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História Girl Meets Evil - Provocação.


Escrita por: Ghost_Fanfics

Notas do Autor


Heeeey!

TEM SURPRESA NAS NOTAS FINAIS!!!!

E esse comeback louco do BTS? Eu ainda estou surtada nos ácidos e no LSD psicodélico. Amei a música e o MV. Ontem passei o dia todo fazendo streaming <3 To louca pra ver o dance practice e as apresentações nos programas. O início da LY Tour também está lindo e... O que dizer deles vestidos de príncipes porque obviamente são <3
Trivia Seesaw para música preferida do Answer, voto aqui <3

Lendo e respondendo os comentários nessa semana, vi muitas meninas que diziam não comentar por vergonha ou medo de falar alguma besteira e só posso dizer uma coisa... Meninas, eu estou aqui pra acolhê-las sempre. Foi por medo e vergonha que eu nunca postei nada do que escrevia antes, e vocês me acolheram... Tudo o que eu posso fazer é retribuir. Por favor, não sintam vergonha de comentar, porque eu nunca as julgaria. Eu amo cada "continua" que vocês me escrevem <3

TÁ! Parei. <3 Eu sei que vocês querem ver treta e aí está. oihoh Ah, e hoje tem POV do Taehyung, do Jimin e do Yoongi!

Música do capítulo: Here - Alessia Cara

Capítulo 53 - Provocação.


Fanfic / Fanfiction Girl Meets Evil - Provocação.

Min Yoongi's P.O.V.

Jeon Jungkook desfere o primeiro de muitos golpes.

Kim Yugyeom inclina o corpo, toca o próprio rosto e volta a encarar Jungkook. Avança em ímpeto violento, o segura pela gola da camisa e rosna, mostrando os dentes em uma carranca lupina. Jungkook recebe um soco próximo ao ouvido, mas se desvencilha. Empurra Yugyeom contra a mesa de bilhar, que desliza no chão com um ruído estridente e o faz cair sentado.

Ouço o som de vidro se quebrando e o silêncio toma conta da atmosfera tensa.

Jungkook se rebela mais uma vez e parte para cima, fecha o punho e dilacera a bochecha de Yugyeom.

Começo a me perguntar o que estou fazendo aqui. Deus, por que estou aqui? Eu poderia fazer outra coisa, não? Deveria estar me ocupando com o pouco de prazer momentâneo que preenche minha vida vazia. Tocar piano ou dormir para lembrar e reviver Jisoo, ou ir a algum encontro casual com alguma menina que tenho em minha lista de contatos, para esquecer Jisoo. Poderia estar assistindo ao jogo de basquete da NBA ou escrevendo poemas, algo que gosto de fazer. Mas, caralho, eu estou aqui.

Vim porque Park Jimin insistiu e não sou obrigado a ficar.

Não mesmo.

Bocejo no auge da sonolência.

Eu deveria ter ido embora assim que percebi a presença do grande inimigo mortal de Jungkook. Porque era óbvio que os dois se enfrentariam outra vez. Fui burro e idiota. Mereço estar parado e entediado, de braços cruzados, com a sobrancelha arqueada. Vigio as crianças e assisto a pancadaria mais desnecessária da história dessa maldita cidade.

Pondero se devo deixá-los para que a polícia cuide do caso, ou se aparto.

— Hyung?! Faça alguma coisa!

***

Kim Taehyung's P.O.V.

Há um caibro mais escuro entre as vigas de sustentação do teto. Nele há ranhuras que formam camadas em diversos tons. E há entalhes feitos pelo ser humano. À primeira vista o desenho não me incomoda, mas quando percebo do que se trata, um frio percorre minha espinha. Por que isso estaria desenhado no teto? É uma representação da lua em todas as fases.

Nova. Crescente. Quarto crescente. Crescente. Cheia. Minguante. Quarto minguante. Minguante. Nova.

Meus olhos ressecam enquanto fito a lua cheia. Desde que me tornei esse monstro, nunca mais a vi. Uma sensação nostálgica recai sobre meus ombros e eu analiso a figura no teto do bar. Ela se parece com o relógio da lua que ganhei dos Hyungs, que marca quanto tempo falta para minha tortura começar e terminar. Eu só queria que tudo isso acabasse e eu voltasse a ser como os outros.

Apenas um cara comum que não precisa se esconder entre correntes num porão.

Ouço algo distante. Percebo que ainda estamos parados à meio caminho da mesa de sinuca. Franzo o cenho quando noto que Jungkook está no chão. Ele luta contra Yugyeom, bate mais que apanha. Um deles quebra um taco nas costas do outro, que urra e atinge o queixo do oponente com um golpe certeiro. O que está acontecendo? Espera, aquilo é sangue?

Jimin chacoalha o ombro de Yoongi e aponta para os outros dois.

Por que eles estão brigando? Ah, como se eu não soubesse. Jungkook e Yugyeom nunca tomarão jeito. Depois, eles precisarão limpar essa sujeira e a única pessoa que eu conheço que livraria a cara do Jungkook é... __________.

Retiro o celular do bolso e procuro o número dela.

Você
Annyeonghaseyo, __________-sii!
Queria te avisar que estamos bêbados.
Muito bêbados.
Não sei direito o que está rolando.
Park Jimin está abraçando uma garrafa.
Yoongi Hyung está dormindo em pé.
E Jungkook está batendo no Yugyeom.
Se a mãe dele vir ele machucado, vai feder.
Pode nos ajudar?
Ps.: Um menino da minha sala quer te conhecer
Ele te achou bonita, quer te levar ao cinema
Mas o Jungkook quase bateu nele também
Jungkook quis bater em muita gente hoje

 

Srta. Kwon __________-sii
Brigando com o Yugyeom?
Aish, eu vou matar o Jungkook.
OK. Eu ajudo.

 

— Não acredito que no meio dessa briga você vai ficar no celular, Taehyung! — Jimin chama minha atenção e eu o olho.

— Quê? Não, eu... — Eu não devia falar com ninguém?

— Aish! Segura minha garrafa!

Jimin afunda sua garrafa de soju em meu peito e ergue as mangas do suéter listrado.

***

Park Jimin's P.O.V.

— Repete o que você falou, seu Bosta! — Jungkook grita e empurra a cabeça do outro.

— Vira-Lata! — Yugyeom grita e recebe outro soco, mais forte, no nariz, que respinga sangue.

Ferrou.

Por que Alfas têm que ser tão agressivos?

Tento me concentrar na briga, mas a realidade se duplica. As mesas e cadeiras espalhadas pelo lugar, as pessoas que se amontoam ao redor deles. Tudo se desfoca e o mundo chacoalha. Abraço a garrafa de soju que levo comigo e cambaleio até Yoongi. Peço ajuda, mas ele se mantém distante. Soluço outra vez e sinto o álcool queimar em meu esôfago.

Viro-me para Taehyung, que está no mundo da lua. Fita o teto do bar, se dá conta da briga e saca o celular, assim como diversas pessoas fazem, para filmar a luta. Meu sangue fervilha nas veias, porque ninguém parece se importar com o estado animalesco de Jungkookie, nem com a surra que ele dá em Yugyeom.

ELES ESTÃO SE MATANDO E NINGUÉM FAZ NADA.

Que falta de empatia.

Muito bem. Se ninguém faz nada, eu faço.

Entrego minha garrafa a Taehyung, ergo as mangas do suéter e tomo um gole de coragem. Eles são mais altos, mais fortes e são Alfas. Posso ser um híbrido de lobo, mas sou apenas um Beta. Provavelmente também sairei com um olho roxo, mas se servir para parar essa briga idiota, tudo bem. Corro para desengalfinhar a dupla de idiotas que rola no chão entre tapas e pontapés.

Antes de chegar até eles encontro uma poça de bebida.

Não.

Não tenho tempo de frear e escorrego na poça. Caio sentado e acabo por chutar tanto Yugyeom quanto Jungkook, que desmontam a posição da luta. Agora estamos os três deitados no chão. Ofegantes, doloridos pela queda, pelo esforço e pela surra. Eu devia mesmo ter me metido nessa luta? O que eu estou fazendo aqui? Estou sentindo as respirações dos dois nas minhas bochechas.

Eles estão se estranhando e eu sou a única barreira?

Socorro!

Mas, como uma sombra sorrateira, cresce acima de nós a figura imponente, de semblante impassível.

Min Yoongi aproxima-se, inclina a cabeça para o lado e solta o ar pela boca. Ergue a mão para passar o polegar pelo lábio inferior e franze a testa em uma nítida expressão de deboche. Sua postura é assustadora. Ele fita um ponto inespecífico ao longe e quando seus olhos se voltam para nós, se transformam em fendas ferozes. As íris são tão negras que se confundem com as pupilas.

Não movemos se quer um músculo diante do poder silente e hostil de Yoongi.

— Vocês vão parar. Agora. — Murmura grave, rouco.

É quase um gângster.

Não há mais discussão, apenas um surto de resignação e obediência.

Yugyeom é o primeiro a se levantar, trôpego e destruído. Os cabelos estão bagunçados, a roupa rasgada. O alto de sua bochecha esquerda está vermelho, o canto do lábio está cortado e um filete de sangue escorre em uma das narinas. Jungkook vai logo depois. Ajeita a camisa amarrotada, com a gola esmigalhada. Há um corte logo abaixo de sua sobrancelha, que sangra.

Ainda assim está bem melhor que o oponente.

Demoro um pouco mais, porque não consigo me equilibrar para levantar. Os outros dois percebem minha dificuldade para obedecer a ordem do Alfa e se unem para me levantar. Paro de pé, entre eles, e nós baixamos as cabeças. 

— Park Jimin, o que está fazendo aí? — Yoongi Hyung pergunta impaciente.

— Eu?! Aish. Nada.

— Então saia da minha frente.

— Tá, tá bom. Não estou mais aqui. — Afasto-me de Yugyeom e Jungkook com um pulo veloz.

— E vocês dois, lá pra fora, agora. O dono do bar está nos expulsando. — Ele fala e aponta para fora. E, realmente, o dono do bar está parado logo atrás dele, com uma careta furiosa. Deve ser por causa dos tacos e copos quebrados, a mesa arrastada que arranhou o piso e a sujeira que a bebida deixou. Além da confusão em seu estabelecimento.

É só um palpite.

Ele deve estar mesmo zangado.

— Aigoo! Desculpa, moço. Foi mal. — Sorrio e aceno para o dono do bar com as duas mãos. — O soju estava ótimo. NOSSA. DEMAIS. Vá desculpando aí pela bagunça, valeu?! — Faço um sinal positivo com os dois polegares. A testa do homem se avermelha e seu nariz se franze um pouco mais. Sorrio desconcertado e me apresso para sair daqui. Em meio à multidão, vejo algumas garotas rindo. Elas me olham atravessado e uma delas acena discretamente, com um ensaio de sorriso.

Ela está flertando?

Não sei com certeza, mas lanço uma piscadela e sorrio só com os lábios. Vai que... Né? Ela solta uma risadinha eufórica e faz um sinal para que eu ligue para ela. É um flerte sim. Mano, nem acredito. É a terceira menina que me dá mole hoje. Eu morri e fui para o céu? Aigoo. E agora? Como eu faço para pegar o telefone dela?

Alguém me empurra pelas costas e eu perco o contato visual com a menina.

Estamos todos fora do bar, na calçada escura e fria. Longe da fachada colorida e bem iluminada do único prédio aberto nessa rua, à essa hora da noite de domingo. Cambaleio até onde os carros estão estacionados no meio fio. Yugyeom e seus amigos se mantém de um lado da calçada. Eu, Jungkook e Taehyung ficamos do outro lado. À nossa frente, Yoongi nos observa com a mesma expressão carrancuda.

Parece esforçar-se para não perder o controle.

— Aqui, os dois. — Ele aponta para baixo. Yugyeom e Jungkook se aproximam outra vez de Yoongi. — Confiem em mim quando eu digo que vocês não vão querer que eu presencie outra briga infantil dessas. Porque não vão. Vocês quase nos expuseram pra um monte de gente estranha dentro da porra de um bar. — Ele mantém o tom de voz baixo e mortífero. — Vocês tem merda na cabeça, seus idiotas?

— Ele estava merecendo essa surra há muito tempo! — Jungkook é o primeiro a falar, e Yugyeom o olha com uma careta.

— Surra? Você está todo arrebentado! E eu não estava merecendo porra nenhuma! Há muito tempo eu nem falo com você. Eu só fiz uma brincadeira. Você que partiu pra cima de mim!

Os dois se encaram.

— Você está merecendo desde o dia em que me perseguiu de carro, antes de começarem as aulas.

Yugyeom estreita o olhar, prestes a avançar sobre meu amigo.

— Tá maluco? Perseguir você? Pra que eu iria te perseguir?! Nossa, velho. Você se acha demais! Antes de as aulas começarem eu estava em Seul com o Jackson!

— Aigoo! Que conveniente, não é mesmo?! — Jungkook retruca irônico.

A discussão alterada continua e eu olho para trás. Fito Taehyung, como forma de pedir ajuda, mas seus olhos estão grudados na tela do celular. Suspiro e fito o movimento do bar ao longe. A menina que sorriu para mim não sai da minha cabeça por nem um segundo, e eu deixo os ombros caírem. A vertigem da bebedeira recomeça e eu sinto que preciso de uma cama o mais urgente possível.

Quero dormir.

— Já chega! — A voz de Yoongi salta como um rugido alto e eu estremeço. Todos paramos e voltamos a fitá-lo. — Só tem uma coisa que me impede de matar vocês dois agora! Não quero ir pra cadeia. Yugyeom, pra casa.

— Sim, Hyung. — Ele vai embora com os amigos.

Yoongi se vira para nós.

— E vocês, venham. Eu dirijo. Taehyung, cadê suas chaves?

— Aqui, Hyung... — Ele oferece as chaves do carro e Yoongi as toma de sua mão. — Ah... Eu mandei uma mensagem pra __________ e contei o que estava acontecendo. Ela disse que está nos esperando.

— Você o quê? — Jungkook se vira para o amigo, bêbado. Yoongi se aproxima de Jungkook e o leva pela orelha até o carro. — Ai, ai, ai! Ai, Hyung!

***

__________ P.O.V.

Sento-me no último degrau da escadaria do casarão.

Contemplo o céu negro com tantas estrelas na imensidão sem nuvens. Fito os insetos que se aglomeram nos fachos de luz dos refletores próximos às árvores do pomar, os grilos que cantam e pulam nas bases de mármore da fonte, o barulho tranquilo da água que jorra em suas esculturas.

Reclamo sobre o tédio que sinto no Twitter e posto uma selca nos Stories do Instagram.

Não entro em casa porque lá não há ninguém vivo. Srta. Jeon e Appa saíram para jantar e avisaram que estenderiam a noite fora. Sehun, Cho-ah e os outros empregados estão em seu dia de folga. Jungkook saiu para beber com os amigos e eu fiquei. Até conversava com Lisa pelo FaceTime, mas algo me incomodou lá dentro e eu saí.

É que eu deveria me sentir sozinha dentro de uma casa tão grande e inabitada.

O fato de não me sentir só foi o que me assustou.

Por isso estou sentada nas escadarias.

Para olhar os seguranças que circulam pelo jardim. Pessoas vivas.

E também para esperar os meninos, já que Taehyung avisou que estavam à caminho daqui.

Para me distrair, pratico pequenos feitiços que li no livro de Juran, mais cedo. Feitiços básicos de levitação 1. Objetos leves e de baixo volume. Tiro uma moeda do bolso do pijama e murmuro o encantamento para ela. Espero que algo aconteça, mas ela continua inerte entre meus dedos. A luz indireta dos refletores do jardim toca a superfície do metal e reverbera.

— Até parece que eu tenho algum talento para essa porcaria. Eu devia estar estudando matemática, isso sim. — Resmungo. Volto a fitar a moeda e faço uma careta. — Aish.— Repito o encantamento e espero. — Anda moedinha... Levita. Voa. Vá embora... Vai. Só pra eu não me sentir um completo desastre nessa vida. Por favor. Se você levitar e eu conseguir tirar uma nota acima da média em História, vou parar de pensar que eu sou fracassada.

A moeda continua parada. Ela é fria. Não se importa com meus sentimentos.

— Moedinha, é fácil. O ar está aqui em cima, é só ir.

Nada.

Respiro com força e solto o ar pela boca.

— O que eu preciso fazer pra algum feitiço dar certo? Porque claramente estou fazendo isso aqui errado. — Movo a moeda entre meus dedos e a ergo até a altura dos olhos. — Sua ingrata. Você, matemática, história, os caçadores, a depressão, ser Ômega, vocês são todos meus vilões. O que mais de ruim pode acontecer agora, uh? Acho que nada, não é verdade?

A luz dos faróis e o estalado das pedrinhas nos pneus de uma caminhonete grande me interrompem. Levanto-me e guardo a moeda no bolso do pijama. O grupo de meninos salta do veículo e constato que estão mesmo todos embriagados, à exceção de Yoongi Oppa, que mantém o semblante sisudo. Taehyung, Jimin e Jungkook riem e conversam em voz alta, com gestos exagerados.

— Não, não! Foi assim! O Yugyeom não queria deixar a gente jogar sinuca e aí o Jungkook falou assim: "Nós vamos jogar sim!" E o Yugy falou: "Não vão!" E o Jungkookie disse: "A gente vai sim!" Aí o Yugy: "Vamos fazer um acordo, você fica com a sinuca e eu fico com a sua irmã!" Aí, Wow! O Jungkookie partiu pra cima dele e deu uma senhora surra! — Eles riem, parecem se divertir. — Foi assim, desse jeito que eu estou falando e todo o resto que contarem não importa! E eu não caí, não caí mesmo!

— Você se espatifou no chão, Jimin! — Jungkook revida. — Aish, você está muito bêbado!

— E eu te gravei caindo. Foi com a bunda no chão. — Taehyung argumenta.

— Aish! — Jimin cobre uma parte do rosto com a mão e exibe um sorriso constrangido.

Ele é o primeiro a notar que eu estou aqui, aos pés da escadaria, e dá uma cotovelada em Taehyung, que me olha e dá uma cotovelada em Jungkook, que para de andar ao me ver. O sorriso embriagado derrete e ele se empertiga, franzindo a testa.

Ergo o queixo, cruzo os braços e bato o pés insistentemente no chão. Meus lábios se apertam em uma linha fina. Analiso o estado deplorável de Jeon Jungkook. A roupa esgarçada, o cabelo revirado, a sobrancelha cortada e o sangue seco na lateral do rosto. Minhas entranhas se reviram em uma sensação quente de raiva por alguém ter batido nele, e impaciência com o talento dele para arrumar encrenca. Acho que minha postura altiva não combina com o pijama rosa com coelhinhos estampados e as pantufas felpudas.

Mas, é o que temos para hoje.

— Er... Oi, Monstrinha. — Ele tenta um sorriso e continua a se aproximar, enquanto os outros param.

— Que bom que não me desejou boa noite. — Retruco. — Obrigada por trazê-lo, meninos. Tenham uma boa noite. — Aceno com um gesto de cabeça para eles e fito Jungkook. — E você, pra dentro.

É uma ordem.

E ele cumpre.

***

A brisa sussurra entre as cortinas e resfria o cômodo. Os focos de luz amarelada nos cantos do teto branco criam uma atmosfera quente e aconchegante. A cama tem um ar convidativo e confortável, desfeita e meio coberta pelo edredom alvo e macio. Nas estantes, os livros estão organizados pela cor das lombadas e os globos de neve retinem as luzes do cordão de lâmpadas que adorna as prateleiras.

Andamos até a mesa às portas da varanda. Deixo a caneca holográfica com unicórnios coloridos e uma garrafa térmica ao lado da maleta de primeiros socorros. Jungkook se desfaz da camisa e dos sapatos. Ele pisa com força no tapete e desafivela o cinto, abrindo o botão do jeans. Despenca na poltrona aos pés da mesa e arfa, cansado. Seus cabelos caem na testa, e seu olhar bêbado se ergue até mim.

— Aish... Por que você tem que ser tão bonita até vestindo esse pijama ridículo?

— Você não tem medo de morrer, imbecil? Meu pijama é maravilhoso. — Retruco mal-humorada e ele ri. Encosta a cabeça na poltrona e fita o teto, fechando os olhos logo depois. Vejo o pomo-de-Adão se mexer em seu pescoço e retomo meu serviço. Encho a caneca com café fumegante que fiz na cafeteira.

— Eu não devia ter bebido tanto... — Sua voz é grave e rouca, falhada. Jungkook parece sonolento.

— Não devia mesmo. Você está péssimo. — Empurro a caneca em sua direção e ele aceita sem questionar. — Eu tinha planejado ver um filme na Netflix quando voltasse, mas você não imagina meu ódio quando Taehyung me contou que estava bêbado e brigando. Aish! E você está muito bêbado.

— Jimin está pior... Ele está caindo de bêbado. — Jungkook ergue os cantos da boca em um sorriso débil e bebe o café.

— Percebi. Ele caiu mesmo? — Sento-me à sua frente e procuro o algodão entre as coisas na maleta.

— Caiu. — Jungkook ri, inclinando o dorso para frente. Seu abdome se contrai e os músculos ficam mais visíveis abaixo da pele bronzeada. — Ele ficou tão desorientado que quase levou uma bronca do Yoongi porque eu estava brigando com o Yugyeom.

Tento imaginar a situação e sinto vontade de rir.

— São todos uns idiotas. Vem cá. Deixa eu ver esse corte. — Embebedo o chumaço de algodão em uma solução antisséptica e movo a cadeira giratória para mais perto de Jungkook. Ele vira o rosto para que eu veja a dimensão do corte em seu supercílio. Está um pouco inchado, mas é um corte pequeno. Encosto os joelhos entre suas pernas na poltrona em que ele está sentado e sinto suas mãos envolverem minhas coxas. — Por que fez isso, Jungkook?

— Porque eu gosto de te tocar. — Ele franze o cenho.

— Aigoo. Estou falando dessa briga desnecessária. — Passo o algodão com cuidado por sua mandíbula, para limpar o sangue seco.

— Monstrinha, você não sabe o que ele falou, nem o motivo da briga. Não diga que é desnecessário.

— Tae me disse que você já tinha quase batido em um colega de sala mais cedo. O que deu em você? — Limpo todo o sangue seco na lateral do rosto, trocando de algodão de vez em quando.

— O que deu em mim? O cara disse que você era bonita, que queria te levar pra sair e que estava pensando em te levar ao cinema. Cinema. Sabe o que isso significa? Ele queria muito te pegar. É isso que ele queria. Na hora o sangue subiu pra cabeça. — Ele esbraveja com o nariz franzido.

— Você tem que lembrar de um detalhe, Jungkook. Esse "cara" não sabe o que nós dois temos. Ele não tinha como respeitar nosso espaço, se não sabe que existe. — Pego um algodão limpo e derramo um pouco da solução. Passo com delicadeza pelo corte logo abaixo da sobrancelha e ele faz uma careta. — Se você quiser que isso entre nós dê certo, vai ter que se controlar.

— Então você também vai ter que se controlar, porque a Tzuyu... — Ele faz outra careta enquanto eu limpo o ferimento. — Espalhou pela cidade toda que eu transei com ela no banheiro da escola, na sexta-feira depois da aula. — Paro de limpar seu rosto e descarto o algodão sujo, junto com os outros, para jogar no lixo depois. — Quando Jimin me contou ontem, achei que era brincadeira, mas hoje várias pessoas me perguntaram se eu estava namorando a Tzuyu.

Não entendo porque essa garota se desvaloriza tanto, rastejando por alguém que não a quer.

— Aish. Por que ela disse isso? — Indago com tranquilidade.

— Não sei. Mas, pra mim, o importante é que... — Ele morde o lábio inferior e prende a respiração ao que eu passo o remédio no ferimento. — Você não deve acreditar nela. Vou falar com ela e pedir que pare de inventar conversas.

— Certo. — Falo com um sorriso enviesado. Eu confio nele.

— Tipo... Sério. Não acredite nela. Ela não é importante pra mim. — Fito o corte limpo e medicado. — Acho que você não está me dando a devida atenção, Monstrinha. Estou pedindo pra que não acredite nas mentiras dela. — Assinto e mexo na minha maleta. Pego um pouco de gaze, uma tesoura e fita. — Monstrinha? — Corto a gaze e a dobro, fazendo um curativo com a fita. — Ei, olha só...

— Eu confio em você, Jungkook.

— É que eu já fiquei com ela e pode parecer que eu estou te passando pra trás. Você pode acreditar nela e duvidar de mim e... — Coloco a gaze sobre o corte e prendo a fita em sua pele. — Por que está com essa cara? Está rindo? — Como estou muito próxima, sinto o cheiro alcoolizado em seu hálito e entendo que ele só pode estar bêbado para insistir tanto nesse assunto.

— Vou te falar de uma vez por todas, tá bem? Para de ser doido. Nunca gostei da Tzuyu, desde o dia em que a conheci. Tomara que ela exploda. Quer saber o que eu penso? É ótimo que ela está inventando uma fofoca sobre vocês. Ótimo! Pelo menos descarta a possibilidade de suspeita sobre nós. É só pensar com frieza. É maravilhoso. Ela pode falar o que quiser, eu não me importo. Foda-se. Eu sei que você não faria isso comigo. E se fizesse, também, meu problema ainda seria com você, e não com ela.

— Eu sei, mas...

— Quando decidi confiar em você, foi de verdade. Não vou inventar picuinha besta por causa de mentira idiota.

Ele pestaneja, chocado.

— Você não ficaria chateada? Não acreditaria mesmo que eu posso ter alguma coisa com ela? Não que eu queira que você acredite, certo? Porque eu não quero. Só quero me certificar de que você não acreditaria na Tzuyu...

— Claro que não, né? — Reviro os olhos e me levanto da cadeira. — Não sou burra. Tzuyu mente, engana, dissimula e até finge que é minha amiga pra levar vantagem em cima de algo que ela acha importante e que eu tenho. Seguidores e dinheiro. Você acha que eu vou acreditar em uma pessoa com esses valores? Acha que eu vou preferir acreditar em uma pessoa que mal conheço e só vejo mentindo, a acreditar em você? Jungkook, eu te confiei minha vida, segurança, bem-estar e até meu corpo. Eu te falei ontem à noite que passaria o cio com você. Isso não é prova de confiança?

— E se ela descobrir sobre nós e decidir usar isso contra mim, ou contra você?

— Foda-se. Se ela nos chantagear, é um jeito que a gente encontra de abrir o jogo aos nossos pais e falar a verdade de uma vez... Espero que eles não queiram nos matar por isso. — Respiro fundo e meneio a cabeça. — Enfim, se a Tzuyu fizer isso, vai ser pior pra ela, porque vai perder qualquer chance que teria com você, não?

— É... Quer dizer, ela já não tem chance comigo.

— Mas pioraria, porque te chantagear pra te namorar não é um plano inteligente. Aish... Só me poupe desse dramalhão, tá? Eu não sou mocinha de novela mexicana pra enfrentar esse tipo de drama ridículo. Estou preocupada mesmo é com as pessoas que mataram minha mãe e minha irmã, e que podem me matar. Estou preocupada em não virar escrava ou cativa de nenhum Alfa nojento. Isso sim, me preocupa.

Ele pisca algumas vezes.

— Sério, eu queria te ver enfrentando a Tzuyu. Ela ia ficar tão desnorteada que ia perder o rumo de casa. — Jungkook murmura enrolado entre risadas e funga, coçando o nariz.

— Até parece que eu vou enfrentar outra mulher por sua causa, seu idiota. — Ele solta uma risada aguda e eu estalo os dedos. — Agora levanta daí e tira o resto da roupa.

— Ei, quê isso? Quer me violentar? Você só me deu café... Não vai nem me levar pra tomar um sorvete, me fazer uma declaração de amor? Você só quer se aproveitar do meu corpinho?

Suspiro e sorrio, tentando não rir, porque o jeito como ele fala e passa as mãos pelo peito é cômico.

— Vou preparar um banho quente pra você, Taradokook. Depois, cama. Dormir. Amanhã a gente tem que acordar cedo.

— Aigoo! Hoje você está pior.

— Vai logo, Jungkook.

— Eu vou...

Jungkook levanta-se e tropeça. Pigarreia e me lança uma piscadela. Cruzo os braços, à sua espera. Tento prender a risada para que ele não ache que venceu nossa guerrinha silenciosa. Então, ele arruma uma forma de me desconcertar. Começa a despir-se na minha frente. Descalça as meias e abaixa o jeans, retirando-o. Livra-se da cueca boxer preta.

E, sem qualquer constrangimento, desfila pelo quarto com a segurança de quem sabe que possui um corpo obscenamente desejável. Tudo nele parece milimetricamente construído para ser perfeito. Ombros largos, braços fortes, tórax musculoso, abdome cuidadosamente esculpido. As entradas da virilha, o membro ocioso, as coxas grossas. Ele ergue uma mão e passa os dedos pelo cabelo, jogando-o para trás em um movimento calculado, porque vem junto de um arfar.

Jungkook passa por mim e entra no banheiro, não sem antes me dar total visão de suas costas torneadas, das nádegas bem feitas. Meneio a cabeça, afundando os dentes no lábio inferior, com a sensação ansiosa de borboletas no estômago. Ele para no meio do banheiro mal iluminado e sua pele ganha tons ainda mais quentes. Encara-me por cima do ombro com um sorriso descarado e sua próxima ação me surpreende. Provoca-me do jeito que somente esse fodido sabe fazer.

Seu corpo se mexe e deixa somente o perfil à mostra. Seu corpo é perfeito visto de qualquer ângulo. O cabelos escuros e revirados, a nuca esguia, a curvatura das costas e nádegas. Em sua fronte lisa e reta, consigo ver as linhas musculares do tórax e abdome, mas é seu braço que chama minha atenção. Ele se move devagar e a mão toca o pênis e os testículos. Jungkook pressiona o membro em uma carícia provocativa e abre levemente a boca, erguendo os olhos até fitar o teto. Maldito.

É apenas uma lateral sombreada dos dedos que escorregam pelo membro em uma excitação nascente, pulsando devagar. O ato é lascivo, necessitado, envolvente. Ouço os estalos de sua voz e a fragrância amadeirada e afrodisíaca que sua pele exala me excita. Meu coração pulsa mais depressa e a saliva se prolifera em minha boca.

Então ele para de se masturbar e me olha.

— Vem, Monstrinha. Você não falou que ia me dar banho, não?

— Filho da mãe.

Ele não tem mesmo nenhuma vergonha nessa cara.

Mas, se ele gosta de provocações... Eu também gosto. E ele vai ver só.

***


Notas Finais


ATENÇÃO!
S U R P R E S A!
TEM TRAILER NOVO DA FIC: https://www.youtube.com/watch?v=HujwFktwYQI

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=UKp2CrfmVfw
Meu Twitter: @Ghooost_fa
*Não acredite nas mentiras dela: Apenas uma pequena referência ao Cellbit, porque eu amo aquele ser enigmático e criativo <3

Parabéns a todas as meninas que fizeram aniversário nessa semana!! E boa sorte nas provas que estão vindo pra algumas! Fighting! <33
Obs.: Essa semana eu foquei bem em escrever nas horas vagas e não fiquei vagabundeando hoihohioh Aí consegui postar na hora certa e to muito feliz ohihohi <3

Consegui acalmar seu coração, Jess? Tomara que sim, e que hoje seja só alegria! OIHOHIOHIHOIHO

~~Ghokiss


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