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História L'ultimo Ballo - Ventotto (Seconda Parte)


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


2/5 💕

>>Música do capítulo: Journey to the past – Anastasia<< {link nas notas finais e música na playlist da fanfic no spotify}

Capítulo 29 - Ventotto (Seconda Parte)


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Ventotto (Seconda Parte)

“Eu sentia através da letra e da melodia no som rouco da sua voz, a sinceridade e a pureza dos seus sentimentos.”

 

Luna Valente

 

"A patinadora Luna Valente (20) sofreu um acidente no último sábado durante sua apresentação no estádio de patinação artística 'Golden Wheels' em Londres - Inglaterra. Ela foi socorrida às pressas pela equipe médica presente no local e levada ao hospital, não se sabe ao certo o seu estado atual de saúde, porém as especulações apontam para problemas sérios, que possam vir a prejudicar seu desenvolvimento dentro das pistas. Será que essa foi a última vez que a vimos brilhar?"

"Luna Valente alcançou o seu espaço dentro da patinação artística muito rapidamente, porém, foi mais rápido ainda para ela ausentar-se desse mundo. Hoje está fazendo exatamente um mês da fatídica queda que tirou a jovem e sonhadora patinadora das pistas e desde então, não temos nenhuma notícia sobre ela. A pergunta que ronda o mundo da patinação agora é: o que aconteceu com Luna Valente? Todos querem saber para onde ela foi e o que anda fazendo. Quais foram as consequências do acidente? E principalmente, será que algum dia ela voltará para buscar o seu lugar de queridinha do público, dentro das pistas?"

Fechei a tela do notebook com força, fazendo a voz da repórter cessar, esperava realmente que isso não tenha quebrado o vidro. Desde que o Matteo convenceu-me voltar às pistas — a menos de vinte e quatro horas atrás — eu estava nervosa em um ponto extremo. Não sabia ao certo o porquê de ter aceitado aquilo, talvez tenha sido o seu alto poder de persuasão sobre mim ou era o que eu queria, porém, deixava o medo de voltar a cair me dominar. E ouvir daquela garotinha dizendo  que eu voltaria sim, a enxergar, encheu meu coração de esperanças e por algum motivo, eu conseguia sentir pelo tom da sua voz a confirmação de que aquilo de fato aconteceria.

Depois que ele cantou a mesma música da sua apresentação em Londres, sendo que agora diretamente e só para mim, eu fiquei vulnerável. A letra era linda e deixava evidente os seus sentimentos. Matteo nunca foi bom em dizer o que sentia normalmente, então, ele encontrou na música uma maneira de expressar o que não conseguia dizer abertamente, mas que não podia deixar mantido em silêncio. E era a maneira mais linda. Eu sentia através da letra e da melodia no som rouco da sua voz, a sinceridade e a pureza dos seus sentimentos.

Depois que ele terminou de tocar, não me controlei e joguei-me em seus braços, que pareciam ter o encaixe perfeito ao redor da minha cintura. Chorei, chorei de emoção por ter a certeza que ele me amava e principalmente, por saber em meu coração que eu o amava. E talvez esse foi o grande influenciador para a decisão que eu vim a tomar logo em seguida.

Nesse exato momento eu estava arrependida de ter dito sim para a sua proposta. Não sabia ao certo a hora, mas acreditava se passar das duas da tarde, já havia almoçado e agora estava sentada no sofá confortável da sala de estar. Os patins que eu usava para os treinamentos encontravam-se no chão ao lado dos meus pés e eu formava um nó no cadarço e depois desamarrava, tentando liberar a tensão do meu corpo.

Não havia dormido direito, passei toda a madrugada rolando de um lado para o outro na cama, sempre que fechava os olhos imagens minhas caindo na pista invadiam meus pensamentos. Acredito que quando cheguei a realmente dormir já estava amanhecendo e não devo ter dormido por muito tempo, já que quando acordei mal conseguia ficar em pé de tanto sono, sentia como se um caminhão houvesse passado por cima do meu corpo e estivesse apenas os pedaços soltos.

Não queria patinar. Não hoje, talvez nem amanhã, provável que não sinta vontade nunca, enquanto o medo for maior dentro de mim, não vou ter o desejo de voltar.

— Ansiosa querida? — Imaginava um sorriso estampando o rosto do meu avô, pois sua voz demonstrava pura animação.

— Ansiosa não é a palavra certa para definir. — Cocei a ponta do nariz e abaixei a cabeça. — Está mais para nervosa e com medo.

— Você precisa relaxar meu anjo. — Ele sentou ao meu lado e passou um braço pelo meu ombro, trazendo-me para um abraço. — Já te vi patinar milhares de vezes e você é uma excelente patinadora.

Ah claro, tão boa que me estabaquei no chão e fiquei cega. Era aquilo que eu desejava dizer, porém apenas me calei e aquiesci.

Matteo era extremamente pontual, desde sempre, então sabia que não tinha passado da hora que ele marcou para irmos a pista, mas na minha cabeça os minutos estavam durando horas e aparentando que esperava aqui há uma eternidade. De repente, como um alerta piscante acendendo em minha mente, lembrei que esse horário é o de maior movimento no Jam&Roller. Não queria que as pessoas me vissem naquela situação, não desejava que saísse uma nota amanhã em todas as revistas de fofoca sobre o que aconteceu comigo.

Acho que o meu coração não trabalhava direito e não enviava o sangue para os meus pulmões, pois sentia que eles pararam de funcionar. Respirei mais profundamente tentando fazer o ar circular no meu corpo de forma correta, mas essa ação me fez sentir leves pontadas no peito, que eram bastante incômodas.

Mãos tocaram em cada um dos meus ombros e escutei o Matteo falando comigo, parecia que ele estava a metros de distância de mim e eu só ouvia o eco da sua voz. Meu corpo foi levado de encontro ao seu e minha cabeça encostou em seu peito. Depois de um tempo, minha respiração foi regularizando e eu suspirei alto por causa das carícias que ele fazia na pele exposta do meu braço.

— Está se sentindo melhor? — Aquiesci. Levantei a cabeça do seu peito e sentei direito no sofá, porém, seu braço continuou ao redor dos meus ombros e eu não reclamei. — O que aconteceu para você ficar naquele estado?

— Matteo, eu não sei se estou pronta para voltar a patinar. — Coloquei uma mecha ondulada do meu cabelo atrás da orelha, tirando-a do meu rosto. — Sem contar que vai ter um monte de gente na pista e eu não quero que as pessoas saibam o que aconteceu e sintam pena de mim. — abaixei a cabeça para que ele não visse a frustração e o medo estampados em meus olhos, entrelacei minhas mãos e fiquei mexendo os polegares, tentando me distrair.

— O que você sente é apenas medo, Luna. Você não pode simplesmente parar de fazer algo porque deu errado no passado e você teme que aconteça novamente. Entendo que não é fácil, mas lembre-se que o fracasso não está em quem errou tentando, mas em quem desistiu sem ao menos tentar. — Seu indicador pressionou o meu queixo para levantar o meu rosto. — E outra, eu falei com a Juliana e ela liberou a pista para que usássemos quando estivesse fechada.

Começou uma leve carícia na minha bochecha com o polegar, enquanto os outros quatro dedos ficaram em minha nuca. Senti sua aproximação e o seu hálito quente soprou contra o meu rosto, nossas bocas estavam a milímetros de distância e eu já era capaz de sentir o calor dos seus lábios envolvendo os meus. Porém, quando isso estava prestes a acontecer, alguém chegou bem na hora para interromper e eu soltei um suspiro frustrado fazendo o Matteo rir.

— Vocês querem um biscoito? Acabei de tirar do forno... — mamãe perguntou animada e parou de falar quando percebeu que chegou no momento errado. — Atrapalhei, não foi?

— Só um pouquinho. — Levantei a mão e deixei uma pequena distância entre o dedo indicador e o polegar, sugerindo pouca quantidade.

— Não atrapalhou nada, dona Mônica. — Matteo apertou minha mão e eu sorri percebendo que ele ficou envergonhado.

— Já disse para me chamar apenas de Mônica, Matteo. Vou deixar vocês sozinhos, tô fazendo brownie e se eu não voltar agora a massa vai queimar. — Sorri, provavelmente essa última parte era mentira e foi só uma desculpa para nos deixar sozinhos.

— Pelo menos não foi o seu pai — brincou e voltou a aproximar o rosto do meu. — Onde foi que paramos mesmo?

— Você ia me levar para patinar. — Tentei falar sério e tive que morder o lábio inferior para não rir do muxoxo de reprovação que ele soltou.

— Certo, é verdade. — Ele parecia um pouco decepcionado. — Vamos?

— Vamos.

O caminho até o roller foi sem nenhuma conversa, o único barulho que ouvia era dos carros passando e das buzinas dos motoristas impacientes. Eu aproveitava o silêncio, queria colocar os meus pensamentos em ordem e conversando não conseguiria fazer isso. 1) Matteo e eu quase nos beijamos, esse não era o problema, eu queria e fiquei frustrada por não ter acontecido, não imaginava que a confiança nele voltaria tão rapidamente, não estava em cem por cento ainda, porém não demoraria muito para chegar; 2) Eu voltaria a colocar um patins nos pés, com certeza era esse pensamento que me perturbava mais, toda vez que lembrava da pista, a cena da queda preenchia a minha mente.

— Chegamos.

Ótimo, estou pronta. Estou, certo? Óbvio que não, quanto mais eu pensava mais nervosa ficava, sentia leves tremores espalhando-se por meu corpo. Matteo ajudou-me a sair do carro e entrelaçou meu braço ao seu, como sempre fazia.

Começamos a caminhar e ouvi um barulho de porta abrindo e foi por onde entramos. Seu braço soltou o meu e contornou minha cintura, ele iniciou leves carícias na base da minha coluna e de certa forma, aquilo fez meus nervos acalmarem um pouco.

— Opa, opa, opa! Atrasada de novo Valente? — Sorri ao ouvir a voz de Juliana quando entramos onde eu achava ser a lanchonete.

— Juliana! — indaguei com entusiasmo. Senti um peso em cima dos meus ombros e ela acolheu-me em seus braços. — Senti saudades de você, admito que até das suas broncas.

— Também senti sua falta, todos nós sentimos. A pista do Jam&Roller não é a mesma sem a sua energia e animação. — Pisquei os olhos algumas vezes, tentando conter as lágrimas de emoção e soltei uma risada. — Matteo me contou o que aconteceu com você, se sente melhor?

— Apesar de não estar acostumada a não enxergar, sinto que eu estou bem melhor. — Sou sincera. Desde aquele dia que Matteo apareceu na mansão as coisas pareciam terem mudado, não superficialmente, mas dentro de mim algo mudou.

— Entendo. — Colocou cada uma de suas mãos em meus braços, subindo e descendo em uma leve carinho. — Então, pronta para entrar dentro daquela pista? — Afirmei com um acenar de cabeça.

Matteo conduziu-me até os lockers e me ajudou a colocar os patins nos pés. Eu era uma mistura de ansiedade e apreensão. Ansiosa por perceber o quanto senti falta de ter um patins nos pés e apreensiva por talvez não ser capaz de conseguir voltar a patinar como antes.

Fui guiada até a pista e assim que eu coloquei os pés no piso branco, várias sensações me atingiram, principalmente a nostalgia. Sentia falta do tempo que minha única preocupação era me divertir com os meus amigos, de patinar com o Matteo olhando fixamente para os seus olhos e sentindo um calafrio passar por meu corpo. Suspirei.

Nenhuma pista no mundo faria eu me sentir tão bem como quando estou aqui. Foi no Jam&Roller que tudo começou, que eu percebi minha paixão pela patinação artística, e foi a pessoa ao meu lado que me ensinou muito do que eu sei hoje. E ele estava aqui, ajudando-me mais uma vez. Estando aqui eu sentia que isso poderia dar certo.

— Vamos dá um jeito de fazer você enxergar as paredes. — Meus braços estavam erguidos e ele repousava as mãos em minha cintura, guiando-me.

— Seria uma ótima ideia, só que eu estou cega — comecei a rir e o Matteo me acompanhou.

— Eu sei bobinha. O que eu quero dizer é que você é capaz de ver luzes e sombras. Então poderia usar isso para tentar sentir a pista e saber onde exatamente você está. — Talvez eu conseguisse.

Guiei-me lentamente através dos reflexos que conseguia ver, em algumas partes a luz era menos intensa, então deduzi que ali fosse a parede. Estiquei o braço direito e minha mão tocou em uma estrutura sólida e eu sorri ao perceber que havia conseguido.

— Isso, muito bem. Você conseguiu.

Matteo continuou a guiar-me por um tempo, uma mão sua estabilizou-se em minha cintura enquanto a outra segurava em meu braço estendido. Com a sua ajuda, eu conseguia patinar em uma linha reta e sem cair. Senti o seu aperto ir diminuindo e notei o seu corpo se afastando.

— Matteo? Cadê você? — perguntei desesperada, girei meu corpo e senti o impacto dele entrando em contato com a parede, fazendo eu cair de bunda no chão. Au!

Parecia que eu havia me teletransportado para anos atrás, quando eu entrei nessa pista pela primeira vez e caí mais do que minha cabeça confusa poderia contabilizar.

— Você está bem? — Senti seu corpo ao lado do meu e começamos a rir juntos da situação. Ele ajudou-me a levantar. — Vamos fazer assim, escute a minha voz e siga o som vindo até mim. — Comecei a patinar seguindo a sua voz, e por mais surpresa que estivesse, consegui manter-me em linha reta e sem nenhum baque por mais tempo do que imaginava.

Mas isso não significava que eu não caí. Longe disso, vieram muitos tombos e eu não me surpreenderia caso houvesse deslocado algum osso do quadril.

— Chega, eu não aguento mais — respirava com dificuldade. Minhas pernas estavam bambas e eu sentia que poderia cair a qualquer momento. Saímos da pista e ele me sentou na arquibancada. Entregou-me uma garrafinha com água, a qual eu acabei em segundos.

— Você foi ótima. — Revirei os olhos e era capaz de ver o sorriso idiota em seu rosto, o mesmo sorriso mauricinho do dia que nos reencontramos na pista.

— Não precisa mentir, isso foi péssimo. Não sei nem o porquê de eu ter aceitado essa loucura. — Cruzei os braços e fiquei irritada ao perceber que aquilo seria apenas uma grande perca de tempo, não chegaríamos a lugar algum.

— Não seja tão pessimista, hoje foi apenas o primeiro dia. E eu estou falando sério sobre você ter ido bem. A única coisa que precisa agora é se concentrar e não ficar pensando a todo instante sobre isso não dá certo, assim não vai mesmo. — Suspirei e acabei concordando com ele.

Eu deveria relaxar um pouco e não pensar em acertar de primeira. Eu sou Luna Valente, nunca me rendi tão facilmente. Lembrei de todas as vezes que eu caí quando comecei a patinar na pista e decidi que faria disso tudo um ensinamento. Trataria como se fosse a primeira vez e eu nunca tivesse feito antes.

Mexi um pouco o corpo no banco nada confortável, até sentir a pele de Matteo em contato com a minha, passei os braços por sua cintura e ele os seus pelos meus ombros. E permanecemos ali, apenas aproveitando a presença confortável um do outro, sem dizer nenhuma palavra.

 


Notas Finais




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