História Last Time - Um; eu só quero que você me ame

“Oi, meu nome é Jimin, eu sou novo aqui. Você quer brincar?” lembro-me como se fosse hoje do dia em que você bateu a minha porta de casa para fazer essa pergunta.

Um menino gordinho, com as bochechas mais fofas que eu já vi e com uma animação fora do comum. É assim que eu te caracterizo até hoje.

Não que você seja gordinho, você mudou muito. Mas, também, não que eu não gostasse de você antes, eu sempre gostei. Não me entenda mal.

Assim que havia te visto, parado na porta de minha casa com um belo sorriso preenchido em seus lábios, — ah Jimin hyung, se você soubesse como esse seu sorriso me mata. Talvez você até saiba, talvez seja por isso que você o manteve no rosto por tanto tempo — eu soube que era você o cara por quem me apaixonei.

Hyung, você sabia como me acalmar.

Minha mãe nunca entendeu como num passe de mágica eu comecei a brincar com uma criança, mesmo que você fosse dois anos mais velho que eu. Eu sempre fui tímido e você, meu amor, me fez perder a timidez. Mas não foi um passe de mágica como minha mãe dizia. Foi amor.

Desde a primeira vez que te vi, senti algo diferente em mim. Eu tinha apenas dez anos e não sabia ainda associar direito os meus sentimentos, mas, hyung, meus sentimentos por você nunca foram recíprocos.

Jimin, nunca me esquecerei do nosso primeiro beijo. Aliás você fez questão de ser o primeiro em tudo.

Foi no verão, você se lembra? Eu tinha treze anos e você quinze. Meu pai havia nos levado para a praia e, por mais que eu dissesse que não queria estar lá, você me animava. E apenas vê-lo se divertindo era o motivo de eu suportar aquele lugar. Eu nunca gostei de praias, mas depois daquele dia, a praia foi um dos meus locais favoritos.

Meu pai havia ido comprar água para nós em um quiosque e nós dois estávamos na água, pois você havia cismado que queria me ensinar a nadar. Eu não queria aprender a nadar, hyung, mas somente pelo fato de você segurar em minha cintura para que eu ficasse na posição certa e ficar por trás de mim, segurando em meus braços para ensinar-me o famoso “nado cachorrinho”, fazia-me ter vontade o suficiente de ficar ali naquela água gelada que deixava meus dedos enrugados.

“Hyung, eu não consigo, estou morrendo de frio. Vamos sair da água…” lembro-me que você riu ainda com seus braços aos meus. Eu o encarei confuso e você olhou em direção a minha boca.

“Sua boca está tremendo e seus lábios estão roxos.” você havia dito enquanto ria. Passei as mãos sobre meus lábios molhados como se fosse possível sentir algo. Você riu ainda mais. “Eu sei de algo que fará seus lábios ficarem aquecidos.” é tão engraçado lembrar dessa frase dita por você meu amor.

Na época, eu senti borboletas em meu estômago, minhas mãos tremiam mais ainda e não fora por conta do frio. Seus lábios encostaram-se lentamente aos meus em um beijo úmido e quente; suas mãos deslizavam pelas minhas costas nuas e molhadas. Realmente, aquele beijo havia me aquecido e, por algum motivo, eu não estava mais nervoso ou com medo.

Hyung, naquele dia você apenas expandiu o amor que eu sentia por você, e acredite, ele tomou grandes proporções.

Depois daquele dia, dormíamos na casa um do outro e eu até acho engraçado da inocência que nossos pais tinham. Eles achavam normal um menino de quatorze anos e um de dezesseis ainda dormirem juntos na mesma cama. Eles achavam que éramos muito infantis para nossa idade, porém eles não sabiam o que fazíamos juntos.

“Jimin, eu estou com medo.” você havia rido de mim. Lembra?

“Jeungkookie-ah, um garoto dessa idade não deve ter medo.” eu sei meu amor. Eu não deveria ter medo, eu estava com você.

Você me beijou e, daquela vez, o que nunca passava de carícias e mãos bobas, nós chegamos num ponto importante em nossa relação.

Até hoje não me esquecerei de seus lábios sugando meus mamilos fazendo-me gemer e de eu lhe proporcionando prazer quando lambia com vontade sua glande o levando a loucura.

“Kookie, você está sendo tão mau com o seu hyung.” seus gemidos abafados ainda ecoam em minha cabeça como uma melodia.

Bom, não demorou muito para que nossos pais descobrissem nosso caso. No começo eles não aceitaram muito e quase nos separaram, mas, com o tempo, eles nos aceitaram como éramos e, também, nos aceitaram juntos.

Meu amor, eu não sei o que faria se eles houvessem nos separado.

Quando eu fiz dezoito anos, você já tinha vinte e, por conta da idade, morava em um apartamento sozinho. Eu implorei para que você me deixasse morar com você, mas você havia dito que era melhor eu esperar os meus vinte. Assim, eu seria mais responsável. Admito que fiquei muito puto com sua resposta, mas você logo deu um jeito de tratar do assunto.

“Jungkook não fique assim.” você pediu mexendo em meus cabelos. Cruzei os braços e desviei meu olhar para a porta. Eu não queria olhar para você.

Jiminie, se eu soubesse como seria nossa última vez eu teria o olhado mais para ter mais uma recordação boa em minha mente…

Recordar esse momento é como se eu pudesse senti-lo aqui comigo, no nosso sofá. Esforçando-me mais um pouco, ainda consigo sentir sua língua em meu pescoço e sua mão descendo para o lugar que antes somente te pertencia.

Bom, de qualquer forma, tudo ocorreu da melhor forma possível. Até você pedir minha mão em casamento. Não, meu amor, eu não estou reclamando, mas às vezes penso no bem que teria feito se isso não tivesse acontecido. Pelo menos não agora.

Lembro que eu tinha acabado de fazer vinte e você, já com os seus vinte e dois anos, estava feliz por ter conseguido um emprego fixo e também por agora estarmos morando juntos. Eu fazia faculdade e andávamos sempre ocupados com algo, mas isso não impediu de estarmos juntos. Sempre.

Para termos mais tempo livres, arrumei um emprego para ajudá-lo com as despesas da casa e, assim você teria um pouco de descanso. Tranquei a faculdade para me dedicar mais ao trabalho e foi aí que as coisas pioraram. Você havia subido de cargo na empresa em que trabalhava e, isso significava mais trabalho.

Hyung, era tão cansativo vê-lo chegar em casa com milhões de papéis, se trancar no quarto e não sair de lá nem para comer. Eu sempre preparava um café para que despertasse um pouco e continuasse o trabalho e até tentava te ajudar, mas você nunca foi de aceitar ajuda.

— Por que você não descansa um pouco? Deixa que eu termine pra você. – sentei-me ao seu lado. Você riu enquanto abria os primeiros botões de sua camisa social.

— Kookie, não precisa. Por que você não se deita e descansa? Amanhã você precisa acordar cedo para o trabalho. – acariciou o meu rosto e eu fechei os olhos.

Era cansativo me esforçar para receber o mínimo de sua atenção e sempre falhar. Mas eu te amava Jimin e eu nunca desistiria de ter o seu afeto.

— Jiminie, eu não preciso descansar. Trabalho pouco e tenho tempo de sobra, agora você não. — disse cruzando os braços. Seus lábios selaram aos meus em um beijo calmo, doce e úmido.

— Durma um pouco que logo, logo eu irei lhe fazer companhia. — sorriu enquanto bagunçava meus cabelos.

— Jimin, eu não sou mais aquela criança de anos atrás. Somos um casal agora e devemos ajudar um ao outro. – revirei os olhos ao perceber que você nem prestava mais atenção em mim, e sim no computador a sua frente.

Bufei e fui para a cozinha preparar algo para comer. Queria que você me seguisse para comermos algo juntos, pois fazia tempos que não comíamos juntos no mesmo ambiente. Mas você não veio.

Querido eu poderia ter invertido as coisas antes que o pior acontecesse, mas não. Eu preferi esperar o pior.

As coisas foram só piorando. Você vivia trabalhando e, sempre que tinha um dia de folga, ou você passava o dia dormindo, ou saia para jogar futebol com seus amigos.

Você não tinha mais tempo para mim.

Eu não estou dizendo que você não podia sair com seus amigos. Claro que você podia, mas você podia ao menos me convidar para que eu os conhecesse. Eu sei que nunca fui de esportes, mas eu queria estar ao seu lado em tudo hyung. Pensei que você quisesse o mesmo também, mas estava enganado.

Tudo acabou tão rápido e foi tão estúpido o motivo pelo qual acabou.

Você o havia convidado para jantar em nossa casa e eu havia me esforçando bastante na cozinha para agradá-lo. Você sabe que cozinhar nunca foi o meu forte. Eu havia ficado desconfortável quando o vi com ele. Vocês sempre tinham algum assunto a ser tratado e havia sempre um sorriso em seus lábios quando você o olhava.

Hyung, me diga… Você já estava gostando dele?

Quando ele havia ido embora, eu disse que havia ficado desconfortável e triste por você não ter me dado atenção, mas você apenas riu e disse que era bobeira minha. Naquela noite, dividimos a mesma cama, como sempre, mas, a partir daquele dia, apenas seu corpo estava ao meu lado. Sua presença e afeto haviam ido embora e eu demorei a perceber isso.

Os dias foram passando e você parecia estar mais distante a cada dia. Tinha dias que você chegava estressado e descontava toda sua raiva em mim, mas depois de alguns minutos ria em frente ao computador ou falando ao celular, com ele.

E o dia que eu sempre quis esquecer, me perturba até hoje.

Eu havia chegado mais cedo do trabalho e como sempre, arrumaria a casa e prepararia o jantar para quando você chegasse. Porém, você já estava em casa.

A cozinha estava bagunçada e havia louças para serem lavadas. A sala não estava diferente. O sofá estava todo bagunçado e haviam algumas blusas espalhadas pelo chão. Você devia estar cansado, então não se importou muito em deixar a casa arrumada. Apenas queria dormir. Fui até o quarto para ver se você precisava de algo, mas aquela cena me assustou.

Você estava nu junto com aquele seu “amigo” em nossa cama. Suas mãos seguravam firmemente os cabelos dele e ele beijava seu pescoço passando as mãos por suas costas nuas.

Era nossa cama, Jimin. Nosso lençol, nossa casa, tudo o que construímos juntos… Você havia acabado com o que era nosso.

Eu não soube o que fazer quando vi você em cima de Kim TaeHyung, rebolando em seu pau. Você mordia seu lábio inferior e estava com os olhos fechados como se aquela foda estivesse perfeita.

Eu chorava em silêncio e o sentimento de repulsa somente crescia mais e mais dentro de mim. Foi à gota d’água para eu ver você e TaeHyung deitando em nossa cama. Suas mãos entrelaçadas, sua cabeça apoiada em seu peitoral e um sorriso em seus lábios.

Saí de casa e somente voltei no dia seguinte, sem dar notícias. Quando cheguei novamente, a casa estava arrumada, mas TaeHyung continuava lá com você. Você chorava e eu não entendi o porquê.

Foi porque você queria repetir a dose e Kim não? Hyung se fosse esse o motivo, eu poderia dar conta de quantas vezes você quisesse.

Você havia olhado para mim e correu para me abraçar. Perguntou onde eu estive e disse que estava preocupado comigo. Eu ignorei sua pergunta e perguntei o que ele fazia ali. TaeHyung respondeu com o maior cinismo de todos que estava ali porque você havia ligado preocupado, dizendo que eu não havia chegado em casa.

Eu via a mentira em seus olhos, Jimin.

Eu não pude aguentar. Até onde eu deixaria aquela mentira chegar? Até vocês transarem de novo em nossa casa bem debaixo do meu nariz?

Eu simplesmente explodi. Expliquei o motivo de voltar somente no dia seguinte, o que havia visto e, a cada palavra que eu dizia, eu via seu rosto mudar. Você não sorria mais, e sim chorava.

TaeHyung parecia se sentir culpado por tudo assim como você, mas eu sabia que não estavam.

Ainda dói lembrar de você pedindo desculpas e eu nem sequer olhar para você. Fui direto para aquele quarto que antes eu só tinha sentimentos e lembranças boas e arrumei minhas malas para ir embora o quanto antes. E nunca mais quis saber de você.

Jimin, eu sei que se passaram dois meses, porém eu ainda o amo, mesmo com a traição. Sei que você se arrepende mesmo estando com TaeHyung atualmente. Eu quero que você seja feliz mesmo sem mim e quero que saiba que eu… Eu te perdoo.

Sei que deveria ter dito isso antes, mas eu não consegui. E, mesmo eu te perdoando, ainda não consigo entender o porquê me traiu.

Diga-me: eu não lhe dei o meu melhor? Eu não te amei o suficiente? Eu não era bom de cama? O que eu fiz de errado?

Bem, seja o que for me desculpe. Agora eu preciso ir.

A viagem não será longa, ate porque eu não consigo enxergar mais nada. Meus pulsos ardem por conta dos cortes e minha cabeça dói por conta das pílulas e bebidas. Não vai demorar muito para eu partir, mas eu só quero dizer que eu te amo e muito.

Desculpe-me, hyung, mas eu só queria que você me amasse. Nem que fosse pela última vez.