História Heavenly Soul - Telefonema.

Sasuke olhou-a por um instante, ela estava parada em frente ao elevador esperando-o, com a cabeça baixa e evidentemente perdida em pensamentos, as portas se abriram, ele deu dois pequenos passos em direção a ela, e delicadamente levantou seu rosto, olhando-a nos olhos, quase perdido neles... 

— Coloquei o numero de meu telefone na sua agenda, espero você me ligar, espero realmente que ligue... — Disse ele em tom calmo... 

— Me desculpe, eu não sei nem o que dizer, mas... 

— Não precisa me dar explicação alguma, todos nós temos problemas e é evidente que você tem alguns bem vivos aqui... 

Ele puxou delicadamente o rosto dela, lhe roubando os lábios novamente, com um simples toque, amaciando-os e logo os deixando fugir entre os dedos, ele virou-se e entrou no elevador, mas antes das portas se fecharem ele colocou a mão sobre elas, inclinou-se um pouco e com o rosto calmo e sensual falou... 

— Você chegou na cidade a menos de uma semana, uma hora ou outra vai precisar de alguém, e aguardo ansioso para que eu seja o escolhido para lhe dar o ombro, o cólo, o que precisar de mim. Quem sabe eu não viro a solução para seus problemas... 

As portas se fecharam, e ela sentiu um parte de si indo embora, uma parte que iria precisar para enfrentar tudo que vinha pela frente de cabeça erguida, ela cambaleou até a cama e jogou-se nela, suspirou fundo e cansado, como poderia fazer aquilo dar certo? sua vida era tão tumultuada e problemática, não era hora para entrar em qualquer tipo de relacionamento, mas... Colocou os dedos nos lábios, e lembrou-se do gosto da boca dele, por um momento pode sentir o cheiro da pele dele exalando no quarto, quase podia sentir suas mãos fortes entre seus cabelos... era loucura, ou paixão, qualquer um dos dois, ela não poderia deixar piorar...  

O elevador abriu as portas no térreo do hotel e a moça que limpava o chão assustou-se, lá dentro ela pode ver Sasuke escorado na parede com uma expressão leve no rosto... 

— Linda noite hoje não é?! — Perguntou ele quase sorrindo... 

— Mas... está chovendo Senhor Sasuke... 

As portas voltaram a se fechar e a moça ficou parada, sem entender nada. A chuva continuou a cair pelo resto da noite, fina e barulhenta, principalmente nos vidros dos últimos andares do hotel, o sol não brilhou naquela manha, estava escondido atrás das enormes e carregadas nuvens, Sakura ouviu de longe um barulho familiar, abriu os olhos lentamente e identificou o som, caminhou até o telefone que o homem que esteve lá na noite anterior deixou sobre a pequena mesa de vidro perto das enormes janelas, ela o atendeu, e ouviu uma vós alegre e totalmente disposta do outro lado... 

— Bom dia senhorita Sakura! — Dizia o recepcionista. 

— Bom dia... que horas são? — Perguntou ainda sonolenta... 

— São exatamente sete horas e vinte e quatro minutos. Há um telefonema para a senhora, eu posso passar? 

— Claro... 

Disse ela, mas arrependeu-se no segundo seguinte, sentiu um frio subir e descer por sua espinha, o ar lhe faltou e seus olhos sonolentos arregalaram-se. Aquela voz, nunca mais queria ouvi-la de novo, mas lá estava ele, do outro lado da linha, ela pensou em desligar, mas de nada adiantaria, ele já havia a encontrado... 

— Sentiu minha falta, querida? 

Ela pode sentir seu sangue congelar nas veias, a voz não saia de sua boca, e mesmo que saísse, ela não saberia se teria coragem de responde-lo... 

— Pensou que eu não a encontraria minha flor? Confesso que demorei mais do que o imaginado, mas ai está você... 

— O que quer de mim Sasori? — Perguntou ela depois de juntar todas as suas forças... 

— O que eu quero? Não é obvio minha querida? Eu quero você. Você me pertence, e fugiu, achou mesmo que eu não iria atrás de você? 

Enquanto ele falava Sakura correu em direção a mala que estava no chão jogando as coisas para fora dela, virou o rosto e viu encima da mesa de cabeceira o celular, correu até ele e passou os números da agente quase em desespero, até encontrar o numero dele "Hatake Kakashi" ela botou o telefone para chamar e quando viu o tempo correndo nos números do telefone aproximou o celular de sua boca... 

— Desista Sasori, eu não voltarei para você nunca mais... 

— Desistir? De você? Parece até que não me conhece querida... 

— Eu não o conheço! Você fingia ser alguém que não era, eu nunca o conheci. 

— Deixe de palhaçada e volte logo para cá Sakura. 

— Nunca! Você nunca mais vai me ver. 

— Se você não vier, eu irei atrás de você, querida. — O tom da voz do homem começou a mudar, agora era um tom ameaçador, mas Sakura não deixou-se ceder... 

— Tente a sorte, assim que botar os pés no Japão será preso, se não o pegarem antes é claro... 

— Está me ameaçando, minha doce flor? — Perguntou o homem quase em deboche, mas logo essa expressão mudou... 

— Eu não ameaço Sasori, antes de deixar Liverpool eu dei um presentinho para o departamento de investigação que está atrás de você... 

— O que você fez..? 

— Eu? Está preocupado agora? Eu realmente queria estar ai quando pegarem você... 

— O que você vez vadia? — Disse o homem num tom alto e nervoso... 

— É realmente muita burrice de sua parte botar minha data de formatura num cofre com tantas provas contra você, não acha? 

— Eu vou achar você e... — Ela o cortou... 

— Ah você não vai, pois junto a toda aquela papelada com todos os seus crimes detalhados, eu também lhes entreguei aquele maldito isqueiro que você não larga, aposto que vão achar suas digitais em muitos corpos... 

— Você não tem ideia do que está fazendo Sakura... 

— Eu tenho sim Sasori, porque para garantir que você não vai chegar até mim, eu arranquei tudo de você, o DNA que estava embaixo de minhas unhas é o mesmo que estava no copo de whisky e na sua escova de dentes... 

— Valeu a pena? Dar para mim como você deu naquela noite? Pra juntar provas? Você parecia estar gostando bastante querida! — Disse em tom vitorioso... 

— Você é um monstro, mas sim Sasori, valeu a pena, porque quando você dorme profundamente você não percebe nada a seu redor, eu já mencionei que tirei fotos de todos os seus ângulos e de cada uma das suas tatuagens? Eles nunca o pegaram por isso não é? Não tinham se quer uma foto descente sua... 

— Sua vadia! 

— Pode me xingar o quanto quiser Sasori, mas acho melhor você não perder muito tempo comigo... Afinal, a policia já deve estar na porta da sua casa uma hora dessas... 

Ela desligou o telefone, antes que ele tivesse a chance de responder... caiu de joelhos no chão, com as mãos no rosto, seu corpo tremia inteiro, ela ouviu aquela voz fraca e eletrônica, abriu os olhos e viu o celular no chão, ela pegou-o e colocou-o no ouvido, ele realmente a acalmava... 

— Kakashi... 

— Calma querida, nós vamos pega-lo. 

— Ele fugiu não é...? 

— Ele conseguiu dessa vez, mas não ficará se agir por muito tempo, de acordo com os papeis que me entregou ele ainda tem muitas vitimas marcadas... 

— E se ele chegar até mim Kakashi? 

— Ele não vai, eu garanto, mas se quiser, eu posso mandar um agente para onde você esta... 

— Eu acho que ficaria mais calma com isso. 

— Tudo bem, eu prometi a seu pai que te protegeria e eu o farei, mesmo que eu mesmo tenha que ir para o Japão, acalme-se, tome um banho, e reconstrua sua vida... Quando você voltar para a Inglaterra ele vai estar trancado a sete chaves... ou a sete palmos do chão... 

Ela desligou o telefone, e ficou sentada ali por alguns minutos, pensando no odioso homem que um dia foi seu noivo... Sakura levantou-se do chão e caminhou até a janela de vidro, olhando para baixo, tudo parecia tão pequeno, tão longe, estava tão longe de sua terra natal, e mesmo assim, podia sentir aquele homem tão perto a assombrando, baixou os olhos e viu no chão a agenda aberta, lá tinha um numero de telefone, e o nome de Sasuke logo abaixo, ela não pode conter, e sorriu por dentro, depois de tudo aquilo, apenas lembrar dele, a acalmava, só não sabia o porque de ele ter esse efeito nela... 

Ela fez o que Kakashi mandou, tomou um bom banho, colocou roupas quentes e foi para o hospital, seu turno estava prestes a começar... Parecia que o dia não poderia ficar pior, mas logo uma tempestade estava começando a se formar... Ainda no hotel, no ultimo andar, o assovio do vento ficava cada vez mais forte, os móveis do ultimo andar eram na grande maioria escuros, assim como o chão, com grandes cortinas claras, havia uma mesa de bilhar e outra de cartas logo ao lado, sentado em um dos sofás perto das janelas estava Sasuke... 

— Você não entende Itachi. 

— Não tem o que entender, você vai fazer nós perdermos tudo, conhece bem os termos que o advogado impôs... — Ouvia-se do outro lado do telefone... 

— Não é mais uma aventura de fim de semana. Há algo diferente. 

— Termine de fazer as malas e saia do país imediatamente, adiante suas férias e não apareça aqui até termos acertado todos os termos. — Estava cada vez mais irritado o irmão mais velho. 

— Eu não farei isso. 

— Espere isso se resolver meu irmão, depois, pode ficar com quem bem entender... 

— Não é alguém Itachi... é diferente desta vez, eu não sei explicar o porque, mas há algo nela que me faz não parar de pensar nela... 

Itachi suspirou, não havia hora pior para isso estar acontecendo. O Uchiha mais velho abriu os olhos e levantou a cabeça, a imagem de uma linda mulher veio a sua cabeça quando ouviu Sasuke falar... 

— Ela parece com nossa mãe. Não fisicamente mas... Me sinto confortável quando estou ao lado dela, ela me acalma... 

— Não se apaixone meu irmão... — Disse Itachi cedendo... 

— Não estou apaixonado... 

— Então o que é? — Perguntou e ficou aguardando uma resposta por quase um minuto... 

— Eu ainda não sei... 

Em Heavenly Soul o dia passou rápido e calmo, algumas pessoas passando mal, alguns acidentes de automóvel, mas nada grave, Sakura conversou com Ino por algum tempo, e logo ela foi para sua sala, trocou de roupa e estava pronta para ir embora, ela pegou o guarda chuva e saiu pela porta do hospital, olhou para rua, e não havia ninguém, sentiu que algo estava faltando ali, parou um taxi que passava e voltou quieta até o hotel, o recepcionista da noite a cumprimentou com um grande sorriso e Sakura devolveu-o com um ainda maior. O quarto estava limpo novamente, provavelmente a moça que o fez havia passado ali para arruma-lo já estava em sua casa agora, ela sentou-se no sofá, sentindo falta de ter um lugar para chamar de casa... 

Sasuke estava só com uma toalha preta amarrada na cintura, os cabelos  negros pingavam no chão de mármore do banheiro, ele pegou uma segunda toalha e colocou sobre a cabeça, esfregando os cabelos até eles ficarem espetados novamente, ouviu o telefone tocando, caminhou até ele e olhou o visor, não reconheceu o numero, clicou na tela e colocou o celular no ouvido, e assim que o fez, levantou os olhos, um sorriso vencedor apareceu em seus lábios... 

— O que está fazendo? — Dizia a voz do outro lado do telefone... 

— Pensando em você, Sakura!