1. Spirit Fanfics >
  2. Lessons Learned >
  3. Hallelujah

História Lessons Learned - Hallelujah


Escrita por: captainbstabler

Notas do Autor


Volteeei!!!!

Capítulo 2 - Hallelujah


Fanfic / Fanfiction Lessons Learned - Hallelujah

I've done my best, I know it wasn't much

I couldn't feel, so I learned to touch

Mais um dia normal na vida de Emma Swan. Acordar cedo, tomar o café da manhã e ir trabalhar na escola de música, depois voltar para casa sozinha como sempre, jantar e ir dormir. As vezes poderia ter a companhia da atual namorada Lily, mas só às vezes, elas não eram as namoradas mais apegadas do mundo. Mas hoje tinha um diferencial, uma coisa que deixava Emma Swan animada: dar aulas particulares de piano.

No começo, quando Belle French, a amiga a qual dividia o apartamento disse que estava voltando para a França e precisava de alguém para substituí-la como professora particular de uma garota de catorze anos, Emma não gostou muito da ideia, mas aceitou pelo dinheiro extra. Há alguns anos não dava aulas particulares de piano, se concentrava apenas em suas turmas na escola onde dava aulas de violão e canto, mas o piano ela tocava apenas por ser muito apaixonada pelo instrumento. Mérito de uma antiga namorada da loira, que a ensinou a tocar e a fez se apaixonar pelo piano.

– Não se esqueça, Emma, Malia é uma garota muito reservada – avisou Belle quando sua amiga começou a se arrumar para ir até a casa da garota – Os pais estão passando por momentos muito conturbados no casamento e isso está afetando ela, então tenha paciência, por favor.

– Bel, eu acho que consigo lidar com uma adolescente rebelde – a loira respondeu se jogando no sofá com a mochila preta no colo.

– Malia é especial, ok? Ela é uma garota incrível, a mãe anda bem ausente e o pai nunca dá as caras – suspirou – Em três meses dando aulas para a menina, se eu vi a mãe dela duas vezes foi muito.

– Cristo, mas por que? – questionou olhando no relógio e se deu conta que se ficasse mais dois segundos naquele sofá, iria se atrasar – Depois você me explica, ok? – Emma se levantou e beijou o rosto da amiga – Até mais tarde.

– Tome cuidado e avise a hora que chegar lá – Belle gritou, mas Swan já havia passado pela porta.

Emma se apressou até o ponto de ônibus, não gostava de usar o transporte público naquele horário, mas infelizmente seu precioso carro estava mais uma vez na oficina, então não tinha outra opção. Ela não precisou esperar muito, o ônibus logo chegou e depois de quase uma hora dentro daquele cubículo lotado, chegou ao bairro indicado pela amiga.

– Os Colters são bem chiques – pensou alto enquanto andava pela rua e observava as enormes mansões que haviam ali.

Emma pegou o celular e abriu o bloco de notas para conferir se estava na rua certa e também para ver o número da casa.

Rua Miffin, número 108.

Era o que estava escrito, a loira olhou para a placa na esquina e constatou que estava sim na rua certa, mas ainda estava na frente da casa de número 68. Ela continuou subindo e subindo, suas pernas já doíam e estava dez minutos atrasada para a primeira aula com Malia Colter.

– Número 108. Isso! – comemorou ao ver a numeração da casa.

Era uma mansão branca enorme com um jardim impecável em volta. Emma decidiu que outra hora se dedicaria à admirar a arquitetura da casa, não queria se atrasar mais do que já estava atrasada. Ela empurrou o pequeno portão de ferro e caminhou até o hall de entrada da mansão, respirou bem fundo e tocou a campainha.

Alguns segundos depois, uma senhora de cabelos grisalhos e um sorriso amável no rosto atendeu a porta. Ela tinha um pano de prato pendurado no ombro e um avental amarrado em seu corpo.

– Posso ajudá-la? – perguntou educadamente e Emma sorriu nervosa.

– Sou Emma Swan – se apresentou e a senhora pareceu reconhecer, pois abriu passagem para que Emma entrasse.

– Lia disse que estava esperando pela senhorita, entre por favor – falou e a loira entrou pedindo licença – Irei chamá-la, só um segundo.

Se por fora a casa era bonita, por dentro ela era ainda mais impressionante. Os móveis todos em tons de preto e branco, mas nada muito sombrio, era extremamente aconchegante. A dona da casa tinha um ótimo gosto. Observou várias pinturas penduradas nas paredes, mas nenhum porta retrato da família. Bem estranho, era uma casa formal demais.

– A senhorita deve ser Emma Swan – a loira ouviu uma voz feminina e rouca vindo de trás dela e levou um mini susto ao se virar, olhando para a menina com os olhos arregalados – Desculpe, não quis assustá-la.

– Não assustou, é que você parece muito com uma pessoa que eu conheço... conhecia... enfim – falou ainda com o coração batendo acelerado.

– Essa pessoa morreu? Porque parece que você viu um fantasma – a garota comentou rindo e Emma negou com a cabeça.

– Não faço ideia – disse – Enfim, você é Malia Colter?

– A própria, mas me chame apenas de Malia – estendeu a mão para cumprimentar a nova professora e a loira percebeu que a garota agia como uma mulher adulta – Não use o Colter perto da minha mãe, é capaz da mulher enlouquecer.

– É claro, Apenas Malia.

A garota riu e pediu para que Emma a seguisse até a sala de música. Havia muitos instrumentos ali e Malia explicou que adorava música e o único instrumento que faltava para ela aprender era o piano. Na sala, havia um belíssimo piano de cauda todo preto, a madeira dela brilhava com a luz dando um ar majestoso ao local.

– Ele é lindo – comentou admirada e Malia concordou.

– É da minha mãe, mas eu nunca vi ela tocando – suspirou pensativa, mas logo balançou a cabeça espantando todos os pensamentos melancólicos que pairavam em sua mente – O que vamos aprender hoje?

– Bom, Belle me passou tudo o que ela já ensinou a você – a loira disse se sentando no banquinho que ficava de frente para o piano enquanto Malia puxou um outro para ficar de frente para sua professora – Ela gosta muito da parte teórica, sempre passa primeiro a história do piano e tudo essas coisas, não é?

– Sim, ela disse que depois que eu aprendesse a parte teórica, iríamos para a prática – explicou.

– Ok, mas eu trabalho de uma forma diferente – falou – Gosto de misturar a prática e a teórica, foi assim que eu aprendi.

– Jura? – os olhos da garota se iluminaram – Mas como?

– Assim: eu explico primeiro o que você vai fazer no piano, e aos poucos o enquanto você toca, eu passo a parte teórica. Sem precisar anotar e nem nada, iremos comentando devagar.

– Gostei – a menina sorriu – Na verdade, minha mãe também gosta de fazer isso, aprendi a fazer lasanha assim.

– Tentaram me ensinar uma vez a fazer lasanha, mas eu nunca consegui – a loira falou suspirando – Cozinha e Emma não se misturam. Mas, vamos para a nossa primeira aula? – Malia concordou alegre – Me mostre o que você sabe tocar.

A adolescente se sentou ao lado da professora e começou a dedilhar as teclas suavemente. Emma não demorou para reconhecer aquela melodia, que por sinal era uma de suas favoritas e também havia sido uma das primeiras músicas que aprendera a tocar.

I've heard there was a secret chord – Emma começou a cantar e a menina sorriu enquanto tocava – That David played and it pleased the Lord.

But you don’t really care for music, do you? – Malia continuou com a letra e a professora se espantou com a voz da menina que era perfeita – It goes like this: the fourth, the fifth.

– The minor fall, the major lift – sem que elas notassem, a porta foi aberta por um garotinho extremamente curioso que estava encantado pelas vozes que cantavam a música do seu filme preferido – the baffled king composing hallelujah.

Elas cantaram o refrão juntos enquanto Malia tocava de olhos fechados, sentindo a música invadindo cada poro de seu corpo. Há meses não se sentia tão bem, há meses não esboçava um sorriso de felicidade genuína, não como agora, não se sentindo realmente feliz. Elas pararam quando ouviram alguém bater palmas e se viraram para ver o garoto parado na porta com uma expressão alegre e admirada.

– Lia, isso foi lindo – falou com certa devoção para a irmã, seus lindos olhinhos castanhos brilhavam.

– Obrigada, Henry – Malia disse – Vem aqui – o menino se aproximou – Essa é a minha nova professora, Emma Swan.

– Olá, Henry – Emma cumprimentou estendendo a mão para o garotinho que prontamente aceitou.

– Olá, Emma, você canta muito bem – elogiou.

– Obrigada, garoto – ela sorriu – Malia, vamos continuar?

– Claro.

– Posso ficar assistindo?

– Pode, Henry, mas tem que ficar quieto – a menina alertou e Henry se sentou no tapete felpudo que havia ali.

[...]

Emma chegou em casa depois das nove da noite com uma caixa de pizza em mãos, era a forma que havia encontrado de agradecer a amiga pela oportunidade. Havia se esquecido do quanto amava dar aulas de piano e graças à Belle, pode voltar a fazer o que gostava. Tinha adorado as crianças também, percebera uma certa amargura em Malia, mas era cedo demais para questioná-la sobre qualquer coisa.

Ainda estava pensativa sobre a semelhança entre Malia e sua antiga namorada. Elas eram parecidas demais e se não tivesse certeza que ela havia mudado para a Inglaterra dezoito anos atrás, poderia dizer que eram até mãe e filha. Não, o universo não faria isso. Emma podia sentir na pele todo o ódio que sua ex sentia por ela e mesmo depois de 18 anos e milhares de quilômetros, tinha certeza que esse ódio não havia diminuído.

Não é hora de pensar nisso, é passado e há anos você sequer lembra dela. Chuta esse balde.

Ela pensava enquanto tentava abrir a porta do apartamento, escutou algumas risadas vindas do lado de dentro e se surpreendeu ao ver Lily sentada na sala junto com Belle. As duas se davam bem, mas não eram amigas, Belle sempre dizia que Lilith emanava uma energia negativa, porém a francesa nunca destratou a namorada da amiga, muito pelo contrário, sempre a tratou muito bem.

– Lily – Emma disse surpresa fechando a porta – Não sabia que viria.

– Resolvi fazer uma surpresa – deu de ombros e Emma sorriu sem graça, gostava muito da namorada, mas estava querendo mesmo era comer sua pizza em paz ao lado da amiga e depois dormir.

– Como foi a aula? – Belle resolveu interromper ao ver o desconforto da amiga e Emma agradeceu-a apenas com o olhar enquanto depositava a pizza na mesinha de centro.

– Foi ótima, Malia é um anjo de menina e tem uma voz maravilhosa – falou admirada e Belle sorriu, há algum tempo não via aquele brilho nos olhos da amiga – E o Henry também é um doce de criança.

– Ah, ele é – concordou – Os dois são muito carentes de atenção.

– Vou dar o meu melhor para animar essas crianças – suspirou esticando as pernas no sofá – Serão duas vezes na semana, mas é um começo.

– Eu sabia que você ia gostar – Belle piscou para a amiga e pegou um pedaço da pizza – Calabresa, que delícia.

– Sou alérgica a calabresa, Emma, você sabe – Lily disse.

– Sei, mas não sabia que viria então não pode me culpar – deu de ombros mordendo um pedaço da pizza.

– Eu estava pensando – ela disse – podemos sair hoje e depois irmos para a minha casa, o que acha?

– Adoraria, meu bem – suspirou – mas eu estou realmente cansada e amanhã eu levanto cedo pra trabalhar.

– Ah, ok – suspirou e deitou a cabeça no ombro da namorada – Daqui a pouco vou pra casa descansar também, podemos sair amanhã?

– Claro, amanhã sairemos – falou beijando o topo da cabeça da morena e olhou para a amiga, que a encarava com uma expressão de pena.

[...]

Mais um mês e meio de aula com Malia e a garota quase conseguia tocar perfeitamente Fur Elise de Beethoven. O talento que ela tinha para instrumentos musicais era impressionante. Um mês e meio de aula e ela sequer tinha visto a mãe dos garotos e olha que ela ficava até tarde na casa da família Colter.

Emma estava correndo no pequeno parque que havia em sua casa, era um belo sábado ensolarado e havia combinado de almoçar com Lily que já não via há algumas semanas. Swan parou perto de um banco e começou a se alongar, olhou para os lados e percebeu que o parque estava praticamente vazio já que quase ninguém frequentava aquele lugar.

Pegou seu celular, queria mudar de música, já não aguentava a melodia melancólica que tocava em seu fone de ouvido. Procurou em todas suas playlists, queria algo animado então passou a escutar Born This Way. Como amava aquela música.

– Agora sim posso correr – voltou para sua corrida bem mais animada do que estava e no meio do caminho recebeu uma mensagem de sua namorada dando o endereço do restaurante.

Era um tanto quanto longe então decidiu voltar para casa e tomar um belo de um banho para ir de carro, já que sua belezura havia saído da oficina há algum tempo. Não queria demorar, então tomou um banho rápido e pegou suas roupas mais básicas, sendo elas uma calça jeans escura, uma regata branca, a jaqueta vermelha e uma bota marrom. Ainda tinha o mesmo estilo de quando estava no ensino médio e não se importava nem um pouco com isso.

– Belle, to saindo – gritou da porta e logo saiu em direção ao estacionamento para buscar seu fusca amarelo.

Colocou no GPS o endereço que Lily havia mandado e acabou percebendo que era bem próximo à casa de sua aluna, Malia. Após vários minutos dirigindo pelas ruas movimentadas de Las Vegas, chegou ao restaurante, era um lugar requintado, afinal, era um bairro de gente rica. Emma entrou no local procurando por sua namorada e logo a encontrou perto da janela, olhando pelo vidro com uma cara pensativa, mas sorriu ao ver a loira sentando em sua frente.

– Demorei? – perguntou esticando a mão para alcançar a da morena.

– Não, acabei de chegar também – falou entrelaçando os dedos com os da namorada – Como foi sua corrida hoje?

– Boa, o parque estava praticamente vazio como sempre – deu de ombros e chamou pelo garçom – O que vamos pedir?

– Ah, eles fazem um cannoli divino – comentou animada – O que acha?

– Por mim tudo bem – concordou e o garçom anotou o pedido – Ah, e um vinho.

– Qual irão querer? – ele perguntou.

– O melhor que vocês tiverem – Lily quem respondeu e o rapaz acenou com a cabeça e se retirou pedindo licença – Gostou daqui?

– Gostei, é ótimo – falou olhando ao redor e acabou vendo Malia e Henry parados no meio do restaurante, pareciam estar procurando uma mesa.

Logo os olhos da garota se encontraram com os da loira e ela acenou cumprimentando, Henry também a viu e puxou a irmã para irem até onde Emma estava.

– Emma, que surpresa te encontrar aqui – a menina disse.

– Oi, Emma.

– Oi, crianças – a loira cumprimentou animada e Lily tinha uma cara de perdida – Essa daqui é a Lily, minha namorada.

– Muito prazer, Lily, sou Malia – a adolescente estendeu a mão para a morena gentilmente e Lilith se surpreendeu com a educação da menina.

– Emma, você namora uma menina? – Henry perguntou baixinho e a irmã olhou-o com repreensão.

– Henry!

– Tudo bem, Malia – Emma apenas riu – Sim, garoto, eu namoro uma menina. Tem algum problema?

– Nenhum, minha tia é casada com a minha outra tia – respondeu sorrindo – E eu amo elas.

– Sorte da sua tia então – Lily interrompeu.

– Você vai casar com a Emma? – ele perguntou olhando para a morena e Swan quase engasgou com a própria saliva.

– Então, estão sozinhos? – a professora perguntou mudando completamente de assunto e Lily percebera, mas achou melhor não comentar nada na frente das crianças.

– Não, viemos com a mamãe – Malia respondeu – mas ela foi ao banheiro e pediu que escolhêssemos uma mesa.

– Ela está vindo – Henry comentou enquanto Emma prestava atenção ao que sua aluna dizia.

– Já acharam uma mesa, crianças? – Malia se virou para olhar a mãe, dando espaço para que Emma também a visse e quando os olhares se encontraram, foi quase impossível disfarçar o espanto.

– Ainda não, encontramos a Emma – a menina disse olhando para a morena – É a minha professora de piano, a senhora não conhece ela ainda – Lia se virou para a loira com um sorriso, ainda não havia percebido que ambas estavam paralisadas se encarando como se o mundo ao redor não existisse – Emma, essa é minha mãe, Regina Mills. Mãe, essa é Emma Swan.

Regina não conseguia sequer se mover, nem desviar o olhar daquelas belíssimas esmeraldas que um dia a fizeram suspirar. Nunca imaginou, nem em um bilhão de anos, que depois de dezoito sofridos anos iria encontrar a loira em um restaurante e muito menos que ela também seria a professora de piano que Malia tanto falava.

Nesse meio tempo, Emma analisava todas as probabilidades. Malia e sua semelhança com sua ex, a forma de falar e se portar como adulta, mas é claro que seria filha de Regina Mills! Sua mente não estava pregando uma peça quando resolveu analisar essa possibilidade e sim estava tentando alertá-la. Que Universo pequeno esse.

– É um prazer conhecê-la, senhorita Swan – Regina disse quebrando aquele silêncio mortal após engolir o nó que havia se formado em sua garganta. Queria fugir dali o mais rápido possível enquanto Emma se perguntava por quê Regina havia fingido que não a conhecia.

A resposta bateu nela como um enorme balde de água fria, era óbvio que Regina Mills não iria fazer uma cena na frente dos filhos e provavelmente eles nem imaginavam quem a loira era.

– O prazer é todo meu – respondeu engolindo em seco, queria levantar e conversar com Regina, o arrependimento ainda lhe corroía por dentro como se fosse ácido sulfúrico.

– E essa é a Lily – Malia apontou para a morena sentada em frente à Emma que tinha uma cara desconfiada, havia percebido toda a tensão entre a namorada e a desconhecida – Ela é namorada da Emma.

– É um prazer – Regina disse por pura educação escondendo o desprezo na voz ao olhar para a mulher.

– O prazer é meu – Lily também não havia gostado nenhum pouco da bela morena parada ali, ela era um poço de beleza e já estava se irritando com a cara de idiota que Swan fazia para ela.

– Crianças, vamos – Regina pegou no braço dos filhos e os puxou – Precisamos encontrar uma mesa e a senhorita Swan precisa de privacidade.

Emma ficou observando a morena se afastar, sua mente borbulhava. Precisava conversar com Regina, pedir perdão por tudo e dizer que ela já não era mais aquela Emma jovem e inconsequente que não ligava para nada e nem para ninguém. Regina precisava saber disso.

– Emma, eu estou falando com você! – Lily estalou os dedos na frente do rosto da namorada, trazendo-a para o mundo real – Não está me ouvindo?

– Me desculpe, o que disse? – perguntou perdida tentando não olhar para onde Regina havia se sentado do outro lado do restaurante, o mais longe possível da loira e sua acompanhante.

– Quem é aquela mulher? – questionou irritada.

– Mãe da Malia, não ouviu? – se fez de desentendida e agradeceu à todos os deuses pelo garçom ter voltado com o pedido das duas – Obrigada – ela agradeceu e o rapaz se retirou.

– Não se faça de sonsa, odeio quando faz isso – rebateu revirando os olhos – Você conhece ela, não conhece?

– Não, Lily, eu não conheço – respondeu olhando diretamente nos olhos da namorada, não queria mentir, mas a história que tinha com Regina não era da conta de ninguém – Comecei a dar aula para Malia há quase dois meses e nunca tinha visto nem a cara daquela mulher.

– E por que vocês duas pareciam ter visto um fantasma quando se olharam? – continuou com a desconfiança irritando a namorada.

– Você estava vendo coisas – disse desviando o olhar para o prato – Vamos comer, ainda preciso ajudar Belle com as malas dela.

Lily respirou fundo e se concentrou em seu cannoli, não estava cem por cento confiante na resposta de Emma, mas preferia deixar o assunto para outra hora. Ela sabia que se fosse paciente, teria o momento certo para trazer de volta esse assunto. Olhou para a namorada que mexia no prato completamente dispersa em seus próprios pensamentos e virou a cabeça para procurar a mesa da outra morena, e logo a encontrou olhando fixamente para onde elas estavam. Regina percebeu que estava sendo observada pela namorada de Emma e desviou o olhar para prestar atenção nos filhos.

– Ela é incrível – Lia comentou animada – E ela sabe tocar perfeitamente Fur Elise, mãe! Você acredita?

Acredito, eu que ensinei.

Pensou, mas apenas sorriu e concordou com a filha. Como poderia trabalhar em paz sabendo que o motivo de vários anos de noites mal dormidas estaria em sua casa passando algumas horas ao lado de sua filha? E pra piorar, Malia estava enfeitiçada pela loira então não havia maneiras de pedir para que ela fosse substituída. Regina entendia a parte de estar enfeitiçada por Emma Swan e não julgava, ela mesma passou anos sob esse mesmo feitiço, mas o tombo foi feio e deixou muitas cicatrizes que ela achava que não doíam mais. Estava enganada e agora sentia como se uma faca estivesse abrindo novamente cada cicatriz deixada pela loira e Regina se odiava por se sentir dessa maneira depois de dezoito anos.

– Mamãe, depois daqui podemos ir tomar sorvete? – Henry perguntou.

– Infelizmente não, querido, pelo menos não comigo – sorriu tristemente acariciando o rosto do menino – Papai virá buscar vocês depois que terminarem de comer.

– EBAAAAA! – Henry gritou animado atraindo a atenção de várias pessoas no restaurante, incluindo Emma e Lily – Que bom que ele não esqueceu da gente, né mamãe?

– É, querido, que bom que ele não esqueceu – sorriu para seu menino se sentindo feliz por ele estar feliz. Henry tinha Daniel como um herói, mas o pai não fazia tanta questão assim de ser o exemplo para o filho – Agora comam, precisam ficar...

– Saudável – interrompeu Lia com uma expressão de tédio, não gostava muito de passar o final de semana com o pai, eles não eram muito próximos e era sempre estranho.

– A gente sabe, mamãe – Henry respondeu sapeca e começou a comer seu delicioso macarrão gratinado.

Regina queria olhar, mas sabia que não podia ceder. Não era certo. Ainda doía muito. Ainda machucava como se fosse recente e não há dezoito anos. Era difícil resistir, mas ela precisava ser forte e continuar com aquele teatro de 'eu não te conheço'. Era a melhor opção para ela, para a saúde mental dela. Se manter longe era a única saída.


Notas Finais


Então, amores?? O que acharam?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...