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História Half-Kingdom (Taekook - ABO) - As long as we're together


Escrita por: mariihreis e felicity_nown

Notas do Autor


Oooie, amores! Vocês estão bem? 💜

Vamos para mais um cap de #tkreino 🥳 esperamos que vocês gostem 💜
Trad. do título: ''Contanto que estejamos juntos''

Capítulo 34 - As long as we're together


Fanfic / Fanfiction Half-Kingdom (Taekook - ABO) - As long as we're together

Taehyung P.O.V

 

Eu olhei estático na direção de Namjoon, esperando até que suas últimas palavras fizessem sentido em minha mente confusa. O ânimo evidente na voz e no rosto do médico confirmava que eu não estava enganado em relação àquilo que ouvi, mas era como se a informação não penetrasse em minha cabeça. Meu queixo pendeu, me deixando boquiaberto, e quando virei meu rosto para encarar Jungkook, ele possuía a mesma expressão incrédula que eu.

— Nós teremos um… filhote? — indaguei num sopro de voz, sem saber exatamente o que sentir naquele momento.

O rei ao meu lado fitava meus olhos, incapaz de pronunciar qualquer palavra. Em seguida, um sorriso começou a fazer parte do meu rosto, tomando-o praticamente por inteiro, e foi como se, falando aquilo em voz alta, eu tivesse enfim entendido a situação. Minhas veias foram ocupadas por uma euforia avassaladora e eu me levantei de onde estava sentado, olhando para meu alfa. Ele também se levantou vagarosamente, ainda desacreditado.

— Nós teremos um filhote! — exclamei, jogando-me em seu corpo, obrigando que ele me pegasse no colo. Jungkook me apertou em seus braços e eu afundei meu nariz em seu pescoço, inebriando-me do aroma amadeirado, sentindo que dessa vez aquele cheiro me trazia uma sensação de bem-estar mais intensa do que antes. E agora eu sabia o motivo para isso.

— Tae, você está grávido! — ele comemorou, ainda me segurando em seu colo, e eu apertei ainda mais aquele abraço.

— Eu estou grávido!

— Nós estamos grávidos!

— Estamos!

Depois, me afastei para encará-lo nos olhos, vendo como seus glóbulos brilhavam intensamente e quase pensei que ele choraria. Aproximei nossos rostos e tomei seus lábios com os meus, num selar terno e repleto de alegria. Poxa, eu estava grávido!

— Eu esperava apenas um ‘’sim’’ ou ‘’não’’ sobre sua fertilidade, mas recebemos uma notícia perfeita como essa! Eu… nossa, eu nem sei o que dizer! — meu marido voltou a me abraçar e rodopiamos no meio da sala, felizes.

— Parabéns aos pombinhos, vocês realmente merecem isso — Namjoon interveio emocionado e vi seus lábios tremerem. Se eu e Jungkook não choraríamos, Namjoon o faria. — Ver vocês dois construindo uma família juntos me deixa muito emocionado, porque eu vi vocês crescerem e amadurecerem e… — ele começou a fungar enquanto as lágrimas escorriam de seus olhos.

Compadecidos e compartilhando dos mesmos sentimentos que o alfa, eu e Jungkook nos aproximamos dele e o abraçamos. Surpreendi-me ao ver o rei cedendo àquele ato e imaginei que o fato de que eu estava grávido já estava mexendo com ele. Sorri satisfeito.

— Obrigado pelo carinho, Nam — pronunciei assim que nos afastamos dele. — Eu estou tão feliz! Você sabe de quantos meses eu estou? — perguntei, curioso e eufórico, ao passo que acariciava minha barriga com delicadeza por cima da roupa. Eu me arrepiava só de pensar que um fruto crescia dentro de mim!

— Hm, bem — ele limpou os olhos, procurando se recompor —, se não estou enganado, eu diria que você está com oito semanas. Você tem sentido algum enjoo ou instabilidade emocional?

— Sobre enjoo… ontem eu vomitei — contei, pensativo. — Agora sobre meu lado emocional, acho que está tudo normal

— Definitivamente não está — Jungkook falou, com o rosto sério. — Tae, você não se lembra de como chorou naquela noite? E hoje você estava meio estressado…

Eu estava estressado, Jeon Jungkook? — questionei rígido, arqueando uma sobrancelha enquanto cruzava os braços. Vi o alfa se tremer todo.

— Não, não, meu amorzinho — ele abriu um sorriso forçado, hesitando ao se aproximar de mim e tocar em meu braço, deixando uma carícia ali. — Você estava um docinho hoje — e deixou um selinho no canto de minha boca.

— Hm, bom mesmo mesmo — bufei, voltando-me para Namjoon com meu rosto totalmente iluminado, diferente de segundos atrás. O médico comprimia os lábios para não rir da cena recém presenciada. — Obrigado por ter feito o exame em mim, Nam! Não vamos contar para o pessoal ainda, certo? Quero preparar um banquete para isso!

 

* * *

 

Quando eu e Jungkook chegamos ao meio dia depois de um longo período de trabalho, nós deixamos nossos blazers descansando no cabideiro, demos um longo suspiro cansado, e nos beijamos calorosamente logo em seguida. Era o nosso ritual de sempre, desde que me tornei rei como ele e ambos tínhamos nossa rotina cheia e atarefada. Mas, dessa vez, tinha uma pequena diferença. Olhei para ele ansioso e mordi meu lábio inferior, e soube que ele pensava o mesmo que eu.

— Pronto para contar para eles? — ele me perguntou, sorrindo amplamente.

— Nunca me senti tão preparado.

— Então, mãos à massa!

Queríamos, sim, fazer um banquete para os nossos amigos, mas a verdade é que depois da conversa com o Namjoon sobre o traidor provavelmente viver entre a gente, eu e Jungkook tomamos uma grande decisão: faríamos nossa própria comida a partir de agora. Temíamos venenos, drogas, ou qualquer tipo de coisa que pudesse ser misturada à comida e usada contra nós — os livros clichês que li realmente mexiam com a minha cabeça! Além de, claro, o fato de que eu estava grávido. Todo cuidado era pouco.

Mas na prática era bem mais difícil. Quero dizer, fazer o café da manhã foi consideravelmente fácil, porque ninguém consegue errar como se frita um ovo com bacon — ok, a verdade é que quase conseguimos errar nisso também, já que Jungkook colocou os ovos na frigideira com casca e tudo. Porém um banquete de almoço era completamente diferente de ovos com bacon.

— Nossa, você fica sexy nesse avental — elogiei, apontando para o avental que Jungkook vestia, que era roxo e tinha muitos babados de renda. O alfa revirou os olhos.

— Era da minha mãe. Ela amava cozinhar.

— Bem que você podia ter puxado o talento dela, né? — lamuriei, jogando um pouco de lenha no fogão, fazendo as chamas aumentarem.

— Infelizmente, herdei todas as qualidades dela, menos esta.

Revirei os olhos com sua presunção, sorrindo bobo em seguida. Jungkook seria convencido assim sempre. Nós ficamos olhando o fogo chamuscar, em meio a um silêncio.

— O que íamos fazer mesmo? — ele questionou e eu me toquei que não fazia a mínima ideia.

— Hmm… — eu dei uma olhada rápida no livro de receitas ao lado. — Carne moída com… pavê — falei, lendo o que continha lá. Jungkook franziu o cenho, mas deu de ombros logo em seguida.

— Certo, deve ser bom.

Nós começamos jogando alguns ovos numa vasilha. Foi uma confusão para separar a gema da clara, mas ao menos não cometemos o mesmo erro de misturar com a casca, como da primeira vez.

Só que a confusão de verdade começou agora. Eu estava adicionando açúcar às gemas e quando me virei, vi Jungkook super concentrado em pôr a medida certa de amido de milho nas xícaras. E Jungkook com sua feição concentrada era um perigo, porque ele franzia o cenho, semicerrava os olhos, e às vezes lambia os lábios. E era exatamente como ele estava agora.

Então, foi inevitável baixar meu olhar para suas nádegas cheinhas e empinadas. E foi mais inevitável ainda correr até lá e apertá-las, vendo Jungkook se sobressaltar e derramar quase todo o amido pela bancada.

— Taehyung! — ele exclamou, indignado.

Eu dei algumas risadas, mas sequer pude continuar porque o alfa simplesmente jogou uma quantidade considerável de pó em meu rosto.

— Seu...! — mas eu não prossegui com o xingamento, porque eu retribui jogando de volta uma boa quantidade de amido de milho em sua feição risonha.

— Eu só estava me vingando! — ele jogou mais pó em mim.

— Tudo que você tinha que fazer era apertar minha bunda de volta, idiota! — revidei, sujando de branco o avental roxo que ele usava.

Só paramos quando Jimin apareceu na cozinha, reclamando que todos estavam morrendo de fome. O ômega olhou para o cômodo como se visse a personificação do caos. Ele franziu o cenho, balançou a cabeça e saiu falando algo sobre ser melhor comer sopa de pedras.

Nós voltamos ao serviço, mas foi uma tarefa difícil. Além de ser uma receita super complicada, eu e Jungkook implicamos o tempo inteiro: quando não envolvia uma guerra de comida, era um de nós sensualizando para o outro, nos mínimos — e mais ridículos — atos como moer uma carne. Ao menos isso nos rendeu boas risadas… e beijos. Tinha que confessar que a descoberta da minha gravidez nos deixou nas nuvens, agíamos como se estivéssemos numa lua-de-mel.

Eu estava colocando chantilly no nosso almoço, concentrado em seguir a orientação do livro de receitas em fazer uma cobertura bonita, como se estivesse pintando um quadro, mas eu desisti assim que senti Jungkook sujar meu rosto com a cobertura. Eu estava me virando para protestar, mas Jungkook foi mais rápido. No momento em que eu ia me virar, senti sua língua quente contra minha bochecha. Meu rosto corou na medida em que o alfa distribuía beijinhos no restante de meu rosto.

Até que os beijos foram descendo até os meus lábios, e nesse momento imergimos num ósculo quente e apaixonado. Jungkook segurou as curvas do meu joelho e me pôs em cima da bancada, encaixando-se entre minhas pernas. Larguei o saco de confeitar que tinha em mãos e as levei até a nuca do alfa, fazendo um carinho ali e sentindo seus pelos eriçarem. Explorei a boca do rei com excitação, como se fosse a primeira vez, e deletei-me do beijo que tinha gosto doce, de chantilly.

Só nos separamos quando o ar faltou. E teríamos voltado, se não fosse por um cheiro estranho que subiu na cozinha.

— Hm… como sabe se a carne moída está no ponto?

— Acho que uns dois minutos antes de parecer… assim, torrada.

Então, Jungkook praticamente correu em direção ao forno, soltando alguns palavrões.

 

* * *

 

— Finalmente! Achei que ainda estavam construindo a cozinha — Hoseok foi o primeiro a falar, assim que chegamos no salão.

— Calma, Hobi, valeu a pena — prometi, confiante. — Bem, eu espero.

Enquanto meu marido servia a mesa, eu arrumava o lugar de Eunho. Era um mini trono muito fofo e de pernas alongadas, que ficava entre mim e Jungkook na mesa. Pus o pequeno alfa lá e beijei suas bochechas, sentando-me em meu canto. Não podia evitar de me sentir ansioso para ver a reação deles sobre a notícia que eu e meu marido tínhamos para contar. Olhei para todos e percebi que eles olhavam para o prato como se houvesse algum bicho ali.

— Isso é chantilly...? — ouvi a voz de Namjoon perguntar, e embora eu gostasse de sua presença aqui com a gente, foi um pouco incômodo vê-lo com uma expressão desgostosa.

— É, sim.

Eu esperaria até que todos terminassem de comer para falar sobre minha gravidez, antes disso eu gostaria de saber o que eles acharam do banquete. Sorri ansioso quando todos levaram uma colherada à boca, com uma expressão estranha, como se a comida pudesse explodir a qualquer momento. Jin foi o primeiro a se pronunciar, com uma careta, mas sorrindo mesmo assim, fazendo movimentos circulares na barriga:

— Hm... delicioso…

— Que merda é essa? — a voz revoltada de Yoongi questionou e Jin olhou para o alfa, indignado por ele ter interrompido sua péssima atuação.

— Nesse momento eu acho que veneno era a melhor opção… — Jimin lamentou e Hoseok assentiu com a cabeça, concordando.

Percebi, pelo canto do olho, que Jungkook sequer havia provado: ele cheirou a comida e afastou o prato com uma careta. Suspirei, mas me forcei a provar um pouco também, e…

— Isso está uma delícia! — exclamei e todos olharam estranho para mim no mesmo instante.

— Amor, você tá bem? — Jungkook perguntou, colocando uma mão em minha testa. — Ah, eu já sei o que é — ele se lembrou e sorriu.

— O que é que vocês tinham para contar? Digam, o que é!? — Jimin perguntou, notando a fala de Jungkook.

Fiz um gesto com as mãos enquanto comia, querendo dizer que falaria depois, e quase pude ver uma fumaça sair das orelhas do meu amigo. Ele sempre ficava estressado quando eu fazia isso.

— A comida tá uma delícia mesmo — Eunho disse, para a nossa surpresa. — Valeu a pena a demora, papai — ele levou mais uma colher cheia à boca, se sujando com o chantilly, mas apreciando a receita.

Eu segui seu exemplo, comendo todo o meu prato, e ainda os dos outros. Eu estava mesmo esfomeado!

— Certo, agora que eu terminei de comer por todos, tenho uma grande notícia para revelar! — exclamei, levantando-me da cadeira, olhando para todos os que estavam presentes ali. Vi Jungkook se levantar e colocar-se ao meu lado, em seguida pousou uma de suas mãos na minha barriga enquanto a outra estava em minha cintura, puxando-me para mais perto.

— Nós seremos pais de novo — o meu marido completou, sorrindo.

Primeiro, todos ficaram estáticos como eu e Jungkook ficamos assim que soubemos da notícia, depois eles se entreolharam e finalmente as bocas deram lugar para sorrisos amplos e emocionados. Os ômegas vieram ao meu encontro, abraçando-me e enchendo meu rosto com beijos melosos. Fiz uma careta, mas todo aquele grude realmente me satisfazia com demasia.

— Eu vou ter um irmãozinho!? — Eunho finalmente se pronunciou, até então ele ficou vidrado, como se tentasse digerir a informação.

— Ou irmãzinha, filho — Jungkook falou, abaixando-se ao lado do pequeno alfa. — Você gostou da novidade?

— Muito! Eu… eu sempre quis ter alguém pra brincar comigo, sabe? E sendo mais velho, eu vou poder proteger ele. Ou ela! E chamar de maninho ou maninha — divagou, olhando para cima, como se estivesse em êxtase. — Ah… desde que comecei a ser o filho de vocês, todos meus sonhos estão se realizando. Obrigado, papai — ele nos olhou com uma pureza incabível, e eu quase lacrimejei por vê-lo tão feliz. Estava ainda mais aliviado por saber que ele não se sentiu ofendido ou coisa parecida.

— Eu estou tão feliz por você, Taehyung! — Jin interveio, me abraçando mais uma vez. — Você será um grávido muito lindo!

— Francamente, eu espero que a criança puxe ao pai ômega — Hoseok comentou despretensiosamente, arrancando um ‘’ei!’’ de Jungkook, fazendo todos nós rirmos.

— É… eu não imaginava que vocês dois acabariam assim — Yoongi disse. Ele, assim como Hoseok, abraçaram meu alfa quando souberam da notícia. — Nós que convivemos com vocês no início do primeiro casamento, mesmo com todas as desavenças, já imaginávamos a imensidão do amor que vocês continham aí dentro. Mas agora, vendo-os tão felizes assim, já no segundo filhote, é difícil não se emocionar... porque vimos de perto tudo o que vocês passaram e… — sua voz falhou e vi que ele tentava segurar o choro.

— Yoongi, você assim? — Jungkook disse surpreso, com os olhos brilhando pelas lágrimas.

— Desculpe, mas para mim você sempre será um pirralhinho, Jungkook — o conselheiro real fungou, deixando com que seu pranto finalmente fluísse, Jungkook riu e o abraçou. Ver aquela cena me deixou compadecido, a amizade dos dois era muito linda. — Eu estou tão feliz por vocês… Não acredito que serei tio de novo.

— Nós também não vemos a hora de serem vocês. Queremos esse castelo cheio de crianças e-

— Certo, certo! — Jin me interrompeu rapidamente, o que deixou evidente que ele queria fugir do assunto. — Vamos circulando. Temos muito trabalho, não é, pessoal? — falou e Jimin caiu na gargalhada.

— Ainda bem que estou fora disso — Hoseok disse e ergueu seus dois braços.

— Quanto mais priminhos, melhor! — Eunho falou por fim, me fazendo rir. Depois, peguei-o no colo para enchê-lo de beijos.

 

* * *

 

No dia seguinte, durante a tarde, quando eu e Jungkook nos encontrávamos dentro de nossa sala real trabalhando, ouvimos algumas batidinhas suaves na porta e logo imaginei quem seria do outro lado: Eunho. Concedi a entrada e descobri que minha suposição estava certa. O alfinha surgiu no cômodo com o rostinho sujo de tinta, algo muito comum nesses dias, já que ultimamente ele andava pintando com mais frequência ainda, dizendo que estava preparando algo para mim e para Jungkook.

— Vocês tão muito ocupados? — ele perguntou com educação, numa timidez adorável.

— Para você, jamais estaremos ocupados. Você sabe disso, filhote — Jungkook interveio afável, deixando de lado a papelada que assinava para voltar-se para a criança com um sorriso no rosto.

— É que eu queria mostrar algo…

— Vamos lá — eu disse, levantando-me com prontidão.

Demos as mãos para Eunho e nós três seguimos para fora da sala dessa forma: de mãos dadas. O filhote que ia no meio nos guiava pelo caminho que eu já conhecia muito bem, eu sabia que estávamos indo para a sala de arte. Senti uma nostalgia de repente, pois passei vários dias da tempestade ali dentro, pintando sem parar. Olhando assim, parecia que havia se passado uma década desde aqueles tempos. Muitas coisas mudaram desde então e agora eu estava grávido, segurando na mãozinha do nosso primogênito.

Ao entrar no cômodo de pintura, percebemos que havia todo um cenário preparado. Tinha um pequeno cavalete no centro, do tamanho de Eunho, e na frente dele estavam duas poltronas, uma para mim e outra para Jungkook, supus. Jimin, Yoongi, Jin e Hoseok estavam na sala também, de pés no canto dali, e nos recepcionaram com sorrisos acolhedores.

— Vão participar da exposição artística também? — perguntei sorridente, ainda deixando com que Eunho nos guiasse até nossos assentos. Vi os quatro amigos assentirem, mas não entendi a sensação da atmosfera que vinha deles estar meio tensa.

Eu e Jungkook sentamo-nos lado a lado e instintivamente demos as mãos, pois já havia virado um costume. O alfa começou a acariciar minha pele com seu polegar e assistimos nosso filho ir até o cavalete no qual sustentava um grande bloco de folhas, que tinha sua primeira página em branco. Ele parou ao lado do objeto e se virou para a pequena plateia que o assistia, sorrindo abertamente.

— Senhores e senhores — o alfinha entoou em bom som, extremamente confiante, e não pude evitar de me sentir orgulhoso —, hoje vou contar pra vocês uma breve historinha.

Introduziu, levando as mãozinhas para a folha em branco, jogando-a para trás, revelando um desenho de um garotinho em uma torre, com uma expressão triste.

— Era uma vez um garotinho, que vivia numa torre. Ele sentia muita falta da sua família, se sentia sozinho e chorava um tantão, até que um dia ele conheceu a música — disse e eu franzi o cenho, perguntando-me se ele estava falando de si mesmo e do orfanato. Talvez a música fosse a representação da pintura. Ele passou a folha, expondo o próximo desenho, que era justamente o garotinho feliz e com algumas claves de sol ao seu redor, mas o ambiente atrás permanecia sendo pintado de cores escuras. — Com a música, ele pôde esquecer da realidade e passou a ficar feliz em seu próprio mundinho. Como se não fosse o bastante para se sentir bem, certo dia um mago muito poderoso foi visitá-lo em sua torre — agora o desenho era o garotinho com o tal mago ao seu lado. — Como num passe de mágica, o mago transformou o ambiente sombrio num lugar muito colorido e feliz, e dessa vez tinha música por todo lado.

O desenho seguinte representou o que Eunho narrou e a diferença de um ambiente para outro foi muito notável, pois agora o desenho que ele nos mostrava tinha cores mais alegres. Eu olhei para Jungkook, querendo saber se o raciocínio dele estava sendo o mesmo que o meu. Eunho estaria nos contando sua própria história?

Novamente o filhote passou a folha, revelando dois magos junto ao garotinho.

— Uma vez, o mago poderoso surgiu na torre com outro mago poderoso, e a magia dos dois atingia qualquer um que olhasse pra eles, principalmente o garotinho. Ouvir música nunca deixou de ser um refúgio pro menino, mas ter a presença dos dois magos também fazia ele muito feliz, então, quando eles não estavam por perto, o garotinho usava a música pra continuar bem — virou a folha, expondo o primeiro desenho onde o garotinho não estava na torre, mas sim ao lado dos dois magos. E agora todos tinham expressões felizes. — Até que um dia os dois magos, com suas magias, decidiram salvar o garotinho da torre, e levaram ele pra onde eles moravam. O garotinho ficou muito feliz por ter sido salvo da torre, ainda mais por aqueles dois magos que tanto amava! — exclamou, enfim olhando para mim e para Jungkook.

A partir daí, eu já havia entendido toda a história. Ele estava mesmo contando sua biografia, e saber que ele estava fazendo isso através de metáforas, utilizando sua própria linguagem infantil, apenas trazia mais significado para toda aquela historinha. Os olhos de Eunho transbordavam sinceridade, mas também havia um brilho de receio ali. E logo entendi o porquê.

Ele passou a página, revelando o último desenho, onde mostrava o garoto ao lado dos magos enquanto estes faziam suas magias e o garotinho… apenas ouvia música.

— Por mais que gostasse muito dos dois magos poderosos e de suas magias, o garotinho ainda gostava muito de música e não se imaginava sendo um mago também, mas isso não queria dizer que não desejava continuar com os dois magos que resgataram ele — finalizou e voltou a nos olhar. Seus olhos carregavam uma aflição desmedida e por um momento achei que ele fosse chorar. Notei também que ele torcia para que tivéssemos entendido o que ele quis dizer.

Todos os pares de olhos pousaram sobre mim, analíticos e preocupados, como se quisessem ver qual seria minha reação. Mas eu estava boquiaberto demais para expressar outra coisa que não fosse surpresa. Jungkook se encontrava do mesmo jeito que eu, mas também me olhava, assim como os outros. Não pude retribuir o olhar.

— Eunho, você não quer ser rei…? — perguntei num fiapo de voz. Eu estava perplexo.

— Não quero, papai — sua voz soou quebradiça, como se ele temesse nos decepcionar com aquela revelação. Ele ficou parado no mesmo lugar, de cabeça baixa. Me levantei e fui até ele, agachando em sua frente. — Eu sei que é algo que você sempre quis, papai, sei também que você lutou muito pra isso acontecer. A titia do orfanato sempre contava de você pra gente, parecia até um herói dos livros, mas eu não consigo me ver sendo rei também — ele levantou o olhar marejado em minha direção, um pequeno biquinho se fazia presente na boca dele. — Você nasceu pra isso, papai, eu nasci pra pintar.

— Filho, eu… — engoli a vontade de chorar por vê-lo tão temeroso assim.

Subitamente, todas as vezes que eu citei que ele seria rei perpassaram pela minha cabeça e eu senti meu peito apertar. Por quanto tempo Eunho estava lidando com aquela pressão que, sem vermos, eu e Jungkook estávamos impulsionando contra ele? Quanto tempo levou até ele ter coragem o suficiente para nos dizer que não queria seguir o mesmo caminho que nós dois? Ele era tão pequeno, mas tão forte...

A partir desse momento, eu já não consegui segurar meu choro e eu o puxei para um abraço apertado.

— Eunho… — sussurrei entre uma lamúria e outra. — Filho, é claro que está tudo bem em não querer ser rei. Céus, veja como você foi ambicioso o suficiente para priorizar o seu sonho! Eu estou muito orgulhoso de você, muito — meu choro se intensificou, mas continuei limpando minhas bochechas. — Obrigado por nos avisar… Por Deus, nos desculpe por não prestarmos atenção nisso, já devíamos saber que você não queria se tornar rei.

Senti mãos firmes segurarem em meus braços e em seguida o cheiro amadeirado de Jungkook me envolveu de maneira reconfortante. Eu sabia que ele estava fazendo de propósito para me acalmar, e realmente me ajudou muito. Ele se colocou ao meu lado, de frente para Eunho, e seus olhos também estavam úmidos pela emoção.

— Filhote, ainda bem que você contou pra gente. Nos desculpe por não repararmos nisso e ainda por cima colocar muito peso em você sem percebermos. Tudo o que fizemos foi com a melhor das intenções, mas sobretudo porque pensávamos que era um caminho que você gostaria de seguir também — o alfa justificou e eu concordei com a cabeça.

— Sim… — ele murmurou, ainda meio tímido. — Mas tô torcendo pra que minha irmãzinha ou irmãozinho que tá por vir queira cuidar de um reino!

— Mas caso sua irmãzinha ou seu irmãozinho não querer também, não tem problema nenhum, querido. Todos nós devemos seguir nossos sonhos — falei, um pouco recuperado.

— Papai tem razão, filho. Todos devem ser felizes fazendo aquilo o que querem — Jungkook acrescentou e segurou na mão do alfinha. — Agora que nos falou qual é o seu verdadeiro sonho, vamos comprar muitas tintas e telas, para nunca faltar nada de arte para você.

— E sobre as aulas de etiqueta, vamos substituí-las por aulas de pintura! — acrescentei com um sorriso, fungando. — Se você também preferir, poderá ir para a escolinha pública sem que sua hierarquia implique nisso, aí você terá contato com as outras crianças e fará muitos amigos. Podemos criar um evento anual de pintura também! O que acha? — vi quando Eunho abriu um sorriso amplo, desacreditado.

— É uma ideia incrível, papai!

— E vamos investir na construção de um museu no reino, para espalhar mais cultura e conhecimento de arte para a população — Jungkook interveio, pensativo. — Você nos ajudará com os nomes das pinturas mais famosas?

— Sim, papai! Já tenho vários artistas em mente! Tem a Noite Estrelada de Van Gogh, e os jardins de Monet… são tantos!

— Vamos colocar todos, inclusive os seus, pequeno pintor — falei, tocando a pontinha do nariz dele com meu dedo.

Eunho abriu um sorriso de alívio e seus olhos expunham euforia, provavelmente por enfim nos contar o que seu coraçãozinho sentia. Ele pulou em nós, envolvendo nossos pescoços com seus bracinhos pequenos, num abraço desengonçado, mas repleto de amor e gratidão.

— Vocês são os melhores papais do mundo.

Ouvimos palmas do quarteto que observava a cena e um berro cortou o ambiente:

— Que família linda! — Hoseok exclamou cheio de emoção, seu rosto já estava completamente molhado pelas lágrimas, e todos nós rimos de sua espontaneidade.

 

* * *

 

Fizemos o mesmo ritual de todos os dias: no início da noite, jantamos juntos imersos em diálogos infindáveis com direito a risada e zombaria, isso porque Jimin implorou para cozinhar o jantar no meu lugar e no de Jungkook. Eu queria reclamar, mas estava realmente grato por ele entender minha preocupação demasiada com as coisas que estavam acontecendo. Depois, levamos Eunho para seu quarto, que já estava totalmente decorado da forma como ele queria.

Nos despedimos dele mais uma vez, com milhares de beijos, ressaltando que ele poderia sempre recorrer a nós dois caso precisasse de alguma coisa. Deixamos o quarto dele e seguimos para o nosso, de mãos dadas. Desde então, eu e Jungkook não trocamos palavras, nós dois parecíamos ocupados com os próprios pensamentos. Trocamos nossas roupas nobres por pijamas confortáveis e leves.

Por fim, nos jogamos em nossa imensa cama de casal e ficamos deitados um do lado do outro, fitando o teto bonito acima de nós, e era possível ver o quadro que pintei para Jungkook há algum tempo atrás, pendurado na parede. Suspirei.

— Você está bem, Tae? — ouvi meu marido perguntar, receoso. Soube de imediato sobre o que ele se referia. Senti sua mão cuidadosa pousar sobre meu ventre e automaticamente coloquei a minha sobre a dele.

— De maneira surpreendente, nunca estive melhor — admiti com sinceridade, ainda com os olhos fixados no teto. — Eu fui pego de surpresa, confesso. Jamais imaginei que Eunho não desejaria ser o nosso herdeiro, e me surpreendi com a maneira pela qual recebi a notícia. Eu esperava que eu fosse surtar, gritar dizendo o quão sortudo Eunho era por ter pais que estavam lutando para incluí-lo como herdeiro do trono, falar que eu nunca tive ninguém para fazer isso por mim e tive que lutar com minhas próprias mãos.

Jungkook assentiu, finalmente me olhando, e eu percebi pelo olhar dele que ele também pensou que minha reação seria essa. Talvez todos pensaram isso.

— Mas, se eu fizesse isso, no que eu me diferenciaria do meu pai? Eu estaria seguindo os mesmos passos que ele, cometendo os mesmos erros. Eu não quero isso. Quero que nosso filho seja feliz seguindo o sonho dele, e se o sonho dele for pintar, então nós vamos o apoiar.

— Sim — Jungkook disse e entrelaçou nossos dedos. — Estou muito orgulhoso de você, Tae. Muito orgulhoso — levantou nossas mãos juntas para depositar um selar em minha pele. Eu sorri, me sentindo incrivelmente bem.

— Você não se surpreendeu?

— Confesso que não. Eu já sabia o quanto ele era fissurado em pintura, então eu meio que esperava. Ser rei ocupa muito do seu tempo e quando você vê, é obrigado a abdicar daquilo que mais ama fazer. Governar, sem dúvidas, não é para o Eunho mesmo não — eu concordei com um meneio de cabeça. — Um dia uma funcionária do orfanato não permitiu que Eunho usasse os materiais de pintura, alegando que arte não era coisa de alfa.

Soltei um barulho de surpresa.

— Que absurdo! E o que você fez?

— Primeiro, eu mandei ela embora, pois não tolero preconceito em meu orfanato — o rei contou, sem me olhar diretamente. — Depois, encomendei mais materiais de pintura para a instituição. Não me arrependo — deu de ombros e eu ri, virando meu corpo na direção dele.

— Você fez bem — depositei um beijinho na bochecha dele, desvencilhando nossas mãos juntas apenas para abraçar o seu corpo, deitando em seu peitoral.

— Cresci com meu pai falando esse tipo de coisa para mim, sendo que eu amava pintar. Fico um pouco triste por ter deixado isso de lado, sinto que desaprendi as técnicas.

Com certeza desaprendeu — não me contive em dizer.

— Ei! Não era para ter concordado! — senti um peteleco fraco na minha testa. Massageei a região enquanto ria.

— Jungkook, você quase estragou o meu quadro quando dei o pincel para você pintar! Ainda bem que consegui consertar depois.

— Viu só? Acho que foi isso que deixou a pintura ainda mais bonita. No final de tudo, quando unimos nossas habilidades, temos um ótimo resultado. Sempre foi assim.

Aquela frase me remeteu às lembranças das vezes em que eu e Jungkook nos juntamos para fazer alguma coisa. Seja para combater o índice de adoção do orfanato, para me livrar de um julgamento, para enfrentar toda uma sociedade injusta ou para unirmos nossos reinos. As consequências de nossa união e parceria foram sempre positivas. E continuará sendo, agora que estou grávido.

— É, você tem razão — toquei meu ventre mais uma vez. — Sempre foi assim.


Notas Finais


Então, quem aí tava com medo da reação do Tae sobre o Eunho não querer ser rei? 👀 é meio difícil não temer, mas ainda bem que nosso ômega sabe o quão errado seria negar o sonho de alguém 🥺 ele sentiu isso na pele 💔

Os taekook em lua de mel durante a preparação do ''banquete'' KKKKKKKKK esses dois 🥰
Quem aí tá a fim de comer uma comida preparada por eles? 🤢 a gente tá fora! KKKKKKKKKK
ps: só observando quem pegou a referência 👀

Esperamos muito que vocês tenham gostado! Fizemos com carinho 💜 a fanfic se aproxima do final, é notável :( temos apenas mais 4 capítulos restantes 😭 não estamos preparadas para dizer esse adeus 💔😔

ATENÇÃO: A felicity_nown postou uma nova fanfic chamada ''Magic Shop'', ela é friends to lovers e envolve magia, um plot MUITO MASSAAAAA. Vão lá ler e dar muito amor, porque ela merece muito 🤧🤧🤧 link: https://www.spiritfanfiction.com/historia/magic-shop-taekook--vkook-21819326

Com amor, @felicity_nown e @m4ry_tk
Nossos tts: @/felicity_nownn e @/m4riihreis
hashtag da fic: #tkreino
link do grupo no wpp: https://chat.whatsapp.com/HXPxPUqrigOLd4phfy6hXd


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