Choi Yuri.
Mantinha as minhas sobrancelhas franzidas, ainda sem entender o que estava acontecendo.
— Jimin, o que foi que você fez? — O fiz se sentar no sofá, parecia nervoso, suas mãos estavam um pouco geladas.
Na maioria das vezes - sempre - Jimin dramatiza as situações, não importa se é realmente necessário ou não, ele sempre expressa além do que deveria, e talvez seja esse o motivo de eu ainda não ter me aflingido, estou esperando que ele me explique, e dependendo do que for, eu decido se devo sentir a devida preocupação ou não.
— Eu bebi demais, mais do que deveria, depois que sai da sua casa naquele dia. — Começou, e insisti que ele mantesse o tom baixo, mesmo sabendo que Taehyung estava dormindo, não era garantia, ele costuma ser sorrateiro, já me assustei diversas vezes com ele aparecendo em algum cômodo da casa quando eu jurava que estava dormindo.
Fui até a cozinha, pegando um copo d'água e entregando ao Park, que bebeu tudo em dois goles.
— Como assim bebeu demais? Espera, você estava com o Jeon ou foi sozinho?
— Claro que eu estava com Jungkook, foi ele quem deu a ideia de nós sairmos para uma merda de boate… — Arfou.
Ainda assim, continuava sem o compreender.
— Certo… mas, o que aconteceu? O que você fez de errado, ou vocês dois?
— Era para ser apenas algumas doses, curtir, e iríamos embora, mas então… — Olhou em meus olhos. — Só lembro de acordar no meu quarto e aquele idiota estava do meu lado. Na minha cama!
Arregalei os olhos.
— Como é que é? Vocês dois… — Respirei profundamente. — Jimin!
Ele riu, uma risada seca e aparentemente forçada.
— Não, nós não fizemos isso que pode estar pensando, tá? Na verdade, quando acordei, ele já estava acordado, e… puto, muito puto comigo…
— E por que?
— Esse é o problema, eu não sei! Ele não disse, a única coisa que disse, foi que estava me esperando acordar para dizer olhando nos meus olhos que era melhor nós afastarmos por um tempo, e foi embora. — Inclinou-se, passando as mãos pelos cabelos. — E agora não atende as minhas ligações, não responde as minhas mensagens, o que me faz pensar que devo ter feito alguma merda enquanto estava bêbado e não consigo me lembrar.
Céus, não conseguia acreditar, na verdade, estava sendo mais complicado assimilar tudo isso, imaginar Jeon Jungkook com raiva, só presenciei isso uma vez, não esperava que fosse acontecer novamente ainda mais com Jimin, seja lá o que for que ele deve ter feito, deduzo que tenha sido consideravelmente sério.
Suspirei, pousando minha destra no ombro do rapaz ao meu lado.
— Eu… não sei o que dizer em relação a isso, e também não sei como lhe ajudar… mas se você quiser, eu poderia…
— Não poderia. — Me interrompeu. — Jungkook não é burro, ele não vai lhe atender ou querer conversar, é previsível demais, tanto você, quanto Taehyung.
Ele está certo, ele poderia desconfiar que estou tentando falar com ele por causa de Jimin e não me atenderia, mas eu queria ajudar, se ao menos soubesse com mais detalhes o que aconteceu, poderia pensar em alguma alternativa, mas infelizmente, o único que aparentemente sabe é o Jeon.
— Precisa tentar se lembrar o que foi que você fez, e se tiver sido grave, tem que resolver o quanto antes. — Disse.
— Eu sei… prometo que irei me esforçar, não posso ficar assim com ele… provavelmente eu devo ter dito ou feito algo que ele não gostou, mas não consigo me lembrar ainda o que foi. — Se levantou. — Yuri, me desculpa, eu não queria aparecer assim e atrapalhar o seu sono, por minha causa vai ficar cansada durante o trabalho.
Sorri minimamente, negando com a cabeça.
— Não, está tudo bem, você é muito importante para mim, jamais lhe deixaria na mão, mas precisa se acalmar e tentar se lembrar, aliás, aconselho dar um tempo a Jeon também, insistir em se comunicar com ele agora poderá irritá-lo mais ainda, deixe a poeira abaixar e o procure, tá bom? — Toquei seus ombros. — Ah, e… se houver algo que eu possa fazer é só dizer.
O Park assentiu, suspirando com pesar.
— Porra… — Murmurou.
— Vai ficar tudo bem. — Tentei o tranquilizar. — Acha que está em condições de dirigir de volta para casa?
Ele assentiu.
— A gente, pode conversar melhor em outro momento…
— Com certeza, me ligue caso lembre de algo. — O acompanhei até a porta.
Nos despedimos e ele se foi, deixando-me com uma interrogação pairando na mente após esse ocorrido, que no final das contas, é como se estivesse em estaca zero.
Apenas, espero que ele mantenha a calma e consiga se lembrar do que fez para que se resolva com Jeon.
Mesmo querendo, não posso me intrometer, deve ser algo em relação a eles dois, farei algo somente se Jimin pedir, caso contrário, continuarei neutra a essa situação.
Retornei para o meu quarto, ainda tinha mais um tempinho para tentar voltar a dormir, e dei graças a Deus por nenhum dos três ter acordado, já que em alguns momentos nossas vozes se alteraram um pouco.
Deitei-me na cama, aproximando-me do rapaz ainda adormecido, o abraçando, desferindo um beijo suave em sua bochecha antes de pousar a cabeça em seu peito, suspirando em busca de relaxamento para recuperar o sono.
Mas, fui interrompida novamente, ao ouvir os chamados altos de Yun-Hee e Mi-Young.
— Sua vez… — Murmurou Taehyung, sonolento.
Esbocei uma careta.
— Mas eu fui ontem, portanto… — Ergui a cabeça para o olhar. — É a sua vez.
Ele negou com um movimento de cabeça.
— Pedra, papel ou tesoura para decidir quem vai. — Ergueu sua mão fechada em um punho para mim.
Franzi as sobrancelhas, rindo fraco.
— É sério? — Pus minha mão próxima da sua.
— É justo. — Piscou para mim. — Pedra, papel ou tesoura!
Balançamos as nossas mãos ao mesmo tempo, e assim que paramos, Taehyung gemeu em frustração.
— Uh, papel cobre pedra! — Sorri vitoriosa.
Ele se levantou, me lançando um olhar estreito antes de passar pela porta.
— Vai ter revanche…
— Mal posso esperar. — Debochei, sorrindo ladina. — Vá logo vê-los, gostosão.
Revirou os olhos, saindo do quarto e indo até o dos gêmeos, que ao perceberem a presença dele, pararam de nos chamar.
Será que quando fazem isso, pensam que os abandonamos? São tão manhosos, preciso mudar isso nos dois o quanto antes.
[...]
Mantinha meu queixo apoiado nas mãos, enquanto observava os meus filhos brincando com um pequeno avião de brinquedo que voava sempre que arremessado, mantinha a atenção para que eles não fosse muito longe.
— Não o arremesse com força, Young! — Exclamei.
Porém, ele não deve ter me escutado, e arremessou o brinquedo de uma vez, o mesmo rodopiou em uma consideração altura, vindo a se chocar conta a cabeça de alguém.
— Oh não… — Levantei-me do banco em que estava sentada. — Young! — O repreendi, enquanto ia em direção ao indivíduo que apanhava o brinquedo do chão. — Por favor, me desculpe, ele não teve a intenção de…
— Primeiro, me acerta com uma pedra no bumbum, e agora, o seu filho me atinge com um avião de brinquedo. O que eu fiz para vocês?
Esbocei um largo sorriso quando o reconheci.
— Namjoon! — O abracei. — Meu Deus, quanta saudade.
— Também senti a sua falta. — Disse, retribuindo o abraço. — Não a vejo desde o seu casamento.
Assenti, me afastando dele.
— O que andou fazendo? Está bem?
— Estava em uma viagem de negócios, tinha alguns assuntos a resolver fora do país e… Uau! — Interrompeu as próprias palavras, olhando na direção dos pequenos ao meu lado. — Eles cresceram bastante desde a última vez que os vi.
Sorri, assentindo.
— Aparentemente. — Dei de ombros.
— Quantos anos eles tem?
— Farão cinco daqui a poucos meses.
Namjoon ergueu as sobrancelhas.
— É, de fato, o tempo não espera por nada e nem por ninguém. Aproveite ao máximo.
— Estou fazendo isso.
YunHee soltou a minha mão, indo até Namjoon, esticando os braços para ele.
Por Deus, essa mania não…
Namjoon sorriu, se curvando para pegá-la nos braços.
— Que fofa. — Disse, enquanto via a menor sorrir para ele.
Bufei.
— Ela mal lhe conhece, e se fosse um estranho? Céus…
— São crianças carinhosas, precisa ensiná-los com o tempo que não devem fazer isso com qualquer um, é normal na idade deles.
Assenti.
— Farei isso… — Umedeci os lábios, pegando Mi-Young em meus braços.
— Aliás, vocês vão comparecer ao aniversário do Jin depois de amanhã? Tentei voltar para a Coréia o mais rápido possível por causa dele.
Entreabri os lábios, desferindo um tapa em minha própria testa.
— Jesus, eu tinha me esquecido completamente, estava com tantas coisas na cabeça… obrigada por me lembrar Namjoon, acho que irei comprar um presente para ele ainda hoje.
O rapaz assentiu, pondo Yun-Hee no chão.
— Então, nos vemos lá, tenho assuntos a resolver agora, foi um prazer revê-la, mande um abraço a Taehyung por mim. — Acenou, se afastando.
Acenei de volta, pegando a mão de Yun-Hee juntamente a do seu irmão após colocá-lo de volta ao chão, em seguida peguei o pequeno avião que brincavam, fazendo-os me acompanhar.
Após deixarmos o parque, estacionei o carro próximo a uma calçada, haviam várias lojas próximas dali, pensei em procurar por algo para presentear Seokjin. Ainda não conseguia acreditar que havia esquecido o dia de seu aniversário, sendo que sempre me esforcei para não esquecer e até colocava no lembrete do celular, mas desta vez acho que fui um pouco descuidada.
Caminhava calmamente com os meus filhos ao meu lado, devagar para que ambos não ficassem cansados, afinal, meus passos são bem mais largos que os deles.
Parei frente a uma vitrine, com minha atenção sendo atraída pelos conteúdos que estavam expostos ali. Inclinei a cabeça para o lado, pensativa.
— O que será que eu dou a ele… — Murmurei sozinha. — Young, Hee, o que vocês acham que devemos dar ao tio Jin? — Perguntei aos pequenos, que não pareciam me dar atenção.
— Tio Guk!
Ergui o cenho, confusa ao ouvir Yun-Hee falar.
— O que?
Ela apontou em uma direção, soltando a minha mão e saindo em disparada.
Tentei alcancá-la, mas era como se adquirisse uma velocidade surreal mesmo suas pernas sendo ainda tão curtas e ela ainda se movesse desajeitada. Parou frente a um homem fardado, se agarrando a sua perna como um macaco.
— Mas o que... — Disse ele. — Yun-Hee? O que você faz aqui?
Consegui os alcançar, parando frente a eles, me apoiando nos joelhos para recuperar o fôlego.
— Kim Yun-Hee! Você não pode fazer isso! — Exclamei, chateada, enquanto passava o palmo envolta da cintura de Mi-Young para mantê-lo perto de mim.
Jeon Jungkook se agachou, sendo abraçado pela menor, que me ignorou completamente.
— Parece que alguém aqui está se comportando mal. — Enunciou, segurando os pequenos pulsos dela. — Acho que terei de lhe multar por excesso de velocidade.
Suspirei, me rendendo ao riso.
— Eu disse, que ela gostava de você, e que não deveria deixar que se apagasse muito. — Cruzei os braços.
Jeon riu, se levantando com ela nos braços.
— Sinto muito, não foi intencional. — Deu de ombros. — Ela é tão encantadora, não tem como não querer ficar perto dela, assim como Mi-Young, não é, pequeno? Como você está? — Questionou a ele, carinhoso.
— Bem! — O meu menino sorriu, suas bochechinhas ficando vermelhas pela timidez.
Revirei os olhos, sorrindo fechado.
— Entendo…
Por favor, se contenha Yuri, se contenha.
— O que fazem por aqui? Se não for problema perguntar.
— Não há problema algum, estávamos a procura de um presente para Seokjin.
Jungkook arregalou os olhos, rindo, me deixando confusa.
— Você também? Achei que fosse o único que tinha esquecido e estava procurando por um presente em cima da hora.
— Oh! — Ri. — Então acho que estamos no mesmo barco. — Dei de ombros.
— Aparentemente.
Suspirei, desviando meus olhos dele por um momento, gostaria de não me lembrar de Jimin agora, e o quanto eu queria poder conversar com Jeon sobre isso, mas não quero transparecer nada, e talvez ele também não, espero que não desconfie que eu sei de alguma coisa.
Não quero que ele fique chateado comigo por me intrometer, essa realmente foi uma surpreendente coincidência.
— Bonito. — Ouço a voz de Hee, vendo-a tocar o rosto de Jeon com suas mãozinhas.
— Ah, você me acha bonito? — Riu. — Obrigado, você também é muito bonita, tanto quanto a sua mãe.
Umedeci os meus lábios, um pouco sem graça agora, mas me mantive séria.
— Eu acho que…
— Parece inquieta, algo lhe incomoda, Yuri? — Perguntou.
Merda, eu e a minha maldita transparência.
— Talvez.
Nos encaramos por um momento, e por algum motivo me senti intimidada, mas não iria transparecer, afinal, pode ser isso que ele quer.
O rapaz passeou a língua pelos lábios, a estalando contra o céu da boca em seguida.
— É difícil para mim…
Porra… essa maldita frase não.
Recompus a minha postura, me aproximando dele para tomar Yun-Hee de seus braços.
— É melhor eu ir, a gente…
— A gente podia ir junto. — Franzi o cenho. — Quis dizer, procurar por um presente para Jin, juntos.
Cogitei. Minha mente estava começando a me trair.
— Jungkook, eu não acho que..
— Nós dois precisamos conversar. — Seu tom e expressão estavam sérios agora. — Não vamos fugir desta vez.
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