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História L'ultimo Ballo - Ventisette (Seconda Parte)


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


1/5 💕

>>Música do capítulo: The reason – Hoobastank<<

Capítulo 28 - Ventisette (Seconda Parte)


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Ventisette (Seconda Parte)

“E ali no sorriso dela, estavam contidas todas as mais belas flores da primavera.”

 

Matteo Balsano

Dois dias haviam se passado desde a conversa que tive com a Luna em seu quarto, acho que precisávamos daquilo há muito tempo atrás, sendo que éramos dois orgulhosos que mascaravam os sentimentos. Creio que foi a primeira vez que eu falei diretamente a ela sobre o que eu sentia, que eu disse que a amava, nem quando namoramos eu tive coragem de dizer. Ela também nunca havia dito, entre nós dois nunca passava do simples "eu gosto de você".

Confesso que fiquei extremamente confuso com o selinho que ela me deu naquela mesma manhã, mas depois eu entendi, ela queria dizer que não estava preparada para entrar em um relacionamento e com aquele gesto pedia para que eu a esperasse e não desistisse de nós dois. E eu não o faria, meu principal objetivo era fazê-la enfrentar os seus medos e vencê-lo, o resto que viesse seria lucro.

Depois de muito conversar e de usar a minha velha tática de mauricinho conquistador, acabei por convencê-la a ir dá um passeio comigo pelo parque. Estava na sala de sua casa — enquanto a esperava terminar de se arrumar — segurando um buquê de girassóis. Para a minha sorte, o senhor Miguel não estava presente, tinha apenas a companhia agradável do senhor Alfredo, avô da Luna.

— Flores... — Sorriu e suspirou. — Pensava que os rapazes dos dias de hoje não sabiam o que era presentear uma dama com algo tão delicado e formoso como flores.

— Nunca é tarde demais para dar flores a uma dama. — Sorri para ele que balançou a cabeça afirmando.

— Concordo com você garoto. — diz olhando para algo atrás de mim. — Adoraria ficar e conversar mais um pouco com você, mas acredito que nossa prosa vai ficar para outro dia.

Ele levantou-se do sofá e eu fiz o mesmo, olhei para a mesma direção que ele olhava. Fiquei paralisado com a garota parada a minha frente. Caminhei em sua direção e depositei um beijo em sua testa.

— Está linda menina delivery. — Ela usava um vestido amarelo de alcinha, justo no busto e soltinho da cintura para baixo. Radiante.

— Obrigada mauricinho. — Sorriu tímida. Coloquei o buquê em suas mãos e ela cheirou as flores, tentando identificar. — São... ?

— Girassóis, suas preferidas. — seu sorriso se alargou e ela ficou na ponta dos pés para deixar um beijo em minha bochecha. — Vamos? — perguntei e ela balançou a cabeça afirmando. Entrelacei seu braço ao meu para podermos ir e com a outra mão livre peguei o meu violão que havia deixado escorado no canto do sofá.

Preferi que fizéssemos um passeio andando mesmo, o clima estava super agradável e ótimo para esses tipos de programa, nem muito frio nem um sol escaldante demais.

— Como está o céu hoje? — sua pergunta me pegou de surpresa, ela sorria encantadoramente enquanto esperava por uma resposta.

— Bom, deixa eu ver como posso descrever. — Olhei para o céu, pensando em como responder. — Como o inverno está chegando ao fim, o sol aparece gradativamente em meio as nuvens nubladas, um pouco mais para frente se formou um arco íris, criando um cenário esplêndido, digno de admiração. — Quando terminei meu discurso, olhei para ela que tinha os olhos fechados e um largo sorriso desenhando seus encantadores lábios. E ali no sorriso dela, estava contido todas as mais belas flores da primavera.

Lentamente ela foi abrindo os olhos e virou o rosto para mim, perdi-me naquela profunda imensidão verde esmeralda, que diferente da noite de dois dias atrás, brilhava intensamente. E eu pude ver a Luna de antigamente naquele olhar tão singelo e cheio de amor. Era isso que dava completude ao todo que ela é e eu não me cansava de admirá-la.

— Pare de me olhar assim. — Suas bochechas foram ficando rosadas e ela abaixou a cabeça envergonhada.

— Como você sabe que eu estou te olhando? — perguntei confuso.

— Pode parecer estranho, mas apesar de não conseguir enxergar, eu sinto seu olhar sobre mim. — As maçãs do seu rosto ficaram ainda mais rosadas e como se fosse possível, ela tornou-se ainda mais linda.

— Você é linda. — Mordeu o lábio inferior tentando conter uma risada, o que não funcionou, já que segundos depois ela estampava um sorriso constrangido nos lábios.

— Obrigada — falou baixinho e antes que eu pensasse no que dizer a seguir, ela aproximou-se de mim e colocou cada uma de suas mãos em meus ombros, dando impulso para ficar na ponta dos pés e seus lábios encostarem nos meus em um delicado selinho. Ela voltou a se afastar e eu retornei a entrelaçar nossos braços, para continuarmos com o nosso passeio.

Não sabia o que pensar sobre aquilo, às vezes a Luna estava bem adepta a engatar em um relacionamento — como no momento anterior — e em outros ela parecia ficar na defensiva. Nunca pensei que estaria em uma situação como essa, se fosse o Matteo de quatro anos atrás, ele com certeza não faria caso e insistiria no lance de continuar mentindo sobre os seus sentimentos pela Luna. Costumam dizer que mudando, você perde a sua essência e que uma pessoa deve gostar de você da forma que se apresentou à ela. Mas esse é um pensamento mesquinho, muitas vezes a maneira que você age machuca pessoas que convivem ao seu redor, é nesse momento que você deve mudar, e pode ter certeza que não irá se perder no meio do caminho, na realidade você vai encontrar quem realmente é. Entretanto, sua essência continuará intacta, olhe para mim, a minha confiança continua intocável, eu sei que eu sou um excelente cantor e nada fará esse pensamento mudar, porque eu confio no meu potencial. O que mudou em mim foi que toda aquele ego e a vontade absurda de ser famoso, que me fizeram passar por cima das coisas mais importantes na minha vida, foram diminuindo com o tempo.

E vendo as coisas com mais clareza, percebia que eu não consegui concretizar o meu sonho anos atrás por minha própria ignorância, estava seguindo pelo caminho que poderia sim, ser o mais fácil para chegar ao topo, mas era esse mesmo caminho que destruiria tudo no futuro. Foi como se a vida dissesse: "Ei camarada, vamos dá uma freada aí, o erro está indo longe demais". E agora, tendo uma visão mais ampla de tudo, não voltaria a insistir no mesmo erro, seria burrice. Esse foi um exemplo meu de mudança, se eu continuasse na mesmice de antes, não estaria aqui ao lado da mulher que eu amo, tentando reconquistar a sua confiança, muito menos com um contrato assinado para gravar um disco, onde dessa vez eu faria tudo certo.

Olhei para o lado vendo a Luna com uma expressão serena no rosto, estávamos em silêncio, mas isso não era um problema. Ela então se aproximou mais e encostou a cabeça em meu ombro, enquanto passava as unhas por meu braço em uma leve carícia, fazendo meus pelos eriçarem devido ao arrepio.

— Esse cheiro é de... — Parou de repente e começou a inspirar mais forte, tentando adivinhar de onde vinha aquele odor. — … Algodão doce? — Inspecionei todo o parque e vi que próximo de onde estávamos, tinha um carrinho de algodão doce

— É sim!

— Podemos comprar um? — Um beicinho fofo formou-se em sua boca e eu tive que usar de todo o meu autocontrole para não tomá-la em meus braços ali mesmo naquele parque.

— Claro, vem.

Voltamos a caminhar e paramos atrás de uma senhora idosa que segurava na mão de uma criança que aparentava ter uns seis à sete anos de idade. A menininha começou a puxar o tecido da saia da mulher, que eu achava ser sua avó, tentando chamar a atenção dela.

— Vovó, por que aquela garota fica olhando para a mesma direção o tempo inteiro? — falou baixinho, mas não baixo o suficiente para que não escutássemos. Ela olhava em direção à Luna de canto de olho.

Senti um aperto mais forte em meu braço e desviei os olhos para ele, vendo os dedos de Luna marcando a minha pele. Ela abaixou a cabeça e fechou os olhos com força.

— Querida, não seja indelicada com a moça, ela vai se sentir mal — a senhora respondeu para a neta, que soltou um "por quê?"

Luna largou o meu braço e segurou em minha mão, não entendi até que ela ficou de joelhos em frente a garotinha, Luna a chamou, fazendo-a ficar envergonhada, mas mesmo assim ela se aproximou. A morena esticou os braços para tocar o rosto da menina, que olhou para a avó, a senhora apenas balançou a cabeça afirmando. Com isso, ela andou até mais perto da menina delivery e colocou as duas mãozinhas pequenas em cada lado do seu rosto.

— Qual seu nome? — Começou a alisar os cabelos da garota.

— Aurora. E o seu?

— Belo nome, o meu é Luna. — sorriu fazendo a menina sorrir junto. — Eu sofri um acidente há algumas semanas e acabei perdendo a visão. — Olhei em direção a Luna e vi seus olhos verdes cristalizados pelas lágrimas, depois mudei o meu foco de visão para a garotinha e ela tinha as duas mãos cobrindo a boca em surpresa, seus olhos também estavam marejados.

A menina passou os bracinhos finos pelos ombros de Luna e a abraçou, depois segurou seu rosto e enxugou suas lágrimas antes de deixar um beijo em cada um dos seus olhos, que estavam fechados — Você vai melhorar, eu sinto isso — falou baixinho e sorriu.

Eu apenas fiquei observando aquela cena, encantado com a pureza daquela criança. Meu nariz ardia e meus olhos lacrimejavam por conta das lágrimas acumuladas em meus olhos, pisquei algumas vezes tentando espantar a repentina vontade de chorar. Olhei ao redor e vi algumas pessoas comovidas pela cena que se formou diante deles. Ótimo, não fui o único.

Segurei a Luna, ajudando-a levantar novamente. Entrelaçamos nossos braços e esperamos mais alguns minutos para podermos comprar o algodão doce. Com isso feito, andamos mais um pouco até pararmos perto de uma árvore, onde sentamos no gramado e começamos a comer o doce. Passamos todo o tempo brincando e rindo, ouvir a gargalhada de Luna era reconfortante e me transmitia paz e tranquilidade. Saber que minha menina delivery estava tentando superar aquele desafio, trazia uma sensação de alívio para o meu coração.

Depois de um tempo apenas sentados, aproveitando as leves rajadas de vento que sopravam em nossos rostos, decidi que aquele era o melhor momento para fazer o que eu tinha planejado. O sol se punha e fracos raios solares transpassavam pela camada de nuvens, criando uma paisagem encantadora. Ajudei Luna levantar e peguei a case com o violão dentro antes de voltarmos a andar, rumo ao nosso último desígnio do dia.

A morena ao meu lado estava ansiosa e de cinco em cinco minutos perguntava se havíamos chegado ao nosso destino. Eu apenas ria da sua animação e curiosidade, e dizia que não. Era a primeira vez depois do acidente que eu a via tão radiante e falando pelos cotovelos, como sempre foi desde o primeiro momento que a conheci. Esse jeitinho tão singular dela que faz com que as pessoas queiram ficar por perto apenas pelo prazer de sua companhia e que me fez amá-la.

— Diga que já chegamos — indagou impaciente e eu ri.

— Agora chegamos. — Foi o único que eu disse.

— Ótimo, agora pode me contar como é onde estamos. — Balançou a cabeça algumas vez e apertou um pouco os olhos, acredito que tentando lembrar de algum lugar em que eu poderia levá-la.

O amor me disse onde você vivia, ele me aconselhou e guiou meus olhos até este banco — encenei uma parte do texto que apresentamos na aula de teatro no primeiro ano dela aqui na Argentina.

Oh! Romeu, Romeu... — entrou na encenação junto comigo. — Pensei que não lembrava desse lugar.

— Claro que eu lembro, passamos muitas coisas juntos nesse banco — ela suspirou antes de abrir um largo sorriso, que me fez sorrir também. Sentamos naquela tábua de madeira e eu virei meu corpo para ficar de frente para ela.

— Você foi um péssimo Romeu — brincou, dando um leve soco em meu ombro direito.

— Hey, isso não é verdade — disse em um falso tom de ofensa. — Não tenho culpa se a minha Julieta era antiquada e não tinha o dom da improvisação.

— Ah, claro.

Não disse mais nada, apenas aproveitei o silêncio. Olhava como o vento batia contra o seu cabelo, fazendo os fios irem para frente do seu rosto e ela entrar em uma batalha para tirá-los dali. Como antigamente, passei a mão em sua face, colocando os fios revoltos atrás de sua orelha, permitindo-me admirar a beleza e serenidade de seu rosto. Eu amava aquelas pintinhas que tinham na região das maçãs do seu rosto, apenas a deixavam mais linda.

— Quero te mostrar algo. — Peguei o case que estava ao lado do banco e retirei o violão de dentro. — Para não restar dúvidas de como eu senti a sua falta durante todo esse tempo.

— Do que você está falando? — perguntou risonha e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça com um elástico que tinha em seu punho, já que os fios não deixavam de irem para o seu rosto.

— Sei que já ouviu quando eu cantei essa música no evento em Londres, mas a única pessoa que eu queria que ouvisse era você. Então resolvi fazer isso direito. — Respirei fundo. Com o tempo, foi se tornando mais fácil para mim falar sobre os meus sentimentos, porém, ainda sentia um leve receio em relação a algumas situações, creio que essa é uma delas. É fácil admitir para mim e até mesmo para outras pessoas sobre o amor que eu sentia pela Luna, mas dizer diretamente para ela ainda me causava arrepios e fazia meu estômago embrulhar.

Toquei as cordas de aço e a melodia começou a preencher minhas vias auditivas. Introduzi a primeira estrofe da canção e fechei os olhos momentaneamente, fazendo um paralelo entre o passado e o presente, onde estávamos nesse mesmo banco e eu dedicava-lhe uma canção, mas acreditava que o rumo da história seria diferente. Dessa vez, deixava bem claro o que eu sentia e que a música era para ela, também não permitiria que ela saísse correndo.

Voltei a abrir os olhos, não queria perder as reações no rosto da Luna enquanto cantava, mesmo ela já tendo ouvido a canção na Inglaterra algumas semanas atrás, agora o momento era diferente. Era apenas nosso. Eu queria viver e aproveitar cada segundo.

Vi uma lágrima solitária descer por seu rosto e logo em seguida diversas outras a acompanharam. Eu queria parar de tocar naquele momento e envolver o seu corpo com o meu, ao mesmo tempo que eu desejava continuar cantando o que eu não tinha tanta coragem de dizer. Ao terminar a última estrofe, mal coloquei o violão de lado e senti o corpo pequeno da menina delivery chocando-se contra o meu em um abraço. Envolvi meus braços em sua cintura, trazendo-a para o meu colo e a apertando com todas as minhas forças. Não queria acabar com aquele momento e eu sabia que ela também não.

Seu corpo tinha o encaixe perfeito em meus braços.

Seu peito subia e descia lentamente contra o meu e eu sabia que ela chorava, mas em alguns momentos percebi que ela também sorria durante o choro. Passei a mão por seus cabelos, acariciando os fios, não mais conseguia segurar minhas lágrimas e deixei que elas saíssem livremente pelo meu rosto.

— Obrigada, por tudo.

Ela não precisou dizer mais nada, eu entendi o motivo do agradecimento, apesar de achar que não fiz nada demais, apenas agi da maneira que qualquer pessoa que ama faria. Mostrei-a o melhor que existia dentro de si e que ela acreditava ter se apagado. Depois de minutos ela tirou o rosto da curvatura do meu pescoço, mas não saiu do meu colo e eu agradeci por isso.

— Tenho uma proposta a te fazer. — Parou com as carícias que fazia em minha nuca com as unhas para prestar atenção no que eu falaria, — Aceita patinar de novo comigo, menina delivery?


Notas Finais




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