1. Spirit Fanfics >
  2. Girl Meets Evil >
  3. Culpa.

História Girl Meets Evil - Culpa.


Escrita por: Ghost_Fanfics

Notas do Autor


Heeeey!

EDIT [03/11/2018 16:00h]: Excepcionalmente hoje a exibição do capítulo 63 de Girl Meets Evil será adiada. Eu sinto muito! Desculpa, desculpa, desculpa. </3 Estou fazendo um artigo sobre xenofobia e lei de migração e estudando pra umas provas, com medo de reprovar nas disciplinas (só de lembrar a dor de barriga ataca). Espero que vejam essa EDIT, porque eu não quis fazer um capítulo novo só com o aviso pra não frustrar, enganar e tapear, por respeito a vocês. <3
Ps.: Em compensação... Nem queria dizer nada, mas no próximo capítulo vou pegar pesado MUAHAHA.
Ps.2: Também queria deixar aqui meus votos de bom ENEM pra quem vai fazer a prova amanhã! Meus pensamentos e orações estão em vocês. VAI DAR TUDO CERTO! <3
Ps.3: eu não estou entrando no Twitter esses dias, mas assim que puder passo lá. OBRIGADA PELO CARINHO! AMO VOCÊS!




MANO DO CÉU.
O que vocês fizeram no capítulo passado quase me matou de amor. Muito obrigada, to destacando comentários até agora. Muito, muito, muito obrigada pelo carinho de sempre. Pelos favoritos, pelos comentários carinhosos e pelas leitoras fantasmas que sempre dão um jeitinho de me dar algum apoio... Eu nem acredito que vocês gostam mesmo do que eu estou escrevendo! MUITO OBRIGADA POR TUDO <33
Tá chegando o Halloween, hein? MUAHAHAHAHAHA
Tem pergunta nas notas finais, preciso de respostas, socorro OIHOHIHOIHOIOHIHOIHOIHOHIOHIHO


Música do capítulo: Oh Charitable Thief - O'Brother

Capítulo 62 - Culpa.


Fanfic / Fanfiction Girl Meets Evil - Culpa.

Jeon Jungkook's P.O.V.

A luz do sol penetra as janelas quebradas por entre as cortinas rasgadas e molda as silhuetas do casal cercado por fragmentos de vidro brilhante. Eles trocam confidências, conversam perigosamente próximos, compartilham o mesmo oxigênio. Se unem em uma atenção que despreza o mundo exterior, numa sintonia que os afasta de tudo o que o ar consegue tocar. É poético, exceto pelo fato de que os protagonistas são minha namorada e o cara que ela gostava antes de ficar comigo.

Meus dedos se arrastam pelo tapete áspero e o sentimento de ofensa me invade. Mal consigo ouvir as palavras que ambos trocam, porque a proximidade de suas bocas me desconcerta. Meus ouvidos zumbem, pulsam e vibram em uma agitação que não se abranda e só me torna mais furioso. Engulo, mas a saliva não é suficiente para lubrificar minha garganta arranhada. Travo o maxilar e me levanto em um impulso de separá-los. Jin Hyung me segura e me impede de avançar pela sala para apartá-los.

— Bebê... Eles precisam falar. Deixe.

A fúria pulsa em meu peito, comicha em minha pele.

— Precisa ser tão perto? — Retruco, ríspido.

— Deixe. — Jin Hyung insiste.

Não respondo.

Fico quieto e me concentro em ignorar a imagem à frente para não enlouquecer. Inalo o ar denso e tento sossegar minha pulsação, mas identifico uma ameaça silenciosa e entro em estado de alerta. Meus sentidos se sensibilizam. Enxergo cada detalhe da sala e sou capaz de ouvir até mesmo os movimentos de Hobi Hyung no andar inferior. Meu olfato se aguça e as notas tóxicas golpeiam minha cabeça.

O ar é infestado pelos odores dos feromônios ativos do Alfa. Conheço essa essência. Não é a fragrância natural de um A.B.O., é mais poderoso e hipnótico. Não para mim, mas para Ômegas. E tudo se esclarece. Os sinais que Min Yoongi expôs desde que invadiu o apartamento são cristalinos. Nada disso pertence a ele. O suor excessivo, a pulsação acelerada, a respiração descompassada, a agressividade descabida, a atitude inconsequente e impulsiva.

Ele jamais brigaria comigo, ou responderia às minhas provocações. Riria de mim, me chamaria de imprudente, infantil, e teria algum ensinamento sobre autocontrole na ponta da língua para dizer. Ele pode ser qualquer coisa, menos insensato. Yoongi está visivelmente alterado, em seu pior momento de embriaguez, o cio do Alfa, o Rut. E inala o mais poderoso alucinógeno para seus genes, os feromônios adocicados de uma Ômega sensível em contagem regressiva para atingir seu cio, o Heat.

Não posso permitir que ele se aproxime assim da Monstrinha.

Minhas pupilas se dilatam ao ponto de ferir a visão.

Minha adrenalina nasce do medo.

— Jin... Jin Hyung... — Minha frequência cardíaca atinge o limite. Vibro, inquieto, e tento avançar. Jin me detém com o auxílio de alguma magia. Tento me soltar com um grunhido. É inútil. Entro em desespero. Ninguém parece perceber o que há, e eu busco os rostos de Namjoon e Jin. — JIN HYUNG, O YOONGI ENTROU NO CIO, NO RUT! ME DEIXA IR! — Vocifero.

Os olhares de terror súbito se voltam para mim.

Namjoon corre para fora da sala e Jin me solta, impactado.

Do outro lado da sala, Yoongi segura o rosto da Monstrinha com as duas mãos e roça o nariz no dela.

Sei que a atração que os conecta é irracional e irresistível, mas vê-los assim aciona uma fúria que jamais senti. O caos predomina em mim. Sou feito de ciúme e mágoa. Minhas mãos tremem tão intensamente que os ossos estalejam e as garras crescem. O calor que se alastra em meu interior flui como uma música nervosa e barulhenta, com arrepios que eriçam os poros. Não quero só gritar, bater, ofender. Quero acabar com essa merda de uma vez.

Avanço. Ágil, animalesco. Pronto para atacar. Salto sobre o sofá, tensiono os músculos com movimentos fluidos e bato as solas dos sapatos no chão. Quebro alguns cacos no processo. Ergo o olhar estreitado. Flagro o quase beijo de Yoongi e __________. Ela não oferece resistência, hipnotizada. Seus ombros estão caídos e o olhar, vidrado. As mãos pesam rentes aos quadris. Ela está nublada pela atração de feromônios. Ou é nisso que eu preciso acreditar para não me ferir.

Preciso tirá-la daqui.

Solto um rugido, me precipito sobre Yoongi e o empurro, voraz. Ponho-me à frente da Monstrinha e o Alfa se desequilibra em sua distração, se encosta na parede mais próxima e ergue o olhar em um ato de revolta. Não há uma gota de racionalidade em seu semblante enfurecido. O rosto possui hematomas arroxeados que fiz mais cedo e o sangue começa a secar em seu queixo. Assim, ele só parece ainda mais desvairado. É apenas um lobo selvagem em busca de um corpo para saciar sua vontade mórbida.

E sua presa é __________.

— Ela é minha. — Murmuro, protetor e agressivo.

Seus olhos negros se estreitam.

— Não há Marca. Ela não tem dono. — Yoongi rosna, grave e violento.

Franzo o nariz e deixo as presas expostas.

— Não sou dono dela. Somos namorados.

Fito Jin Hyung por um instante e ele gesticula para Namjoon, que se adianta pelo corredor com uma seringa cheia em uma das mãos. Volto-me para o Alfa acuado e agressivo à minha frente e afasto o braço para trás. Toco o corpo trêmulo e feminino que se aproxima e se encosta em mim. Ela roça o rosto em minhas costas, tocando-as. Noto sua fragilidade na forma com que ela tenta se aninhar em mim e me praguejo por não poder baixar a guarda para acolhê-la.

Min Yoongi se contorce lentamente e continua com os olhos fixos em mim.

— Ela é Ômega, não tem dono... E eu preciso dela. Você sabe... — Ele balbucia próximo da histeria, fora de controle. — O cio faz a gente enlouquecer e só ela pode me ajudar.

— Não é verdade.

— E o cheiro dela... — Seus olhos se reviram como se ele pudesse ter um orgasmo apenas por inalar a essência adocicada de Ômega. — Preciso dela. Você sabe... Já se aproximou o suficiente pra prová-la. Eu sei. Lembro do dia em que flagrei os dois na porta do casarão... O cheiro dela era tão forte que eu quase... — Ele oscila e solta um grunhido. Pressiona a barriga com o antebraço, se abaixa um pouco e arfa. Retorna com um sorriso sombrio. — Como é ter uma Ômega? Qual é o gosto dela?

Os olhos negros como carvão descem pelo corpo quase escondido às minhas costas.

— Para com isso, Hyung... — Sussurro para ganhar tempo.

Namjoon está cada vez mais próximo.

— E-ela não tem dono... — Yoongi troveja e se empertiga, prestes a avançar sobre mim. — Me fala... Me dá um motivo pra não tomá-la de você agora. Me diz porque eu não posso quebrar seu pescoço, sequestrá-la e... Marcá-la do jeito que você não tem coragem de fazer, covarde! — É maníaco, louco, perturbado. Diante dele, encaro pela primeira vez o real perigo que ela corre apenas por ser uma Ômega sem a Marca. Desprotegida e à mercê de qualquer Alfa. Se Yoongi está assim... O que um desconhecido faria? O que eu mesmo seria capaz de fazer? — VOCÊ ACHA QUE PODE...

— AGORA, NAMJOON!

Jin Hyung ergue as mãos e parece prender Yoongi em uma redoma invisível, porque ele não consegue se mexer. Apenas seus olhos vibram em minha direção. Namjoon o ataca e injeta a seringa em seu pescoço, causa um efeito imediato. Os olhos negros se reviram, pesam e se fecham. O corpo do Alfa espasma, tomba para frente desgovernado e bate no chão, contra alguns cacos. Não fico para ver o que acontece depois. Seguro a mão de __________ e nós fugimos da sala do apartamento.

Minhas entranhas ainda se reviram.

***

__________ P.O.V.

Não consigo medir o perigo que corri tão próxima de um Alfa em sua condição mais instável.

Meus instintos se confundem com os sentimentos e minha razão se embaraça.

Por isso, não protesto quando Jungkook me puxa pela mão. Apenas o sigo. Abandonamos a livraria sem nos despedir, sem buscar nossas mochilas com Jimin e Taehyung, sem olhar para trás. Percorremos o trajeto da escola para casa em um silêncio tenso e frio, preenchido pela música melancólica que toca nos alto-falantes. A sensação é desconfortável, e Jungkook não faz nada para amenizar.

Ao contrário, exibe uma carranca aborrecida no rosto de traços firmes. É tão bonito quanto cruel. Algo o martiriza, mas ele não é o tipo de pessoa que costuma falar sobre si mesmo. Quando chegamos ao casarão, desço sozinha. Ouço um "até mais tarde" frio e o ronco do motor quase silencioso soa às minhas costas. Viro-me para ver o Porsche negro levantar poeira na estradinha de terra.

Um mal-estar se instala em mim.

Minha garganta se aperta e eu temo tê-lo magoado de alguma maneira, apesar de não ser culpada pelo que aconteceu.

Entro em casa. Vejo alguns empregados em suas rotinas e dois seguranças bebericam suas xícaras de chá, sorridentes. Meus olhos formigam e eu corro até o quarto. Tranco-me e me encosto na porta. Fito o cômodo branco, de decoração minimalista, e o vazio cresce por dentro. Repasso todos os acontecimentos desse dia maldito. Todas as vozes, pesadelos, revelações e perigos gritam de uma vez.

Tampo os ouvidos com as palmas das mãos. A dor só cresce. Grito para abafar o ruído. Lembro-me do diário que está na mesinha de cabeceira e corro até lá. Busco uma caneta e escrevo páginas e mais páginas, cuspindo toda a ansiedade, o nervosismo, o medo e o ódio que sinto. Choro. Choro até meus olhos arderem, até não sobrar nem uma lágrima para derrubar. Deito-me na cama e não vejo o tempo passar.

Não percebo quando adormeço, e meu sono é tão pesado que não consigo sonhar.

***

Abro os olhos para encontrar a escuridão no quarto. É noite. Sento-me na cama e fito o cômodo ao meu redor, desnorteada. Apalpo a saia, saco o celular e confiro a hora. Já passa das nove. É tarde e eu não comi nada durante todo o dia. Sinto uma leve vertigem, uma fraqueza que me impede de raciocinar. Vejo notificações de mensagens de Jackson e Lisa, duas chamadas perdidas de Srta. Jeon e Seokjin, mas não respondo nenhuma delas. Nenhuma notícia de Jungkook.

Bloqueio o aparelho e esfrego as mãos no rosto.

Suspiro no auge da fadiga emocional e fito o diário aberto sobre a cama.

Todos os problemas retornam.

Preciso abrir o quarto de Jisoo para conferir sua antiga penteadeira, saber o que Seokjin conversou com sua avó, descobrir quem me perseguiu de carro logo que cheguei à Juggi, treinar meus poderes, descobrir quem matou Omma e Jisoo, fugir do assassino ou acabar com ele, estudar para as provas, fazer os deveres de casa, lidar com Tzuyu, com a situação que ocorreu mais cedo com Yoongi e com o ciúme e a mágoa de Jungkook. É tanta coisa que não sei por onde começar e penso em chorar de novo até dormir, e de novo e de novo.

Em um ciclo eterno.

Minha cabeça gira e dói. Faço uma careta e inalo o ar mais profundamente. Meu vórtice destrutivo se desata, porque o perfume amadeirado e único de Jungkook emana em algum lugar, vivo demais para ser apenas uma impressão que ele deixa pelos lugares ao meu redor para marcar território. Meu interior se agita e eu tenho um sobressalto alegre. Pulo da cama, estabanada e apressada. Se ele está aqui, podemos conversar e fazer as pazes, se é que brigamos. Já não sei, porque eu e Jungkook vivemos em pé de guerra.

Corro sorridente e abro a porta de uma vez.

A luz do corredor está acesa e eu o vejo de costas para mim, parado à frente de seu quarto. Ele se vira em um susto e me olha com os olhos arregalados. Parece que vai a algum lugar, porque está arrumado. Arrumado demais.

Usa uma calça jeans clara, rasgada nos joelhos, e sapatos pretos. Vesta uma camisa xadrez escura e longa, e uma jaqueta de couro. Os cabelos estão jogados de forma despojada. A boca brilha com o protetor labial que ele carrega em uma das mãos. Em vez de ficar feliz por vê-lo, agora, sinto um imenso desconforto. Cruzo os braços abaixo do colo e o encaro. A raiva ousa me dominar. Aonde ele pensa que vai desse jeito depois do dia que tivemos?

Jungkook franze o cenho e me analisa da cabeça aos pés. Sinto-me despreparada, porque ainda visto o uniforme amarrotado da escola, estou descalça, descabelada, com o rosto marcado pelo lençol e os olhos inchados de tanto chorar e dormir o dia todo. Respiro fundo e me preparo para falar, mas ele começa antes.

— Onde você estava?

Como é?

Rio com sarcasmo.

— Eu? Ah, eu estava onde você me largou hoje. E você? Estava na rua? Está todo arrumadinho, limpo e cheiroso. Parece bem. Saiu pra se divertir? Como foi sua noite? — Pergunto, irritada.

Jungkook enruga o espaço entre as sobrancelhas e inclina a cabeça em um gesto habitual.

— Aish. O que deu em você?

— O que eu em mim? Ah, isso é uma piada, né? — Falo alterada. Ele mantém a expressão e eu respiro fundo. — Não sei. Vamos ver por onde eu começo. Ah! Já sei. Posso começar falando que você não falou comigo durante o caminho até em casa, não se despediu direito e não disse pra onde ia. Foi até meio grosso sem razão nenhuma, depois do que aconteceu no apartamento do Jin, sendo que eu não tive culpa nenhuma por isso! E você me ignorou o dia todo. Não me mandou uma mísera mensagem pra saber se eu estava bem!

Seus lábios tremem.

— Só você pode ter momentos em que quer ficar sozinha?! Eu tenho sempre que estar bem pra te amparar?! — Ele responde áspero e eu dou um passo para trás. — E não fale tão alto. Quer que nossos pais escutem uma D.R.?

Se até agora não brigamos, já era.

— Primeiro, eu falo como quiser. Segundo, está me chamando de insensível?! Sabe o que aconteceu comigo hoje? A Tzuyu me chamou de órfã coitada, disse que minha depressão é inventada e deu em cima de você! O Yoongi é o "monstro" que eu vi no dia em que Omma e Jisoo morreram e eu perdi a única pista do suspeito da morte delas! E ele ainda tentou me atacar! E eu me senti completamente impotente porque não pude fazer nada contra isso! E tem mais! Eu descobri um poder muito pior que não sei controlar e estou com medo! E você ainda tem coragem de me chamar de insensível?! — Ergo o dedo indicador no ar e fungo. — Aish! Imbecil! Eu te odeio!

— Aigoo! Eu não...

Viro-me enfurecida e entro em meu quarto, batendo a porta com força, sem esperar por sua resposta ou reação.

— Idiota, imbecil, idiota! Argh! Eu odeio Jeon Jungkook! Aigoo!

Chuto o ar e decido tomar um banho para esfriar a cabeça. Tento conter as lágrimas que ameaçam cair e repito para mim mesma enquanto desato o nó da gravata e desabotoo a camisa que não posso chorar. Não posso chorar por causa desse imbecil. Não posso. Jogo as peças do uniforme sobre o tapete e desço o zíper da saia, deixando-a cair no chão. Fecho o diário que ainda está aberto sobre a cama e caminho até o armário. Busco um tubo de sabonete líquido cheio e uma toalha nova.

Sigo até o banheiro, mas ouço a porta se abrir e me viro assustada. Visto apenas uma calcinha rosa e ridícula, estampada com corações coloridos. Cubro meu colo com a toalha, mas é Jungkook que entra e fecha a porta, de cabeça baixa, e agora tento desdobrar a toalha mais rápido, mas não consigo. Ele me vê e ergue as sobrancelhas, espantado. Assim, faço a primeira e mais idiota coisa que me vem à mente. Arremesso o tubo de sabonete líquido nele com tanta força e tão rápido que ele não se desvia.

É atingido em cheio na testa e cai com tudo no chão.

— Ai, meu Deus! Eu matei Jeon Jungkook! — Largo a toalha e corro até ele. Agacho-me ao seu lado e faço uma careta. Seus olhos estão fechados, mas ele respira, porque suas narinas tremem. Fito sua testa e vejo o corte na pele, expelindo um filete de sangue, algo que nem Yoongi, nem Yugyeom conseguiram arrancar dele. Temo tê-lo machucado, porque essa é a última coisa que quero. — Aish! Abra os olhos, Jungkookie...  — Empurro seu ombro e ele abre as pálpebras à custo. Seus olhos passam pelos meus. — Você está bem?

— Acho que...

— Anda, quantos dedos tem aqui? — Ergo a mão aberta e mostro para ele. Seu foco cai até minha mão e ele abre a boca, mas não fala. — Anda, Jungkookie... Me responde. Quantos está vendo? — Aceno a mão com os cinco dedos abertos à sua frente e ele sorri bobo.

— Dois... São lindos... São meus?

— Seus? Dois? Não, são meus, e são cinco! — Aproximo a mão de seu rosto, mas a atenção de Jungkook não está focada em minha palma, e sim em meu colo. Ele fita meus seios descobertos. Meu corpo inteiro pulsa com ódio e eu bato em seu peito, com um grito esganiçado e agudo. — Aish! Aaaaish! Não acredito que me deixou preocupada e está me secando! Imbecil!

Afasto-me dele e procuro a toalha pelo chão.

— Ai... Ai. — Busco a toalha e me cubro. Viro-me para Jungkook, que resmunga baixinho e tenta se sentar no chão do quarto. — Monstrinha... Por favor, não fique assim. Você entendeu tudo errado, me deixa explicar. — Ele retruca desorientado e passa a mão pela testa ensanguentada. Confere os dedos depois e suas sobrancelhas se erguem. — Quem é você? O Sylvester Stallone?! Jason Statham? Jet Li? Faz parte dos Mercenários*?

Cruzo os braços, sem sorrir.

— Quer ver quem eu sou? — Desafio.

— De forma alguma. — Jungkook meneia a cabeça e faz uma careta para se levantar do chão. Aproxima-se de mim e roça os dedos uns nos outros. Ele baixa um pouco a cabeça para me encarar de perto. — Me dá um espaço pra falar o que aconteceu?

— Depois da sua grosseria comigo?

— Monstrinha, você também é grossa, de vez em quando.

— Mas eu não sou um Alfa Lúpus brutamontes musculoso, bonito, e com essa jaqueta de couro idiota. — Aponto para o peito dele e Jungkook franze o cenho, antes de sorrir. — Para de rir de mim. — Esmurro seu abdome, mas ele nem se mexe.

— Você não é um Alfa Lúpus brutamontes, mas esteve muito mais perto de me matar hoje do que eu já estive perto de te machucar alguma vez, mesmo de brincadeirinha, quando a gente transa. Acho que depois do que eu vi hoje, posso sentir medo de você também, mesmo sem uma jaqueta de couro idiota. — Ele dá de ombros. — E você é a garota mais bonita que eu já vi na vida, então acho que quem está em desvantagem aqui sou eu.

Jogo uma mecha do cabelo para trás e pigarreio.

— Dissimulado. Você está me elogiando pra se limpar comigo.

— Posso explicar?

— Vou tomar banho. — Retruco.

— Ótimo. Estou precisando mesmo limpar a testa. — Jungkook se desfaz da jaqueta, a joga em uma poltrona e anda na direção do banheiro, dobrando as mangas da camisa xadrez. Fico parada, sem acreditar que ele quer que eu tome banho na frente dele. — Juro que não vou te atacar. Chega de sexo nesse banheiro. Ainda não esqueci do lustre. Até parece que aquela garota fantasma é fã da Sia.

Franzo o cenho, tentando encontrar a conexão.

Chandelier, uma música famosa da cantora Sia, toca em minha mente. O refrão diz, em uma tradução livre, que ela vai se pendurar e se balançar em um lustre. Mordo os lábios dentro da boca, para não rir, e sigo atrás dele. Reviro os olhos quando ele me encara por cima do ombro, com um sorrisinho confiante de quem conseguiu quebrar meu gelo.

— Você é um idiota, mesmo. — Cutuco suas costas.

— Nunca esqueça da parte que você me ama.

— De vez em quando você se esforça pra me fazer esquecer.

— Aish. — Ele resmunga.

Entramos no banheiro. 

***

Mantenho o box entreaberto e o vapor escapa pela fresta. Desligo o registro do chuveiro, pego o sabonete e me ensaboo devagar. Fito Jungkook pelo vidro. Ele ainda pressiona um tufo de algodão com antisséptico na testa, mas seus olhos estão grudados em mim. Ele me espera para recomeçar o assunto, e eu circulo a mão na barriga, espalhando o sabonete.

— Pode falar.

— Ah... Então... — Ele pisca algumas vezes, acordando de um transe. — Depois que você fez aquele troço da magia louca, eu fiquei meio aéreo. Senti medo, mesmo. Só consegui pensar no que fazer pra te ajudar a controlar isso, porque se não estiver preparada, pode dar merda. Eu sei que você não usou magia pra se defender do Yoongi depois porque ficou com medo de machucá-lo, não foi? — Ele pergunta, mas, de alguma forma, parece inseguro sobre minha resposta.

Jungkook está sentindo ciúme?

— Sim. Fiquei com medo de machucar todo mundo na sala, na real. — Respondo e passo a bucha orgânica nas coxas, me abaixando para esfoliar as pernas. — Depois senti medo de ele te machucar, se eu tentasse fazer qualquer coisa. Me senti tão impotente... Foi horrível.

— Ainda bem que esse é o tipo de situação a qual a gente está acostumado. Não nesse nível, porque o Yoongi estava muito fora de si. — Ele se mexe no banquinho que trouxe para se sentar ao lado da pia. — Enfim. Depois, no caminho pra casa, eu não falei com você porque estava pensando em tudo o que ele falou... Que você está a mercê de qualquer Alfa, e que até eu posso te machucar, quando entrar no cio. Nunca estive com uma Ômega em um Rut meu, e não sei como vou me comportar quando você entrar no Heat.

Esfrego a bucha nas laterais dos seios e assinto.

— Eu duvido que você seja capaz de me machucar. — Sorrio e ele estreita os olhos. — Você me deu um celular uma vez, porque achou que tinha me deixado triste, é claro que não me machucaria.

— Você nunca vai me deixar esquecer isso.

— Nunca. — Rio e ligo o registro do chuveiro. Limpo a bucha e passo água no corpo para retirar a espuma do sabonete. Fito Jungkook, que agora limpa o ferimento pequeno com água. Desligo o registro, busco minha toalha e a enrolo no corpo. Abro a portinhola do box e saio descalça, parando com os pés sobre o tapete para retirar o excesso de água do corpo. — É um lembrete do quão loucamente apaixonado por mim, você é. — Dou de ombros e ele para de limpar a testa para me olhar de lado. Sorrio e ele meneia cabeça.

— Achei que dizer que passaria o resto da eternidade com você era a prova, mas, realmente... Eu te dei um iPhone de última geração com o dinheiro que ganho no estágio. Não existe prova de amor maior que essa. — Trocamos um olhar cômico e rimos. — Me deixa terminar de falar. — Torço os cabelos molhados para dentro do box e faço um sinal para sair. Jungkook assente e vem até mim, me rouba um beijo breve nos lábios e se afasta, saindo do banheiro como quem não quer nada.

— Você é um cara de pau.

— Eu sei. — Não sei o rumo que ele toma, mas eu vou para o closet. — Pega um vestido. A gente vai pedir comida e fingir que vai jantar fora. Foi por isso que eu me arrumei, sua chata. Porque, já que a gente não pode sair pra jantar, pelo menos podemos ter um encontro em casa. E eu acho que você não comeu hoje. Vou te entupir de comida. — Rio e procuro um vestido mais arrumado, encontro um azul de corte simples e leve. Desenrolo a toalha e o visto mesmo sem uma lingerie, porque não pretendo vestir nada além disso.

Volto para o quarto e encontro Jungkook parado perto da cama, com as mãos nos bolsos do jeans.

Seu semblante é mais tenso que antes, e eu fico um pouco mais séria.

— Que foi?

— Preciso terminar de falar o que aconteceu hoje.

— Ah... Pode falar.

Ele solta um fôlego que parecia preso em sua garganta e franze o cenho, como se engolisse um bolo amargo.

— Depois que eu te deixei em casa, voltei lá no Jin pra saber como o Yoongi Hyung estava. Ajudei a acalmá-lo e nós demos um inibidor pra ele. Já te falaram como os inibidores são raros, né? Mas usamos porque ele estava transtornado. Quase faltei ao estágio pra ficar lá com ele, mas como ele já estava fora do trabalho, acabou que eu tive que ir pra Kwon and Co. Aí fiquei remoendo toda aquela merda na minha cabeça e... Lembrei que... Em algum momento da sua conversa com Yoongi Hyung...

— Jungkookie, se estiver com receio de eu ter sentido alguma atração pelo Yoongi Oppa, pode ficar tranquilo, porque...

— Não, eu sei. Eu sei que não sentiu nada por ele, além do que os feromônios te obrigaram a sentir.

— É! É isso! Pensei que tivesse ficado com raiva de mim por isso e...

— Não, Monstrinha. Isso não tem nada a ver. Só que... Quando ele estava falando sobre a lembrança dele com a sua irmã... Disse que elas nunca permitiram que você tivesse contato com o sobrenatural pra proteger o feitiço que suprimiu a magia e a maldição em você. Mas, se você fosse exposta a esse mundo, principalmente aos Alfas, tudo se desataria e você se transformaria em um alvo pros caçadores.

Não desvio os olhos dos dele e encontro uma dor aguda em seus olhos grandes e brilhantes, quase cobertos pelos cabelos escuros.

Ele parece à beira das lágrimas.

— O que quer dizer com...

— Você esteve protegida até morar ao meu lado. Eu sei. Eu te expus. A culpa por toda essa merda é minha.

— Não, Jungkook... Isso não tem nada a ver...

— Eu te fiz ficar triste e encontrar a caixa com os diários. Eu te levei à loja do Hoseok pra abrir a caixa. Eu fui o motivo pra você pesquisar sobre vampiros, lobisomens, híbridos. Eu te contei a história dos A.B.O. Fui sua cobaia pra que soubesse o que era um Alfa. Eu te ajudei a ler os diários, te enfiei até o pescoço nesse mundo... Mas, meu pior crime... — Seu timbre melodioso e grave se embarga. — Foi me apaixonar por você. Depois que eu te beijei... Tudo se desatou. Eu me lembro. Foi depois do nosso beijo que a maldição aflorou. Lembra? Seu cheiro ficou mais forte, você teve enjoos, náuseas e aqueles surtos hormonais.

Depois que ele fala, me lembro de tudo o que vivemos desde o dia que cheguei a essa casa e perco o ar.

— Foi...

— Como eu ia saber? — Seus olhos se enchem e ele engole em seco. — Sem mim, talvez você ainda fosse uma Beta humana, sem poderes e preocupações. Seria livre pra cuidar de si mesma e ser feliz, ficar em paz. Eu passei o dia inteiro pensando que... O destino resolveu me dizer, com isso, que nós nunca deveríamos ter ficado juntos. Que era proibido mesmo. Que eu seria o culpado pela fúria do mundo cair sobre você, como o Jaebum foi a ruína na vida da Juran. Ela só se rebelou contra a família e o pretendente por causa dele. E eu estive a ponto de surtar o dia todo, pensando nisso, porque... Me perdoe, __________... Me perdoe. Eu não sabia... Não sabia.

Uma lágrima solitária escorre em seu rosto, sem que ele seja capaz de contê-la.

Jungkook se ajoelha diante de mim e funga, passando as costas da mão pela bochecha. 

— Para, Jungkook... Eu não tenho que te perdoar por nada...

— Mas eu sou o culpado por todos os seus problemas. Me mantive em silêncio pra que o silêncio me mantivesse, ou eu enlouqueceria, hoje. Se eu soubesse disso antes... Nunca teria me aproximado de você... Teria guardado esse amor pra mim, nunca teria falado nada. Se pudesse voltar atrás, eu...

Ajoelho-me também e me sento sobre as pernas, no tapete. Busco seus olhos e sorrio.

— Você não me condenou. — Ergo as mãos e toco seu rosto com delicadeza. — Sem você e o que estou vivendo, nem haveria vida. Antes, eu era só um pedaço de alma fria, vagando pelo vazio. Era quebrada, era nada. Eu não preciso te perdoar, preciso compartilhar com você a alegria que eu sinto quando está por perto. Obrigada por estar ao meu lado, por me amparar. Por me fazer rir mesmo quando eu te bato e te chamo de idiota. Obrigada por me curar com seu carinho, seu cuidado. Não pense que é o culpado por algum problema. Você é minha solução. Eu amo acordar pra te ver, te ouvir. Jeon Jungkook, nada que você faz é menos que perfeito e eu te amo tanto que chega a doer.

Ele pisca uma vez.

Mantemos o silêncio para que ele nos mantenha.

E ele sorri.

Jungkook se aproxima de mim e me abraça. Aperta-me contra si, expulsa todo o cheiro amadeirado e poderoso sobre meu corpo, se deita sobre mim e me abraça. Se encaixa entre minhas pernas e me olha nos olhos, roça seu nariz no meu e me beija com carinho. Seus lábios acariciam os meus sem qualquer malícia e ele se afasta apenas para me olhar.

— Pensei que fosse me odiar quando eu contasse...

— Eu só te odiei quando você me afrontou no corredor. — Estreito o olhar e ele ri.

— Ah-ah... Aish. Mas, ali eu estava sob pressão. E depois eu tentei te amansar pra poder contar isso. — Jungkook se impulsiona contra mim e esmaga meus seios com seu tórax. Ele beija meu ombro, a linha da clavícula e meu pescoço. — Você parece aqueles cachorrinhos nervosos. Pinscher. Sabe? Dá medo. — Murmura perto do meu ouvido.

Rio e o empurro pelos ombros.

— Você disse que ia comprar comida, né?

— É. Até ia pedir mais um tempinho pra gente se beijar, mas você precisa comer.

— Eu preciso mais de você.

— Não me bote em tentação agora, Monstrinha... Eu vi que não tem nada embaixo desse vestido.

Rio e dou de ombros.

— É pra ficar mais fácil de tirar.

— Aish... Você tinha que ser tão gostosa assim? — Rimos e ele me beija. Afasta-se de mim e se senta ao meu lado. Saca o celular do bolso e abre o aplicativo do iFood. — O que quer comer?

***


Notas Finais


Canal da Ghost NO YOUTUBE: https://www.youtube.com/channel/UC09weGTRInSQa0IJ1seTw6g?view_as=subscriber
TRAILER DA FANFIC: https://www.youtube.com/watch?v=alMhPs3sAvI&t=2s
Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=gZZSoi1E1v4
Meu Wattpad: @Ghost_Fanfics

Ghostezínea Gameplays está preparando uma surpresa sim ou com certeza?
Eu adoro Halloween. Quem aí gostaria de um Jimin de presente de Halloween?

PERGUNTA: POSTO UMA ONE SHOT DO JIMIN? VOCÊS LERIAM? SIM OU NÃO?

~~Ghokiss


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...