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História Lonely rebel - Capítulo 3 - Quando um olhar encontra outro


Escrita por: caitvistar

Notas do Autor


[🌻] lele:
♡ boa leitura!

Capítulo 3 - Capítulo 3 - Quando um olhar encontra outro


Capítulo 3: Quando um olhar encontra outro. 


Entre a quietude e a solidão enevoada da noite, Chaeryoung passava a escova por seu cabelo de maneira calma, observando o próprio rosto no espelho; o seu semblante, frio. 

Entretanto, tal frieza era apenas uma máscara de não ter ninguém com quem compartilhar de verdade os próprios sentimentos. Por dentro, fervilhava. Pensava nas palavras de Irene, na amizade que tinham, e em como se sentia tão pequena ao seu lado, mas jamais seria capaz de afastar-se dela. Havia tão poucas escolhas, que sentia-se grata por participar do grupo das mais belas e de melhores famílias da escola – ainda assim, era infeliz ser a menos interessante do grupo. 

Pensou nas palavras de Ryunjin. Ela tinha toda razão quando falava que a outra era apenas uma garota fútil, por mais que lhe doesse admitir, não conseguia enxergar qualidade nenhuma em si. 

O irônico é que, apesar de ter jogado a mais dura verdade na cara de Chaeryoung, Ryunjin também era o motivo no qual não se sentia tão melancólica nos últimos dias. Suas palavras foram tão pequenas, e deveria soar uma ofensa para Chaeryoung, considerando o quanto a opinião da outra não deveria ser levada em consideração. Mas não conseguia deixar de pensar na cena exata em que observou ela de costas, a tatuagem com o sinal do infinito entre a sua orelha e pescoço, e o som preciso da sua voz a declarando que ela era bonita

– Você adoraria ter uma garota bonita como eu, não é, fracassada? – Chaeryoung declara, convencida. 

Ao terminar de arrumar o seu cabelo, se ergueu da cadeira e pôs o objeto na instante. Bocejou baixo, já começando a torcer para que aquela fosse uma noite sem pesadelos. 

O rosto de Ryunjin veio a sua mente de repente. Por um momento, pensou nela de uma forma estranha. Como se… Como se ela fosse alguém. Ignorou aquela sensação e se sentiu incomodada por não sentir o cortante desprezo de sempre. Tentou não mergulhar naquela irritação e andou até a cama, o pensamento habitual de como era doce quando sua mãe costumava a dar um boa noite quando Chaeryoung era pequena, invadindo a sua mente.  A solidão era algo difícil de esquecer. 

Quando sentou no colchão, o seu coração quase saiu pela boca, e os olhos cerraram-se ao se deparar com o corpo que havia tombado de sua janela. Sua respiração parecia querer explodir de dentro da garganta, e no instante em que reconheceu o corpo da pessoa no chão, pensou se não deveria chamar a polícia. 

Chaeryoung tremia quando tentou atravessar a distância entre a sua cama e o telefone, e sentiu que ia desmaiar quando sentiu aquela mão no seu calcanhar. A pessoa no chão não parecia sequer conseguir levantar. 

– Solte-me! – a Lee exclamou frustrada, sentindo vontade de puxar a perna com brutalidade. 

Mas não era tão insensível assim. Tudo o que desejava era ligar para a polícia e tirar Shin Ryunjin de dentro do seu quarto. 

– Eu preciso de ajuda. – Ryunjin murmurou, e então Chaeryoung percebeu que além do braço machucado, canto dos olhos feridos e bochecha, os lábios também sangravam. 

– E o que eu tenho a ver com isso?! Porra, eu não quero você na minha casa! Você acha que sou o que? Uma delinquente? Su-sua amiga? Eu vou-

– Eu não vou te machucar! – murmurou com dificuldade novamente, e o coração de Chaeryoung permanecia disparado de ansiedade – Eu sei que não… somos… eu só preciso de ajuda. 

Chaeryoung teve uma ideia. A observou como se estivesse começando a ceder e, assim que o toque em seu calcanhar afroxou, abriu a porta do quarto e correu em busca de alguém. Ou ao menos iniciou passos apressados e nervosos, até parar entre a cozinha e a grande sala de estar. 

Seu coração ainda martelava no peito enquanto olhou escadas acima, imaginando quais palavras diria aos seus pais. Saber que não havia ninguém ao seu redor a fazia sentir-se mais frágil e vulnerável na noite fria, e precisou se apoiar na parede por um tempo antes de tomar qualquer atitude. 

Tentou dar um passo a frente, mas algo a impediu. Relembrou a imagem de Ryunjin em seu quarto novamente, sentindo aquela sensação de vê-la de outra forma, mais uma vez. Sentiu o coração apertar. Por que… por que algo tão estranho estava acontecendo? Ryunjin era uma escória. Era tudo de menos louvável que havia no mundo. Então por que, por que justo Chaeryoung pensava nela daquela forma? O que suas amigas iriam pensar? O que sua mãe iria pensar?

Suspirou frustrada, não tinha tempo para esses pensamentos. Respirou fundo pra tomar coragem e, ao invés de subir as escadas, procurou o armazém onde a sua família guardava apetrechos de emergência como lanternas, dinheiro e, a primeira coisa que Chaeryoung prestou atenção porque era a que mais precisava naquele momento – o depósito de primeiros socorros. 

                       [...]

Ao terminar de limpar os ferimentos de Ryunjin e a dar um remédio que havia usado na vez em que quebrou o braço, pois não sabia qual seria o melhor naquela situação, sentiu-se intimidada ao observar o corpo da outra sob a sua cama. A Shin permaneceu o tempo inteiro no mais centrado silêncio, seu semblante flutuando apenas quando viu Chaeryoung entrar no quarto com o depósito. 

Aquela situação era assustadora para a Lee. Temia que alguém estivesse atrás de Ryunjin, ou que até a própria fosse capaz de machucá-la. Todavia, não teve impulso o suficiente para abandoná-la ali. Tampouco o desejou. 

Com tantos machucados e incapaz de se levantar naquele instante, a Shin parecia quase inofensiva. Mas ainda assim, distinto de tudo o que Chaeryoung já conviveu. Não compreendia como a vida podia ser tão imprevisível, mas também não compreendia porquê não conseguiu chamar a polícia. 

Observou a outra e confessou que, ainda da maneira mais tumultuada e tempestuosa possível, a sensação de Ryunjin ali, ainda que intimidante, parecia... fazer sentido. Sentia que no meio de um labirinto gritante, estava no único lugar onde poderia estar. 

Percebendo a outra de olhos fechados, Chaeryoung se levantou da cadeira de onde estava e ajoelhou-se no chão ao lado da outra, estando próxima ao seu rosto. A contemplou com curiosidade, começando a sentir algo estranho no estômago. Sentiu uma mínima pena dela por seu rosto estar daquela forma.

Mas não conseguiu sentir tanta assim, porque poxa, mesmo machucada, ela continuava bonita. Muito bonita. Isso chamou a atenção de Chaeryoung, que mais uma vez, sentiu o estômago revirar. Estava bastante próxima do rosto de Ryunjin, e aquele fato deixava o seu coração hesitante e temeroso. 

Ryunjin então abriu os olhos, devagar. 

A Lee pensou que aquela atitude fosse a assustar. Afinal, estava tão próxima. Mas… o que aconteceu aquele momento fora além de tudo o que viveu até então. Ao ter os seus olhos tão próximos dos da outra, pela primeira vez, não sentiu o mínimo medo da Shin. Ao contrário – cada peça bagunçada de seu ser parecia ter encontrado o seu lugar, e Ryunjin não parecia nada além de uma garota normal, que a fazia sentir-se como numa fantasia

Uma fantasia estranhamente real, ao ponto de Chaeryoung sentir o perigo que aquelas sensações representavam.

Desejou ofender Ryunjin. A declarar palavras rudes e mal educadas para que ela se sentisse mal e nunca mais se aproximasse. Ser como Irene, sua mãe, os vizinhos, a cidade, quem lia o jornal. 

Entretanto, a partir daquele instante, sentiu que já não fazia mais parte daquele grupo. 

 – Obrigada. – Ryunjin murmurou, seu olhar tão profundamente direcionado a Ryunjin quanto o dela no seu.

– De nada… – respondeu, a voz tão suave e baixa, que quase soou escondida. 

Chaeryoung finalmente desviou o olhar. Sentia curiosidade sobre quanto tempo Ryunjin permaneceria em sua cama, mas não sentia pressa. O sono havia passado completamente. Sem contar que, pela primeira vez em muito tempo, sentia-se viva. Entre as profundas emoções que viveu naquelas quase duas horas, a sensação constante de estar sozinha e vazia diminuiu, e por mais que não pudesse admitir pra outra pessoa, sabia que Shin Ryunjin era a causa. 

– Sabe… – Ryunjin começou. Chaeryoung quis pedir que ela não se esforçasse daquela forma, mas não se sentia confortável o suficiente. – Conheço pessoas e histórias onde os outros falam ver algo a mais do que alguém é realmente. Sempre… achei uma baboseira. Como você pode julgar alguém pela aparência?

Chaeryoung prestava atenção em cada palavra, ainda que retraída. 

– Mas… desde que você chegou nesse lugar. Desde quando te vi saindo daquele carro, pensei que haveria algo mais. Mas não levei muito a sério. Pensei que você era apenas tão bonita que me fez pensar esse tipo de coisa. E os seus atos… as suas palavras… tudo sobre você só mostrava o quão certa eu estava. 

O olhar de Ryunjin e Chaeryoung voltaram-se uma para a outra ao mesmo tempo, com calma. 

– Mas eu acho que neste caso, realmente havia algo mais em você. – a Shin declarou, como se soubesse perfeitamente sobre o que falava. 

Antes que pudesse pensar sobre não saber como responder aquilo, Ryunjin se sentou com dificuldade e ergueu-se da cama, indo até a janela. 

– Você… – a Lee começou, insegura com aquele ato. 

Queria pedir para que parasse. Poderia dormir ali e sair pela manhã. Mas até parece que palavras gentis tão pouco treinadas por seus lábios, souberam a forma de soar. 

Ryunjin, sentada na beira da janela e já pronta para ir ao chão, respondeu:

– Eu ficarei bem. Eu sempre fico. Você fez o suficiente.

A Shin a dirigiu um último olhar, algo parecido com carinho. Como uma pétala de flor. 

Então saltou sobre chão da calçada, e Chaeryoung sentiu-se desconfortável ao ver que ela andava com dificuldade. Mas confiou nela. Sabia que, de um jeito ou de outro, ficaria bem. 

Observou-a partir, sentindo algo estranho a medida em que o seu corpo desaparecia rua a fora. 

Com o coração apertado por tê-la visto partir, fechou a janela. 

E tudo o que sua mente conseguia pensar naquele momento, era no último olhar que recebera, segundos atrás.








                    [...]

Ryunjin olhou para trás, notando que da janela, Chaeryoung ainda a observava. O seu peito hesitou. 

Voltou a caminhar com dificuldade, mas mesmo com o rosto dolorido, não pôde evitar sorrir. 


Notas Finais


chae e ryunjin dessa fic são as minha preciosa T.T por favor cuidem bem delas


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