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História L'ultimo Ballo - Ventinove (Seconda Parte)


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


3/5 💕

>>Música do capítulo: In Case You Didn't Know – Brett Young<< {link nas notas finais e música na playlist da fanfic no spotify}

Capítulo 30 - Ventinove (Seconda Parte)


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Ventinove (Seconda Parte)

“Você é o meu porto seguro, a primeira pessoa que preenche meus pensamentos quando acordo, e a última que penso antes de dormir.”

 

Matteo Balsano

Essas duas últimas semanas foram bastante corridas, tive que me desdobrar entre a gravadora e ajudar Luna a patinar. E não pense que estou reclamando, apesar de muitas vezes chegar cansado em casa, sentia que minhas forças foram renovadas apenas em ver o sorriso de felicidade dela ao conseguir realizar qualquer passo que seja sozinha, por mais simples que fosse. Ela começou a patinar sozinha sem precisar se apoiar em mim, apenas ouvindo o som da minha voz.

Estava saindo agora da gravadora para ir até a casa da Luna, hoje continuaríamos com o nosso treinamento e tentaria uma coisa um pouco diferente do que fizemos durante esses quatorze dias que passaram. A competição mundial seria em menos de dois meses e por mais que eu ainda não tenha falado com ela sobre o assunto, eu queria deixá-la preparada.

Entrei no elevador e apertei o botão para o estacionamento privado. Fiquei olhando para tela vendo os números abaixando a cada andar que descia. De repente, o elevador parou em um solavanco e todas as luzes apagaram-se, apenas a de emergência continuou acesa. Não poderia ser. Olhei para o celular e vi que faltavam apenas vinte minutos para o horário que eu marquei com Luna. E para piorar, a bateria estava com dois por cento e não tinha rede.

— Maldição! — praguejei.

Comecei a apertar o botão de emergência sem parar, esperando que alguém respondesse, estava impaciente e esperava que não demorassem muito para virem fazer a manutenção.

— Olá! Tem alguém aí? — a voz veio do telefone de emergência, que eu não tardei em apertar o botão para responder.

— Sou eu, Matteo.

Tivemos uma pane no sistema elétrico, mas já está sendo resolvido. Dentre dez minutos o elevador retornará a suas funções habituais.

— Okay, obrigado.

5 minutos. Parecia que fazia horas que eu estava dentro daquela cabine metálica e não aguentava mais esperar

10 minutos. Sentei no chão e joguei minha cabeça para trás do meu corpo, encostando na parede de metal.

15 minutos. Tirei a jaqueta que usava e deixei ao meu lado no chão, porque o calor dentro daquele cubículo estava insuportável.

20 minutos. Sentia o suor escorrendo por minha têmpora e comecei a respirar com mais intensidade, pelo fato do ar ali dentro ser quase que escasso.

Exatamente 22 minutos depois as luzes acenderam e o elevador voltou a funcionar. Levantei do chão, porém continuei escorado na parede. Quando enfim ele parou no andar do estacionamento, saí lá de dentro em um rompante, não aguentando mais a sensação de sufocamento que se alastrava por meus pulmões. Passei cerca de três minutos apoiado na parede adjacente ao elevador, esperando a respiração regularizar e minha pele parar de transpirar.

Olhei as horas no meu relógio de pulso e praguejei mentalmente por está quase meia hora atrasado. A essa altura, a bateria do meu celular já estava completamente zerada, então não conseguiria ligar para avisar o motivo da demora, então iria direto para lá sem ao menos passar no apartamento para tomar um banho e trocar de roupa, por sorte havia colocado os patins no carro antes de sair de casa.

Pela primeira vez desde que comecei a vir visitar a Luna que apertei a campainha. A dona Mônica quem atendeu e veio abrir o portão principal para mim, ela disse que a Luna estava no quarto e eu segui para lá.

Bati duas vezes na porta e abri uma pequena fresta encontrando-a sentada no meio da cama com as pernas cruzadas uma entre a outra. Ela tamborilava levemente com as pontas dos dedos na pele da coxa, parecia impaciente.

— Quem está aí? — sua voz reverberou pelo silêncio do quarto.

— Sou eu.

— Ah claro, está atrasado. — Bufou e fechou a cara. Antes que eu pudesse contar o que havia acontecido, ela voltou a falar: — Se você não queria me ajudar era só dizer Matteo. Eu não iria te julgar nem ficar com raiva. Quem é que quer mesmo ser babá de uma cega? — Praticamente gritou essa última parte. — Exatamente, ninguém, eu estou apenas sendo um empecilho na sua vida. Já pode ir embora, não vou mais voltar a patinar.

— Hey, você poderia se acalmar e deixar eu explicar o que aconteceu? — Permaneci com o tom calmo e a vi abaixando um pouco a guarda, mas continuando com as feições irritadas. — Então, o elevador da gravadora parou comigo dentro e a bateria do meu celular zerou e não teve como eu avisar.

— Sério Matteo? Não havia desculpa melhor? — Irritação e ironia exalavam por todo o seu corpo.

— Você está sendo infantil e inconveniente. Deveria saber que eu não faço as coisas por obrigação, se hoje estou te ajudando é porque eu quero. — Suspirei resignado e passei as mãos pelo cabelo, puxando os fios com força. — E deveria parar de colocar a sua perda de visão na frente de tudo, como se fosse uma incapacitada e que as pessoas estão próximas apenas por pena. Luna, essa é uma situação reversível, você pode retornar a enxergar ou até mesmo adaptar-se completamente a esse estilo de vida.

— Eu sei. Desculpa por esse ataque, eu acredito em você. — Começou a tirar alguns fiapos invisíveis da barra do seu short. — Eu estou muito nervosa com tudo que vem acontecendo e não sei como agir, aí acabo por descontar minha raiva em qualquer pessoa.

— Está desculpada. — Sentei ao seu lado na cama. — Mas você deve prometer que não vai desistir nem deixar os problemas te vencerem.

— Promessa de mindinho? — Levantou a mão e deixou apenas o menor dedo erguido, enquanto os outros ficaram abaixados com as unhas contra a palma da sua mão.

— Promessa de mindinho. — Fiz o mesmo que ela e cruzei nossos dedos selando aquela promessa da maneira mais singela. — Agora vem cá. — Puxei-a e envolvi seu corpo nos meus braços, senti sua bochecha elevando-se contra o meu tórax e sabia que ela sorria. Eu também sorria.

Após esse momento, levantamos e eu peguei os seus patins que estavam escorados na parede perto da porta antes de sair do quarto para seguirmos até a parte externa da mansão, onde havia estacionado o carro. Como acontece normalmente, ajudei Luna a entrar e passei o cinto por seu corpo até pressionar a fivela na trava, prendendo.

Felizmente ainda estávamos no horário marcado com Juliana, já que fazia questão de vir alguns bons minutos mais cedo para conversar descontraidamente com a Luna e tentar acalmá-la. É sempre da mesma forma.

Ela batia freneticamente o pé no piso do carro, causando um barulho inquietante. Gentilmente, coloquei minha mão sobre sua coxa, fazendo ela parar com os movimentos. Continuei com a mão na superfície da sua pele, agora fazendo carinho e sentindo ela ir se acalmando.

Havia pedido para Juliana fazer as demarcações na pista depois que o pessoal saísse e o Roller fechasse. Assim seria mais fácil passar as instruções para Luna do que ela tinha que fazer e quantos passos teria que dá para chegar no centro e nas extremidades da pista.

Chegamos e eu virei o rosto para olhá-la. Os seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, impedindo que ele ficasse em seu rosto. Droga. Só porque eu amava colocar o seu cabelo atrás da orelha para vê-la abaixando a cabeça e corando.

— Vamos? — Não respondeu e continuou parada, controlando-se para não fazer nenhum movimento e para diminuir o ritmo da respiração. — Luna, já pode parar de fingir, sei que você não está dormindo.

— Humpf! — grunhiu. — Eu poderia sim está dormindo, e não é certo acordar as pessoas. Vai que ela esteja em um sonho muito legal e você a desperta bem na melhor parte.

— Tá certo, da próxima vez vou lembrar disso — falei zombando com ela.

Dessa vez foi bem mais difícil colocar os patins em seus pés, ela não parava quieta e ficava a cada instante dizendo que não estava confiante, que nunca voltaria a patinar como antes.

— Será que você poderia parar quieta um segundo? Está difícil de calçar os patins — tentei soar o menos impaciente possível. Não gostava quando ela falava desse jeito, sempre tão negativa e colocando-se em uma posição de incapaz, o que ela claramente não era.

— Desculpa. — abaixou a cabeça e ficou quieta. Sem mexer os pés. Sem falar nada.

O ambiente ficou tenso e eu suspirei, arrependendo-me de ter falado daquela forma com ela. Terminei o meu trabalho e sentei ao seu lado no banco, segurando suas mãos entre as minhas.

— Perdão por ter falado daquela forma, não era minha intenção te magoar. — Seus olhos estavam fechados e suas pálpebras tremiam levemente. Ela controlava-se para não desabar em lágrimas. — Estou me colocando em seu lugar. Isso deveria ter acontecido comigo e não com você.

Meus dedos passearam por sua bochecha em um leve carinho. Uma lágrima desceu de seus olhos e eu a enxuguei, depois veio outra e mais outra. E eu enxuguei cada uma delas, tomei cada uma para mim.

— Por favor, nunca mais fale isso. — Pôs sua mão sobre a minha que estava em sua bochecha e começou a acariciar. — Eu prefiro que seja assim ao contrário. Não sei se conseguiria suportar e ficar ao seu lado em todos as tribulações, já teria desabado bem antes que eu pudesse pensar em algo para fazer. — engoliu em seco e respirou fundo, controlando as lágrimas. — Olha você, sempre ao meu lado em todos os momentos, sempre que eu penso em desistir você não permite. Quando eu desabei e deixei-me envolver pela dor, foi você quem me ergueu. Eu não conseguiria ser essa pessoa para você. — Balançou a cabeça em negação e mais lágrimas vieram. — Você é o meu porto seguro, a primeira pessoa que preenche meus pensamentos quando acordo e a última que penso antes de dormir.

— Eu te amo, te amo tanto que muitas vezes durante os anos que passamos longe, eu sentia-me sufocado com todo esse amor, porque eu não tinha você para transmiti-lo. — Beijei sua bochecha direita, depois à esquerda. Beijei cada um dos seus olhos, seu nariz e por fim, depositei um beijo no canto da sua boca. — A cada dia eu descubro mais um motivo para te amar.

Nos quase sete anos que nós nos conhecemos, essa foi a segunda vez que eu declarei com todas as letras o meu amor por ela. E eu não me arrependia de nenhuma delas. Talvez esse fosse o tal do amor verdadeiro, que você não tem medo de dizer para a pessoa o que sente.

— Acredito que você roubou todas as palavras bonitas do mundo para si, porque nesse momento eu não sei nem o que falar. — Sorriu timidamente. — Eu te amo, espero que isso seja suficiente para você, porque é a única coisa que eu tenho para te oferecer. E eu claramente não sei falar essas frases filosóficas.

— Você é o suficiente para mim e isso basta. Não preciso de mais nada.

Selei nossos lábios por alguns segundos e depois os separei, porém, permanecendo com os rostos perto o suficiente para eu continuar sentindo a pressão dos meus lábios contra os seus.

Voltei a pousar minha boca sobre a sua em um beijo calmo, quente e delicioso. Nunca iria cansar de beijá-la. Se pedissem para eu escolher entre a minha carreira ou beijar a Luna para o resto da vida, não pensaria duas vezes antes de escolher a segunda opção.

Nossos lábios mexiam-se com precisão e o beijo tinha gosto de saudades e lágrimas. Suas duas mãos estavam nas laterais do meu corpo, onde ela agarrava o tecido da camisa com força. Uma mão minha continuava em seu rosto e a outra tocava a pele quente da sua cintura por dentro da blusa.

Meu Deus. Não queria acabar com aquele momento. Por mim, poderia passar toda a eternidade com ela em meus braços, enquanto nos beijávamos. Mas nem sempre temos o que queremos.

Uma tosse forçada nos obrigou a separar nossos lábios. Luna permaneceu com os olhos fechados enquanto eu levantei a cabeça para descobrir quem nos atrapalhou. Surpreendi-me com a pessoa que se encontrava diante dos meus olhos.


Notas Finais




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