 



 

“ Tá tudo bem. Eu só estou distraída. Não estou triste.” 



 

“ Os meninos me enganaram dizendo que eu era bonita, e que um deles queria ter um encontro comigo. Mas está tudo bem, Tae. Logo logo eu esqueço.” 




 

Todas as frases, todas as desculpas, todos os “ deixa para lá.” Que nunca foram deixados para lá. Dessa vez, ele sabia. E não cometeria o mesmo erro duas vezes. A mão da menina continuava em seu ombro, e ela esperava uma resposta vinda do silêncio do rapaz. 



 

— Você não se esqueceu, não é? Por mais que tente. — Ele disse. A menina abaixou a cabeça, e aquilo valeu mais que um “ Sim.” Um momento de silêncio se instaurou entre os dois, até Yuri se pronunciar novamente. 



 

— Eu….sempre me lembro. Mesmo que eu não diga ou tente não lembrar. Eu sempre me lembro. — Ela confessou. — Mas ao mesmo tempo, eu não quero pensar. 




 

— Olha...se você quiser pensar, tudo bem. — Ele afirmou, olhando para a menina. — Se quiser chorar, também pode. Você não precisa imediatamente mover em frente. Você pode tirar um momento para pensar sobre as coisas que te magoam. É direito seu. Ninguém precisa estar bem o tempo todo. E ninguém está. Só quero que saiba que, em relação a isso, eu estou com você nessa e se você precisar falar com alguém sobre, eu estou aqui. Lembra que eu me abri com você sobre a minha história? Então lembre que você pode fazer o mesmo, Yuri. — Ele disse, tentando passar a menina e também tentando corrigir seus próprios erros do passado. Não deixaria para lá. Tinha que dizer que ele estaria ali. Era o mínimo que podia dizer depois da paciência que a menina teve consigo naqueles dois meses, desde seus sumiços, sua forma de agir arredia e seu humor um tanto inconstante. Entretanto, sempre com ela, Taehyung foi o mais gentil que podia. Por algum motivo, ele a queria bem. Gostava dela de verdade, e sabia que tinha haver com o fato de ela o lembrar da sua querida amiga que já não estava mais ali. Contudo, mesmo não se conhecendo tanto tempo assim, ele sentia que tinham uma conexão. Uma daquelas que você apenas sente que duas pessoas estavam destinadas a ficar perto. As vezes, ele ficava confuso sobre seus reais sentimentos sobre Yuri. Sabia que estavam construindo uma amizade bonita, mas ao mesmo tempo ele pensava nela. Observava ela. Tinha a necessidade de conversar, e até mesmo de proteger. Pensava muito nisso ultimamente. Até mesmo mencionou e questionou a sua terapeuta, Hyejin, se ela não seria Alice voltando para sua vida. Às vezes, não parecia que se conheciam há pouco tempo. 




 

Mas ele sabia que esse pensamento era perigoso. Não existia outra Alice, e o fato de começar a nutrir sentimentos como esses as comparando era injusto, principalmente para a garota ali na sua frente. Era a primeira vez que alguém entrara em sua vida em dois anos trazendo esse tipo de pensamento. De dúvida. Entretanto, ele sabia que era melhor permanecerem amigos. Sabia disso, mas quando a garota desabou em seus braços, começando a chorar. Ele a aceitou em seus braços, e não falou mais nada, apenas remexia nos cabelos loiros e curtos com uma de suas mãos, tentando confortar a menina de alguma maneira. Passaram alguns minutos assim, no meio da escada já deserta, sem falar nada. Após algum tempo, ela começou a se acalmar. Uma hora ela parou de chorar e simplesmente disse: 




 

— Eu aceito a carona para casa. — Yuri afirmou, se referindo ao convite anterior do menino. 




 

O mais alto sorriu e disse: 




 

— Ok, vamos dar uma volta com a Chantel. Isso com certeza vai dar uma levantada no seu astral. — Ele deu um sorriso.



 

— Chantel? — Ela perguntou. Ele riu. 




 

— A minha moto, Yuri. — Taehyung disse, finalmente de soltando da menina e retirando as chaves do bolso. — Esse é o nome dela. E provavelmente o nome da minha filha, se um dia eu tiver uma. Espero que eu tenha. 



 

— É um nome péssimo. — A loira comentou limpando as lágrimas e dando uma breve risada. 



 

Ele se fingiu bravo combo comentário e disse: 



 

— Olha, Chantel vem do francês. Quem não adora palavras francesas? Além do mais, significa “Carismática, afetuosa e amável” tudo o que importa. — Ele disse, enquanto os dois já desciam as escadas juntos. Yuri riu mais um pouco, insistindo que era um nome estranho tanto para a moto quanto para a pessoa. — Iria ser lindo. Já pensou “ Kim Chantel” ? É diferente. Eu gosto de nomes ocidentais. Não precisamos de mais uma Yujin ou Sunhee, a Coreia já tem várias. 



 

— Assim...como o nome da sua amiga? — Ela comentou, enquanto os dois ainda chegavam no final do lance de escadas. O menino de cabelos azuis parou por um momento, e sorriu. 



 

— É, exatamente. O nome dela foi em homenagem ao livro mesmo, Alice no país das maravilhas. Ela sempre reclamava de não ter um nome coreano comum, mas foi exatamente o que me chamou atenção nela quando estudamos juntos pela primeira vez no jardim de infância. Tinham outros dois Taehyungs, umas quatro Sunhees, cerca de três Bonhwas, mas….não tinha nenhuma outra Alice. Eu achava legal ela ter um nome diferente. Me chamou a atenção. Na minha cabeça infantil, se ela tinha um nome tão legal….ela seria legal também. E cara, como o Taehyung de quatro anos estava certo. — Ele disse, sorrindo. Ela não soube o que dizer depois, apenas sentiu o valor percorrendo suas bochechas. Ouvir coisas tão bonitas sobre “ Alice” ainda lhe causava estranheza, já que era apenas acostumada com elogios dirigidos a aparência de Yuri. Agora, ver alguém falar tão bem da sua figura geralmente desprezada por outros, fazia com que se emocionasse. Sabendo que deveria dizer alguma coisa, apenas afirmou: 




 

— É….Kim Chantel talvez não soe tão mal assim. — Disse, dando um risadinha. Andaram em direção ao estacionamento lado a lado conversando mais algumas baboseiras até chegarem a tão famosa máquina apelidada de um nome francês. O Kim lhe entregou o capacete reserva, e logo estavam na autoestrada a caminho de sua casa, contra o vento. Por vezes segurava mais forte e dava uns gritos no menino que ia rápido demais, mas ambos estavam curtindo o momento da pequena viagem de dez minutos até o bairro da menina. A garota pensou que aquilo parecia aquelas cenas de filme, onde a mocinha se sentia liberta ao lado do garoto aventureiro ao som da trilha sonora de alguma música da Lana Del Rey. Aquele momento de euforia gerado pela adrenalina sua e de quem estava na sua companhia. Por um momento, desejou ir ainda mais rápido, e em outro, desejou nunca chegar ao seu destino. 



 

Infelizmente, a vida não é estática, e logo os dois chegaram na frente da casa de madeira de dois andares que os adultos hipotecaram assim que vinheram a Busan. Planejou se despedir do rapaz e entrar rapidamente em sua casa antes que Hoseok e Yoongi conhecerem lhe fazer muitas perguntas se o vissem por ali, mas seus planos foram frustrados assim que se deu conta de que as terças Yoongi e Hoseok tinham meio expediente, e os viu ali estranhamente junto de Jimin e Jihyun, conversando as cadeiras no terraço da frente. As pessoas ali presentes todas pararam para olhar os dois que chegavam. Assim que retiram os capacetes, Hoseok gritou: 



 

— Ei, filha e possível ficante da minha filha, se juntem a nós! — O Jung chamou, acenando. A menina devolveu desesperada um “ Hoseoooook” que fez todos os presentes rirem, inclusive o garoto que estava com ela. 




 

— Que vergonha, meu Deus. Não precisa ficar se não quiser. — Ela disse baixinho para Taehyung, que apenas riu. 



 

— Não tem problema. Não tenho ninguém me esperando em casa mesmo. Posso ficar um pouco. — Ele disse. Ainda envergonhada, conduziu o menino para onde os demais estavam. 



 

— Boa tarde. A escola terminou trinta minutos atrás. — Disse, Yoongi, olhando para os dois jovens com tom de acusação. Taehyung olhou sem graça para a menina diante a afirmação do adulto. Bem, eles gastaram um bom tempo conversando pelas escadas. — Lembro de você do evento e da vez passada que te vi a deixando aqui, rapaz. Seu nome é Taehyung? 




 

O de cabelos azuis limpou a garganta. Estendeu um dos braços e apertou as mãos de ambos os adultos. O começo de uma tatuagem era visível pela manhã dobrada de forma desleixada. 



 

— Sim, meu nome é Kim Taehyung. Prazer em ver vocês de novo. — O garoto disse. 




 

— Taehyung? Cara quanto tempo! — Jimin disse vindo feito um furacão abraçar o amigos das inúmeras noitadas na cena noturna de Busan. — Saudades. Nunca mais vi você lá pelas festanças do Minjae. 



 

O Park não percebeu, mas a menção do nome de Minjae tanto Taehyung como Yuri ficaram tensos. Entretanto, o Kim tratou de desconversar o assunto rapidamente, apenas dizendo que ele teve suas desavenças com o Choi e não pisaria mais numa festa dele. O mais baixo ficou curioso em saber o porque, mas não inspirou no assunto vendo que o outro não tinha vontade de comentar sobre. Logo o recém chegado se misturou a bagunça, trocando ideias com Hoseok e Jimin e até mesmo arrancando sorrisinhos de Jihyun com as suas  brincadeiras. Até mesmo Yoongi estava relaxando um pouco. Quando anoiteceu, algum tempo depois que ele tinha chegado, anunciou que teria de ir embora para não incomodar mais, apesar dos convites de Hoseok para que ficasse para jantar. 




 

— Taehyung, ainda vamos fazer um jantar especial de boas vindas para Jimin e Jihyun. Não esperávamos que o processo saísse no início da semana, então eles vinheram morar aqui antes do jantar. Mas, vai ser na quinta. Já que você se dá tão bem com Yuri e Jimin, você está convidado para se juntar a gente. — Hoseok ofereceu, e até mesmo Yoongi, o que mais exibia a carranca para o Kim, deu um sorriso para o rapaz. 





 

— É, Taehyung. Seria legal se você vinher. Sei que não somos tão próximos, mas temos uma amiga em comum, mas você é super legal e agora também amigo da minha irmã. — Jimin disse rindo, ao chamar a garota de “irmã.” Era ainda surreal para o Park ter uma família. — Aceita, vai. 




 

O Kim olhou para a menina, que ainda não tinha falado nada, perguntando silenciosamente através de uma expressão se deveria aceitar o convite da Camila dela. Yuri sorriu. 



 

— É, Taehyung. Eu ficaria muito feliz se você vinhesse. — Ela disse, assegurando rapaz de que ele poderia vir. Então, ele aceitou e garantiu que estaria com eles na noite de quinta e se despediu de todos e em seguida colocando o capacete e indo embora na sua motocicleta. Ainda era surreal para a loira que estava voltando a fazer parte de sua vida ao ponto de almoçar em sua casa. Seguiu Os adultos e os meninos que conversavam sobre como ainda tinham que organizar as coisas que trouxeram  às pressas nos quartos destinados a eles pela vinda inesperada, mas os olhos de Yuri continuaram presos ao fim da rua, onde a motocicleta dobrou e desapareceu. Sorriu levemente. 





 

Talvez tivesse realmente conseguindo reconquistar a amizade de seu antigo amigo. 



 

E apesar de se encontrar no fundo confusa com as descobertas que fez, apenas isso já a bastava por enquanto. 



 

Que eles fizessem parte da vida um do outro. 



 

Apesar de que ela tivesse culpa ao ter que pensar assim. 


 

Mas era um sentimento que tinha que carregar. 
 

 




 

•••••


 

No dia seguinte, Escola de Sicheong. 


 

Trinta minutos antes do início das aulas. 


 

Os dois garotos chegaram mais cedo naquele dia, e se sentaram em uma das mesas da vazia biblioteca para dar uma estudada extra, já que tinham algumas provas marcadas para aquela sexta feira. Jungkook e Namjoon combinaram de revisar Biologia e Química. O Kim lia as questões de forma concentrada para discutir com a amigo que por outro lado, estava distraído. 



 

— Então, precisamos fazer o cálculo estequiométrico para descobrir nessa questão a quantidade gerada de sulfato de alumínio, sendo que o Ácido sulfúrico é o limitante na situação…— Começou Namjoon a fazer a resolução, e olhou na direção do amigo vendo que ele estava pensativo. — Não é, Jungkook? Jungkook! 



 

O outro se assustou, ao ver o amigo se dirigir a si. 



 

— Ah, sim sim. Isso mesmo. Cálculo estequiométrico. — Ele disse, e Namjoon fechou o livro. 



 

— Escuta aqui, eu sou o seu melhor amigo. Me diz o que tá pegando. Você não tá se concentrando e você que quis marcar essa revisão. São problemas na sua casa? Sabe…. em relação ao Hyung? — Disse, se referindo a Junghyun e seu atual estado de saúde. 




 

— Sempre me preocupo com Junghyun, mas….não é bem isso. — Disse o Jeon, com uma expressão chateada. — Foi algo que eu vi ontem. 




 

O seu amigo mais velho franziu as sobrancelhas. 



 

— E o que aconteceu? — O Kim perguntou, olhando com expectativa para o outro. Ele suspirou. 




 

— Lembra que eu mencionei a Yuri? — Jungkook perguntou. 



 

— Claro, a menina bonita da 3-E. Ela é um colírio para os olhos de muitos rapazes. Metade dos caras do time de futebol tem uma queda nela. E você também, pelo jeito que fala, não tenta me enganar que eu te conheço. 



 

Antes de Jungkook, Namjoon não tinha nenhum amigo. Era desajeitado, excluído. Tudo o que tinha era o apreço dos professores por ser um aluno aplicado e com excelentes notas. Mas, Jungkook mudou tudo. O Dongsaeng lhe foi apresentado em um dos jantares sede negócio do seu pai por ser herdeiro de um dos parceiros de negócios mais estimados do senhor Kim, e o Jeon o reconheceu como sendo da sua escola. Antes mesmo de Namjoon ir para a academia e ascender socialmente em Sicheong se tornando um dos astros da equipe de futebol da instituição, e logo em seguida o capitão, Jungkook já era seu amigo. Namjoon tinha um apreço enorme por ele, e sabia que o Jeon lhe admirava como um Hyung também. Eram incontestavelmente melhores amigos, e o outro sabia muito bem o que se passava na cabeça do Jeon. Não adiantava ele tentar esconder, que o Kim sabia que ele nutria os sentimentos pela menina loira. Foi justamente por isso que dispensou a oferta que Sooyoung lhe fizera mais cedo na semana de armar um encontro entre ele e essa menina, já sabia da paixãozinha do amigo e por isso negou. Jamais faria algo para magoar aquele que praticamente tinha se tornado um irmão para si.



 

Além de que, outra garota tinha chamado sua atenção nesse meio tempo. 




 

O Jeon se viu sem saída, sendo obrigado a admitir em voz alta. Realmente Namjoon o conhecia demais para que ele tentasse disfarçar. 



 

— Sim, eu não vou negar, gosto dela. Sentamos todos os dias juntos no ônibus, temos interesses em comum, falamos sobre nossos gostos, ouvimos algumas músicas, e ela é muito bonita. E foi aí que eu...acho que nem sei quando realmente, mas o divisor de águas para mim foi o sábado. O beijo na festa. Foi aí que eu percebi que eu realmente gostava dela, desse jeito. — Ele disse, colocando as mãos na cabeça. — E cara...eu só penso nisso desde aquele dia. Eu até me inspirei para compor uma música! Não conseguia ter inspiração para isso desde que meu irmão...bem...ficou mal. Eu assisti as aulas pensando nisso, eu vou dormir pensando nisso...eu não sei mais o que fazer.




 

— Eu sei o que você faz. Se confessa para ela, idiota. — Disse Namjoon, pensando no que ele mesmo tinha feito a Eunha a um dia atrás. — Diz para ela que você está interessado nela. A menina não vai adivinhar, Jungkook. Chama ela para sair. 




 

O Jeon olhou para o amigo impaciente. 



 

— Eu tive essa ideia, gênio. Mas escuta o resto. — Disse irônico, e continuou a fala. — Eu pensei em me confessar no ônibus, na segunda. Mas…Kihyun me prendeu uns minutinhos depois da aula e me fez ir até a sala do conselho para dar uma olhada num evento. Eu fui e terminei uns quinze minutos depois. Corri porque pensei que iria perder o ônibus então eu saí correndo pelas escadas e eu me deparei com ela e Taehyung. 



 

O que ouvia arregalou os olhos. 



 

— Kim Taehyung? Aquele tatuado de cabelo azul? — O Kim perguntou, se lembrando da figura que vinha vez ou outra pelos corredores. Jungkook assentiu. — Eles...estavam se beijando ou algo assim? 



 

— Não. Mas eles estavam abraçados, sabe. A mão dele nos cabelos dela e o rosto dela escondido no peito dele e tudo. — Jungkook disse, e deu mais uns breves detalhes a cena em que os dois estavam inseridos no fim de tarde de ontem para o amigo. — Eles não me notaram. Eu nem tive coragem de descer as escadas, dei meia volta e usei as de incêndio. Então eu estou angustiado por que agora que eu fui em termos domingo mesmo sobre os meus sentimentos por ela, não sei se posso me confessar. Não sei se ela e Taehyung já se gostam. Eu to confuso, Namjoon. Pra caramba. 




 

O Kim pensou por um breve momento, em como aconselhar o amigo da melhor maneira. Sabia que Jungkook tinha a irritante mania de pensar sempre nos outros antes de si, assim como fazia colocando seu sonho atrás da da empresa da família, seu lazer atrás dos cuidados com Junghyun e sempre colocava o sentimento dos outros acima do seu. Sabia que o amigo tinha que se concentrar mais em submersão de vez em quando, e arriscar fazer o que realmente queria para mudar. Para ele, só ter cogitado falar já era realmente um passo em tanto, então sabia que ver a cena mexeu com ele. Entretanto, Namjoon tinha que dar uma solução prática para ele, em vez de ele ficar cheio daquelas incertezas que estava no momento. 



 

— Você e Taehyung até que são amigos, não? Pelo menos não estranhos e ele te deve uma tonelada de favores. Você tem a intimidade necessária de jogar a real para ele. Perguntar o que eles dois são e dizer que está interessado em Yuri. Aí, se ele disser que são amigos apenas, você está livre para tentar marcar um encontro com ela e ver no que dá. E mesmo que ele esteja interessado, mas não tiver nada com ela, tente a chamar para sair e não se coloque segundo plano em relação aos outros de novo. Não é como se você fosse pedir ela em um relacionamento sério de cara, Jungkook. Se joga. O não, você já tem. E  se ficar aí se lamentando e demorar demais, e o metido a bad boy realmente estiver interessado, ele vai pegar ela primeiro. 




 

O conselho de Namjoon não era ruim, afinal, ele estava mesmo confiando apenas em sua percepção e já abrindo mão do que sentia em prol da melhoria de uma possível situação que talvez nem seja verdade. Talvez não tivesse nada entre eles. Talvez não tivesse nada entre eles. Ou talvez tivesse começado alguma coisa. Entretanto, se ele não fizesse nada, realmente as chances de acontecer o que ele queriam era pequenas. E Jungkook apenas queria uma chance. Nesses dois meses que conversaram, que compartilharam um pouco de suas vidas e ele sentia um interesse especial na menina. Coisa que ele nunca tinha sentido antes. As vezes quando ela sorria Para si, ou lhe elogiava enquanto cantarolava, seu coração ficava acelerado, ele ficava nervoso. Coisa que já não sentia assim da um tempo. Era incrível, e ele queria se permitir tentar. Entretanto, todos os cenários que criava em sua mente o amedrontavam. Talvez Namjoon tivesse razão. Por uma vez na sua vida, ele deveria apenas tentar. 




 

— Acho que….você está certo, Hyung. Tentar não custa nada. É só pedir um encontro. Não é como se eu estivesse a pedindo em casamento amanhã. 



 

— E quando eu não estou certo, Jungkook-ah! Você só está pensando demais. Entretanto, se ainda quiser conversar com Taehyung antes, você pode ir com a consciência limpa para falar com Yuri depois. Mas você quem sabe. De qualquer forma se você está interessado nela, tente! Se você conseguir, marcamos um encontro duplo. — Ele disse animado, então o sinal tocou indicando que faltava cinco minutos para a aula e que os estudantes deveriam se dirigir às suas salas. 




 

— Encontro duplo? Você tem um encontro com alguém? — Jungkook perguntou enquanto se levantava e recolhia seus livros. Não fazia o tipo do amigo de marcar encontros formais com meninas. Bem pelo menos, desde que ele terminou com Seulgi. Ela era a única que viu Namjoon marcando encontros sérios. As outras sempre eram aventuras de uma noite e em festas. 



 

— Na sexta eu vou saber. Até lá não vou dizer quem é! — Disse o amigo se levantando e se despedindo do que ainda recolhia suas coisas. 



 

O Jeon deixou a biblioteca alguns minutos depois, ainda carregando o seu livro de química na mão por ter tido preguiça de colocar-lo na mochila. Andou pelos corredores se esgueirando dos outros alunos até chegar perto das escadas lotadas. Não estava afim de enfrentar aquele tumulto, então resolveu que esperaria as coisas se acalmarem para subir. Qualquer coisa dizia ao professor que estava resolvendo algo para o conselho estudantil, a desculpa que todos os membros deste usavam para seus atrasos. Ficou ali encarando os lances de escada, pensando no que tinha visto ontem à tarde. 



 

— Jeon! — Uma das pessoas em que justamente pensava disse atrás de si, lhe cumprimentando. Taehyung surgiu atrás de si, os cabelos bagunçados e a mochila semi aberta denunciando que ele teria saído tarde de casa. — O príncipe do conselho estudantil vai se atrasar? A aula começa em um minuto. 



 

Olhou para o rapaz ao seu lado. Bem, os corredores já estavam meio vazios e aquela era a oportunidade perfeita de seguir o conselho de Namjoon. Analisou por um momento se de seus perguntar a Taehyung ou não. Afinal….talvez fosse melhor tirar a dúvida de fato antes de arriscar a sorte com a bonita novata do 3-E. O Kim franziu as sobrancelhas, estranhando a ausência de retrucadas do menino a suas provocações. 




 

— Olha...eu vim para escola com pasta de dente no canto da boca de novo não vim? — Disse o Kim, esfregando a mão destra pelo seu rosto. — Ou pior! A coordenadora pediu para você averiguar se fui eu que entupi o banheiro do terceiro andar não foi? Olha, eu já esperava. E apesar de ter sido hilário, não fui eu dessa vez. 



 

Jungkook suspirou. Era agora ou nunca. 



 

— Eu tenho uma pergunta que eu queria te fazer. Eu quero que você responda sério. — Disse o Jeon. Taehyung imediatamente assumiu uma pose mais seria. Apesar de Jungkook ser meio que seu “amigo” apelar para ele no conselho, e responder também com certa acidez a suas provocações, ele tinha um respeito enorme pelo Jeon. E se ele quisesse sua seriedade, o faria. Ele era um rapaz verdadeiramente legal e estava sempre disposto a ajudar quem fosse, mesmo que fosse alguém tão problemático e que talvez não valesse a pena como ele. Depois de passar um tempo com ele, inicialmente o odiando às escuras de tamanha admiração que Alice tinha por ele que o causava inveja, ela podia ver o que a amiga tinha visto nele, e o que o Jeon tinha que ele nunca teve. Além disso, ela não estava mais ali. Com certeza ficaria orgulhosa de ver os dois se dando bem onde quer que estivesse. 



 

— Diz, Jungkook. Prometo que vou responder sério. — Afirmou, esperando com expectativa a tão importante pergunta que ele tinha a fazer a si. Se ele estava tão sério, uma pergunta boba que não haveria de ser. 




 

Jungkook deu um último suspiro de coragem, e disse: 




 

— Você e a Yuri se gostam ou estão em algum relacionamento do tipo amoroso? — o  Jeon perguntou, fazendo os olhos de Taehyung se arregalaram pela questão inesperada. 



 

Hesitou em responder, mesmo sabendo, obviamente, que eram apenas amigos. Mas hesitou especialmente em uma das questões feitas pelo mais novo. 



 

Se ele gostava dela. 


 

Hesitou novamente ao tentar responder com um simples “ Rá! Que ideia”, e então  aí percebeu. 



 

Que aquele talvez fosse o início de um pequeno problema. 
 











 


Notas Finais


E então amores, o que acharam? Espero que tenham gostado do capítulo! E ah, tenho algo a agradecer. A fanfic já conta com 125 favoritos!!!!! Meu amores, muito obrigada pelo carinho que estão dando a minha história e a mim consequentemente. Obrigada de verdade, isso me deixa muito feliz <3


Alguns acontecimentos importantes tem início desse capítulo, e se estendem pelos próximos. Ficaram ligadinhos, né? Espero que sim kkkkkkkk adoro quando teorizam nos comentários e a gente interage! O feedback de vocês aqui me motiva muito <3


No mais, é apenas isso. Se quiserem me seguir e/ou conversar comigo em outro lugar, meu Twitter é @/taedeeply e meu ccat é maiyeon. A fanfic também está postada no Wattpad, na minha conta lá, a @/maiyeonie. Podem interagir comigo na timeline daqui também, eu adoro conversar e falo pelos cotovelos kkkkkkkk


No mais, só tenho gratidão e carinho pra expressar sempre essas notas. Vocês são demais. Até a próxima semana com mais um capítulo de FKD!


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