História Give - Capítulo 1

与える

                                                                                                       Um

Com um rangido sua porta abriu, seu percurso só parando quando se encontrou com a parede. E assim, com uma visão escancarada de todo seu apartamento envolto em trevas, Naruto bufou cansado. Entrou com apenas a luz da lua sendo sua iluminação lá dentro.

A mochila ele largou na cadeira ao lado da porta, e em passos quase arrastados se encaminhava para o banheiro. No meio do caminho lembrou que deixara a porta aberta, o que o fez praguejar mentalmente.

Sua necessidade de ir ao banheiro era prioridade naquele momento, então simplesmente usou o chakra da Kurama em forma de mão, saindo de suas costas a esticando até a porta e a fechando sem ter saído do lugar.

"Preguiçoso" - ouviu a voz rouca da raposa dentro de si.

"Olha quem fala" - retrucou, e um baixinho rosnado inofensivo foi o protesto da Kurama em resposta.

Fez suas necessidades e ao sair do banheiro mais uma vez deu uma olhada no apartamento, desde a entrada do único quarto, até a cozinha e sala. E pensou em como sentia falta de casa.

Foram meses fora, completaria ao todo nove meses, tendo confirmação ao olhar o relógio na parede e enxergar que era mais de meia noite, ou seja, oficialmente nove meses desde que saiu em uma missão pacificadora num país distante. Seu objetivo? Apaziguar com diálogos, experiências e convivência duas vilas de samurais em conflitos.

Foi árduo, pois samurais são muito mais rígidos em suas morais conservadoras de como lidar com situações conflituosas. E assim como a técnica de Laido da qual são especialistas, uma técnica de saque rápido da espada para matar seus oponentes, eles queriam resolver tudo de forma rápida e objetiva, mas utilizando meios violentos para o tal. Naruto precisou usar toda sua experiência e dom em discursos para convencer semana após semana as duas vilas, viajando entre uma e outra. Às vezes até mesmo entrando em combate para impedir mortes, o que resultou em muitas das vezes ser colocado no seu limite de fé, mas no fim conseguiu apaziguar ambas as vilas, deixando pessoas melhores na liderança e principalmente um senso de união maior para que as duas vilas enxergassem o potencial de crescimento.

E aquela não era a primeira missão pacificadora que fez, na verdade era mais uma na sua lista desde o fim da guerra e desde que conseguiu se tornar um Jounnin. Foi seu acordo, sua forma de cooperar com a Aliança Shinobi para expandir a paz em países fora da Aliança, isso porque cedo ou tarde a falta de paz nesses lugares afetaria a Aliança.

Todavia iria pedir a Kakashi uma nova reunião com os kages, e assim esclarecer o seu desejo de não mais fazer tais missões. Queria agora se estabelecer melhor com sua vila, e principalmente se preparar para sua corrida atrás do título de Hokage.

Fez uma nota mental de na manhã daquele dia sem falta ir até Kakashi, até porque precisava lhe entregar o relatório final da missão que em parte já estava pronto, o fez no caminho de volta para a vila e faltava apenas alguns detalhes, sendo um deles reclamar suas curtas férias que se iniciaram assim que o relógio bateu meia noite minutos atrás.

O sono o hipnotizou em direção a sua cama e se jogou nela. Um banho seria para quando acordasse.

Na manhã, Naruto despertou a contra gosto, isso porque passou mais de uma hora deitado teimando consigo mesmo para levantar, em outro momento adormecendo. Até que o senso de responsabilidade o fez arrastar as pernas para fora da cama, os pés tocando no chão frio. E ficara ali sentado na cama.

Disciplina era algo que Naruto precisou melhorar após a guerra. Não quando envolvia treinos, nisso sempre foi bastante produtivo, mas quando era suas outras responsabilidades como ninja e representante da Aliança. E ainda precisava melhorar muito, via isso quando lembrava de Sakura, de como ela era disciplinada, responsável e produtiva em tudo o que fazia. Fora ela quem o ensinou na base de gritos e agressões físicas a ser mais comprometido com seus deveres e responsabilidades de forma disciplinada.

Lembrar da melhor amiga o fez rir.

"Estou com saudades da Sakura-chan." - se pegou sussurrando.

Até onde sabia, ela talvez ainda estivesse trabalhando no hospital de Konoha. Fez outra nota mental de ir vê-la depois que saísse da sala do Hokage. Principalmente para contar que finalmente estaria de férias, algo que prometeu a ela antes de ir para a missão.

Naruto tomou um banho, se vestiu, e preparou seu café da manhã que se baseou em cereal e leite, algo rápido. Mas tinha consciência que merecia refeições mais gostosas depois dos dias em viagem.

Distraído bebericava do leite que sobrou na tigela quando batidas foram ouvidas em sua porta, o que o fez se assustar e se engasgar com o leite. Torciu e bateu no peito até desengasgar enquanto a Kurama soltava risinhos baixos dentro de si.

A batida se repetiu.

Se recuperou esfregando a camisa um pouco molhada pelo leite que caiu no tecido. Abriu a porta dando de cara com duas pessoas que não imaginava, mesmo se esforçando, aparecer algum dia em seu apartamento.

- Ohayo Gozaimasu, Naruto - cumprimentou Mebuki, mãe de Sakura.

- Ohayo - o esposo ao lado também o cumprimentou.

Naruto cobriu a boca com o punho para uma curta tosse ainda se recuperando do engasgar, seu olhar confuso alternando entre os pais da melhor amiga.

- Ohayo - respondeu cochando a nuca num sorriso desconcertado. - Perdão, não esperava visitas agora pela manhã, por isso a demora em atender.

- Não precisa se preocupar com isso - sorriu de volta a Mebuki, mas notou certa ansiedade no olhar que lhe direcionava.

- Querem entrar? - indagou se afastando um pouco da porta, gesticulando em passagem para dentro.

Mebuki fitou o marido, que assentiu lhe apertando o ombro, um gesto de encorajamento que conduziu a matriarca Haruno para dentro do apartamento, passando com finos sorrisos agradecidos.

- Eu voltei ontem a noite, tudo está uma bagunça... - comentou fechando a porta e se apressando para trazer cadeiras para a mesa na sala/cozinha.

Na verdade era uma desculpa. Antes da viagem estava do mesmo jeito, e agora pior pelo tempo fora. Nunca foi de arrumar seu apartamento, uma bronca constante a filha dos dois ali lhe dava por isso. Haviam certas responsabilidades que o Uzumaki ainda se custava a abraçar.

"Você enfrentaria de peito aberto qualquer ninja no mundo, mas não consegue enfrentar uma vassoura na sua própria casa, Naruto Uzumaki!" - na sua lembrança ainda conseguia ouvir claramente o tom de irritação pulsante de Sakura gritando com ele.

Seu argumento era de que mal ficava em casa, mas não funcionava muito. Na verdade funcionava para ela passar mais meia hora lhe dando bronca sobre como um futuro Hokage deveria se portar de agora, e mais um monte de coisas que Naruto ouviu e tentou ao máximo obedecer, até que fosse chamado para outra missão e a falta de rotina doméstica lhe fizesse esquecer as broncas.

- Querem algo? Eu estava tomando café...

- Não precisa Naruto - interrompeu Mebuki com simpatia quando ele finalmente sentou junto do casal Haruno á mesa. A mulher notou um divertimento na feição do Uzumaki. - Parece ter acordado feliz hoje. São as férias? - comentou ela amistosa.

- Não, não. Eu só estava lembrando de Sakura. Sua filha me daria uma merecida bronca por estar recebendo vocês dois com apenas cereal e leite. - respondeu tentando soar engraçado, mas sua intenção morreu ao notar um incômodo nela.

Naruto conhecia pouco da mãe de Sakura, mas nas poucas vezes que a viu, sempre notou a semelhança que as duas tinham em serem extremas em qualquer que fosse a emoção que sentissem. Foi de Mebuki que Sakura puxou seu temperamento em todas as pontas para onde poderia ir. E a Haruno mais nova dificilmente conseguia esconder o que sentia, há não ser quando havia um propósito relevante por trás. Mas a conhecendo, ele sempre sabia quando ela estava escondendo. Então estando de frente para a mãe dela, não foi difícil a ler sendo tão parecidas.

- Aconteceu algo? - perguntou franzindo o cenho para os dois, que trocaram um olhar.

Mebuki depositou as duas mãos sobre a mesa, e sua feição esmoreceu finalmente revelando o que sentia por dentro, preocupação.

  - Naruto, eu sei que a relação de amizade entre você e a nossa menina é algo muito forte. Por isso viemos aqui, porque sabemos que você pode tentar fazer algo, assim como já fez várias fez por ela... - Mebuki fez uma pausa para desviar o olhar, e pôde notar a semelhança dos olhos esverdeado da filha com os da mãe. - Fez por todos nós na verdade.

  - Mebuki, seja direta - pediu Kizashi, e a esposa suspirou assentindo.

- A Sakura não voltou para casa, Naruto.

Naruto não compreendeu. Sakura tinha saído da casa dos pais? Foi a primeira ideia que veio a sua mente.

- Como assim? - questionou, a curiosidade o fazendo se inclina mas próximo da mesa.

- Ela estava em uma missão como médica em Kumogakure. Ela não nos deu detalhes, mas o Rokudaime contou que a missão era para lidar com uma pequena epidemia de gripe, uma gripe não muito comum lá, mas comum aqui. Seria uma missão de no máximo um mês, mas já se passaram seis meses.

- Seis?

- Sim. Sakura está desaparecida há seis meses Naruto.

Era uma informação que deixou Naruto num misto de confusão e desconfiança. Dentro de si as orelha de Kurama, que fingia dormir, se ergueram curiosas em ouvir melhor.

  - Mas como isso pode acontecer?

  - Como pode? Não sei! Alguém a sequestrou? A matou? Não sei! E tenho que conviver com essa dúvida há seis meses sem saber onde, nem como está minha filha! - disse, flertando em exclamar com o loiro. Outra vez Kizashi a acalmou com uma mão no ombro.

A desconfiança do Uzumaki vinha em ter noção que Sakura era uma ninja de nível elite. E que só em hipóteses bastante improváveis ela teria sido pega. Foi quando essas hipóteses inundaram sua mente, e então a preocupação o atingiu também como uma flecha dolorosa no peito.

  - O que o Raikage comunicou?

  - Ao Hokage ele disse ter dispensado Sakura e que ela foi vista saindo da Vila. Quando foi avisado que Sakura não retornou ele mandou grupos de busca, assim como o Rokudaime também mandou. Mas até hoje não encontraram nada dela.

Naruto se largou para trás recostando na cadeira atordoado. "Como não ficou sabendo disso antes? Por que Kakashi não tinha mandado mensagem nenhuma para ele sobre Sakura?" - se questionou tentando alinhar os pensamentos.

Quase que como resposta Naruto sentiu a presença de alguém chegando próximo ao telhado do apartamento.

  - Naruto eu não durmo a dias, nem eu e nem Kizashi. Não importa o quanto temos aceitado e apoiado ela ser uma ninja, seremos sempre pais dela, é impossível não nos preocuparmos.

  - Sim. Eu entendo.

  - Queremos pedir que você a procure. Sei que está de férias, acabou de voltar de muito longe mas...

  - Eu iria mesmo se não pedissem.

  - Eu sei disso. O Rokudaime já deveria ter lhe contado.

  - Concordo. Na verdade tem um Anbu no telhado, ele vai me chamar para ir até o Kakashi agora.

Ao terminar de falar o Anbu surgiu na janela atrás do Uzumaki, atraindo a atenção dos pais de Sakura.

  - Naruto Uzumaki, o Rokudaime está o convocando no prédio Hokage nesse momento - foi tudo o que o ninja falou antes de desaparecer.

O loiro bufou.

  - Kakashi-sensei é atrasado em tudo.

Mebuki segurou e puxou os mãos de Naruto sobre a mesa. Um olhar suplicante.

  - Encontre nossa Sakura, Naruto.

  - Prometo que irei - assegurou segurando as mãos dela de volta. Resolveu acalmar os dois. - Sei que ela está muito tempo fora. Mas lembre-se que Sakura é uma ninja acima da média. Não é alguém que seria facilmente derrotada, ou mesmo subjugada. E o mundo ninja inteiro têm noção disso desde que voltamos da guerra e da missão na lua. Tenho certeza que há outra explicação para esse sumiço.

  - Como?

Naruto pediu perdão ao Sasuke mentalmente pelo que iria dizer naquele momento.

  - Talvez ela tenha se encontrado com o Sasuke. Ele está vagando pelos países se redimindo, e podem ter se encontrado. Ela pode ter resolvido acompanha-lo. Eu mesmo a ouvi pedir para ir junto dele quatro anos atrás.

  - Mas então porque não mandou mensagem nenhuma?

  - Pode ter mandado, mas a mensagem se perdeu sem ela saber. Já houve casos assim. E estando com o Sasuke os ninjas mandados em busca realmente nunca os encontrariam.

  - Por quê?

  - Sasuke usa meios incomuns. Sua invocação. Mas principalmente os esconderijos e passagens de Orochimaru para se deslocar pelos países com mais rapidez.

  - Espero que seja isso. Mas preciso ter essa confirmação.

  - Eu a darei. Prometo Mebuki-san.

A mulher assentiu, assim como o marido. Os dois se foram, e Naruto se deslocou para o prédio Hokage no mesmo instante que fechou a porta atrás deles.

Ao chegar na sala do Hokage não encontrou o antigo sensei, no lugar estava sua secretária que o avisou do paradeiro do líder da vila, o topo do prédio.

Com o vento sobrando forte, Naruto se aproximou de Kakashi, que residia vigiando toda a vila ali de cima, os braços apoiados na mureta de ferro. Sua capa branca de Hokage balançava para a esquerda com o vento distorcendo os kanjis Rokudaime nas costas.

  - Quando ia me avisar sobre a Sakura? - perguntou ao chegar ao lado do Hokage.

  - Agora. Mas pelo visto alguém falou primeiro. Ino? Shikamaru?

  - Os pais de Sakura. Não me encontrei com ninguém além deles até agora. – respondeu. Tudo estava acontecendo tão rápido, desde sua chegada até a visita dos Harunos. Não tinha nem se quer visto qualquer um dos amigos. Pensando agora, Naruto percebeu que mal tinha durado um dia suas férias, que no fundo não se importava, só iria tê-las por conta de Sakura. E como uma ironia da vida, ela agora era o motivo de rejeita-las.

  - Ino está no Centro de Vigilância constantemente. E Shikamaru logo aparecerá.

  - São seis meses. É muito tempo! Poderia ter me mandado uma carta antes...

  - Eu não ia arriscar sua missão. Até agora não considero tanto assim um desaparecimento, algo tão alarmante ao ponto de mandar você parar uma missão tão delicada como a sua.

  - Então também não acredita que algo grave tenha acontecido á ela?

  - Você também não.

  - Ela nunca foi de sumir assim. Mas...

  - É estranho. Não importa o quanto confie nela, me preocupei mesmo assim. Mandei grupos de busca, e nada encontraram. O Raikage provavelmente já delimitou todo o país nas buscas. Inclusive fronteiras. Nada. Nem mesmo sinais de qualquer tipo de luta, ou alguém que a tenha visto. E os ninjas mandados eram capazes e especialistas em rastrear tudo e qualquer coisa. É como se ela tivesse simplesmente sumido.

- Não é impossível escapar dos rastreadores.

- Acredita que Sakura não teria deixado alguma pista? Nada? E sendo a pior das hipóteses, ela não teria entrado em luta corporal com alguém? Logo deveria haver rastros, pistas ou qualquer coisa que denunciasse algo.

Naruto negou suspirando em seguida.

- Contatou Sasuke?

- Sim. Mas não tive respostas.

Aquilo acendeu a teoria anterior de Naruto.

- Sakura pode estar com ele.

- Pensei nessa possibilidade. E caso seja, irei pessoalmente enfia-los na prisão por alguns dias quando voltarem. Sakura têm consciência de suas responsabilidades aqui na vila. Não poderia abandonar tudo assim do nada.

- Sakura é temente demais às responsabilidades que têm. Nunca sumiria assim do nada por vontade própria – pensou melhor.

- Então chegamos ao consenso que algo a forçou a não voltar. Não necessariamente um sequestro ou pior.

- Na melhor das hipóteses. Mas você já deve ter chegado a essa conclusão antes, Kakashi-sensei – afirmou cochando a cabeça, os fios loiros e curtos raspando entre os dedos.

- Sim. E por isso você irá atrás dela agora. Ninguém a conhece tão bem quanto você.

- Ino?

- Talvez. Mas ela não podia sair da Vila antes e nem pode ainda. Os protocolos e sistemas de segurança da vila precisam ser atualizados e fortificados com o exame chunnin próximo. Ino têm ligação direta com a resolução desses problemas junto do seu clã.

- Entendo.

- Posso enviar outros juntos com você. Kiba fez parte do grupo de procura. Ele afirmou ter encontrado rastros do cheiro de Sakura na estrada próximo a Kumogakure, mas até aí não aponta nada, já que ela esteve lá por mais de um mês.

- Humm. – resmungou Naruto agarrando a mureta.

- Shikamaru, Choji...?

- Não será preciso. Sozinho irei chegar em Kumogakure mais rápido.

 - Certo.

Jon B.