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História Love Shot - Testemunha?


Escrita por: imakinox

Notas do Autor


oioioi gente!
como vão? espero que todos bem!
trouxe mais um capítulo com algumas coisas importantes, uma aproximação dos nossos nenéns e um pouco do passado do Levi. espero que não tenha ficado massante.
— a música do capítulo é "love shot": https://open.spotify.com/playlist/70KPyisJD7Bn61fp2zojKW | https://youtube.com/playlist?list=PLv8GR2J2FVhrYQNEvCUJIdqMkR163Exv3
nos vemos nas notas finais,
boa leituraaaaaa

Capítulo 9 - Testemunha?


[ ego crescendo até o limite
e um copo de compaixão vazia
estou com sede, vou tomar deste copo transbordante ]

 

 

Levi e Eren saíram do Vanilla Club rumo ao carro importado luxuoso que o filho de Grisha tinha. O Ackerman parou na frente do veículo preto, uma mão na cintura e a outra indo em direção ao bolso, pegando a caixa de cigarros e destacando um, acendendo logo após.

— Acha que ‘tá gatinho e indo com esse carro pra onde? — Ele perguntou após baforar a fumaça. 

— Bom, não sou gatinho, sou um gatão e achei que fôssemos no subúrbio. — Eren respondeu destravando o veículo.

— Com um carro desses? De jeito nenhum. — Levi revirou os olhos. — Você por si só já chamará atenção com essas roupas de riquinho mesquinho. 

— Riquinho mesquinho? — Eren arqueou uma sobrancelha. — Eu sou rico, sim. Mesquinho, não.

Levi deu uma risada sarcástica enquanto tragava mais um pouco do cigarro, soltando a fumaça em seguida. 

“Com certeza você não é um mesquinho, com certeza”, ele pensava consigo mesmo. Era óbvio que Eren nunca havia pisado em um local de procedência duvidosa, se envolvido em brigas e ido a botecos vagabundos. Estava estampado no rosto dele a “inocência” de uma vida vivida apenas nos mais belos luxos.

— Estou totalmente convencido disso, realmente. — Levi foi irônico, jogando o cigarro no chão e apagando com os pés.

— Você deveria parar de fumar tanto assim.

— E você deveria cuidar da tua vida. 

— Delicado como uma flor.

— E uma vadia na cama. — Levi provocou, rindo malicioso após ver o olhar surpreso do mais novo. — Opa, escapou.

Eren se aproximou do corpo pequeno, pegando com firmeza na cintura definida e colando a boca no ouvido alheio.

— Continua me provocando assim que eu te como na frente de todos e vou te fazer implorar por mais igual uma cadelinha no cio. — Ele sussurrou rouco, voz carregada de malícia e uma mordida deixada no lóbulo da orelha logo após.

Levi arrepiou-se inteiro. Não sabia se era pela frase sussurrada de forma rouca no pé do ouvido, não sabia se era pela pegada forte em sua cintura ou se era pela mordida repentina.

Ou poderia ser uma mistura de tudo aquilo e mais um pouco.

Mordeu o próprio lábio pensando em como aquele tremendo gostoso o foderia das mais diversas formas e jeitos, degradando-o e humilhando-o, exatamente como gostava.

A pose marrenta e poderosa era visível para todos, mas no fundo Levi sabia que gostava de ser submisso no sexo e isso era um segredo apenas para aqueles que conseguiam usufruir daquele corpo gostoso. Gostava de ser xingado, gostava de apanhar, gostava de ter os cabelos puxados e o corpo marcado. Ele gostava de coisas assim e se encontrasse um parceiro que era compatível, tudo se tornava melhor ainda.

E lá estava Eren que nunca nem o tocou mais profundamente – mãos diretamente nas partes onde mais desejava –, o máximo que ele teve a proeza de fazer foi ter um deslumbre do torço definido, o gosto e textura da pele macia, além de brincar de forma gostosa e indecente com os mamilos rosados, e isso já foi o suficiente para fazer Levi ir à loucura com um pau duro entre as pernas e gemidos incontroláveis saírem do fundo da sua garganta.

Gostava disso. Gostava desse jogo barato de sedução. Gostava da forma que usava Eren. Gostava da forma que ele o usava e seria imbecil e tolo demais de achar que aquilo tudo não era apenas para fodê-lo com força, mas se pudesse tirar um proveito disso não acharia ruim, claro que não. Iria se deliciar e se aproveitar de cada pedacinho daquele corpo gostoso.

— Eu duvido. — Levi sussurrou em um sopro após se recompor, encarando-o nos olhos.

Verde intenso se chocando com o azul felino em puro desejo e luxúria. A tensão sexual pairava ao redor de ambos, a vontade que tinham era de se pegarem ali mesmo e matarem a vontade que seu âmago desejava; no entanto, ainda não era o momento certo. Pelo menos não aquela hora.

— Escuta, garoto. — Levi o empurrou bruscamente, colocando as mãos na cintura em seguida. — Nem fodendo que você vai com esse carro para onde quero te levar. Vá para sua casa e troque de roupas, de preferência casuais, porque você com esses conjuntos fica estampado que é pedigree. — Ele o mediu de cima em baixo e pegou o próprio celular do bolso. — Me passa teu número que eu vou te buscar.

— Vamos fazer uma viagem ou algo do tipo? — Eren tentou brincar, o que resultou em um olhar seco pela parte de Levi. — Certo, anota aí. — Falando isso passou o número do telefone e o baixinho mandou apenas um ponto para que Eren salvasse seu número também e logo guardou o celular de volta. 

— Se arruma que eu passo na sua casa e te pego. 

— Vai me pegar que horas? — A malícia era presente e o sorriso sacana também. Levi não pôde evitar sorrir igual, jogando os fios negros para trás.

— A noite inteira, se Deus quiser. — Ele respondeu direto, voz carregada de segundas intenções, mas tinha um fundo de verdade. Acenou para um táxi que passava ali e abriu a porta do veículo, mas virou-se para Eren antes de entrar. — Me mande mensagem quando estiver pronto.

Falando isso entrou no carro e saiu, deixando Eren com um sorriso no rosto e com a expectativa nas alturas.

Seria aquela noite que foderia Levi, não deixaria essa chance passar.

______

Levi estava em seu apartamento, mais precisamente em seu escritório enquanto olhava para o painel que havia construído ali com as informações que tinha até o momento sobre a operação de Grisha. Não era muito, mas tinha a certeza que com o envolvimento que desenvolveria com Eren iria descobrir mais coisas.

Enquanto fumava um cigarro e olhava para os dois capacetes em cima da cadeira, se pegou pensando onde havia enfiado o seu juízo para propor algo do tipo para Eren. Era loucura, de fato era. Sempre que se envolvia com seus alvos quando era necessário para obter informações era somente entre quatro paredes, estava totalmente fora de cogitação levá-los ou envolver-se com qualquer um deles em locais públicos – primeiro pelo sigilo da operação e segundo para preservar a sua identidade como espião –, só não entendia muito bem o porquê de ser diferente com Eren.

O foco principal estava ali: usá-lo par obter informações; porém, se perguntava o porquê de simplesmente não ter proposto uma foda casual com ele a fim de aproximá-los de outra forma.

— Encontro o cacete. — Ele sussurrou para si mesmo enquanto apagava o cigarro no cinzeiro, lembrando-se de Eren questionar se iriam para algum encontro. — Você vai ser somente a chave para obter o êxito na minha operação e também um passatempo divertido. — Ele encarou a foto de Eren no painel com um sorriso presunçoso e logo ao lado estava uma foto de Mikasa.

Sempre teve um pressentimento estranho quando se tratava da irmã caçula de Eren. Não sabia de onde vinha aquele sentimento, mas a sina não bateu desde a primeira vez que colocou seus olhos nela. O aviso para não se envolver com nenhum Jaeger e o punho cortado o fez refletir sobre algo: será que ela sofria de depressão e se cortava como forma de escape? Essa teoria ficou ainda mais forte horas atrás quando viu Grisha humilhar Eren na frente de todos. Se aquilo fosse frequente e acontecesse com ela também, era algo a se esperar. 

Deu de ombros e fez um lembrete mental de ficar de olho nela. Tinha algo ali que não se encaixava e queria muito estar errado.

Seus pensamentos foram interrompidos quando ouviu o barulho de notificação do celular. Pegou o aparelho vendo a mensagem de Eren piscar ali e deu um risinho, pegando os dois capacetes e indo até o térreo do prédio onde morava pegar sua moto: uma BMW R 1200 na cor preta. Não era de usá-la sempre, apenas em algumas ocasiões e pensou que aquela seria a ideal.

Colocou o capacete e olhou a localização que Eren havia mandado, dando partida na moto e indo até o local.

____

— Aonde você vai? — Mikasa perguntou ao ver Eren arrumado de uma forma não rotineira.

Ele estava basicamente todo de preto: um jeans liso, camiseta de mangas compridas e um Vans nos pés, cabelos no coque de sempre. Totalmente diferente da forma que ia vestido para o Vanilla Club. 

— Bom, ao que tudo indica, vou a um encontro com Rivaille. — Ele falou, vendo a irmã arregalar os olhos. — Não fale para o pai e nem para Dina sobre. Se perguntarem, você não sabe de nada.

— Minha boca é um túmulo, você sabe... — Ela fez um sinal de zíper na boca, arrancando um risinho de Eren. — Eu disse mais cedo que não confio nele, tome cuidado. Eu tenho um péssimo pressentimento quando se trata dele.

— Sim, mamãe. — Eren revirou os olhos, já tinha tido aquela conversa horas antes com ela.

— Vai me agradecer depois. — Ela deu de ombros. — Como foi a visita do papai no clube?

— Bom, tirando o fato dele ter me humilhado, batido e cuspido na minha cara, tudo correu perfeitamente bem. — Ele deu de ombros sendo irônico, suspirando fundo e Mikasa assustou-se.

— Ele fez isso? Na frente de todos?

— Bom, sim. Ele simplesmente assediou uma funcionária descaradamente na minha frente e eu simplesmente não pude fingir que não vi. Me deu nojo e repulsa.

Mikasa ficou quieta por um minuto com um olhar vazio vidrado nas próprias mãos, quase como se um gatilho tivesse sido acionado ali. Eren observou isso e a chamou algumas vezes, não obtendo resposta alguma, então segurou os ombros pequenos e os balançou, trazendo-a de volta à realidade.

— ‘Tá tudo bem, Mika? O que houve?

— Nada, eu só fiquei aérea de repente. — Ela sorriu meiga, tentando disfarçar todo o nervosismo que estava sentindo e enganar o irmão com o falso teatro, em vão.

— Você quer ajuda com alguma coisa? Pode contar comigo, você sabe.

— Eu... — Ela mordeu a própria boca desviando o olhar e antes que mais alguma palavra pudesse ser dita, o interfone que ficava na sala onde estavam tocou. — Deve ser ele.

— Sim, provavelmente é. Você ficará bem?

— Claro. Vou voltar a estudar farmacologia. Sabe, é a minha matéria preferida. — Ela sorriu, dando de ombros. — Se divirta e use camisinha antes de sair enfiando esse pau em qualquer buraco.

Eren fez uma careta com a pequena “repreensão” da irmã caçula, mas sorriu logo após, deixando um beijo nos fios negros e atendeu o interfone, ouvindo do guarda que Rivaille havia chegado. Acenou para Mikasa e saiu da casa e já do lado de fora o viu: um metro e sessenta de pura marra em cima de uma moto, jeans rasgado em uma lavagem clara, coturno preto nos pés, camisa e jaqueta de couro, ambas pretas, óculos de sol no rosto, segurando um capacete no tanque da moto enquanto o outro estava “vestido” em seu braço e não menos importante: estava fumando.

“Puta merda”, Eren pensou enquanto se aproximava da moto, vendo-o dar um último trago e jogar o cigarro na rua. “Como pode ser gostoso assim?”

— Eu sei, sou gostoso, maravilhoso e encantador. Não precisa ficar olhando com esse olhar de bicha apaixonada pra mim, garoto. — Ele estendeu o capacete para Eren que pegou e vestiu.

— Me surpreende ver você dirigir uma moto. — Eren falou enquanto amarrava o capacete corretamente, vendo Levi vestir o próprio também.

— Vai se surpreender com muita coisa sobre mim ainda, pirralho. — O Ackerman falou, ligando a moto. — Pronto aí?

— A hora que quiser.

Não precisou de mais uma palavra e logo a moto estava andando em alta velocidade.

_____

Conforme as ruas do bairro nobre foram sendo deixadas para trás, junto com mais da metade da cidade, Eren se viu em mundo onde nunca havia pisado antes: o subúrbio da cidade onde moravam.

Nunca havia ido para aqueles lados, na verdade nem sabia que existia aquilo. Era realmente possível alguém viver em casas simples e minúsculas como aquelas? Prédios descascando de tão antigos, ruas esburacadas e mal iluminadas, casas velhas e rodas de pessoas com atividades, no mínimo, suspeitas. 

Bom, não era bem o ambiente em que foi criado. O lugar mais “pobre” que havia pisado foi na casa de sua mãe biológica, Carla. Ela não morava em bairros periféricos como aquele, mas era tão simples quanto. Seu peito se apertou ao pensar nela, mas preferiu deixar isso de lado por um instante.

Viu Levi parar a moto em um estacionamento de um local com um letreiro piscante: era uma espécie de bar, ao que parecia.

— Onde estamos? — Eren perguntou, sobrancelhas arqueadas após retirar o capacete da cabeça.

— No cassino clandestino de gente pobre, Eren. — Levi falou enquanto ajeitava os fios negros no retrovisor da moto. — Não encare ninguém diretamente, a não ser que esteja jogando.

— E nós vamos jogar?

— Bom, vou te mostrar um pouco quem é o verdadeiro Rivaille, garoto. — Levi falou, saindo da moto e andando até a entrada do local sendo seguido por Eren.

O sino do local ecoou, fazendo algumas cabeças virarem para ver quem havia entrado e alguns murmúrios surgiram. Levi era conhecido no meio daquela gente, havia crescido ali – o tio sempre frequentou aquele tipo de ambiente e consequentemente aprendeu a jogar, fumar e beber ali – e o jeito arrogante e egocêntrico era uma marca registrada do baixinho, além de sua fama de jogar muito bem.

— Por que toda essa atenção para você? — Eren perguntou baixinho em um sussurro e Levi deu de ombros.

— Não sei, talvez por que eu seja irresistível? — Ele falou indiferente, se dirigindo até o balcão do bar.

— Rivaille, você por aqui... — Uma mulher morena falou enquanto enxugava alguns copos com um sorriso no rosto ao vê-lo. — Acompanhado ainda, quem diria, os tempos são outros… 

— Algumas coisas mudam, outras nem tanto. Você ainda está aqui, Ymir? — Ele sentou-se em uma das banquetas que havia ali.

— Isso aqui é o meu castigo, mas a única coisa que distrai a minha cabeça da nojeira lá de casa. — Ela deu de ombros.

— Continua a mesma coisa? — Levi perguntou e viu a morena assentir com a cabeça. — Você deveria sair de lá logo, ninguém merece viver assim.

— É um dos planos, vamos ver… — Ela suspirou fundo. — Mas e você? Deixe-me adivinhar, quer a mesma bebida de sempre?

— Você me conhece tão bem. — Ele riu soprado, assentindo com a cabeça. — E sim, eu quero o mesmo de sempre.

— Te conheço desde os cinco anos só. — Ela piscou se virando e pegando algumas bebidas. — E o trabalho?

— Bem, a mesma coisa. Nada muito emocionante. — Obviamente ele estava usando códigos e a mulher entendeu.

Ymir conheceu Levi ainda muito novo em uma das idas do tio até aquele bar. Sendo frequentador assíduo do local, o levava quase sempre – ainda criança e como não poderia deixá-lo sozinho, o carregava até lá – e a maioria das vezes era deixado com Ymir – na época, adolescente – enquanto Kenny se divertia com jogos e mulheres. 

Não tinha muito do que se orgulhar ou se gabar, ali era um ambiente sujo regado à prostituição, drogas, jogos ilegais, muita bebida e gangues, mas mesmo assim fazia e fez parte de sua vida. Cresceu naquele mundo e um pouco da sua personalidade foi moldado por conta disso.

Além de Hange, Farlan e Isabel – pessoas que trabalhavam diretamente para a Survey Corps –, Ymir era a única que sabia a real profissão de Levi e com o tipo de gente que trabalhava. Bem, não iria sair falando para todos que o mesmo era um agente de infiltração e que pegava informações e matava algum alvo esporadicamente, a verdade é que Levi a ajudou muito quando precisou, principalmente em questões financeiras e era grata demais ao baixinho, enterrando esse segredo a sete chaves. 

— O seu amigo aí é mudo e surdo? Não ouvi a voz dele desde que entrou aqui. — Ela colocou o copo com a bebida de Levi no balcão e olhou para Eren. — Me chamo Ymir, e você?

— Eren. 

— Tenho a impressão que te conheço de algum lugar, enfim. — Ela deu de ombros após analisá-lo. — O que vai querer beber?

— O mesmo que o dele. — Eren apontou para a bebida de Levi e a viu assentindo. 

— Um momento que já fica pronto. — Ela virou de costas novamente. — Vai jogar hoje, Rivaille?

— Nesse momento. — Ele sorriu malicioso, se levantando. — Pegue sua bebida e venha jogar comigo, garoto.

Eren apenas assentiu com a cabeça, observando Levi. Não havia nada de diferente: a marra e a aura poderosa estavam ali o cercando, quase como um escudo inabalável; e naquele exato momento, enquanto encarava a figura baixinha e elegante, teve a impressão de que ele seria um grande problema na sua vida.

— E aí. — Levi falou enquanto sentava em uma mesa rodeada por pessoas. — Quem é o próximo?

Eren observou bem, algumas pessoas usavam jaquetas com uma espécie de logo atrás e chutou que provavelmente seriam a identificação de alguma gangue. Alguns cochichavam quando viram Levi sentar-se na mesa e acender o bendito cigarro enquanto dava alguns goles na bebida feita por Ymir.

A verdade era que muitos ali o conheciam ou já haviam ouvido falar dele: Rivaille, sobrinho do famoso Kenny, era intimidador e ganhava de todos que ousavam desafiá-lo. Eren notou a atmosfera pesada do local, mas sequer ousou dizer uma palavra.

— O que? Ninguém? — Levi riu sarcástico colocando os pés em cima da mesa.

— Não pensei que você fosse te ver com outra pessoa, ainda mais um parceiro de jogos de carta. Estou realmente surpreso. — Levi e Eren procuraram o dono da voz, vendo-o andar até a mesa ao lado de outra pessoa.

— Galliard, acho que depois da última surra que te dei você nem deveria falar comigo. O seu nome já diz por você mesmo: Porco. — Levi virou-se encarando o loiro com um sorriso convencido no rosto fazendo mais murmúrios percorrerem o local.

— Você se acha muito, seu merda. — Porco rebateu.

— Oh, me xinga mais que eu gosto. — O Ackerman ainda sorria satisfeito ao ver que o loiro inflava com facilidade diante suas provocações.

— Quem está trazendo com você? Esse coitado sabe que está mexendo com a pior pessoa do subúrbio? E a mais interesseira também?

Levi gargalhou sarcástico, negando com a cabeça.

— Ah, esqueceu de mencionar que sou o mais gostoso daqui também, ou será que não mencionou de propósito? Nem preciso falar da vez que a sua namorada veio pedir para sentar no meu pau anos atrás, não é? Talvez é por isso que você tenha esse amor enrustido por mim? — Ele provocou mais e Porco ameaçou ir para cima, mas foi segurado pelo irmão e Eren inesperadamente entrou na frente de Levi para defendê-lo.

— Você se acha demais, seu mesquinho. Vai, defende ele, seu otário. — Ele falou para Eren. — Não sei se sabe, mas esse aí é como a mãe vagabunda dele, abre as pernas para qualquer um e não está nem aí. — Dessa vez ele virou-se para Levi. — Você é diferente e mais sujo, não é? Você abre a perna de graça, pelo menos aquela vadia cobrava para… — Foi interrompido.

— É, isso mesmo. Abro as pernas de graça e dou a bunda bem gostoso, até reviro os olhos. — Levi falou sarcástico, surpreendendo a todos. — Agora, seu merda, se não sabe continuar com provocações e vai partir para pessoas que não tem nada a ver com isso me fala. Me fala que eu explano o favor que seu precioso pai deve pro meu tio até hoje, seu otário. Ou quer cair nas mãos da gangue rival de novo com a dívida gigante que tem com eles? Será muito bom ter sua cabeça pendurada em algum poste por aí.

Porco engoliu seco e Levi viu o irmão sussurrar algo como “para de mexer com ele”. Suspirou fundo e apertou a mão com força embaixo da mesa com o que havia ouvido. Detestava ouvir coisas daquele tipo da sua mãe e Porco não havia sido o primeiro a dizer aquilo, mas para não espancá-lo ali mesmo jogou mais baixo ainda.

Nada na sua vida havia sido flores. Na verdade, sempre foi apenas espinhos e mais espinhos. Nessas horas gostaria e muito de que a “lavagem cerebral” que a câmara preta tivesse sido efetivada com sucesso e esquecesse de onde veio, de quem era parente e todas aquelas merdas. 

Se amaldiçoou por se sentir tão afetado com apenas uma frase.

Eren o encarou surpreso após a conversa e sentindo um ódio consumí-lo por dentro, estava sabendo mais do que deveria sobre o passado do baixinho, e logo após viu a dupla sentar-se na mesa de jogos de frente para Levi.

— Vamos jogar com você. — Porco falou. — O quê?! Vai amarelar?

Levi o encarou sanguinário e deu um riso sarcástico em seguida.

— Eu tenho cara de quem corre de porcos como vocês? — Ele deu um último gole na bebida. — Sente, pirralho. Vamos jogar juntos.

— Esse merda sabe jogar algo? — Porco falou em uma clara provocação.

— Desculpe. Quando você falar nossa língua eu revido, mas no momento eu não sei falar a língua dos porcos. — Eren revidou, arrancando uma gargalhada de Levi e de algumas pessoas que cercavam a pequena mesa, deixando-o sem graça e murmurando alguma coisa.

Levi sabia que Eren era bom nos jogos de cartas, havia jogado contra ele no clube algumas vezes e sabia que ele tinha mais potencial do que o ridículo do Kirstein que mais roubava do que jogava de fato, só não sabia que ele era tão bom como estava sendo naquele momento.

Várias jogadas sincronizadas e perfeitas, sendo compatíveis quase cem por cento das vezes. Os espectadores estavam até mesmo que impressionados com a destreza com que ele embaralhava as cartas e distribuía para quem estava na mesa, seguido de um sorriso de canto quase que sempre.

Levi podia dizer que estava se divertindo por dois fatores: primeiro que ver a cara dos Galliard perdendo amaciava seu ego de todas as formas possíveis e segundo… Bem, Eren estava ali sentado ao seu lado com um perfume fodidamente bom, com um sorriso bonito pra caralho no rosto e estava fazendo jogadas maravilhosas, o surpreendendo totalmente.

“Não foi uma má ideia chamá-lo, no fim”, ele pensava consigo mesmo enquanto espiava de canto de olho o moreno de olhos verdes e jogava as cartas na mesa.

Logo, sentiu a mão grande em sua coxa apertando ali com gosto e o rosto de Eren ficou próximo ao seu ouvido de repente.

— Se continuar olhando desse jeito eu juro que não vou resistir. — Eren sussurrou rouco no ouvido de Levi mais como uma provocação e jogou as próprias cartas em cima da mesa revelando sua jogada final. — Ops, que pena. Vocês cobrem isso? — Ele virou-se para os dois irmãos enquanto passava o braço ao redor do pescoço de Levi, puxando-o para mais perto, como um casal mesmo.

Porco e Marcel encaravam a jogada incrédulos ao mesmo tempo que olhavam para as próprias cartas e para o “casal” sentado de frente a eles. Quem era aquele homem de olhos verdes? Estava emitindo uma aura parecida com a de Levi, como se pudesse fazer tudo e mais um pouco e todos ali pensaram exatamente a mesma coisa: os dois juntos eram uma mistura fatal. 

Levi era egocêntrico, provocador e narcisista, sempre se enaltecendo e tirando o máximo de proveito que podia de qualquer situação. Já aquele moreno era calmo, quieto, mas tinha uma presença esmagadora e nem precisava de tanto. Podiam dizer que um era gelo e o outro fogo, mas não. Um era a faísca e o outro a pólvora e ambos juntos eram o mais perfeito significado de combustão.

— Estou cansado, vamos embora, pirralho. — Levi se levantou, sendo seguido de Eren; porém, o mais novo parou ao lado de Porco, chamando a atenção para si.

— Ganhamos, não é? — Eren falou de repente. — Peça desculpas.

Todos pararam para ver a cena, no mínimo inesperada. Levi arqueou uma das sobrancelhas, parando e colocando uma das mãos na cintura.

— Pedir desculpas pelo que, exatamente? — Porco deu um riso soprado. — Se ponha no seu lugar, seu moleque e suma daqui. — Ele ergueu o braço para desferir um tapa em Eren, mas o mesmo foi pego no ar pelo mesmo que apertou o punho de forma agressiva.

— Eu falei pra pedir a porra da desculpa. — Eren falou mais firme.

— Esquece o que eu disse. — Porco deu um riso soprado com a audácia de um estranho que havia acabado de chegar no território deles e que estava se achando demais. — Está com essa pompa toda por que? Deixa eu adivinhar. Por que está comendo esse puto aí? É, é exatamente isso que ele é e você ficou encantado de foder ele? Acorda, garoto. Ele é igualzinho a puta da… — Foi interrompido.

Bom, talvez Levi não estivesse esperando nada daquilo, principalmente quando viu Eren acertar quatro socos certeiros no rosto do loiro que simplesmente desabou nos braços do irmão. Os olhos verdes emitiam tanto ódio que jurou que pegariam fogo naquele exato momento.

Aquele era um Eren que nunca havia visto, pelo menos até aquele momento.

Levando as mãos até a gola da camiseta que Porco vestia, Eren o levantou da cadeira e do chão, fazendo com que o mesmo ficasse pendurado sobre o colarinho.

— Nunca fale da mãe de alguém quando quiser insultar essa pessoa, principalmente se ela não estiver presente para se defender, entendeu seu covarde? — Falando isso ele soltou Porco no chão e virou-se para Levi. — Vamos.

Levi viu Eren sair do bar apressado e logo viu os olhares sendo direcionados para si e revirou os olhos, indo até o bar e sacou o dinheiro para pagar pelo que tinha bebido enquanto pegava os dois capacetes.

— Uau, esse cara tem uma presença, não é? — Ymir falou se abanando com uma risada. — Traga ele mais vezes aqui, amei ver ele te provocando. — Ela piscou e Levi bufou.

— Inconveniente.

Dizendo isso, o Ackerman saiu, vendo Eren encostado na sua moto no estacionamento e de braços cruzados. Nervoso e irritado por ter suas regras ignoradas, Levi foi marchando até onde o mais novo estava.

— Que porra foi aquela, Eren? — Ele questionou, irritadiço. — Eu falei sem contato visual e você simplesmente espancou o Porco, caralho!

— Que merda foi que você fez, Rivaille! — Eren explodiu. — As pessoas xingam a sua mãe e você não faz nada, não fala nada? 

— Como eu me sinto em relação a isso e como essa questão me abala não dizem respeito a você. — Levi retrucou. — Não se meta nos meus assuntos.

— Mas você se meteu nos meus. — Eren gritou. — Eu só estou aqui porque você viu a forma que o meu pai me tratou, ou já esqueceu? 

Levi revirou os olhos, irritado. Detestava a forma que Eren o peitava sem medo de perder um dente.

“Pirralho mesquinho”, ele pensou enquanto jogava um capacete para que Eren pegasse.

— Coloca essa merda, cala essa boca e… — Foi interrompido por Eren, que pegou em seu braço e o puxou para próximo do seu corpo, rostos próximos o suficiente para sentirem o hálito quente bater ali.

— Até quando, Rivaille? — Eren sussurrou pegando nas bochechas magras, fazendo Levi encará-lo nos olhos. — Até quando vai ficar com essa pose autoritária? É tão difícil eu entrar na sua vida assim?

Levi o encarou profundamente sentindo o corpo amolecer naqueles braços, um agora circulava e apertava sua cintura com força e possessividade, enquanto o outro estava em seu rosto apertando com uma delicadeza diferente. 

Após morder o próprio lábio com aquelas perguntas sussurradas roucas próximo a sua boca e mais alheio às suas próprias ações do que tudo, ficou na ponta dos pés e capturou a boca de Eren em um beijo.

O mais novo arfou baixinho ao sentir a intensidade que o beijo se iniciou, totalmente inesperado e desajeitado, mas não deixava de ser bom. Com uma mão ainda no rosto pequeno pediu passagem com a língua e observou as mãos ágeis irem rumo ao seu cabelo, pegando nos fios lisos com força enquanto sentia o ósculo ser retribuído com fervor. 

Dando uma puxada no lábio inferior de Eren entre os dentes, Levi finalizou o beijo inusitado virando o rosto logo após a fim de normalizar a própria respiração.

— Viu? Não é tão difícil assim. — Eren riu soprado e convencido, fazendo o mais velho encará-lo meio incrédulo.

— Não viaja, pirralho de merda. Te beijei apenas pra calar a porra da boca. — Ele se afastou colocando o capacete na cabeça e montando na moto. — Sobe logo e para de enrolar.

— Ok, Rivaille. — Eren cantarolou enquanto subia na moto.

Levi suspirou fundo e abriu a viseira do capacete olhando por cima do ombro, vendo Eren encará-lo com afinco.

— Levi. — Ele falou, surpreendendo até a si próprio. — Quando estivermos só nós dois, pode me chamar de Levi.

Dizendo isso deu partida na moto, dirigindo até outro lugar que sabia que Eren jamais havia ido; porém, Levi mal sabia que estava dando uma liberdade perigosa para Jaeger, liberdade essa que poderia arruinar tudo que estava investigando.

____

 — Então, Levi — Eren deu ênfase no nome do baixinho propositalmente —, não vai me dizer por que deixou sua moto em um estacionamento de hotel, hum? Está com segundas intenções, é?

Levi bufou e revirou os olhos enquanto caminhava pelas ruas e não demorou muito para ver ao longe algumas tendas enormes montadas e soube que estava perto de onde queria.

— Garoto, se você quiser dormir na sarjeta eu ‘tô pouco me fodendo, ok? Mas eu prefiro dormir na comodidade de um quarto e uma cama. — Ele pegou um cigarro para fumar. — Te levar para o meu apartamento que não vou.

— E onde estamos indo?

— Em uma festa de rua, já foi em uma?

— Eu nem sabia que isso existia.

— Não estou nem um pouco surpreso com essa informação. — Levi deu um trago no cigarro. — Peguei o hotel mais perto daqui e se você der trabalho com bebida eu te deixo na rua e finjo que não te conheço, entendeu garoto?

— Bom, eu prefiro dar outro tipo de trabalho para você hoje. — Eren sussurrou malicioso, fazendo Levi revirar os olhos. 

— Desligue e guarde o celular, caso contrário pode ser roubado. — Levi alertou quando se aproximaram mais. 

— Você se preocupa de uma forma diferente, sabia?

— Garoto? Eu ‘tô pouco me fodendo pra você. — Ele deu de ombros, jogando o cigarro na sarjeta, fazendo Eren dar uma gargalhada. — Está pronto? Aposto que será a melhor noite da sua vida.

_____

Simultaneamente em seu apartamento, Hange pesquisava algumas informações que havia conversado com Farlan. Enquanto Levi estava desmaiado e sussurrava coisas desconexas, os dois tiveram uma conversa acerca da mãe do baixinho e o motivo dos seus gatilhos.

Farlan contou o que o mesmo havia dito para ele no dia em que havia desmaiado e questionou se ela não poderia dar uma pequena mãozinha a fim de tentar descobrir o atual paradeiro de Kuchel e o que de fato havia acontecido com ela.

Após conversarem sobre as circunstâncias em que Levi havia sido deixado e a proposta de um emprego melhor, juntaram algumas informações para darem início às pesquisas. Se descobrissem alguma coisa a mais iriam dizer para Levi e isso incluía a informação caso ela estivesse viva ou morta.

Talvez fosse algo pessoal demais para intervirem, mas Farlan e Hange só queriam ajudar o amigo a seguir em frente, visto que após vinte anos o mesmo ainda tinha gatilhos e sofria com a perda da mãe – mesmo que Levi jamais admitisse isso sabiam que acontecia – e a foto dos dois juntos no escritório particular do baixinho apenas evidenciou ainda mais isso.

Mexendo na movimentação de documentos e contas bancárias, uma das últimas movimentações de um depósito feito chamou a atenção de Hange.

— Prostituição? — Ela perguntou para si própria ao ver que o depósito havia sido feito no CNPJ de uma casa noturna pouco conhecida da cidade, há vinte e um anos atrás. — Pobre Levi, será que ele sabe disso?

Ela pesquisou para ver se o local ainda estava aberto e para sua sorte, sim. A casa noturna ainda funcionava, mas agora em outro endereço. Fez uma anotação em seu caderno da atual localização do local e o telefone disponível, resolvendo que falaria com Farlan para, quem sabe, irem juntos visitar o local a fim de colher e obter alguma informação sobre ela.

“Ninguém some do nada assim. Alguma coisa ela tem que ter deixado para trás…” Hange pensava enquanto voltava a procurar por mais detalhes que, talvez, Levi tenha deixado passar batido. “Eu vou te encontrar, Kuchel, custe o que custar.”

_______

Um pouco mais tarde naquela noite, Levi e Eren estavam levemente alterados pelo álcool que consumiam naquela festa. Após algumas bandas de rock tocarem seus repertórios e alguns DJs fazerem as pessoas fritarem nas ruas do subúrbio, os dois encontravam-se sentados em cadeiras de bar em uma barraquinha não tão longe da festa enquanto se hidratavam um pouco – obviamente uma ideia de Levi, pois viu Eren cambalear algumas vezes no vento e ficou levemente preocupado – e comiam algo doce.

— E então você cresceu no meio disso tudo? — Eren perguntou observando o rosto avermelhado pelo álcool que ainda estava presente no organismo de Levi, mesmo que ele estivesse ao máximo tentando não transparecer que estava mais para lá do que para cá.

— Cresci no subúrbio até meus quatorze anos. Depois meu querido tio me colocou em um “internato” e eu nunca mais o vi desde então. — Obviamente mentiu e omitiu boa parte da história, mas não fazia mal. Eren era apenas uma diversão e o descartaria na primeira oportunidade. — Com certeza você nunca esteve em uma festa desse tipo. — Ele riu sarcástico, abrindo os braços como se pertencesse àquele lugar.

— Nunca estive e na verdade estou surpreso com tudo isso, na verdade. — Eren falou dando de ombros. — Sempre pensei que pessoas pobres não se divertiam e viviam morrendo de trabalhar, mas eu estava errado.

— Você realmente pensou isso? — Levi arqueou as sobrancelhas. — Depois diz que não é um riquinho mesquinho, faça-me o favor.

— Bom, eu nunca saí dos bairros nobres. Isso tudo é novidade, até mesmo os drinks com nomes loucos que tomei nessas barracas de procedência incrivelmente duvidosa. — O único lugar mais pobre que já visitei foi na casa da minha mãe biológica. — Ele suspirou fundo e bebeu um pouco de água. — Aqueles falsos que se dizem meus amigos devem ter falado para você sobre.

Ao mesmo tempo que Levi pareceu surpreso com a pequena revelação de que Eren sabia que os “amigos” que sorriam na sua frente eram os mesmo que o apunhalaram pelas costas, ficou contente ao saber que ele não era tão ingênuo quanto pensou que fosse. Na verdade, parecia que era atento a tudo que acontecia.

“Será que ele realmente não sabe dos negócios podres do próprio pai?” Levi se questionou automaticamente lembrando-se de que haviam dito para ele que Eren era totalmente neutro quanto a tudo. 

— Acredito eu que você escolheu viver com o seu pai pela riqueza, acertei? — Levi questionou. Se Eren tivesse que fisgar sua isca, ele teria que perguntar coisas como aquela e consequentemente teria uma resposta por parte do mais novo.

— Na verdade, eu nem sabia quem era a minha mãe, de fato. — Eren deu um riso soprado, surpreendendo Levi pela pequena revelação. — Fui descobrir isso um pouco tarde demais, com dezoito anos e ela quem me encontrou. Eu estava no shopping com Mikasa e quando entramos em uma loja ela simplesmente apareceu dizendo que eu havia crescido. A princípio eu achei que fosse uma brincadeira, até notar que ela era muito parecida comigo, ou eu com ela… Enfim.

Ele suspirou fundo enquanto bebia mais um pouco de água antes de prosseguir.

— Depois de perguntar quem era ela e ela finalmente revelar que se chamava Carla e era a minha mãe biológica, o meu mundo virou de ponta cabeça. Ela se envolveu com o meu pai sem saber que ele era casado, pois ele frequentava o local que ela trabalhava e bem… Ele tem uma lábia muito boa e foi o suficiente para que eu estivesse aqui hoje. — Ele deu de ombros. — Fui tirado da minha mãe ainda no hospital, meu pai teve medo dela querer dinheiro ou coisa do tipo e bem… Ela jamais pensou nisso. Depois fiquei sabendo pelo meu próprio irmão, Zeke, que ela sempre foi atrás de mim, mas após receber ameaças do meu pai ela desistiu de querer guarda compartilhada e só consigo pensar que tipos de ameaças foram usadas contra ela…Não duvido de nada vindo do meu pai.

Levi abriu e fechou a boca algumas vezes, mas achou melhor não dizer nada. O olhar vazio de Eren era presente, desânimo na sua voz evidente e suspiros cansados também.

— Bem, como eu já tinha dezoito anos, decidi que iria me aproximar mais dela e obviamente questionei o meu pai sobre tudo, tendo a confirmação logo após uma sequência de xingamentos, insultos e agressões. — Ele suspirou fundo. — Minha mãe é muito carinhosa e amável, infelizmente acreditou na pessoa errada e hoje… — Ele pareceu parar um pouco para pensar no que iria falar e parou instantaneamente, sendo observado e percebido por Levi. — Por isso que quando vi Porco xingar a sua mãe e vi que você simplesmente não reagiu e não a defendeu eu fiquei possesso de ódio. Eu amo muito minha mãe e a defendo com unhas e dentes. Acho que todos deveriam fazer isso, foi onde acabei me envolvendo em assuntos que não me diziam respeito e peço desculpas por me meter.

Aquela havia sido uma reviravolta e tanto. Levi não estava esperando uma enxurrada de informações extremamente pessoais vindas de Eren, mais ainda um pedido de desculpas totalmente inesperado.

“Será que é o efeito do álcool fazendo com que ele fale mais do que deveria?” Levi pensava consigo mesmo, vendo Eren beber mais um gole de água.

— Nem contei, não é? Mikasa é adotada. Ela foi deixada na porta de uma das fazendas do meu pai, sem documentos, sem mãe, sem identificação, sem nada. Foi deixada embrulhada em uma manta e só, a sorte é que o meu pai estava lá, viu e se apaixonou por ela logo de cara. Hoje ela é o xodó dele, praticamente intocável.

Ok, mais uma coisa que não sabia sobre a família Jaeger e que havia anotado no seu caderno mental. Mikasa não era filha nem de Grisha e nem de Dina, ela havia sido adotada segundo o que Eren havia dito. Jamais pensou nisso e se surpreendeu com a nova revelação.

— Vocês são uma família diferente… — Levi falou após um tempo.

— Nem somos uma família de verdade. É tudo por mero protocolo, sabe? O famoso Grisha é perfeito, tem uma família perfeita e não tem nada de errado com o grande império de joias e clubes badalados… Tudo uma grande farsa.

— Por que você diz? — Levi estava empolgado. Seria agora que Eren revelaria alguma coisa importante?

— Nossa família é individualista, cada um pensa no próprio umbigo. Meu pai está longe de ser perfeito, assedia qualquer mulher que julga bonita e Zeke é igual, me dá nojo de ver. — Ele deu de ombros. — O restante é mais complicado, mas não me orgulho de ter esse sobrenome…

“Merda!” Levi pensou. Achou que Eren falaria mais sobre a própria família, mas viu que não e suspirou fundo em seguida.

— Não fica assim, bebê — Eren deu uma piscada —, você saberá mais caso se envolver mais comigo.

— Não quero saber da sua vida ou do seu passado triste, garoto. Se toca. — Ele cruzou os braços.

— Levi?

— Que foi, caralho?

— Obrigado por ter me trazido aqui depois do que aconteceu, sabe… Me sinto bem melhor.

Oh, sim. Levi não estava acostumado com gentilezas e aquilo mexeu de uma forma diferente consigo. Eren estava tão bêbado quanto ele próprio estava, possivelmente nenhum dos dois lembraria de nada no dia seguinte ou fingiriam que não havia sido trocado palavra alguma.

— Levanta esse rabo da cadeira e vamos aproveitar mais um pouco. — Ele resmungou se levantando, temendo fazer coisas que se arrependeria eventualmente.

Rápido mais uma vez, Eren o puxou e deixou um selinho rápido nos lábios dele e sorriu em seguida.

— Eu contei um pouco sobre a minha vida mesquinha e medíocre. Quando vou saber mais sobre a sua? — Ele sussurrou para Levi, que piscou algumas vezes um pouco atordoado.

— Quando merecer e for a hora, pirralho. 

Dizendo isso, Levi se afastou, entrando no meio da multidão, sendo seguido por Eren.

_____

Na delegacia, Nanaba estava juntando suas coisas para ir para sua casa juntamente com Mike. A investigação estava cada dia mais complexa e extremamente cansativa. Tentaram ligar para todos os números de telefone que estavam nas fichas que Levi havia deixado, mas em vão. Ninguém atendia ou retornava e estavam esperando a permissão de Erwin para irem até a casa dessas pessoas para interrogá-las.

— Eu estou exausta. — A loira falou enquanto se espreguiçava e pegava sua bolsa em cima da mesa.

— Preciso de um banho, mas mais do que isso, preciso dormir. — Mike falou massageando as têmporas. 

— Eu queria tanto que alguma pista surgisse ou até mesmo que alguém ligasse para nós, sabe? — Nanaba suspirou.— Sinto que estamos andando em círculos e… — Foi interrompida, pois o telefone começou a tocar.

— Uma hora dessas, francamente. — Mike suspirou fundo antes de atender. — Departamento de homicídios… — O loiro já apertou no viva-voz e para a ligação ser gravada, mas antes que terminasse de falar, a voz ecoou do outro lado da linha.

“Investigador, boa noite. Eu pensei muito se eu deveria ou não ligar, mas não conseguia mais deitar a cabeça no travesseiro sem que compartilhasse o pouco que sei.”

Mike e Nanaba se encararam apreensivos e a pessoa continuou.

“Me chamo Keith, Keith Sadies e fui ex-caseiro de uma das fazendas do senhor Grisha. Pyxis me ligou na noite anterior a sua morte para me contar que os assassinatos tinham uma ligação com o que aconteceu à época antecedente a que eu trabalhei lá, mas pediu para que eu tomasse cuidado… Eu gostaria de dar o meu depoimento. Trabalhei lá há dezoito anos atrás e algumas coisas são realmente… Perturbantes. Pyxis não me contou o que realmente aconteceu, mas penso que posso ajudar com o que sei."

Nessa altura Nanaba já anotava tudo em seu computador e Mike ouvia atentamente cada palavra.

 — Senhor Keith, boa noite. Sou o investigador Mike e estou na investigação desses assassinatos. O senhor pode comparecer amanhã na delegacia às onze da manhã?

“Claro. Amanhã estarei aí. Posso levar uma foto?”

— Por favor, nos traga tudo o que tiver. Será de grande ajuda.

“Certo. Nos encontramos amanhã, boa noite.”

A ligação foi encerrada com os dois loiros se encarando. 

— Nanaba, eu nunca quis tanto dizer que sua boca é abençoada. — Ele bradou em felicidade. — Ligue para Hange e para Levi e conte o que aconteceu, aposto que ficarão eufóricos.

— Certo!

Não demorou muito e a loira ligou para Zoe, mas ao ligar para Levi tudo indicava que o celular estava desligado. Hange ficou encarregada de tentar falar com o baixinho enquanto pediu todas as informações que tinha da possível testemunha para saber mais sobre ela.

— Nanaba, sinto que vamos finalmente ter um norte nessa investigação.

— Espero que nada aconteça com esse homem até a data de amanhã.

_____

No seu apartamento, Hange tentava desesperadamente falar com Levi. As mensagens não chegavam, o celular caía diretamente na caixa postal. Ele havia dito que iria na fonte do problema, então provavelmente ele estava no Vanilla Club, mas por que sumiria e não avisaria ainda mais ela?

— Levi, onde foi que você se meteu?

_________

— Ah, Eren! — Levi gemeu quando sentiu o corpo ser prensado no elevador do hotel que havia estacionado sua moto anteriormente.

Após terem voltado para a festa, ambos beberam mais um pouco e quando o ritmo das músicas começou a esquentar e Levi quis seduzir mais ainda Eren, se é que isso fosse realmente possível, se esfregando e rebolando propositalmente no quadril alheio ao som de uma batida qualquer enquanto virava copos e mais copos de bebida alcoólica junto do mais novo, se beijaram em um canto qualquer da festa desesperadamente a fim de apagar aquele fogo que as bebidas haviam acendido. 

O resultado não foi outro: saíram da festa enquanto se pegavam, trocando beijos e carícias durante o caminho até o hotel e quando pegaram as chaves do quarto e entraram no elevador, Eren não teve pudor algum em agarrá-lo com vontade e mais força ali mesmo.

— Eu disse que te faria implorar, não é? — Ele sussurrou rouco após lamber toda a extensão do pescoço de Levi, parando na orelha pequena. 

Levi resmungou alguma coisa que Eren não entendeu, mas ele tinha ciência que o outro queria mais e então encaixou o joelho no meio das pernas do baixinho, pressionando a região com vontade e pegando na bunda grande e durinha logo após.

Sentiu os fios castanhos serem puxados para baixo e suas bocas foram unidas em um beijo repleto de luxúria e desejo. O som indecente de lábios e línguas se chocando era presente no espaço pequeno metálico e isso fazia a onda de excitação de ambos aumentar mais e mais. 

Queriam mais. Queriam sentir mais. Queriam provar mais.

A porta do elevador foi aberta e Eren pegou Levi no colo, sentindo as pernas circularem sua cintura enquanto ainda era beijado. Se fossem encontrar alguém pelos corredores, estavam pouco se importando; talvez pelo excesso de álcool no organismo não estavam em sua maior razão, mas não ligavam.

A chance que tanto queriam estava bem ali.

Eren finalmente usaria o corpo de Levi de todas as formas que fantasiou em sua mente e o levaria à loucura, fazendo-o implorar por mais e iria amar ver aquela expressão marrenta se desmanchar em uma pessoa submissa e obediente a si.

Já Levi só pensava que se dormisse com Eren iria dar um passo a mais na sua operação e obteria mais informações sobre seu pai e sua família e quem sabe até teria acesso à mansão dos Jaeger?

Ambos com objetivos completamente diferentes, mas tão mergulhados um no outro a ponto de estarem prestes a se afogarem com ganância, desejo, inconveniência e interesse sem se darem conta.

Eren colocou Levi no chão, vendo-o abrir a porta do quarto do hotel e tratou de empurrá-lo para dentro com rapidez, trancando a porta e em seguida o jogou na cama.

Levi viu o exato momento em que Eren caminhou até a cama e prendeu seus braços acima da sua cabeça com força enquanto se posicionava entre suas pernas com um sorriso cafajeste. O hálito com cheiro de álcool estava presente, mas não estava se importando nem um pouco com aquilo.

Estava com tesão pra caralho e mentiria se dissesse que não queria abrir suas pernas e se oferecer para ele. Queria, e como queria.

Circulou as pernas ao redor na cintura alheia sentindo as pélvis se chocarem e um gemido escapou da boca de ambos, mais audível da sua boca e Eren notou isso, rindo soprado próximo ao seu ouvido, deixando uma mordida no lóbulo antes de sussurrar.

— Eu disse que era melhor você parar de me provocar, pois essas provocações iriam voltar para você… — Ele sussurrava enquanto brincava com o lóbulo da orelha de Levi e fazia movimentos de vai e vem no meio das pernas do mais velho, roçando as intimidades, sentindo-o tremer abaixo de si. — Se lembre que uma hora você parou, mas eu não vou ser bonzinho e parar… Não até que você goze para mim…


Notas Finais


agora sim, SE COMAM É TUDO QUE EU IMPLORO
hange: levi onde vc ta?
levi: gemendo pro eren
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK EU SEI Q VC GOSTA DISSO SUA BICHA SAFADA!
gente e essa testemunha, o que será que vai rolar!
temos mais uma investigação a respeito da mãe do levi uhu, mais uma coisinha pra cabeça de vocês fritarem!
conhecemos mais um pouco do eren e do levi também, a personalidade do eren sempre ficou um pouco vaga e tentei trazer um pouco a tona aqui, com o passar dos capitulos vcs verao mais dele.
QUERO PALPITESSSSS, AS TEORIAS DE VCS TAO MT BOAS REAAAAL!
espero que tenham gostado e desculpem a demora pra atualizar!
até o proximo capitulo!


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