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História In Quel Sorriso - Capítulo Único


Escrita por: gyack

Notas do Autor


cara, eu não sei porque isso me veio na cabeça... mas ok ;_;

espero que não me odeiem

Capítulo 1 - Capítulo Único


In Quel Sorriso

 

“Meu amigo me disse que você leria isso mesmo não estando mais aqui e não sei por qual razão acreditei nele. Eu não só vou escrever isso porque ele me disse, mas porque, depois de muito tempo, eu poderia imaginar uma conversa de nós dois novamente. Não exatamente o que falar. Estou nervoso. Por isso, vou deixar com que a brisa do mar à minha frente deixe as palavras fluírem na minha cabeça.

 

Eu me lembro do dia em que você apareceu na porta da minha casa, com frio e com fome, um ser completamente destruído. Olhei seu corpo coberto apenas por uma blusa simples de algodão branca e parei para pensar em quantas vezes reclamei da minha vida. Seu rosto? Fundo e cheio de sujeira, assim como o resto da pele branca exposta. Quantos anos você tinha? Não me lembro exatamente agora, mas deveria ser uns cinco ou seis anos.

Perguntei se você precisava de ajuda, se tinha se perdido da mãe ou coisa parecida. Você apenas disse que estava muito frio naquela noite. Sem pensar muito, te deixei entrar e você ficou encolhido no canto, fazendo sua blusa de cobertor. Rapidamente me agachei perto de você, chamando sua atenção.

E foi aí que minha vida mudou completamente, Lee Chan – como passei a chamar você.

Eu costumava ser ridículo. Não tinha amigos, um ser comum e sozinho. Só saía de casa pra estudar e trabalhar. Ignorava todo mundo e ainda assim reclamava por ser ignorado.

Você virou minha vida ao avesso, Lee Chan.

Nunca achei que iria me tornar um irmão mais velho, mas você fez esse “acho” ser uma certeza.

O que antes era uma casa pequena e vazia  se tornou um ambiente cheio de alegria e sorrisos. Eu odiava quando você bagunçava os DVDs, meus livros da faculdade e às vezes acabava com as tortas de morango que eu comprava para a nossa sobremesa e ainda mais quando você chorava quando eu lhe dava uma bronca. Aquilo me destruía, ver você chorando e a causa ser eu.

Passei a ser conhecido como o Vírus Feliz na minha faculdade.

Foi quando aquele grande e inesquecível susto veio: entrei num processo judicial por sua causa. Você ficou com medo e eu também. Não fazia ideia de como lidar com aquilo e eu corria o risco de parar na cadeia por cuidar de você ilegalmente. Os amigos que eu tinha arranjado depois de me tornar o Vírus Feliz tentaram com muita força me defender no tribunal, mas de nada adiantou.

E o que aconteceu? Você entrou correndo com Jeonghan logo atrás de você, todo desesperado dizendo pra você voltar. Entretanto, você não voltou, Lee Chan. Você chorou, gritou com o juiz, porém de forma que o convencesse de que você queria ficar comigo, de que eu era seu irmão mais velho e não queria sair de perto de mim nunca na sua vida. Logo depois você correu pro meu colo, me abraçando forte. Eu disse que você tinha que ir com Jeonghan, que olhava super sem graça para todos ali presentes. Todavia, você afirmou fortemente que não obedeceria ninguém se me perdesse.

‘Não vou obedecer ninguém se eu perder o meu irmão!’ você berrou.

Meus advogados? Choraram. O júri? Emocionou-se. E o juiz?

‘O caso de Lee Seokmin está encerrado’ ele disse alto.

Você passou a ser conhecido como Dino, então.

Voltamos pra casa com você ainda chorando e Jeonghan tentando te acalmar de todas as formas. Continuou o caminho inteiro emburrado a respeito do juiz que, mesmo te dando um pirulito depois do processo, você continuou odiando. Claro que continuou grudado em mim – não que eu me importasse.

Dormiu logo quando chegamos ao nosso lar. Quando acordou, me fez várias perguntas e eu disse que estava tudo bem e que não precisaria se preocupar.

Meus pais o adotaram e logo nos tornamos oficialmente irmãos. Ficou tão feliz que eu não consegui estudar por uma semana com você me chamando pra sair o tempo todo. As provas estavam chegando, mas eu não me importava.

Quando você completou doze anos, as coisas começaram a mudar. Ficou rebelde, não queria estudar e dormia tarde. Sequer comia comigo na mesa. Eu entendia porque eu também era assim quando mais novo, mas o seu caso era outro e eu só fui descobrir quando você completou quinze anos.

Eu cheguei em casa e não te vi em lugar algum. Achei estranho. Mesmo você sendo do jeito que era, não era de seu costume sair ou chegar tarde da noite em casa. Fiquei preocupado e liguei para todos os seus amigos da escola e até para os vizinhos. Eu havia me esquecido do porão e rapidamente entrei lá dando vários fodas para a poeira e minha rinite quando te vi agachado no chão com os braços mutilados. Tentei falar com você, mas nada tirava sua atenção da lâmina entre seus dedos cortando a pele da sua coxa esquerda.

Levei-te num psicólogo dias depois que você estava mais calmo. Ele me disse que teria que iniciar um tratamento, que você estava em estado de depressão.

Meu coração deu um baita salto com o susto e pensei no que havia feito de errado. Então me lembrei da sua repentina mudança de comportamento anos antes. Senti-me um merda, um idiota, o pior irmão do mundo por não ter reparado naquilo antes. Você chegando em casa e se trancando no quarto, me dizendo que estava com os olhos vermelhos e inchados porque havia acabado de acordar de um pequeno cochilo por conta de uma noite mal dormida sendo que era resultando de um longo choro.

Depois daquilo, sua depressão me tirou toda a atenção do trabalho – já havia terminado a faculdade. Recebia bronca de meu chefe, mas ele acabava entendendo o motivo. Não me importei com meu salário abaixando, nunca daria mais valor à ele do que à você.

Demorou para que a depressão te deixasse e, quando ela te deixou e eu achei que tudo voltaria ao normal aos poucos, veio o grande choque que está me fazendo escrever isso agora.

Você passou a sentir dores muito fortes no corpo, mas principalmente na cabeça. Não conseguia andar sozinho por muito tempo, dormia demais e estava sempre cansado. Cogitei ser ansiedade, mas as dores de cabeça constantes me tiraram a ideia da cabeça.

Foi quando você gritou pondo a mão na testa e deixando o copo e água cair no chão que eu tive a certeza de que estava em apuros.

E realmente estava.

Na porta da sala de exames, eu andava de um lado pro outro pensando no que estaria ocorrendo. O médico disse pra nós dois nos acalmarmos depois de recebermos a bomba e ao contrário do que falou, fiquei ainda mais nervoso.

Câncer Cerebral Terminal.

Meu corpo começou a tremer e eu só consegui ver tudo em câmera lenta: você implorando explicações e buscando jeitos de salvar sua vida, o médico dizendo que não teria jeito.

Chegamos em casa e você me abraçou tão forte que achei que tudo dentro de mim iria sair num pulo. Choramos juntos e tentamos ao máximo esquecer que você só tinha mais duas semanas de vida. Só mais duas semanas de vida, Dino. Eu tinha somente duas semanas para ser o melhor irmão mais velho do mundo. Meu Dino estava indo embora, meu Dino. Só meu. Não aceitava ter que te dividir, nem mesmo com nossos pais.

Tentamos ao máximo viver como se não houvesse amanhã. Arrumei um jeito de viajarmos para os lugares que você sempre quis conhecer, sempre tendo cuidado com sua fraqueza. Eu não me importei quando você quis dormir na mesma cama que a minha mesmo em uma noite muito quente. Só queria que você fosse feliz nos seus últimos dias, Dino. E isso é algo que nunca vou saber se fiz corretamente, você se foi num piscar de olhos.

Meu Dino morreu em meus braços, me abraçando com suas últimas forças enquanto eu cantava sua música favorita. Só queria a mim no quarto, mais ninguém.

Eu vi uma alegria imensa naquele sorriso que se formou no seu rosto antes de você ser levado pelos anjos. A alegria de ter sido acolhido por um grande babaca como eu, que se tornou um Vírus Feliz. E o que eu tenho a dizer é que não me arrependo de nada do que fiz, mesmo tendo sido julgado pelos vizinhos sobre acolher um mendigo em minha casa – que logo se tornou meu motivo de viver e sorrir todos os dias. Eu finalmente havia encontrado o meu verdadeiro motivo de viver, Dino. A felicidade havia batido na minha porta e esta era você, todo sujo pedindo por abrigo numa noite fria.

É por sua causa que hoje sou um Vírus Feliz. Todos os dias eu visito orfanatos contando contos de fadas antigos para as crianças e lhes dando esperança de que um dia tudo irá mudar.

Claro que eu posso repetir o que fizemos, mas mesmo depois de 5 anos de sua morte eu não consigo superar. Eu tenho medo de que aconteça de novo. Pode ser besta, Dino, eu sei. É que... Eu só queria que você estivesse aqui comigo de novo.

Um sonho, o único sonho meu que nunca irá de realizar, Dino.

O eterno sonho de te ter de volta.”

 

Eu me lembro do que você vestiu no nosso primeiro encontro
Você entrou em minha vida
E eu pensei: "Hey, sabe, isso poderia ser alguma coisa"
Porque tudo o que você faz e palavras que você diz
Você sabe que tudo isso me deixa sem ar
E agora eu fui deixado sem nada

Então, talvez seja verdade que eu não posso viver sem você
E talvez dois seja melhor do que um
Há muito tempo para descobrir o resto da minha vida
E você já me pegou definhando
E eu estou pensando que dois é melhor do que um

Lembro-me de cada olhar ao seu rosto
O seu jeito de revirar os olhos, o seu sabor
Você torna difícil respirar
Porque quando eu fecho os olhos eu vou longe
Penso em você e tudo fica bem
Agora finalmente eu estou acreditando

 

 

In Quel Sorriso, fim.



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