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História L'ultimo Ballo - Trentotto (Seconda Parte)


Escrita por: lutteando

Notas do Autor


>>Música do capítulo: Perfect – Ed Sheeran ft. Beyoncé
>>Música do capítulo 2: Princesa – Ruggero Pasquarelli (Essa aqui vocês colocam quando aparecer a marcação no capítulo)

Capítulo 40 - Trentotto (Seconda Parte)


Fanfic / Fanfiction L'ultimo Ballo - Trentotto (Seconda Parte)

“Meus pensamentos sempre foram confusos, mas sempre foi o Matteo, eu apenas não queria aceitar isso.”

 

Luna Valente

Meu corpo paralisou diante suas palavras, não conseguia formular nada coerente em minha cabeça. Não era a primeira vez que falávamos de casamento, sempre brincávamos com isso, então acreditava que essa fosse mais uma dessas vezes.

Passei os braços por seu pescoço e inclinei meu corpo em direção ao seu, deixei um selinho nos lábios dele, porém, continuei na mesma posição.

— Claro que eu caso meu amor. — Acariciei os seus cachos e ele suspirou. — Quando você quiser.

Matteo apenas sorriu e balançou a cabeça negando, não falou nada, apenas trouxe sua boca para junto da minha, começando um beijo calmo e delicado, daqueles que faziam as borboletas em minha barriga morrerem ainda mais de amores por esse homem. Separou nossos lábios, entretanto, nossos rostos permaneceram bem próximos. E ele ainda não falou nada.

Passei o restante do dia junto com ele, assistimos aos três filmes dos Vingadores, enquanto comíamos diversas guloseimas que eu tinha certeza que havia aumentado o nível de glicose no meu sangue. Todos os momentos que eu passava junto ao Matteo, faziam com que o amor que eu sentia por ele crescesse.

Às vezes eu me pegava pensando no passado, em cada segundo que perdemos enquanto estivemos longe. Mas isso não durava por muito, pois percebia que estávamos vivendo o que tínhamos que viver, o tempo que não vivemos juntos simplesmente não era para existir.

Agora eu percebia que nossa história sempre foi muito complicada, desde o início. Passamos por muita coisa para estarmos juntos aqui hoje, meus pensamentos sempre foram confusos, mas sempre foi o Matteo, eu apenas não queria aceitar isso.

* * *

SEIS MESES DEPOIS
Argentina, Buenos Aires
Agosto de 2022

Ontem fez um mês e meio desde a última vez que eu vi o Matteo pessoalmente, nosso contato vinha sendo apenas virtual e eu não me aguentava de tanta saudades. Infelizmente, eu só consegui viajar para assistir ao show uma única vez e passei apenas dois dias, que foi quando estava fazendo um pouco mais de um mês da turnê pela America Latina abrindo os shows de MyA.

A cada dia que passava, ele ganhava mais reconhecimento e as pessoas criavam uma afeição muito grande por ele, fazendo com que Matteo recebesse diversas mensagens de fãs apaixonadas e loucas para terem uma chance. Não vou dizer que não senti ciúmes, porque não será verdade, porém, eu entendia que isso iria ser algo normal daqui para frente e que a tendência seria de apenas piorar.

A primeira vez que eu apareci em público com o Matteo, desde que sua carreira lançou definitivamente, foi um verdadeiro alvoroço. Parte das fãs dele gostavam de mim e a outra parte não, segundo essas últimas, eu havia acabado com as chances delas de ficarem com o Matteo. Não era algo que me incomodava, sendo sincera, eu sabia o quanto aquilo era normal.

Apenas mais um dia. Somente um dia para eu voltar a vê-lo, para ter os seus braços rodeando meu corpo, para beijá-lo e dizer o quanto o amo olhando em seus olhos, um dia para ouvir sua voz rouca em meu ouvido, dizendo que me amava, para sentir a fragrância deliciosa e inebriante que só Matteo Balsano possuía.

Fortes batidas foram desferidas na porta do meu quarto e eu já tinha uma noção de quem fosse. Hoje a Âmbar acordou atacada, ela veio até o meu quarto super cedo e acordou-me, levantei da cama desesperada pensando que algo ruim tivesse acontecido, porém, ela apenas riu e disse que teríamos um dia de meninas, já que eu precisava sair um pouco para esquecer que o Matteo estava longe.

Sabia que aquilo não era totalmente verdade, tinha noção que ela queria sair para esquecer um pouco o que o Simón fez. Fazia uma semana que a Âmbar chegou na mansão chorando e correu para o quarto, não querendo conversar com ninguém. Depois de muito insistência, ela deixou que eu entrasse no quarto, isso não significava que me contou o que aconteceu, passei horas com ela, as duas em silêncio. Eu sentada na cama e ela deitada com a cabeça apoiada em meu colo.

Depois que se acalmou e controlou as lágrimas, contou-me sobre o que tinha acontecido na viagem que ela tinha feito para encontrar com o Simón, que estava em turnê com a Roller Band. Âmbar foi fazer uma surpresa para ele e quando chegou lá, ela quem foi surpreendida. Com a ajuda do Pedro, companheiro de banda do Simón, conseguiu entrar no quarto dele e a parte seguinte foi a que me surpreendeu: ele encontrava-se aos beijos com outra mulher. Quando Âmbar me contou, fiquei sem acreditar, nunca pensei que ele fosse fazer isso, meu melhor amigo de anos atrás nunca faria isso. Entretanto, as pessoas mudam e às vezes, algumas mudanças não são para o bem.

Após essa conversa, ela não tocou mais no assunto nenhuma vez, mas eu sabia que continuava triste. Ela ainda era aquela pessoa que tentava se fazer de forte mesmo com o mundo desabando ao seu redor, sempre foi algo que eu admirei nela.

Abri a porta do quarto dando de cara com uma Âmbar impaciente. Ignorei suas reclamações pela demora e segui atrás dela em direção ao seu carro. Sentei no banco do passageiro e passei o cinto por meu corpo.

— Você demorou tanto que esqueci de te contar — disse, prestando atenção na estrada.

— Contar o quê?

— Me ligaram da empresa enquanto você se arrumava, então temos que passar por lá antes para eu assinar uns papéis importantes.

Não sei se falei antes, mas Âmbar começou a trabalhar na empresa da família quando terminou a faculdade e agora comanda o centro de finanças.

— Não tem problema, eu fico no carro esperando — disse enquanto mexia no celular.

Matteo não me enviou nenhuma mensagem desde ontem a tarde e isso era estranho. Ele falava comigo todas as manhãs para dar bom dia e todas as noites antes de dormir, então esse sumiço dele deixava-me um pouquinho aflita, porém, não deixei que nenhum pensamento negativo alimentasse minha mente, ele deveria estar muito ocupado e esqueceu de responder, ou seu celular poderia ter descarregado. Relaxei e voltei a apagar a tela do celular.

— Nada disse, você entra comigo. Aproveita e conhece a empresa.

— Eu já conheço a empresa, Âmbar — falei com tédio e a loira ao meu lado bufou.

— Não seja tão chata, o que custa entrar comigo?

— Por que eu não posso ficar esperando no carro?

— Porque eu não vou deixar o carro no estacionamento e, pode aparecer um ladrão e te assaltar.

Fiquei olhando para ela com a testa franzida, tentando entender o motivo de toda aquela insistência, porém, desisti. Âmbar às vezes conseguia ser a pessoa mais louca que eu já conheci.

Ela estacionou o carro em frente a empresa e desceu logo em seguida, fiz o mesmo e ela acionou o alarme. Saudamos os seguranças que faziam a guarda da empresa e eu peguei um cartão de visitas na recepção antes de seguir com a loira até o elevador. Paramos no último andar e ela seguiu até a sua sala, fiquei sentada em uma das diversas cadeiras que tinham dispostas pelo espaço.

Dez minutos depois e nenhum sinal da Âmbar, não acreditava que para assinar uns papéis demorava tanto. Observei quando um garoto saiu do elevador com um buquê de flores vermelhas e brancas ornamentadas com algumas folhas, deixando o arranjo ainda mais encantador. Tenho certeza que a pessoa que recebesse esse presente ficaria encantada.

Estranhei quando ele andou na direção que eu estava e parou de frente a mim.

— Luna Valente? — perguntou. Percebi que na outra mão ele segurava um pequeno papel dobrado ao meio.

— Sim, sou eu — respondi, sem entender muito bem o que acontecia.

— Mandaram essas flores para cá de manhã cedo, endereçadas para você. — Franzi o cenho e ele continuou: — A recepcionista não entendeu muito bem, já que você nunca aparece por aqui.

Ele entregou-me o buquê junto ao cartão e eu agradeci antes que ele voltasse pelo mesmo lugar de onde veio. Desdobrei o pequeno papel, encontrando palavras escritas com uma letra elegante, que tinha os seguintes dizeres:

"Enviei essas flores para que você tivesse pelo menos um pouquinho do meu amor enquanto eu não posso estar completamente ao seu lado."

— M.B.

Tinha certeza que um sorriso bobo brincava em meus lábios. Matteo sempre sabia o que fazer para que eu me sentisse melhor, mesmo não estando presente fisicamente comigo.

— Vejo que já recebeu a surpresa — Âmbar disse frente a mim. Estava tão submersa em pensamentos que não havia nem reparado que ela já havia saído da sala.

— Foi você, não é? — perguntei, referindo-me a ter escrito o bilhete e deixado junto ao buquê na recepção.

— Quem mais seria? — Arrebitou o nariz. — Matteo falou comigo e pediu para que eu o fizesse. Ele é insuportavelmente fofo, não aguento toda essa melação de vocês. — Revirou os olhos e fingiu que ia vomitar.

Saímos da empresa e seguimos em direção ao carro. Ela dirigiu por quase meia hora até que por fim, chegamos ao shopping.

Passamos a manhã inteira fazendo compras, rodamos todas as lojas do prédio nesse período de tempo, minhas pernas latejavam e um calor subia por meus músculos, pedindo por descanso. E não, não estava exagerando, Âmbar Smith era insuportável dentro daquele lugar, ela fazia questão de entrar em, absolutamente, todas as lojas. Dizia que simplesmente não podia comprar o primeiro par de sapatos chiques que aparecesse em sua frente, porque talvez ela encontrasse outro mais bonito e se arrependesse de ter comprado o primeiro que viu. Aquilo raramente acontecia, já que no final, quase sempre voltávamos para a primeira loja e ela comprava o sapato que viu antes.

Não iria reclamar muito, pois na verdade, aquilo tornou-se uma ótima distração para a minha mente. Estava mais focada em algumas roupas e calçados que chamaram minha atenção, ou em minhas pernas doendo. Deixando um pouco de lado a minha mais nova paranóia de que algo havia acontecido para o Matteo não ter me enviado nenhuma mensagenzinha desde ontem a tarde.

Paramos em uma loja de sapatos, que já havíamos passado antes, e nesse momento, a Âmbar provava vários calçados de diversos estilos, enquanto eu, fiquei sentada em uma das diversas cadeiras dispostas pelo ambiente agradável. Não largava o celular por nada, qualquer notificação que chegava, eu achava que poderia ser o Matteo dizendo que estava bem, porém, em nenhuma das vezes essa hipótese era correta.

Sei que não deveria me preocupar, mas é mais forte que eu. Desde que voltamos, nunca passamos tanto tempo longe um do outro, e infelizmente, sentia medo. Sei que o que aconteceu no passado não voltará a acontecer, confiava no Matteo. Meu maior medo mesmo era de que algo de ruim acontecesse com ele.

Balancei a cabeça, espantando aqueles pensamentos negativos.

Estava distraída demais para perceber quando uma pessoa parou ao meu lado, era uma das mulheres que trabalhavam atendendo os clientes na loja. Ela segurava uma caixa em mãos e continuava parada frente a mim, cocei a pontinha do nariz e sorri envergonhada, não havia pedido nenhum calçado, e outra, aquela caixa definitivamente não era da loja.

— Pediram para te entregar. — Ela tinha um sorriso animado nos lábios. Agradeci e peguei a caixa de suas mãos, já tendo ideia do que se tratava.

Sentia os olhares das pessoas presentes na loja em mim, fazendo minhas bochechas arderem de vergonha.

Soltei a fita que mantinha a caixa fechada e a abri, dando-me de cara com vários do meu chocolate preferido. Sorri e peguei o cartão que estava preso ali.

"Sei que são seus chocolates preferidos, por isso, pedi para que te entregassem não importando onde você estivesse.

P.S.: não esqueça que eu te amo."

— M.B

Saí da loja com a Âmbar ao meu lado e o sorriso não sumia dos meus lábios. Sabia que o Matteo aprontava algo, apenas não fazia ideia do que seria. Mas tinha noção que a garota ao meu lado estava envolvida nisso tudo e tinha conhecimento dos planos dele.

— Bora, me conta logo. O que o Matteo está tramando? — perguntei quando chegamos ao estacionamento.

— Eu não sei do que você está falando. — fingiu desentendimento, enquanto abria a porta do carro e deslizava para dentro. Fiz o mesmo.

— Não seja sonsa. Conheço muito bem a sua letra, e sei que foi você quem escreveu ambos os bilhetes. — acusei.

— Você não pode me acusar dessa forma, Luninha. — Chamou-me pelo apelido que havia me dado anos atrás, com uma pontada de diversão exalando por sua voz a cada sílaba da palavra dita. — Matteo pediu para que eu escrevesse o bilhete, já que ele não está na cidade, mas isso não significa que eu sei quais são as intenções dele.

Estreitei os olhos em sua direção. Não acreditava nela, Âmbar claramente sabia sobre tudo. Primeiro, ela ter praticamente me arrastado para dentro da empresa, quando eu podia muito bem ter ficado no carro esperando. E segundo, ela ter parado em uma loja específica, onde já havíamos passado milhares de vezes frente a ela.

Não me entendam mal, não estava achando ruim todas aquelas surpresas. O problema era só isso mesmo, ser uma surpresa. Eu era extremamente ansiosa e curiosa, então, ficava criando diversas teorias em minha cabeça, tentando adivinhar o que aconteceria no final, e absolutamente, eu nunca acertava.

Minha barriga já roncou alto e eu torci muito para que o restaurante que a Âmbar escolheu não fosse muito longe.

— Estamos indo para qual restaurante? — Quebrei o silêncio que havia sido instalado.

— Um italiano, que eu adoro.

Depois da sua resposta, voltamos a ficar em silêncio, apenas com as músicas da rádio tocando pelo som do carro. Passamos cerca de vinte minutos na estrada até chegar no restaurante. Descemos do carro e Âmbar entregou a chave ao manobrista, para que ele pudesse estacionar o veículo.

Entramos no restaurante e a recepcionista nos levou até a nossa mesa. Sentamos uma de frente a outra e comecei a analisar as opções de refeições que tinham disponíveis ali. O garçom veio até nossa mesa e realizamos os nossos pedidos, eu optei pela Polenta grelhada, acompanhada de legumes e a Âmbar escolheu o Tortelli do zucca. De bebida, optamos pelo clássico vinho tinto seco italiano e de sobremesa, ambas escolhemos o Tiramisu, que era simplesmente biscoitos aerados, com creme de marcarpone, espresso e recheado de chocolate.

Enquanto esperávamos nossa comida, iniciamos uma conversa sobre coisas triviais. O garçom retornou com nossos pedidos e ficamos em silêncio para poder comer.

Na hora de trazer a sobremesa, além do nosso pedido, o garçom trouxe três pequenos buquês de flores cor de rosa, que vinham dentro de um papel, também cor de rosa. Na ponta, tinha uma fitinha amarrada — para prender o papel — e uma pequena etiqueta em cada uma.

Peguei o buquê que tinha o número um e levantei o pequeno papel, lendo a mensagem que havia escrita ali: "Nada no mundo" era apenas isso. Peguei o segundo e fiz o mesmo processo, percebendo que era a continuação da frase: "Nunca foi tão certo", com pressa para saber a conclusão da mensagem, segurei o terceiro buquê e li as palavras que preenchiam o pequeno papel: "Quanto eu e você!".

Sorri emocionada e senti as lágrimas inundarem meus olhos. Matteo era sem dúvidas o melhor namorado, sempre sabia como me surpreender e isso fazia com o que eu o amasse cada dia mais. Contava as horas para tê-lo finalmente aqui comigo, morria de saudades e todas essas surpresas faziam com que a falta que que sentia apenas aumentasse. Suspirei e pisquei os olhos algumas vezes, não querendo começar a chorar em público.

Saímos do restaurante e esperamos que o manobrista trouxesse o carro. Com isso feito, entramos no automóvel e Âmbar dirigiu rumo a mansão. Encontrava-me bastante cansada e necessitava de um banho antes de ir até o Jam&Roller, Juliana ligou para mim ontem, pedindo que eu fosse até lá hoje para ensaiar alguns passos.

Passamos pelo portão da mansão e eu desci do carro assim que a Âmbar estacionou, seguindo em direção a porta de entrada com a loira atrás de mim. Mônica estava sentada em um sofá na sala de estar, assistindo algum programa de culinária que ela adorava.

— Boa tarde mãe. — Abracei-a por trás e deixei um beijo em sua bochecha esquerda.

— Boa tarde tia. — Âmbar jogou-se no outro sofá.

— Boa tarde queridas. Como foi o dia? — ela perguntou, virando o rosto para trás e dando de cara com as flores e a caixa de chocolate que o Matteo me mandou. — Quem lhe deu todas essas flores, Luna? Saiba que o Matteo não vai gostar nada disso.

Não sei se contei, mas a minha mãe converteu-se na fã número um do meu relacionamento com Matteo, então, ela sempre destacava o quanto gostava do genro e que eu não podia perder um homem como ele, porque nos dias de hoje era algo difícil de se encontrar. E eu concordava com a parte de não poder perder o Matteo.

— Não se preocupe dona Mônica — falei em um tom divertido. — O Matteo não vai se importar, já que foi ele mesmo quem mandou.

— Tá vendo como eu estou certa quando digo que esse garoto é adorável? — Ela sorria e batia as palmas alegremente. — Agora me conta tudo, como você recebeu? Onde estava? Quem entregou? Ele falou alguma coisa? — Jogou as perguntas todas de uma vez.

— Agora eu vou tomar um banho porque estou super cansada. Mas prometo contar todos os detalhes depois. — Deixei outro beijo em sua bochecha e fui direto para as escadas, rumo ao andar de cima, onde ficava o meu novo quarto.

Abri a porta deparando-me com o quarto todo decorado de uma forma romântica. Senti mãos em meus ombros e olhei para trás, vendo minha mãe e Âmbar ali, ambas com um sorriso no rosto. Claramente a Mônica já sabia de tudo e ajudou o Matteo com toda essa surpresa.

— Você também é cúmplice dele! — Apontei o dedo indicador em sua direção. — E ainda fingiu não saber de nada quando me viu com os presentes.

— Ele só me pediu uma ajudinha, e claro que eu não iria negar. — Deu de ombros.

— Vocês realmente não vão me contar o que o Matteo está aprontando? — perguntei com esperanças de que elas me contassem e acabassem com todo esse suspense.

— Não tem nada para contar — Âmbar disse e passou por mim, entrando no quarto. — Ou você quer que eu detalhe cada coisa que tem no quarto? — Revirei os olhos e entrei também, querendo observar tudo melhor.

Pétalas de flores cobria praticamente todo o chão do espaço. Havia dois arranjos de rosas vermelhas, uma no criado mudo ao lado da cama e a outra na minha cômoda. Um coração, também feito com as pétalas, ganhava destaque em cima do lençol branco da cama de casal, notei que no centro do coração tinha uma caixa.

Aproximei-me da cama e peguei a caixa, colocando-a em meu colo. Desatei o laço da fita e removi a parte de cima que fechava a caixa. Dentro dela, encontrei alguns docinhos tipicamente brasileiros que eu era apaixonada, um pequeno bolo que eu acreditava ser de chocolate, alguns brownies também de chocolate dentro de saquinhos plásticos, fechados com uma fita, alguns croissants e uma garrafa de vinho. Meu Deus, tô começando a achar que o Matteo quer me engordar, olha o tanto de doces que ele mandou, não irei reclamar porque estou amando todos esses mimos.

Continuei observando todo o quarto e reparei que na parede acima da cabeceira da cama, havia dois quadros de tamanho mediano. Cheguei mais perto, podendo perceber que se tratava de duas fotos nossas em preto e branco. Sorri, lembrando o dia que elas foram tiradas.

Na primeira, o Matteo estava sentado, comigo em pé ao seu lado, ele tinha as mãos cruzadas e eu encontrava-me com um braço apoiado em seu ombro. Recordava bem que ele havia falado algo que me fez rir muito, e foi nesse exato momento que registraram a fotografia.

A segunda foi tirada enquanto ensaiávamos para algum Open Music. Nossos olhares estavam conectados e mesmo pela foto, conseguia sentir o desejo reprimido que nos rondava. Eu sorria, sem mostrar os dentes, e ele mantinha os olhos fixos em meus lábios.

Havia algumas palavras escritas — em uma letra cursiva e elegante — na parte branca do quadro, abaixo da foto. A primeira dizia "La chica delivery" e na segunda completava com "y el chico fresa".

Enxuguei uma lágrima que desceu por minha bochecha e logo em seguida limpei outra, e depois várias outras. Adorava a sensação que habitava dentro de mim, de que a cada dia era um motivo novo que eu descobria para amar o Matteo.

Expulsei minha mãe e Âmbar, que continuavam em meu quarto, para que eu pudesse me banhar. Entrei no banheiro e despi-me completamente, indo em direção ao box, que eu abri e fechei assim que já estava dentro. Ajustei a temperatura do chuveiro, para não deixar muito quente, tampouco fria demais.

O banho foi bastante relaxante, permiti-me desfrutar da água morna que caía suave por meu corpo sem nenhuma preocupação. Estava mais que contente, encontrava-me radiante com todas as coisas boas que vinham acontecendo em minha vida. Todavia, continuava sentindo medo que uma hora ou outra tudo fosse ruir novamente diante de mim, não sou forte o suficiente para suportar tudo outra vez.

Enrolei-me na toalha rosa clara que havia no banheiro e antes que eu pudesse sair do recinto, notei um buquê de rosas azuis na bancada de mármore, onde eu deixava alguns produtos de uso pessoal. Nunca em toda minha vida eu vi flores azuis, pensava que elas sequer existiam, mas o Matteo estava ali mais uma vez para surpreender-me.

Peguei o cartão que tinha preso ao buquê e desdobrei, começando a ler o que ele tinha a me dizer:

"Dizem pelo mundo que a rosa azul expressa a necessidade de transmitir a uma pessoa o quanto ela é única e especial. Ela também representa o amor verdadeiro, o sentimento mais difícil de ser alcançado e que eu encontrei apenas com você."

— M.B.

Matteo era a pessoa que tinha mais facilidade em fazer-me chorar de alegria. E era isso que acontecia agora, não conseguia controlar as lágrimas que escorriam de meus olhos e molhavam meu rosto. O sorriso em meus lábios era o da mais pura felicidade.

Deixei as rosas no criado mudo da cama e fui até o meu closet vestir uma roupa. Queria saber o que eu faria com todas essas flores.

Coloquei uma calça rosa claro de um tecido confortável, que eu não sabia distinguir se era jeans ou legging. Na parte de cima, vesti uma regata branca que marcava minhas curvas e amarrei na cintura uma jaqueta de tecido e cor iguais aos da calça.

Fui até o quarto da Âmbar, que eram duas portas depois da minha, queria pedir para que ela me levasse ao Jam&Roller, já que meu pai tinha saído com o chofer. E isso levava ao ponto de que eu precisava urgentemente aprender a dirigir e comprar um carro, vinte e um anos e não sei nem trocar uma marcha.

Dei três leves batidas na porta do seu quarto e segundos depois ela foi aberta, revelando uma Âmbar com uma toalha enrolada no corpo e outro no cabelo.

— Será que você poderia me levar até o roller? — perguntei, na esperança de que ela não tivesse nenhum compromisso agora de tarde, e eu não precisasse pegar um táxi.

— Claro! Deixa só eu trocar de roupa e já saímos — respondeu e voltou a fechar porta. Desci para a sala e sentei em um sofá, ligando a televisão e passando os canais sequencialmente, sem ter ideia nenhuma do que assistir.

Quase dez minutos depois, Âmbar apareceu na sala vestindo um cropped azul bebê e uma saia longa da mesma cor. Saímos da casa e fomos em direção a garagem, onde ela deixou o carro mais cedo.

Ela destravou o alarme e eu abri a porta do passageiro, encontrando no banco um buquê de girassóis. Eu amava girassol.

Peguei o buquê e encontrei um envelope pequeno entre as flores. Abri e de dentro dele tirei um cartão com uma frase escrita a mão, estranhei um pouco porque aquela era a letra do Matteo, não tinha dúvidas disso. Já havia visto sua letra diversas vezes nas folhas de suas composições, eu apenas não fazia ideia de como um cartão escrito por ele chegaria até aqui, pois ele estava há quilômetros de distância de Buenos Aires. É muito provável que ele tenha planejado tudo isso faz um tempo e tenha deixado esse cartão escrito.

"Quando estou contigo, não me importo com o local onde estamos, tampouco para onde iremos. Estar ao seu lado é o suficiente para que eu me sinta o homem mais feliz do mundo."

— M.B.

Suspirei apaixonada e sem que eu percebesse, um sorriso formou-se em meus lados. Eu também era a mulher mais feliz do mundo em tê-lo inteiramente para mim.

— Ainda tem quantas? — questionei Âmbar, que já estava sentada no banco do motorista, apenas me esperando entrar para começar a dirigir.

— Quantas o quê? — Fingiu confusão. Ela era realmente boa em fingir alguma coisa, porém, aprendi a decifrar quando ela falava a verdade ou não, e nesse caso, ela mentia descaradamente.

— Não banque a sonsa para cima de mim. — Estreitei os olhos em sua direção e ela continuou negando.

— Entra logo no carro, antes que eu desista de te levar — disse mudando de assunto.

Deslizei para o banco e passei o cinto no meu corpo, prendendo na fivela. Por certo, o roller não era tão longe da mansão e em poucos minutos chegaríamos, só não quis ir a pé porque minhas pernas doíam bastante pela manhã que passamos rodando o shopping.

Ela estacionou o carro em frente ao estabelecimento e eu desci do carro. Achando estranho quando a Âmbar fez a mesma coisa e caminhou em direção da porta de entrada. Preferi não falar nada, apenas segui atrás dela.

Quando estava a caminho dos armários, um barulho vindo da pista assustou-me. Olhei para Âmbar, perguntando silenciosamente se ela havia ouvido também.

— Não sabia que viriam treinar hoje.

— Juliana não falou nada?

— Não. Vou ver se a encontro na pista.— disse e antes que ela pudesse falar algo, caminhei rumo a pista.

Cheguei no corredor que dava para a pista e assustei-me quando encontrei vários papéis suspensos no ar, presos ao teto por fitas. Eram fotos. Pensei que havia visto uma foto minha com o Matteo, cheguei mais perto e confirmei essa minha suspeita. Na verdade, todas aquelas fotos ali eram nossas.

{MUSIC ON}

Antes que eu pudesse continuar ali contemplando aquelas fotografias, uma melodia tocada em um piano entrou por minhas vias auditivas. Adentrei na pista para ver o que era, ela estava parcialmente escura, com apenas algumas lâmpadas espalhadas pelo espaço, deixando uma iluminação agradável. No centro, situava-se um piano preto de um brilho reluzente e atrás das teclas, um homem alto vestido com um terno completamente preto. Matteo.

Ele continuou tocando a melodia e logo em seguida começou a cantar uma música que eu não conhecia. Deveria ser uma nova composição. Estava emocionada com a letra da canção e com a emoção que o Matteo transmitia ao cantá-la.

¿Cómo es que se elige una princesa?

¿Cómo saber si es una de ellas

La que espera que sea su príncipe azul?

Cómo es que descubro la manera

Pues la única belleza es la que guarda en su interior

A letra alcançava meu coração e minha alma, fazendo-me encher de alegria e felicidade.

Dale luz a mis sentidos

Dame una señal

Ya no soy yo

Es el amor

Y siento que estoy despertando

Seu olhar permanecia junto ao meu e conseguia vislumbrar seus olhos brilhando em lágrimas que queriam serem derramadas. Sentia minhas próprias lágrimas acumulando-se abaixo dos meus olhos.

No se quien soy

Ni a dónde voy

Aunque pensé que estaba claro

No quiero sentirme un cobarde

Sólo espero, no sea tarde

Para seguir al corazón

Uma lágrima escorreu por meu olho esquerdo e tocou minha bochecha. Sorri, sentindo toda a emoção que a canção e a voz de Matteo transmitiam-me, tinha certeza que poderia passar o resto da minha vida ouvindo-o cantar. Sua voz era rouca e melodiosa, ao mesmo tempo que era calma e doce.

Eu sempre fui apaixonada pelo jeito que o Matteo cantava, além de sua voz ser a mais linda que eu já ouvi, cantava com emoção e eu era capaz de sentir a paixão que ele sentia pela música.

¿Como es que se elige una princesa?

Día y noche pienso en ella

En su mirada

Y me habla del amor

Cómo es que descubro la manera

De encontrarme frente a ella

¿Y escuchar su corazón?

Ele começou a cantar o refrão novamente e a cada nota, uma emoção diferente surgia.

Aquela canção denotava sentimentos de diferentes tipos, eles bons ou ruins. Falava de amor. Medo. Esperança. Tristeza. Coragem. Dúvidas. Entrega. Tudo isso junto, mostrava o que existia dentro do Matteo, o que ele sentia ou já sentiu, e era a coisa mais linda, sentia-me contente por ser a pessoa a quem ele mostrava tudo isso.

Terminou de tocar a última nota da música e seus olhos não desviavam dos meus. As lágrimas já desciam livremente por meu rosto e eu não me preocupava em contê-las, Matteo tampouco.

{MUSIC OFF}

Ele levantou-se do banco e saiu de trás do piano, começando a caminhar em minha direção. Minha maior vontade era de sair correndo e abraçá-lo, porém, minhas pernas tremiam e eu não conseguia sair do lugar.

Ele parou frente a mim, passando os dedos abaixo dos meus olhos, enxugando as lágrimas que segundos depois dele limpar, voltaram a cair por meu rosto. Antes que eu reagisse e falasse alguma coisa, ele deu alguns passos para trás e ajoelhou-se frente a mim.

Minhas mãos foram até a minha boca aberta, meu coração batia descontrolado e eu já sabia o que viria a seguir.

— Casa comigo? — perguntou, tirando do bolso uma caixinha preta de veludo, abrindo-a e revelando um anel dourado maravilhoso, com um diamante solitário no topo e diversos diamantes menores que desciam abaixo dele. — Uma das poucas certezas que eu tenho em minha vida, é que quero passar o resto dos meus dias ao seu lado. Quero que você seja a mãe dos meus filhos, que possamos aprender a cada dia um pouco mais um sobre o outro, que possamos compartilhar todos momentos felizes e tristes juntos. Quero envelhecer junto a ti. — As lágrimas desenhavam seu rosto bonito e a sua expressão era uma mescla de serenidade e apreensão.

Não sabia o que dizer, então, dobrei um pouco meus joelhos para deixar nossos rostos frente a frente. Tomei seu rosto entre minhas mãos e juntei nossas bocas. E não teve nada mais que isso, não movemos nossos lábios nem tentamos aprofundar o beijo, era apenas nós dois selando o nosso amor.

Um toque leve, suave e intenso.

— É claro que eu aceito, meu amor. Não poderia ter outra resposta. — Sorri em meio às lágrimas e ele voltou a ficar de pé.

Envolveu os braços por minha cintura e eu entrelacei minhas mãos em seu pescoço, ele ergueu um pouco meu corpo, fazendo com que meus pés ficassem suspensos no ar. Afundei meu rosto entre a curvatura do seu ombro e pescoço, inalando profundamente a sua fragrância.

Voltamos a nos beijar, agora com toda a intensidade e amor que existiam entre nós dois. Não queria que esse beijo terminasse. Porém, uma constatação rápido passou por minha cabeça, esse era apenas o começo de nossa história, o início de algo maravilhoso.

Aplausos ecoaram por todo o espaço e eu separei nossas bocas, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha.

As luzes foram acesas e eu consegui ver as pessoas que presenciaram esse momento e que foram cúmplices do Matteo para fazer toda essa loucura. Estavam meus pais, meu avô, a Âmbar, Juliana, Agustín e Maxi.

— Pensava que você chegava apenas amanhã — sussurrei para que só o Matteo pudesse ouvir.

— Surpresa minha linda — sussurrou de volta, um sorriso lindo estampando seu rosto. Eu amava demais aquele garoto. — Agora, se me permite... — afastou nossos corpos, o anel brilhando entre seu dedo polegar e o indicador.

Estendi a mão esquerda em sua direção. O gélido do anel entrou em contato com a minha pele quente e um arrepio percorreu todo meu corpo. Quando a circunferência de metal estava completamente em meu dedo anelar, ele depositou um singelo beijo em minha mão.

Sabia que naquele momento, uma nova fase iniciava-se em minha vida. E era a melhor de todas.


Notas Finais


➱ LINKS IMPORTANTES:

>>Música do capítulo (Perfect): https://youtu.be/817P8W8-mGE
>>Música do capítulo (Princesa): https://youtu.be/OW3kX4rq3SU
>>Cronograma de postagens: https://goo.gl/8JkHM8
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