Ouço o som de meu despertador tocando e levanto após finalmente resolver tomar um banho e me arrumar. Visto uma calça jeans, uma blusa cinza de mangas, coloco meus All Stars e deixo meu cabelo solto.
Não passo muita maquiagem e como sempre, fico enrolando em meu quarto e em seguida desço para cozinha. Sento-me na mesa junto com meu pai por falta de opção e escolho pegar um suco de laranja e o tomo enquanto espero a hora passar.
- Olá Cindy. – Ele diz me olhando entre o jornal.
- Oi. – Continuo encarando meu suco.
- Como foi o Colégio ontem?
Ah que legal. O pai exemplar perguntando sobre a rotina da filha.
- Normal.
- Você ficou o dia inteiro no seu quarto, achei que não viria jantar.
- Eu jantei com Anna. – Suspiro enquanto o encaro.
- Ah, jantou?
- Sim. – Termino meu suco. – Licença.
Subo as escadas e paro em frente a porta de Ryan, mas não bato na porta, só fico encarando a grande estrutura de madeira. Evito falar ou ter contato com ele e vou até meu quarto, mas o mesmo abre a porta e sai logo em seguida.
Ignoro sua figura, termino de cruzar o corredor e vou até a garagem. Fico observando meu carro e a lembrança de minha mãe me ensinando a dirigir vem à mente. Ela era muito boa no volante, mas tento não pensar no passado.
- Cindy.
Escuto alguém me chamando e batendo na porta do carro. Viro-me assustada, é Ryan.
- O que você quer?
- Vai vir comigo?
- Agora você quer que eu vá com você?
- Só estou perguntando. – Suspiro o fitando.
- Você é um idiota, sabia? – Entro no carro.
- Não se cansa de dizer isso para mim?
- Nunca. – Afivelo o sinto de segurança.
- Por que você tinha que ser minha irmã? – Ele resmunga e reviro os olhos.
Quando chegamos ao Colégio ele estaciona e eu desço. Quando olho ao redor vejo Megan saindo de um carro e infelizmente ela se aproxima.
- Ryan está bem crescidinho, não acha Cindy? – Seus olhos passam por Ryan, o fitando de cima à baixo e morde o lábio inferior.
Reviro os olhos.
- Acho que está bem na cara o que você pensa dele, afinal estavam quase se comendo na cantina ontem, não é Ryan? – Olhei para ele sugestivamente e ele devolve o olhar sério.
- Com quem eu fico ou não, não te diz respeito Cindy. – Megan deu um sorrisinho e olhei Ryan enquanto saía.
- Alt! – Caçoou Megan. – Essa doeu.
- Não mais que ser desvalorizada pelo irmão mais novo da sua ex-amiga.
A deixo para trás enquanto ando em direção à entrada do colégio. No caminho o sinal tocou e fui para o corredor dos armários.
- Cindy Lynn Parker! – Ouvi alguém gritando ao meu lado. Virei-me e dei de cara com uma Grace sorridente.
- Como sabe meu nome inteiro? – Franzi a testa.
- Você é líder de torcida?
- Não mais, por quê?
- Vi seu nome no mural de troféus. Dois anos e meio seguidos?
- Sim. – Assenti.
- Por que não continuou?
- Minha agenda ficou cheia, não tenho mais tempo para os eventos.
Como se fosse verdade, pensei.
- Hum.
Caminhamos juntas até entrarmos na sala em que teríamos aula de Fisíca. Enquanto sentava em um lugar vi o moreno de ontem. Ele estava sentando do mesmo jeito desajeitado e despreocupado de antes. Fiquei o olhando por um tempo, tempo demais.
Ele me olhou de volta e desviei o olhar. Percebi que sua barba estava rala, como se estivesse um tempo sem se barbear. Não sei porque reparei nisso, talvez seja porque o achei atraente. Bem atraente, até.
É melhor eu parar de pensar nisso.
No segundo horário o professor de Física passou um trabalho para os alunos fazerem, e disse que seria livre, ou seja, que poderíamos fazer com outras pessoas ou sozinhos. O sinal tocou e fui para o corredor dos armários e depois para o refeitório. Peguei um sanduíche e um suco de maracujá.
- Você irá fazer o trabalho sozinha? – Grace indagou quando apareceu do nada na minha mesa.
- Tanto faz, não me preocupo com isso. – Ela deu de ombros.
- Tudo bem... – Assentiu enquanto comia seu lanche.
- Você não é daqui, é?
- Hã? – Subiu os olhos para mim.
- Daqui de Chicago.
- Ah, não. – Tomei meu suco. – Sou da Florida.
- Florida? – Perguntei surpresa.
- Sim. Não gosta de lá?
- Não, é que nunca visitei.
- Hum.
Continuamos em silêncio até o sinal bater e fui para outra aula. Tive a última aula com Megan e também com Grace. A aula de Geometria demorou muito a passar, pois a professora só explicava e explicava... quando vi estava quase dormindo, mas Grace me acordou antes que a professora chamasse minha atenção.
XXX
- Vai querer mesmo esperar seu irmão? Quase todo o colégio foi embora. – Grace perguntou. Estávamos no campo.
- Sim, eu vou esperar.
- Tudo bem então, tchau.
- Tchau.
E lá vamos nós esperar o idiota do Ryan!
Suspirei irritada.
Zayn Malik
Caminhei para o estacionamento e fui em direção ao meu carro, quando vi um grupo de garotos em um canto do Colégio. A maioria deles foram para o outro lado e os outros dois caminhavam em minha direção.
- Ei novato. – O mais velho se aproximou e o ignorei. – Falei com você, é surdo?
Continuei andando, mas ao sentir um cheiro desagradável vindo deles meu corpo ficou tenso, temo que já conheça o cheiro.
- Não tá ouvindo babaca? Falei com você otário!
Ele colocou a mão em meu ombro e institivamente o agarrei e virei seu braço com força. Ele gemeu e se curvou fazendo com que seu braço ficasse em cima de suas costas. Comecei a girar mais e ele gritou de dor até quase eu o quebrar.
- Larga ele! – O mais novo gritou se aproximando. – Larga ele agora!
Ele segurou meu braço, mas eu não o soltei. Então ele deu um murro em meu ombro. Girei o máximo que pude o braço do mais velho com toda a força que tive e ele saiu cambaleando para trás gritando.
O mais novo foi para cima de mim novamente e agarrei o seu pescoço. Comecei a apertar com mais força enquanto ele se debatia. Reparei que seus olhos estavam vermelhos. Já sei o que aquele cheiro é; maconha.
Vi uma garota correndo em minha direção e afrouxei meu punho.
- Solta ele! – Ela grita. O soltei e o mesmo caiu contra o chão. – O que você estava fazendo?
Ela ainda olha para mim e seus olhos me atraem.
Cindy Parker.
- O que você estava fazendo? Agora anda procurando briga? – Disse enquanto ajudava Ryan a se levantar.
- Não é da sua conta!
- Sempre não é da minha conta e eu acabo resolvendo, não é assim?
- É assim porque você quer. Não te peço nada.
- Você é um estúpido mesmo, ein? Deveria ter deixado aquele garoto te bater mais.
- Ah, então você iria deixar seu irmãozinho indefeso apanhar? – Disse sarcástico.
- Você não é indefeso e já provou isso várias vezes.
Dois garotos vieram na nossa direção. O moreno que eu olhava estava tenso, mas ainda sim calmo. Quando os outros dois viram um deles caído no chão, partiu para cima. O moreno derrubou um, mas o outro também foi para cima.
- Parem! – Gritei olhando em direção a porta de entrada do colégio na esperança de algum inspetor da escola aparecer. – Socorro!
Gritei mas não aconteceu nada. Eles continuavam se esmurrando, até que percebi que Zayn não atacava, só esquivava.
- Parem! Seus idiotas! – Tentei chamar a atenção de algum dos garotos.
- Ninguém te chamou aqui, intrometida. – Um deles disse.
- Ah, sou intrometida é? – Peguei meu celular. – Já que não irão me escutar, irei ligar para alguém que possa acabar com essa palhaçada. – Disquei o número da polícia.
- Cindy, pare com isso. – Ryan murmurou para mim, mas fingi não escutar. – Não é uma boa ideia, vai por mim.
- Não pedi sua opinião. – Uma moça atendeu e eu disse que estava acontecendo uma briga na porta do Colégio Walter. Ela assentiu e disse que uma viatura perto estava chegando. – Pronto, uma viatura da polícia está vindo! – Declarei.
- Está com medo que a gente machuque o seu garoto? Calma putinha, só vamos dar uma lição nele. – Antes que eu pudesse me defender Zayn deu um murro na cara do garoto e ele desmoronou no chão.
Zayn limpou o sangue de sua boca - que fora atingida só uma vez - com as costas da mão abruptamente e me olhou.
- De nada. – Disse e ergui uma sobrancelha para ele. - Chamar a polícia não foi uma boa ideia. – Arfou.
- Pelo menos parou a briga. – Mostrou-se ofendido.
- Quem acabou com a briga foi eu.
- Ah claro. – Murmurei. Quando vi que estava se afastando eu disse; – Valeu. – Ele se virou brevemente para mim e suspirou.
- Ai que lindinho. – Caçoou Ryan.
- Vai se foder. – Dei um soco em seu braço e saí andando.
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