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História Meu Inferno Particular - Capítulo 10 - Once I Was Seven Years Old


Escrita por: Alaska_sKa e Nara20050

Notas do Autor


Cheguei mais cedo hoje, ufa!

Primeiramente, eu quero agradecer aos 27 comentários, sério, muito obrigado! E me perdoem por não ter respondido, eu acabei tendo uma semana super corrida, mas eu li todos, tá?

Segundo, mas não menos importante, vim desejar um feliz aniversário atrasado para uma das minhas leitoras! Feliz aniversário Emanuelly, espero que goste do capitulo!

E, sem mais delongas, boa leitura!

● Capítulo Revisado.

Capítulo 11 - Capítulo 10 - Once I Was Seven Years Old


Fanfic / Fanfiction Meu Inferno Particular - Capítulo 10 - Once I Was Seven Years Old

Capítulo 10

Uma vez que eu tinha sete anos

 •

Uma vez, quando eu tinha 7 anos

Minha mãe me disse: Vá

Faça alguns amigos ou você vai ser solitário

Era um mundo muito grande, mas pensávamos que éramos maiores

Empurrando uns aos outros até o limite, estávamos aprendendo mais rápido

Nunca fomos ricos, então saímos para fazer algum dinheiro


Columbus Ave; W 77th st

New York estava caótica, como sempre.

As avenidas estavam lotadas e o som do trânsito era audível a quilômetros, casado com os xingamentos altos e aquelas inúmeras luzes coloridas  carros, motos, buzinas e músicas ligadas ao máximo volume. Alguns guardas apitavam, outros apenas sinalizavam para que os carros seguissem certo desvio, sendo respondidos com sonoros palavrões.

Aquele caos rotineiro da cidade, com todos os detalhes que só intensificaram ainda aquele ar de cidade urbana — uma sensação semelhante a de estar em uma gaiola, cheia de mais outros ratinhos e, para completar, com uma densa camada de poluição fazendo parte do oxigênio. — O entardecer coloria o céu, deixando com que as nuances da noite fossem visíveis, e que os grandes letreiros e outdoors fossem ligados.

A noite chegava, e com ela a beleza surrealista que havia inspirado filmes, séries, livros e músicas; aquelas infinitas luzes sendo ligadas, iluminando os prédios com tantas cores, que formavam um borrão aos olhos dos nova-iorquinos e turistas admirados.

E ele era mais uma parte daquela obra, um detalhe que a complementava, mas ele sequer notava isso — não por não saber admirar a cidade, por mais que realmente não visse nada demais em um amontoado de aço, concreto, asfalto e luzes. Mas por estar ocupado demais tentando salvar a própria pele.

Sua pele suava, sendo impregnada pela fuligem e por pequenos fragmentos de cascalho, poeira e tudo que havia no chão daquele lugar, dando-o um aspecto sujo. Seus cabelos dourados lutavam para escapar do gorro laranja que os cobria, enquanto seu tronco era tocado com brusquidão pelas brisas gélidas do entardecer — sua blusa estava aberta, deixando com que sua camiseta laranja fosse visível por debaixo do grosso tecido preto.

Sentia o suor escorrendo por sua pele, mas conforme um vento mais forte o tocava — quando passava pelas saídas de ar do metrô, ou quando desviava na estrada de alguns — sentia o suor secar, deixando sua  pele grudenta sob o tecido das suas roupas — normalmente não se importava com suas roupas, mas odiava o fato de estar sujo.

A adrenalina o deixava ainda mais eufórico, direcionando sua atenção apenas a um ponto; fugir.

Deveria estar em casa antes da 19 horas, para que seu pai não o bombardeasse com uma série de perguntas e nem que sua mais nova madrasta falasse — pela quinquagésima terceira vez — que ele deveria ser mandado para um colégio interno na Europa, onde iria aprender a se portar como o único filho de Minato Namikaze, o engenheiro chefe das maiores indústrias petrolíferas de todo o norte.

Iriam sentar na mesa, comer alguma coisa vegetariana ou vegana, ou o meio termo entre os dois, mas que deveria ter um gosto péssimo da mesma maneira. Iriam conversar como uma família feliz; Minato perguntaria como havia sido seu dia, e ele mentiria dizendo que passou o dia jogando basquete na praça mais próxima, até que Kirin falasse que estava mentindo — “Que tipo de jogo é esse que você volta sem uma gota de suor, sequer tendo um machucado?” — Iriam brigar, se trancaria em seu quarto e recomeçaria sua rotina no dia seguinte.

Mas aquela era uma preocupação para o Naruto do futuro, quando estivesse com a cabeça livre para poder se preocupar com as consequências de seus atos. O do presente tinha problemas mais urgentes, absurdamente mais urgentes.

Bem, pelo menos Kirin o iria ver cheio de machucados e suor agora.

Olhou para trás, ainda mantendo seu ritmo intenso e com as solas de seus tênis arrastando pelo chão de concreto. O homem mais velho, deveria ter acabado de chegar nacada dos 40, corria ensandecido atrás de si; gritando e carregando um pedaço de pau em sua mão — Naruto revirou seus olhos, odiando a persistência do homem, e acelerando ainda mais seus passos. O homem esbravejou alguns poucos metros atrás de si, deixando-o ainda mais puto.

Ele não poderia, simplesmente, parar de o seguir e aceitar que havia sido roubado? Aqueles poucos dólares valiam mesmo aquele esforço? — pontuou rapidamente que valiam sim, aparentemente, já que o  homem não hesitou em empurrar um turista quando o mesmo tentou impedir que corresse atrás do garoto. Era uma briga apenas deles dois.

Naruto olhou ao redor, rapidamente. Chão, avenida, lojas e becos. Sabia que se entrasse em um beco ou em uma loja teria 90% de chance de cair em um beco sem saída, aí de nada valeria seu esforço. Do chão não poderia passar, e continuar correndo pela calçada estava sendo problemático — desviar de algumas pessoas era fácil para si e mais complicado para o velho, já que o corpo esguio de um pré-adolescente passava mais fácil por entre tantas pessoas engravatadas e com seus caminharem robóticos.

Entretanto, para sua desgraça, o fluxo de pessoas aumentou e, aparentemente, era anormal ver um garoto com uma touca laranja correndo desesperadamente pelas largas calçadas — anormal ao ponto de alguns tentarem o parar, gritando para que algum guarda de trânsito fizesse alguma coisa. 

Respirou profundamente, tentando organizar seus pensamentos, mas o oxigênio também estava escasso assim como suas opções de fuga.

O homem correndo atrás de si também não ajudava, que tipo velho tinha tanto fôlego assim?

A mochila batia em suas costas, pensando em seus ombros. Seus bolsos estavam cheios, dando-o aquela sensação de estar carregando várias moedas, mas eram apenas dois relógios velhos, algumas notas e uma corrente fina de prata. Poucas coisas, mas que começaram a pesar mais do que deveriam conforme seu corpo ficava desgastado, caminhando para a exaustão — queria se jogar no chão, respirar fundo algumas vezes e tentar se recompor. Sabia que não poderia nem tomar água, pois assim que batesse em seu estômago iria voltar da mesma maneira.

Descansar lhe custaria muitas coisas, e muito mais além do que um simples vômito. Iriam lhe custar as peças que carregava em seus ombros e em seus bolsos, assim como sua amada liberdade; não seria bom para as reputações do Namikaze que seu único filho, o menino de ouro do colégio e o motivo de orgulho para todos, fosse preso aos 12 anos — constatou rapidamente, como um combustível para seu corpo, uma motivação, que aquilo custaria seus dias em New York, em sua casa e no mundo que conhecia.

Lhe custaria sua vida, e ele não poderia lidar com aquilo.

Mas seu pai não hesitaria em mandá-lo para a Europa, escondido de tudo e de todos — principalmente de tudo, já que mídia iria esquecer sobre o primogênito do Namikaze. — Não iriam hesitar, e Kirin encontraria sua paz sabendo que não teria que se importar com um garoto rebelde morando embaixo do seu teto. Naruto poderia ser uma futura má influência pros seus futuros possíveis filhos.

Era melhor acreditar nos possíveis seres que ainda sequer haviam sido feitos, do que pensar que Naruto tinha salvação.

Mas ele não os daria esse gostinho. Não mesmo.

Subiu em um banco, levado pelo adrenalina do momento e tendo em mente um plano que tinha tudo para dar errado. Pulou em direção ao suicídio, em direção da avenida parada pelo trânsito e sentindo suas pernas protestarem por conta da distância, impacto e velocidade do salto. Não deu importância, entretanto, sentiu seus ossos queimarem por debaixo da sua pele, mas isso não o impediu de continuar de maneira trôpega e desesperada — sobre os xingamentos altos, as buzinas agudas e os motores barulhentos. 

Olhou mais uma vez para trás, no momento em que passou entre dois táxis, e viu o velho ainda atrás de si, acompanhado de dois homens — seus olhos cresceram bons milímetros quando viu aqueles uniformes bem reconhecíveis por si; policiais que lidam com casos mais brandos, mas que eram o terror para crianças baderneiras.

Ele já via seu destino sendo posto em sua frente, escrito de maneira previsível e incorrigível, sem chances de um novo caminho ser formado e nem o antigo apagado. Apenas a dura e incisiva realidade sendo colocada em suas costas, um garoto que sequer havia completado seus 12 anos.

Viu a entrada do Central Park quando desviou de uma moto que por pouco, muito pouco, não o acertou. Correu sobre o asfalto quente, atravessando pela estreita passagem entre um ônibus e uma caminhão, quase ficando preso entre os dois. Correu como um louco para o parque, passando pela sua entrada como um raio e nem importando-se em disfarçar que fugia da polícia — os visitantes gritaram quando viram o jato loiro passando por ali, esbarrando rapidamente em alguns e derrubando outros.

Correu como se sua vida dependesse daquilo, porque ela realmente dependia.

Correu por entre os caminhos de pedra que havia ali, passando por debaixo das copas altas das árvores, que tinham suas folhas impedindo que o resto de luz natural iluminasse seu caminho, deixando-o ainda mais nervoso — não havia pensado antes de entrar no parque, só fugiu para a primeira porta que havia visto, assim como um animal faria. E havia caído na mesma armadilha que um animal cairia. — Desesperou-se, caindo em uma encruzilhada de caminhos, sendo que um deles o levaria até outro portão de saída — seus olhos brilharam, animados com aquela pequena luz no fim do túnel.

Quase sorriu, até chegar mais perto e ver que os seguranças gigantes que cuidavam do parque estavam buscando algo e, antes que pudesse reagir, viu que eles o viram; encontrando aquilo que procuravam, já que apontaram para si e começaram a correr. Grandes, rápidos e com pequenos rádios em suas mãos.

Suas pernas protestaram, mas ele corria desesperadamente outra vez.

Suor escorria por sua testa, suas pernas doíam e tremiam, e escutava seus batimentos ecoando em sua cabeça. Estava enjoado, prestes a vomitar apenas o suco gástrico, terminando de ferrar todo seu corpo, mas sentia mesma vontade de enfiar a cabeça dentro de uma fonte e beber todos os litros de água que haviam ali — sua visão já estava vacilando, assim como sua respiração e suas pernas. Havia corrido quantos quilômetros dessa vez? Nem ele saberia dizer, mas havia sido o suficiente para deixar seu corpo naquele péssimo estado.

O céu tornava-se ainda mais escuro e, para seu total desespero, viu as luzes sendo acesas — 19 horas em ponto, como todos os dias. — Puxou uma sôfrega lufada de ar, virando-se rapidamente para trás e vendo se alguém ainda o perseguia — não os via, mas sabia que no momento em que parasse de correr, e que regulasse seus próprios sinais vitais, escutaria os passos pesados vindo em sua direção.

Pelo menos era mais leve e mais rápido, tendo aquela vantagem ao  seu favor.

Vantagem que não serviu de nada naquele momento; sentiu um baque forte, e antes que pudesse entender a situação, já estava caído no chão — suas pernas doerem, enfim mostrando-se cansadas demais para andar mais um metro sequer. — Naruto gemeu de dor, mas ergueu seus olhos, já temendo encontrar aqueles seguranças — não queria ir para Europa, por mais que odiasse tudo que Nova Iorque representasse para ele. Era onde havia nascido, crescido e se tornado aquele pequeno monstrinho que trazia vergonha para seu pai e os agregados.

Mas encontrou algo totalmente diferente.

De primeira impressão achou que era um garoto, um garoto pequeno e franzino, mas ainda sim um garoto. O moletom gasto era grande demais cobria o corpo miúdo, assim como o capuz gigante que tampava qualquer coisa que pudesse mostrar o rosto do garoto — um vinco se formou entre as sobrancelhas loiras e ele olhou para trás, já esperando encontrar aqueles policiais, seguranças e aquele velho. Principalmente aquele velho.

Se virou novamente, prestes a iniciar sua corrida insana, mas parou bruscamente antes que o fizesse, olhando para o ponto divergente a sua frente; duas esferas profundamente verdes, postas em uma delicada face oval e salpicada de sardas suaves. Cabelos loiros muito curtos, mas tendo uma fina mecha rosada se destacando entre os fios.

Abriu a boca, em choque. O  garoto na verdade era uma menina? Uma garota? 

Ela percebeu o olhar dele sobre si, e ele percebeu tarde demais que os olhos verdes foram tomados por um brilho raivoso, tendo suas claras sobrancelhas apertadas e um vinco profundo entre elas.

— Que merda você pensa que está fazendo? — a  voz fina, levemente infantil, soou. Tão ou mais raivosa que aquele olhar. — Perdeu alguma coisa aqui? Eu vou te dar um soco para você aprender a olhar por onde anda!

Era uma garota.

Definitivamente era uma garota.


•••

New York; Manhattan


            New York Presbyterian Med Center; 12:00 AM

Os aparelhos soavam agudos, preenchendo o silêncio delicado e sobressaindo-se as respirações pesadas. Mas nenhum som chegava aos ouvidos dela, e muito menos aos dele, mesmo sendo tão agudos e irritantes.

Os braços dele a rodeavam, apertando-a e colando seus troncos com força. Frio e intenso. Os dedos esguios apertaram o tecido sobre suas costas, segurando-a como se ela pudesse fugir a qualquer momento, deixando-o da mesma maneira que o havia encontrado; sozinho, solitário e relutante. Um contraste negro em meio todos aqueles tons claros e imaculados do quarto, infringindo toda aquela perfeição.

Ele tinha um toque forte, muito mais forte do que ela esperava. As mãos grandes eram nítidas em sua pele e, enquanto respirava contra seu pescoço, Sakura retribuiu aquele toque na mesma intensidade. Mas, diferente dos braços fortes e as mãos ansiosas, seu toque foi mais delicado — a ansiedade do primeiro momento havia se dissipado, deixando que a consciência voltasse a si.

O segurava com cuidado, delicadeza. Temendo que se a qualquer toque mais brusco, ou aperto mais forte, ele se partisse, se quebrasse. E ela, por mais que não soubesse como havia ido parar ali, um hospital em plena segunda-feira, sentiu a necessidade o vê-lo inteiro — sua coincidência, talvez? A promessa feita no dia anterior, em um corredor a metros dali, queimava vivida em sua mente. O desespero de Itachi havia sido o suficiente para atormentá-la, contribuindo com o momento traumático que havia assistido.

Não conseguiria esquecer a maneira como Sasuke havia ficado, mesmo se quisesse. Não dava, era demais para si. Era necessária uma frieza que nunca havia tido e, esperava, nunca fosse ter. Sabia que era instável, sensível, desde sempre, mas havia superado os próprios limites durante aquela tarde; não o havia tirado aquilo da própria cabeça, tendo aquele novo peso dividindo o espaço com uma das maiores dores de cabeça que tinha; Sasori.

Mas entre Sasori e Sasuke, preferia se esconder ali; atrás daquelas paredes odiosas, em um ambiente péssimo e que a deixava ansiosa, mas ainda sendo o único lugar que poderia ter o que estava buscando: paz. Era sim egoísta por precisar daquilo, fugindo como uma covarde dos muros centenários de Columbia e ficando distante deles o máximo que pudesse, e usando Sasuke no processo — porra, era humana. Estava fadada aquilo, mas ainda sentia-se orgulhosa minimamente por ter aguentado aquele inferno sem surtar, andando pelo Campus com plenitude e usando da sua maior indiferença fajuta para ignorar todos os comentários desnecessários.

Mas ela não havia aguentado mais, e resolveu unir o útil com o agradável; ir ver um dos pesos em sua consciência, e se afastar do lugar que fazia questão de lembrá-la do outro peso — aquele que a dava insônia, que enchia seu Instagram de mensagem e sendo um dos motivos por ter mudar o próprio número de WhatsApp. Lidar com toda Columbia falando de si, ligando-a a àquele peso, era demais.

Um segredo que somente ela sabia e, se dependesse de Sakura, manter-se-ia assim.

Ela não soube dizer quanto tempo estavam ali, abraçados e tendo seus corpos colados, respirando de maneira lenta e tendo seus ouvidos preenchidos somente pelo som dos aparelhos ligados a ele. Mas ele se mexeu, retirando o próprio rosto da curvatura do pescoço feminino, e erguendo sua cabeça de maneiras lenta, contida. Sakura franziu o cenho, confusa com aquela repentina mudança, mas teve como resposta os olhos petróleo fixos aos seus.

Ele estava péssimo.

Péssimo de uma maneira que a deixou preocupada. Péssimo de um jeito que fazia ele parecer um moribundo. Péssimo ao ponto de fazer ele parecer uma pessoa irreconhecível, o total oposto daquele homem egocêntrico e escroto que havia conhecido.

Sasuke era apenas uma casca machucada, abatida e apagada. Sem presença, ou imponência, apenas uma casca totalmente sem vida.

— O que... você está fazendo aqui? 

A voz grave soou baixa, mas não menos intensa. Estava falhada, seca como um deserto árido, marcada por sentimentos que não cabiam ao seu entendimento — marcada por traços que, independente do que significava, a deixaram nervosa. Constrangida. 

Se afastou rapidamente, abaixando seus braços e dando um passo para trás, deixando uma distância segura entre eles. Sasuke tinha os olhos presos em si, fixos em suas próprias esferas e buscando qualquer coisa por detrás delas — Sakura não desviou seu olhar, mantendo aquilo que estava acontecendo, por mais que ela não fizesse ideia do que realmente estava acontecendo. Seus pensamento giravam, rodando para o único ponto que piscante em sua consciência;

Que merda estava acontecendo? 

— Eu, bem... eu — umedeceu seus lábios ressacados, resistindo a vontade de olhar para qualquer lugar, menos os olhos do Uchiha. Porra, o que ela estava fazendo? Que tipo de postura era aquela? — Eu vim ver como você estava.

Conteve-se para não revirar os olhos.

Era óbvio que ela ficaria nervosa, isso era mais previsível do que qualquer outra possibilidades. Odiava hospitais, odiava quartos de hospitais e odiava àquele maldito clima fúnebre que pairava no ar. Simplesmente odiava. Somado com aquele olhar pragmático e aquele ser que parecia um zumbi saído das séries que assistia, era impossível manter-se completamente inatingível — estava fora da sua zona de conforto, em um lugar que mexia com seu psicológico e tendo que ser alvo daquelas esferas apagadas.

Dava a sensação de estar olhando para um morto, ou algo perto disso.

Columbia havia sugado sua energia mental e o Kurama havia sugado sua energia física. Estava exausta, tanto mental quanto fisicamente. 

— Naruto veio com você? — a voz grave soou novamente, falhada e, reparando naquele momento, Sakura notou um leve tom anasalado. — Itachi? 

Sasuke se moveu sobre a cama, se acomodando mais confortavelmente, mas não desviando seu olhar um segundo sequer. Ela semicerrou seus olhos, analisando os detalhes daquela face masculina, com tantos detalhes para serem vistos que por pouco, muito pouco, ela não viu a nova aquisição do Uchiha; o nariz machucado.

— Não. Pelo menos quando eu passei pelo corredor não tinha ninguém ali, e eu vim direto do trabalho, como pode ver — apontou para o próprio uniforme, sorrindo sem graça. Queria ter trocado de roupa, pelo menos, mas iria perder o metrô se demorasse mais alguns minutos para sair da lanchonete. — Estava esperando eles?

As esferas negras enfim se desviaram, pousando sobre o lado oposto ao qual ela estava,  fixando-se em qualquer ponto daquele quarto. O maxilar trincou, marcando sobre a pele amarelada, deixando o perfil evidenciado; a pele tomada por manchas, as olheiras profundas e avermelhadas, os cabelos negros desgrenhados e o nariz ferido, levemente cortado. 

Sasuke tinha um detalhe que Sakura, por mais que tenha convivido muito pouco com ele, havia percebido; direto, odiando rodeios. Pragmático na mesma intensidade que era estourado, evitando qualquer tipo de perda de tempo, e sendo o mais sucinto possível — ele murmurou roucamente, apertando os próprios punhos sobre a coberta em seu colo:

— Não.

Pragmático.

Mas, para ela, isso tinha um outro nome: grosseira, falta de educação. Ele havia a agradecido? Sim. Isso importava para ele? Absolutamente não — Sasuke havia dado uma brecha, agradecido de uma maneira tão sincera e um toque tão puro, somente para fazer o que ele sempre fazia, no final; foder tudo.

Sakura apertou os próprios dentes, passando sua língua por sua bochecha e arqueando a desenhada sobrancelha rosada. Os globos verdes analisaram as linhas duras do rosto de Sasuke, esperando pacientemente que ele voltasse a olhar para si — os lagos de azeviche, foscos e apagados, presos a si da mesma maneira que estavam até segundos atrás. Odiava conversar sem poder olhar nos olhos da pessoa, sem poder saber se as palavras ditas eram verdadeiras ou não.

Cresceu em um lar onde os olhos significavam mais do que aparentavam, sendo mais do que apenas uma parte do corpo humano. Olhos era a extensão da alma, a janela para nosso interior e aqueles que poderiam nos entregar casos mentissem. Eles, por mais que não enxergassem em alguns casos, eram as portas para a parte mais importante que carregavam. A ligação entre o mundo exterior e o interior, a entrada e a saída do bem e o mal de seus corpos.

Suspirou, contando até 10 e mentalizando todas as coisas que a acalmavam — doces, desenhos e nadar — para, enfim, falar:

— Eu já vou indo, vim aqui só para ver se estava tudo certo. — Sasuke manteve seu rosto virando, olhando para aquele ponto oposto a ela. — E, como você está bem, não tem o porque de eu ficar, vou avisar o Itac-

— Por que veio, Sakura? — a interrompeu, sequer dignando-se a olhá-la. Sakura franziu suas sobrancelhas, prestes a respondê-lo novamente, só para ser interrompida novamente. —  Por que realmente veio? Se eu tivesse morrido, Columbia saberia e muitas pessoas estariam soltando fogos por isso, mas a notícia seria falada antes mesmo do meu corpo esfriar — a grossa sobrancelha negra se arqueou, mas os olhos negros se mantiveram da mesma maneira; apagados, morto. Fixos ao vazio do lado oposto ao dela. — O que me surpreende, Sakura, é você aqui. E por mais que eu acredite que você seja uma pessoa boa, eu não vejo coerência nisso.

Direto, sem filtro nem rodeios.

Sakura engoliu em seco, respirando da maneira mais controlada que conseguia e mentalizando todas as válvulas de escape que conseguia, assim como todas as frases de auto ajuda que já havia lido — entendeu, tarde demais, que toda aquela merda não servia de nada. Se matinha nervosa da mesma maneira, encurralada e, por mais que não tivesse aqueles olhos mortos em si, sentia que ele a analisava.

E o que poderia responder a ele? Que estava fugindo? O usando? Não, isso era demais para si — Sakura umedeceu seus lábios, analisando rapidamente o ambiente ao redor e organizando seus próprios pensamentos.

 — Eu sou humana, não ia conseguir dormir pensando nisso — em parte não era mentira, mas tão pouco era a verdade. — E eu jamais iria desejar a morte de ninguém, muito menos comemorar ela.

Sasuke se virou, voltando seus olhos para ela, pousando sobre as esmeraldas cansadas.

Ela estava exausta, fugindo como uma covarde para longe da sua realidade e indo para o único lugar que saberia não ver e nem escutar. Fugindo das obrigações, das consequências e do medo. Fugindo dos pesadelos, das marcas e dos monstros que a atormentavam — do monstro que a deixava naquele estado caótico, comendo-a de dentro para fora e ativando aquele estado odioso; a covardia, a fraqueza e os machucados ainda recentes.

Mas era mais fácil mentir, muito mais fácil.

A sinceridade gerava perguntas, e perguntas a faziam remoer aquilo que tanto fugia. Era uma farsa, uma grande mentirosa e que não valia metade daquilo que tinha — engoliu em seco, sabendo que não estava enganada em suas próprias opiniões; Sasori não estava errado quando dizia que que ninguém a amaria, que ninguém a entenderia. Era uma grande bagunça, um ser que deveria ser resumido apenas a beleza e aos  atos carnais.

Era isso que Sakura Haruno era de verdade; uma covarde.

— Todos nós queremos alguém morto, Sakura, não sejamos falsos moralistas — a voz rouca de Sasuke, acordando-a daquele pequeno transe. — Todos têm algum lado oculto, onde os  piores segredos se escondem — umedeceu os próprios lábios, dando um vislumbre de um meio sorriso debochado. — Nunca se questiona o porquê do Toxic nunca ter caído? Não precisamos ser formados em direito para saber que aquele site deveria ser apagado na mesma semana que foi feito, mas isso não aconteceu, não é?

Sasuke ergueu uma de suas sobrancelhas, arqueando a que tinha uma falha por conta de uma cicatriz. Os cílios negros evidenciam o olhar incisivo, preso ao semblante de Sakura e analisando  as feições que se apossaram do rosto feminino — Sakura cruzou os próprios braços, entrando naquela postura defensiva e arrumando sua postura. Uma leve dor em sua lombar a incomodou, mas manteve seu rosto o mais intocável possível.

Estava cobrindo mais turnos do que deveria, lutando para poder ter três dias de folga e passar um final de semana inteiro livre, coisa que não tinha a bons meses — as dores nas pernas e nas costas valeriam a pena, no final. 

Ele não esperou que ela respondesse, aproveitando os segundos de hesitação para poder falar — com seu tom rouco e falhado, grave demais para o ambiente fechado que estavam:

— Porque o Toxic é o reflexo de todos os universitários daquele campus — Sasuke voltou sua atenção para a bolsa de soro presa a si, aumentando a velocidade com que o soro descia para sua veia. — O Toxic tem tudo aquilo que todos os universitários amam: segredos, intrigas e podres, desde os alunos até os professores. E sabe o que é mais engraçado? A maioria das pessoas que leem são as que mais o repudiam. Hipócritas, hm? — ele largou o soro, voltando a acomodar suas costas na cama e tendo seus olhos sobre Sakura. — São pessoas que não podemos confiar. Então, em um mundo assim nós só esperamos o pior, sempre. Tolo eu seria de confiar em você, por mais que tenha salvado minha vida, e eu a agradeço por isso — Sasuke arqueou novamente a sobrancelha escura. — Mas me diga o que realmente veio fazer aqui, Sakura.

Ele estava pondo-a contra a parede, mesmo estando ali apenas porque ela o levou, ela o acompanhou e ela torceu para que ele ficar bem? Ela, que mesmo tendo acabado de fazer a maior merda do ano, querendo apenas enfiar sua cabeça em litros e mais litros de álcool, havia ficado junto com ele até o último segundo? — havia ficado rouca de tanto gritar durante aquela madrugada, levada pelas emoções alteradas e sendo puxada por uma linha de desespero que não conseguiu fugir. Brigou com um segurança por causa dele, brigou com as enfermeiras e fez um escândalo sem igual no meio do hospital que, mesmo se ela quisesse, jamais teria chances de pagar a estadia.

Sasuke estava relutante, na defensiva. Sakura era a garota que ele havia brigado algumas vezes, que havia xingado e que havia sido um perfeito babaca; ela era a que mais tinha motivos para o odiar. Não compreendia a bondade, o altruísmo e os boas ações que pareciam exalar dela, de forma natural e sem segundas intenções por  trás. Não conseguia entender.

Mas isso não a deixou menos puta.

— Se você seguir esse pensamento então não viverá —  Sakura arqueou a sobrancelha clara, piscando com certa força. Sua voz perdeu a névoa de cansaço que estava sobre ela, deixando-a límpida e clara novamente. — Você vai ser apenas um covarde tentando prevenir o imprevisível, todas as pessoas podem decepcioná-lo, mesmo sendo as mais íntimas que tem por perto — passou sua língua por dentro das suas bochechas, irritando-se com ele. Novidade. — E eu vim aqui apenas para ver como você estava. 

Ela falando sobre covardia? Soava como uma tremenda hipocrisia  —  pontuou, apertando com mais força os braços ao redor de si. Odiava quando sentia que estava mentindo, sendo falsa, ou usando uma máscara que era o total oposto da sua real face. — Sakura gostava da sua sinceridade, amava não ter amarras que a prendiam ao mesmo nível de tramas e dramas dos outros universitários. Mas, aparentemente, aquilo havia mudado.

Muitas coisas mudaram.

— Não estou tentando prever o imprevisível, estou apenas evitando danos desnecessários — Sasuke deu de ombros, com certo descaso. — E, dando um conselho, comece a pensar em pessoas que você mataria. Você pode ter  isso em mente daqui alguns dias, semanas, ou meses, mas você vai ter isso em mente —  Sasuke puxou uma longa lufada de ar, desviando rapidamente seus olhos para o cateter preso ao seu braço e vendo uma grande mancha roxa colorir aquele ponto de pele. Porra. — E você sabe que não veio aqui apenas por isso — voltou a olhar para ela. —  Nem mesmo um santo iria me aguentar, agora você resolve ser caridosa comigo? Por favor, isso soa tão...

— Altruísta — ela murmurou entredentes.

...falso — Sasuke piscou com lentidão, medindo-a com seus olhos. — Nem meu próprio irmão está aqui, nem Naruto, nem os caras que moram na fraternidade comigo. O que eu deveria pensar de você, a caloura que seria uma das primeiras a querer minha cabeça?

Sakura nem ao menos soube definir o que sentiu.

Um complô de sentimentos mistos, correndo por seu corpo e deixando-a petrificada por alguns segundos, observando aquela face fodidamente bonita, mas totalmente machucada e marcada. 

Sasuke havia falado realmente aquilo, sugerindo que ela ocupava o mesmo nível de ruindade que a maioria dos estudantes de Columbia tinham? Aquilo sequer tinha sentido, se ela quisesse que ela se fodesse por que caralhos ela teria ligado pra merda de uma ambulância, acompanhá-lo e ido o visitar depois da porra de uma dia de trabalho?

Não fazia sentido. Sasuke procurava inimigos onde não tinha, se enfiando embaixo daquela casca de prepotência e arrogância, fazendo com que qualquer aproximação não valesse de nada. e ela tinha sangue quente, vindo de um lugar que as pessoas conheciam o significado da palavra “gratidão”, e não se mostravam perfeitos ingratos depois de serem ajudados.

Sasuke poderia ter sido criado sem saber o que era isso? Poderia. Mas ela sabia muito bem o que era, e não seria um cara de Manhattan que iria ensinar uma garota do Brooklyn sobre falsidade ou qualquer merda do gênero. Sasuke havia sido criado conhecendo o pior lado das pessoas? Que se fodesse, ela não tinha mais um pingo de paciência para aquilo.

Uma parte sua realmente estava preocupado com ele.

— Olha aqui, Sasuke — Sakura se aproximou, colando sua barriga a cama e apoiando suas mãos na grade  de ferro a sua frente. — Você pode ser um tremendo babaca de merda, mas ser grato às pessoas vai além de um simples obrigado — ela se debruçou sobre a grade, aproximando o seu rosto da face destruída do Uchiha e sendo respondida por aquelas mesmas feições prepotentes. — Eu estou pouco me fodendo para quem você é ou deixa de  ser, mas eu me preocupei sim com você e vim aqui com a bandeira branca levantada — Sasuke arqueou a sobrancelha, e Sakura apertou com mais força as grades. —  Você é um fodido drogado que vive nessa redoma de perfeição, mas sabe como é no mundo real? As pessoas não desejam a cabeça de outras, as pessoas não procuram inimigos a cada esquina. Mas com você é diferente, sabe por quê? — Sakura ficou nas pontas  dos pés, murmurando as outras palavras. —  Por que você é odiável, Sasuke Uchiha, e o mundo não tem a obrigação de aturar suas merdas. Você quer viver? Se torne uma pessoa suportável!

Sasuke ergueu o próprio queixo, analisando as esferas raivosas da Haruno. Seu maxilar estava trincado e suas palavras soaram mais baixas, um murmúrio grave e forte:

—  Se sou tão insuportável, o que você está fazendo aqui, Haruno?

Sakura ponderou por alguns segundos, próxima o suficiente para ver todos os detalhes da face de Sasuke. As esferas verdes estavam mais brilhosas, tendo um vinco entre suas sobrancelhas e mostrando toda a indignação da Haruno com a situação.

Da mesma maneira que Sasuke não entendia a bondade de Sakura, ela não entendia como alguém poderia ser tão intragável,  e isso foi o suficiente para ela encerrar a conversa ali.

 — Porque eu pensei que você era melhor, Uchiha —  Sakura se afastou, olhando profundamente para o moreno acamado. —  Eu realmente pensei nisso, mas você tem que aprender a lidar com as suas merdas antes de tentar conviver em sociedade.

Ela queria estar sendo totalmente sincera, mas pouco se importou depois que saiu em passos rápidos de lá, batendo a porta com força e infringindo aquele imaculado silêncio do hospital.

Não valia a pena.

Era Sasuke Uchiha, afinal. Um playboy que resolveu cheirar apenas para gastar um pouco dos milhões que herdaria. Mais um idiota que sentia prazer em foder a própria vida.

Mais um igual a tantos que haviam por aí.


•••

Columbia University; Lottus


Terça-feira; 9:04 AM

A ansiedade não combinava bem consigo, ela sempre soube.

Mas era humanamente impossível não ficar ansiosa naquele momento, por mais que tentasse todos os métodos disponíveis; contar até 10, regular a própria respiração ou tomar um chá natural. Nada surtia efeito. Na verdade, pareciam causar efeito rebote, deixando-a ainda mais ansiosa — batucava as longas unhas no tampo de madeira, controlando a própria vontade de se levantar e sair dali. Mordia o interior de sua boca, olhando ao redor de maneira discreta, contendo a vontade de erguer seu pescoço e olhar devidamente para todas as mesas ao redor.

Disfarçava da melhor maneira possível, dando atenção para os finos galhos acima de sua cabeça e todas as folhas que os preenchiam. Já havia pedido um chá para adiantar — por mais que preferisse sucos doces, não achava ideal injetar açúcar nas suas veias sabendo que já estava ansiosa demais —, mas ele já estava pela metade naquele momento e, para completar, frio.

Pegou seu celular novamente — a quinta vez em menos de 10 minutos — e viu que só haviam se passado mais alguns minutos desde que chegara. — Um pouco adiantada, já que abominava atrasos. Suspirou, colocando-o de volta sobre o tampo da mesa, e apoiando a própria testa sobre uma de suas mãos — deveria estar ridícula, mas era mais fácil esconder a decepção estampada, esculpida e desenhada no seu rosto daquela maneira; olhando para baixo, xingando em silêncio.

Era uma idiota. 

Poderia ter desmarcado aquilo no momento em que pegou o celular, no momento em que viu aquelas duas malditas rindo feito hienas, e no momento em que viu a merda que havia se enfiado. Poderia ter feito muitas coisas para impedir aquele momento, mas perdeu qualquer pretensão de negar o encontro quando viu a resposta positiva do ruivo — suas palavras sumiram, assim como qualquer surto que teria com Sakura e Tenten. Uma parte de si entrou em estado de choque, e a outra começou a correr em círculos, gritando com histerismo.

Seus divertimentos haviam pifado, quebrado a central de controle e botado fogo na mesa de comando — tudo isso quando viu aquelas simples mensagens, mas que foram o suficiente para desestruturar seus pilares. O que iria responder depois do "sim"? Que suas amigas haviam pegado seu celular depois de ter comentado que gostaria de repetir a dose? Que havia tido um mini surto ao, enfim livre do álcool, tomar consciência do que fez e entrar em uma ressaca moral? — Não se arrependia, mas nunca havia sido alguém tão fácil.

Aquela havia sido sua primeira experiência com sexo casual e, se dependesse dela, iria ser a primeira e a última — principalmente com o Sabaku. 

Mas era óbvio que Sakura e Tenten não iriam fazer isso. Era óbvio.

A própria Yamanaka entendia o que o próprio nome dizia; sexo casual. Sem apego, sem segundas vezes, sem sentimentos. Então, por que era tão difícil para as duas entenderem aquilo? E por que ela simplesmente não desmarcou? — queria culpar sua timidez e sua mania de ser passiva na sua própria vida, mas seria uma mentira sem cabimento. Uma mentira que afetaria somente a si mesma, e sem qualquer sentido, já que não tinha o porque de mentir. 

New York estava sendo uma nova chance, um novo começo cheio de novas experiências. Estava experimentando aquele "e se" que sempre martelou em sua mente, uma possibilidade que era grande demais para o lugar pequeno de onde havia vindo — era engraçado pensar nisso, já que Nova Iorque não era gigante, mas era muito maior em vários outros aspectos, que poucas cidades se igualavam a ela; a cidade que nunca dorme. Todos os "e se" que havia se privado, até mesmo aqueles que ela própria sabia que não poderiam ir para frente, tornavam-se possíveis ali. Tudo parecia mais possível ali, mais realizável, e não apenas um sonho adolescente ou até mesmo infantil.

Era Nova Iorque, a cidade que havia sido palco para milhões de histórias que haviam ganhado o mundo. E para outras bilhões que ainda corriam todos os dias, surgindo a alvorada e sumindo ao crepúsculo.

E tinha tudo isso em mente quando deu continuidade àquele plano, mas estava dando para trás naquele momento; nervosa, sem o calor do momento, e sozinha. Completam e sozinha — Sakura e Tenten a abandonaram sem mais nem menos, dizendo que aquilo era trabalho dela e o que o pior já havia acontecido; o sexo.

Mas elas não levaram em consideração que Ino estava bêbada, animada e com aqueles pensamentos de "só se vive uma vez" "a vida é muito curta" "não sabemos o dia de amanhã”. Bem, o amanhã havia chegado e ela estava viva para ter que lidar com as consequências daquela bebedeira desenfreada — pensando nisso, olhou mais uma vez ao redor e desceu seus olhos novamente ao celular, vendo que haviam se passado mais 5 minutos.

Poderia ir embora, mandar uma mensagem para ele e dizer que sequer havia pisado ali. Ele não teria como saber sobre a humilhação, e os universitários ao seu redor pensariam quando ela era apenas mais uma aluna que apreciava momentos solitários e contemplativos — mas, na verdade, ela os odiava. Era tímida, mas se incomoda a com a solidão mais do aparentava. Bem mais. — Olhou ao redor mais uma última vez, pegando o próprio copo de isopor e, olhando o próprio celular e conferindo o horário, prosseguiu com seu plano — Gaara estava 15 minutos atrasado e não havia se dignado a mandar uma mensagem de aviso. Seu plano tinha mais do que uma motivação agora, tinha um foco.

Seria fácil.

Simples. 

Rápido.

— Eaí, Ino. 

Ela congelou.

Gaara sorriu, dando a volta pela mesinha e colocando a própria mochila escura no chão. Os olhos cristalinos subiram, mais claros por conta da luz natural e recaindo sobre as safiras polidas de Ino. Ela se calou, deixando lentamente o copo de isopor sobre a mesa e entrando naquele estado de surpresa — não havia visto ele chegar, mas agora ele estava sentado à sua frente, direcionando-a um sorriso leve.

— Desculpe o atraso, acabei tendo que ir para casa pra procurar a sua bolsa.

E seu plano ruiu antes mesmo de ser feito.

Gaara usava a jaqueta do time dos Lions, destoando completamente do estilo escuro de suas roupas, e exibindo seu título como Running Back. A camiseta cinza que usava embaixo da jaqueta era justa, marcando o corpo levemente definido, mas o que chamou a atenção de Ino foram as madeixas ruivas; vermelhas como ferrugem, mais claras sob a luz da manhã e bagunçadas de uma maneira charmosa, como se não vissem um pente a alguns dias. Ele retirou a jaqueta, deixando com que os vestígios de uma tatuagem escapassem por debaixo da manga colada, puxando a atenção de Ino para aquele ponto.

A consciência enfim bateu, piscando em neon em sua mente, e dizendo aquilo que todos os columbianos sabiam;

Ela havia transado com ele?

— Eu procurei no meu quarto inteiro, mas só achei o seu brinco — Gaara retirou um pequeno brinco dourado do bolso da jaqueta, entregando para ela com delicadeza e estampando um semblante arrependido. — Desculpa, posso procurar outra vez, mas eu virei aquele quarto de cabeça para baixo só para achar esse brinco.

Ino pegou o brinco com relutância, desviando lentamente seus olhos para ele, confirmando que era o que havia usado na noite. Subiu seus olhos novamente, mas diferente dos tons dourados do acessórios, encontrou duas esferas cristalinas e que estavam presas, fixas em si — o nervosismo voltou bruscamente, subido até as maçãs de seu rosto e colorindo-as com aquele leve tom rosado.

— Não precisa procurar, eu meio que te esqueci de avisar que eu acabei encontrando ela no meu quarto. Acho que estava meio bêbada quando voltei para o dormitório e acabei esquecendo onde o coloquei — sorriu, contida. Quis revirar os olhos ao ouvir a própria desculpa, sentindo vergonha de si própria. O prêmio de pior mentirosa deveria ter seu rosto estampado e seu nome em letras garrafais. — Mas obrigado por achar o brinco, eu estava mesmo o procurando.

Nem lembrava daquela peça, iria esquecê-la facilmente se ele não houvesse a trazido. Era apenas um brinco, um pequeno detalhe que nem mesmo ela havia se lembrado, mas Gaara havia o trazido com todo aquele cuidado. Um detalhe, apenas.

— Sério? Que bom, nossa. Que bom mesmo — Gaara sorriu relaxado, encostando suas costas no encosto da cadeira e levando a mão até a fina corrente de prata em seu pescoço, mexendo no pingente delicado que havia ali. — Eu estava preocupado, não sabia mais onde procurar. E eu sou péssimo com mentiras, não ia ter nem como eu inventar alguma desculpa para você.

— Iria mentir pra mim? Que coisa horrível! — Ino sorriu, ainda tendo aquele leve rubor em suas bochechas e sendo contemplada pelas esferas verde água. — Mas obrigada por procurar, eu não queria incomodar.

— Não incomodou — Gaara sorriu, plantando uma nova sementinha de especulações na cabeça de Ino e arrancando um sorriso pequeno da loira. Ele cruzou os braços de maneira relaxada, deixando com seus antebraços salpicados por sardas fossem banhados pela luz do sol. — Eu iria fazer isso mais algumas vezes sem problema algum. Afinal, eu que a levei até lá, nada mais justo do que fazer o mínimo.

Educado, bonito e atencioso, era meio surreal de escuta. As meninas surtariam quando escutassem aquilo — principalmente Tenten, que conhecia apenas a pose de jogador universitário, e que havia a alertado sobre o humor apático do Sabaku. Gaara estava se mostrando o oposto do cara que a Mitsashi havia falado; aberto, sorridente e com um dos pares de olhos mais lindos que a Yamanaka já havia visto. 

Totalmente diferente do fechado, antissocial e impenetrável Running Back, como se fossem duas pessoas totalmente divergentes.

— Eu... me sinto lisonjeada com isso.

No mesmo momento em que a frase saiu dos seus lábios teve vontade de voltar no tempo e impedir que aquela catástrofe fosse dita. Merda, merda, merda. Ino franziu suas sobrancelhas, olhou para o próprio copo de chá frio e o pegou, bebendo o líquido com certo desespero, e arrependendo-se amargamente depois — o sabor do chá estava horrível, adocicado demais com o adoçante e meio grosso, além das pequenas ervas grudadas no fundo do copo.

Que Deus a perdoasse, mas mataria Sakura e Tenten. E mataria com todo o prazer do mundo, sem qualquer problema ou peso na consciência.

Mas Gaara riu, fazendo com ela olhasse para seu rosto novamente e desse de cara com aquela visão; um sorriso abertos, os bagunçados cabelos ruivos e a pose de garoto problema — àqueles que sua mãe sempre a avisou para ficar longe, e parecido com aqueles que evitava de andar junto na sua antiga cidade. Aquele mesmo olhar direto, limpo e que fixava em seus olhos, observando-os com total atenção —, a nostalgia a atingiu, junto com a breve certeza que sempre desconfiou que carregava

— Você é engraçada — ele sorriu mais, então ergueu a mão, chamando a garçonete que andava por entre as mesas. — Então, Ino, vai participar do trote?

Seu fraco eram garotos problema, aqueles que exalavam todas as mais intensas sensações e que fugiam daquele padrão que a própria carregava. O estilo que a fazia questionar os próprios valores, e que atiçavam aquele pequeno lado adormecido em si.

É, seu problema eram garotos como Gaara.

— Achei que isso não era uma escolha — sorriu da mesma maneira, e viu ele pedir um chá gelado de limão. Ergueu sua sobrancelha, pedindo outro chá de camomila para si. — Limão? 

Gaara deu de ombros, mantendo aquele pequeno sorriso.

— Sabe como é, todos temos nossos vícios — as safiras brilharam, e as maçãs rosadas intensificaram seus tons. A sensação que sentiu foi algo vivo, mexendo-se ansioso no pé da sua barriga. — Bom, e não é — Ino arqueou uma de suas sobrancelhas, não abandonando o sorriso que tinha em seus lábios. — Não me julgue por isso, mas é bom ver a esperança sumindo do rosto de vocês, calouros.

Ele sorriu, e ela o acompanhou — mais resguarda, mais tímida, mas ainda sim sendo um sorriso. Um belo sorriso.

— Claro, por que não?

Estava em New York, decidida a ter novas experiências. Uma fase que ela deveria aproveitar todos os momentos, até mesmo os mais breves, e tudo ficaria melhor se permitisse que algumas coisas fossem mudadas.

Ela não precisava mais ter tanto medo de garotos problema.


•••

Columbia University; Quarta-Feira


 Prédio de Economia-B1 Sala 17; 4:29 PM

Caminhava sobre o palanque, lenta e delicada, e sendo o ponto central de todo aquele lugar.

Não se sentia nervosa, não se sentia tímida. Aquilo era tão normal para si, que sequer parecia que ela estava coordenando uma apresentação de pequena escala, sendo assistida por seu professor e seus colegas.

Estava calma, elegante e controlada, como sempre.

Sentia todos aqueles olhares sobre si, presos ao seu corpo coberto por uma saia lápis cinza, e as pernas esguias valorizadas pelo pequeno salto do mesmo tom. Medindo a em silêncio, julgando-a de madeira pouco discreta e cochichando sobre qualquer coisa que não era relevante para o momento — Hinata os via, mas tão pouco se importava. Seguiu sua apresentação da mesma maneira que havia começado, deixando que o mundo exterior não a afetasse.

Mas ela sabia sobre o que eles falavam. Sabia muito bem. Era até impossível não saber, ainda mais em um lugar como aquele.

Não ligou, não se importou. Seu nome sempre seria um doce na boca de tantos estudantes, mas sequer haviam provas visuais que havia feito, passado ou sofrido por tudo aquilo, então não tinha com o que se preocupar — mentalizava isso frequentemente, se colocando a um patamar acima de tudo aquilo, sendo inatingível para as infinitas fofocas e intrigas do Toxic. Aquele blog era superestimado demais, ao seu ver.

Hinata tinha uma maneira prática de se esconder dos seus problemas, ou manter-se alheia a eles: estudava. Passava horas e mais horas lendo intermináveis artigos, livros e teses, enchendo seu cérebro com todas aquelas linhas, palavras e números. Revisava as matérias, aprimorava seus cálculos e adquiria conhecimento mais do que necessário para o terceiro semestre que estava. Poderia ser exagero, mas não se importava. Poderia estar ficando obcecada em outra coisa, mas não se importava. Poderia até mesmo estar se privando de sentir o que deveria sentir, mas, novamente, ela não se importava.

Assim como não se importava em estar fazendo o trabalho de Kakuzo, o seu professor de Econometria.

E o professor não a contrariava, dando ainda mais conteúdo para que estudasse e a colocando como a aluna exemplo; sem notas vermelhas, sem faltas ou falhas no histórico. Uma aluna que todos deveriam imitar, por mais inalcançável que o padrão de Hinata fosse — ela era um robô, agindo sem questionar e engolindo todas as coisas que mandavam para ela, tudo em prol de lotar sua mente e não permitir que nenhuma nova brecha surgisse.

Brechas geram espaços, espaços geram pensamentos, e pensamentos geram sentimentos, e ela não estava pronta para escarrar mais nenhuma onda de sentimentos depois de sábado. Por mais que isso resultasse em uma apresentação em uma quarta-feira, sendo assistida por toda sua sala e aumentando ainda mais a sua fama de garota perfeita, intocável — e não sendo da maneira intocável que gostava de ser.

Mas ela não se importava, como sempre.

— ...E é assim eu encerro minha apresentação — assentiu, deixando um leve sorriso em seus lábios rosados. — Obrigada pela atenção.

Uma salva de palmas soou, ameaçando sua escassa autoestima. Hinata era boa em poucas coisas ligadas ao conhecimento geral, mas era uma aluna completamente dedicada, e ainda conseguia ser melhor do que o próprio professor quando o assunto eram explicações e apresentações — Kakuzu tinha a péssima mania de explicar da mesma maneira que um sargento, não dando oportunidade para perguntas e enfiando-os goela abaixo coisas que sequer haviam sido compreendidas, mas que seriam postas na prova final.

Ter uma aluna obcecada como ela era uma dádiva que poucos alunos poderiam aproveitar.

O sinal agudo soou e todos os estudantes se levantaram com rapidez, ansiosos para saírem daquele lugar — quartas-feiras eram dias maçantes, já que o infeliz que havia montado a grade de horários resolveu colocar todas as piores aulas para o período da tarde. E o resultado poderia ser apenas um: todos saindo mentalmente exaustos, famintos e apenas desejando se jogar em suas camas.

Hinata desceu do palanque, sorrindo para aqueles que a davam parabéns pela apresentação, ou desejando cordialmente uma boa tarde a todos. Educada e simpática, a melhor representante que o curso de economia poderia ter. Andou em passos suaves até a primeira fileira daquela arquibancada de mesas, pegando seu celular e olhando as mensagens recentes — algumas de Hanabi perguntando quando iria ir para casa, outras de Temari dizendo que iria na KAY atrás do Uchiha, e outras poucas de pessoas que não se dignou a responder. Na verdade nem sabiam como aquelas pessoas haviam conseguido seu número.

Deveria os bloquear.

— Foi uma boa palestra — a voz feminina soou metros acima, mais alta por conta do eco da então sala vazia. — Eu sempre soube que gostava de puxar o saco de professores, mas sempre pensei que fizesse isso apenas no boquete — Hinata puxou uma grande lufada de ar, bloqueando seu celular. — Não sei o que espera com isso, mas, me diga, como é ocupar esse lugar patético?

Deveria ter jogado pedra na cruz, essa poderia ser a única explicação para aquilo.

As esferas cinzentas se reviraram, quase indo parar em sua nuca, antes de erguer sua cabeça e olhar para o único ponto vivo naquela sala que tinha o pé direito alto: Tenten. 

O morena tinha os braços cruzados em frente ao corpo, o quadril apoiado em uma das mesas extensas e com seus olhos pousados sobre si. Hinata a mediu de cima embaixo, sentindo aquele gosto ruim no fundo de sua boca, mas bem conhecido por si — o nojo tinha um sabor variado, dependendo da pessoa que o causava, mas o que sentia por Tenten era um dos mais divergentes; azedo como se tivesse acabado de chupar um limão podre, daqueles que são esquecidos na gaveta da geladeira.

Sua semana estava calma demais para poder ser verdade, ela sabia que em algum momento alguma merda iria acontecer.

— Satisfatório, altamente satisfatório. É bom saber que eu sou melhor do que algumas pessoas — cruzou os braços da mesma maneira que Tenten, arqueando uma sobrancelha com arrogância. — Melhor do que você. Muito melhor.

Tenten deu de ombros, desencostando-se da mesa e descendo as escadas. Os olhos castanhos não se desviaram das esferas peroladas, fixas aquelas orbes claríssimas e permitindo com que Hinata vislumbrasse de primeira mão todo os sentimentos odiáveis que corriam por si. Estava puta, absurdamente puta — a cada passo a tensão aumentava, deixando Hinata ainda mais envolta naquela pose de superioridade e arrogância.

Tenten poderia estar fervendo de ódio, mas isso era um problema unicamente dela. Hinata não desceria do salto por conta de uma mulherzinha como aquela, não mesmo.

— Vim conversar com você sobre você e Temari, e dar um pequeno aviso... — Tenten chegou ao chão, mas não parou seus passos. Andou lentamente em direção a Hinata, com seu queixo erguido e seus ombros eretor. — Eu sei o motivo por estarem putas comigo, mas eu não tenho culpa de ter andando com vocês apenas por comodidade, assim como vocês duas já sabiam. Não é, Hinata? — ela parou a pouco menos de 30 centímetros de distância, medindo-a de cima embaixo. — Mas isso não é motivo para vocês tentarem acabar com meu relacionamento. Principalmente você, já que era a única  que sabia do meu caso com o Uchiha — Hinata riu com deboche, apertando os próprios lábios em seguida e olhando-a com descrença. Tenten era inacreditável. — Eu não ligo pro ego gigantescos de vocês duas, mas eu sei muito bem lidar com uma Hyuüga que só sabe olhar para o próprio umbigo, e uma Sabaku que finge ser algo na vida.

Um silêncio denso se formou entre as duas mulheres, sendo infringido apenas pela risada anasalada que Hinata soltou.

Havia sido criada para ser aquela mulher inabalável, que mostraria suas emoções apenas quando extremamente necessário. Sabia sorrir, conversar e mentir com a mesma facilidade, escondendo suas emoções de uma maneira que nem mesmo as maiores atrizes de Hollywood poderiam se equiparar. Havia tido suas deslizes, mas eles não mudavam o que ela era na maior parte do seu tempo; fria, sensata e calculista.

Mas nem todo o sangue de barata seria o suficiente para lidar com aquela garota, muito menos seu autocontrole invejável.

Se Tenten estava puta, Hinata nem se comparava.

Havia virado as costas para si e para Temari, havia se enfiado no meio das calouras e ainda havia largando-a quando mais precisou. Elas não haviam se conhecido há algumas semanas, estavam a um ano convivendo juntas todos os dias, vendo-as rirem, chorarem e se acabarem com aquela caótica vida universitária. Não haviam formado uma amizade do nada, por mais que tivessem realmente se aproximado por conta da comodidade — eram três calouras, com famílias importantes e frequentando o mesmo curso. Poderiam sim serem diferentes em muitos aspectos, mas isso não mudava todas as coisas que tinham em comum.

Havia sido por comodidade? Sim. Manteve-se por isso? Obviamente que não.

Havia trocando-as por duas calouras que havia acabado de conhecer, pouco se fodendo para a Hinata chorando litros e mais litros naquele banheiro. Não havia se dignado a manda uma mensagem, não havia se esforçado sequer para tentar justificar. E Hinata descobriu pelo Toxic onde sua querida amiga estava; junto com as calouras, sendo uma delas o motivo daquele caos sentimental que estava vivendo.

— Você é tão falsa, que eu nem sei como Neji ainda não morreu envenenado —  Hinata sorriu, dissimulada como sabia ser e indo pela caminho que mais gostava; a frieza, a superioridade. — Seu relacionamento naturalmente já estava fadado à desgraça, eu apenas adiantei as coisas. Sabe, deveria me agradecer, já que nós duas sabemos que você não passa de uma qualquer tentando ser alguém — acomodou seu rosto em sua mão, seu cotovelo estava apoiado no braço que rodeava sua cintura. — Você pode ter o nome, mas não passa de uma fracassada, e Neji sabe disso. Quanto tempo acha que vai durar esse casinho de vocês? — Hinata fingiu pensar, colocando um dedo eu seu queixo e olhando para qualquer ponto naquela sala. — Não sei, mas acho que pouco, não é? Afinal... — desceu seus olhos novamente, sorrindo como a boa megera que sabia ser. — Antes vocês tinham meu apoio, o que acha que vai acontecer agora que eu estou com nojo de você?

—  Seu problema, Hinata, é que você quer ser muitas coisas ao mesmo tempo — o sorriso de Hinata mudou, tornando-se mais estático. — Quer ser a rainha desse lugar, mas ao mesmo tempo quer ser a megera insensível, e a donzela intocável. Você não tem personalidade — Tenten imitou a pose de Hinata, colocando um dedo em seu rosto e fingindo pensar. — Sabe, isso meio que me faz pensar que você não passa de uma boneca. Sem opinião, personalidade ou escolhas próprias, apenas uma boneca. E, bom, isso faz suas ameaças serem igual você: irrelevantes.

Hinata ponderou por alguns segundos, não desviando seus olhos dos orbes castanhos de Tenten. Remoía as palavras, articulando sua resposta e tentando-se manter da maneira que todos conheciam; inabalável — e, pensando nisso, que sorriu.  Incisiva, fria e com sua voz soando nitidamente sarcástica:

— Não sabe o que diz, Tenten. Não sabe mesmo o que diz — Tenten revirou os olhos, de saco cheio daquela merda toda. Hinata não fugia da máscara, não mostrava aquela face infeliz e quebrável que estava por debaixo de todos os títulos, cremes, maquiagens e postura. — Eu sou muito mais do que um dia você vai ser, e estou muito longe de ser uma boneca sem personalidade. Posso ser apática com pessoas como você, mas é só porque sei que nenhuma pessoazinha desse jeito vale minhas dores de cabeça — umedeceu seus lábios, saboreando aquele veneno. — Minhas ameaças serão compridas, e eu irei fazer questão que toda Columbia saiba de toda a sua humilhação, assim aprenderá a não mexer com quem não deve.

Tenten deu um passo a frente, possessa. Seus olhos castanhos se tornaram duas navalhas, fitando a Hyuüga com todo o ódio que existia em seu corpo. Queria poder arrancar aquele rosto ridiculamente inabalável, fazer com que ele sentisse algo e saísse daquela bolha de arrogância que a rodeava. Rangeu os dentes, colocando seu dedo em frente ao rosto da Hyuüga e rosnando suas palavras:

— Eu não estou brincando, desgraçada.

— Tão pouco eu, Mitashi.

Tenten fuzilou Hinata com seu olhar, mas a Hyuüga piscava inocentemente e mantinha aquele sorrisinho em seus lábios fechados. Respirou entredentes, segurando a própria vontade se rodear aquele pescoço e sufocá-la, até aparecer alguma expressão naquela austero rosto.

— Você não sabe que briga está comprando, Tenten — Hinata murmurou, erguendo aquele nariz empinado e a olhando como se fosse uma merda. —  Você vai se arrepender.

Tenten riu nasalmente, balançando sua cabeça com negação uma última vez.

— Você vai cair, Hinata. E eu vou estar pronta para assistir a sua queda — Tenten murmurou, afastando-se como se temesse pegar alguma doença e andando em passos duros até a porta.

Hinata assistiu seus movimentos, mas a interrompendo antes que atravessasse as portas.

— Estarei esperando pacientemente, amiga.

Tenten parou, segurando a porta com uma das mãos. Hinata aguardou ela se virar e vir para cima de si, mas a morena foi mais esperta e manteve seu caminhando, a ignorando.

Era guerra, então.


•••

Manhattan; Fraternidade KAY;

 
Área Externa; 7:50 PM

A água estava gelada. Congelante.

Fria ao ponto de endurecer seus movimentos e seus membros. Piorava alguns graus quando erguia seu tronco, prestes a dar mais um mergulho, e sentia aquele ar frio da noite em contado com sua pele molhada. Sentia frio, muito frio, mas não pensava em sair dali. Nem cogitava essa possibilidade.

Mergulhava, chegando ao fundo da piscina e sentindo seu tronco raspar contra o azulejo. As pequenas lâmpadas vermelhas iluminavam a água ártica, cobrindo seu corpo com os tons vermelhos e sua pele, mais pálida por conta da possível hipotermia. Seus olhos já estavam vermelhos por conta do cloro, mas ele mantinha-os abertos enquanto nadava até o outro extremo da piscina — seus pulmões ardiam pelo esforço, sendo levados ao máximo e tendo a prova sua real capacidade. Ele não se levantava para respirar, apenas mantinha seu percurso.

Emergiu, jogando os cabelos albinos para trás e puxando uma grande lufada de ar. O frio o atingiu, piorando aquela péssima sensação térmica e fazendo com sua pele tornasse gélida da mesma maneira que um cubo de gelo — respirou com mais força, sentindo certa dificuldade em se mover e com seus olhos irritados passando pela superfície irregular. Tremeu, hiperventilando, vendo a própria respiração quente ser visível no ar.

Estava frio pra caralho.

Jogou sua cabeça para trás, olhando para o céu sem estrelas e vendo a solitária lua em meio a imensidão negra. Piscou com lentidão, ouvindo apenas o barulho suave da água escorrendo pela borda infinitamente da piscina — um som que o acalmava, puxava para um caminho suave e embalava seus pensamentos como uma cantiga de ninar. Delicada, suave e quase imperceptível. Quase.

Sempre gostou daquele som, daquela sensação de estar imerso em litros e mais litros de água, cercado apenas pelo líquido transparente. Podia mergulhar, se esconder embaixo daquelas toneladas de água, tendo seus ouvidos preenchidos por ela e seus olhos sendo apenas um paliativo — como um grande caixa, onde o mundo exterior não existia e onde seu corpo funcionava apenas como uma máquina; obediente, direta e sendo testada até a exaustão.

Mas não se sentia exausto, na verdade. Sentia-se apenas mais calmo, como se aquele exercício físico tivesse colocado sua cabeça, minimamente, no lugar. Respirava até com mais calma, tendo o ritmo regulado e seus ombros menos tensos no que estavam no início da semana — puxou mais uma lufada de ar, fechando seus olhos lentamente e tendo metade do seu tronco ainda submerso. Uma terapia, um mantra e um refúgio.

Não importava o quão frio estivesse, aquilo era muito melhor do que toda aquela merda que o haviam receitado. Muito melhor do que um remédio sintético — constatou isso depois de um mês tomando os comprimidos que deveriam colocar sua cabeça na lugar, mas que apenas o causaram um efeito rebote. Aquela merda o havia deixado parecendo um vegetal; dopado, lento e com um raciocínio igual a de um cachorro.

Mangetsu não poderia suspeitar que estava sem os remédios a pouco mais de 6 meses. Sequer poderia chegar perto de pensar que ele, o irmão mais novo, estivesse novamente se entupindo de um monte de merda, testando o potencial do seu corpo — sorriu com certo amargor, sentindo-se patético. A desgraça de um universitário fodido, que se afundava e ainda levava os outros consigo.

Seu irmão iria amar ver o que ele havia se tornado — já imaginava a cena, e em todos os cenários via Mangetsu tendo uma crise histérica de nervoso, só para depois o enfiar em uma camisa de força e mandar para uma alguma clínica renomada que custaria alguns rins. É, era uma boa possibilidade, sabia prever muito bem as ações do irmão.

Agora só bastava prever quando ele iria descobrir, já que o “se” era sua maior certeza desde que se enfiou em todo aquele amontoado de desgraças.

— Suigetsu.

Demorou alguns segundos para abrir os olhos, enfim sentindo o cansaço físico após 3h naquela água ártica. Um pouco perdido, meio lento. Virou-se, sendo denunciado pela movimentação da água e parando quando estava de frente para os fundos envidraçados da casa, olhando para o ponto sobre o deque de madeira.

Encontrou os olhos azuis que já esperava.

— Naruto — murmurou mais rouco. — Achei que ia para o hospital. Sasuke sai hoje, não?

Já sabia a resposta, mas era mais prático se fingir de sonso — havia ligado para o irmão para saber sobre aquilo. Precisava saber quanto tempo teria para retirar todas as drogas do quarto do Uchiha, e havia feito aquilo horas antes de se jogar naquelas piscina —, tinha entrado ali justamente por isso, consternado pela quantidade de alucinógenos encontrados nos lugares mais óbvio possíveis; embaixo da cama, na gaveta de cuecas e no armário do banheiro. 

Sasuke era previsível.

Naruto enfiou as mãos nos bolsos de seu jeans, dando de ombros de maneira despretensiosa. Andou até si, passando pelo gramado e ignorando o caminho de pedras, parando nas espreguiçadeiras que haviam ali — Suigetsu se aproximou, andando pela piscina e chegando até o muro que compunha a borda infinita. Apoiou seus braços ali, passando sua mão por seus fios encharcados e os colocando totalmente para trás.

— Sim, mas resolveram que era melhor ele sair amanhã, pela manhã — o loiro murmurou, sentando-se na ponta da espreguiçadeira e olhando para a piscina que era iluminada pelas luzes vermelhas. — Viu Karin? 

— Foi falar com uma caloura, eu acho — Suigetsu franziu as sobrancelhas, recordando-se da última conversa que teve com a ruiva. — Uma tal de Tayuya. A garota é de Publicidade também, tava meio perdida com as aulas — apontou para o maço de cigarros e isqueiro, em cima da espreguiçadeira ao lado da de Naruto. O loiro entendeu de imediato. — Por quê? 

Naruto ponderou, pegando o maço e o isqueiro, entregando-o com calma. As claras orbes azuis, muitos tons mais claras do que a do Hozuki, prenderem-se em um ponto vazio, enquanto o platinado acendia o próprio cigarro e o levava calmamente aos lábios. Observou o Uzumaki, dando uma longa tragada e soltando com paciência a fumaça por seus lábios entreabertos — a nicotina, um dos seus vícios, somente aumentou o estado relaxado que se encontrava.

Poderia passar a vida daquela maneira.

— Minha mãe quer fazer um jantar, sabe, ela e Minato estão tentando recomeçar — Suigetsu tragou mais uma vez, esperando a continuação da frase, mas as últimas palavras pairaram entre eles. Não foram ditas, mas o “de novo” era mais claro do que as águas que estava submerso. — Eu mandei mensagem para ela, mas você sabe como é.

— Ela ainda está puta com você? —  murmurou, mas outra vez já sabendo a resposta.

— Sim, mas até o final de semana ela vai superar — Naruto disse de maneira simplista, e ambos sabiam que ele não estava errado. — Ela acha que não é certo eu me meter nos assuntos dos outros.

E não era, mas Suigetsu tão pouco iria dizer aquilo.

Naruto era uma pessoa de fácil entendimento, então não era necessário ser um gênio para entender que ele defendia os próprios amigos com socos e chutes, arrumando briga até com quem não deveria por conta disso. Era básico entender essas características do loiro, e era mais fácil ainda entender que, quando o assunto era Sakura, o Uzumaki perdia ainda mais o senso e a noção sobre problemas dos outros.

Ele simplesmente se jogava.

E não importava quem você fosse, qual nome carregasse e nem quantos problemas isso poderia o causar. Ele brigava, enfiando-se naquela raiva cegante e fazendo questão de deixar claro sua posição em relação aos amigos — aquele gênio super protetor, além da maneira que era facilmente levado pelas próprias emoções. Bem, todos daquele lugar eram levados pela emoção, eram um bando de jovens, afinal. Mas Naruto conseguiu ser um padrão ainda mais elevado.

Um tanto quanto insano.

Mas não era como se Suigetsu pudesse ser um exemplo de racionalidade.

 — Vai fazer isso quando?

O Uzumaki sequer hesitou antes de responder:

— Esse final de semana, durante o trote e as seleções —  se levantou, movendo-se apenas alguns centímetros e sentando-se na parte de concreto que rodeava a piscina. — Vai ser um caos, como sempre. Vai ser fácil para fazer o que queremos.

Suigetsu ergueu o maço de cigarros, deixando o seu próprio nos lábios e o oferecendo em silêncio. Naruto não recusou, pegando um e ascendendo com facilidade, tragando da mesma maneira que o Hozuki; calmo, reflexivo e sentindo a essência cancerígena correndo por si, relaxando-o.

Um silêncio plácido se formou entre eles, tendo o som relaxante da queda d'água e o barulho distante da cidade. Suigetsu tirou o cigarro, quase nteiramente queimado, de seus lábios e o rodeou em seus dedos, assistindo os restos de uma pequena chama carburar o objeto — sua mente voou, indo para um ponto que ele bem conhecido por si, formando um novo questionamento em sua mente problemática.

Murmurou roucamente, sentindo-se cada vez mais frio dentro daquela água:

— Vai contar para o Sasuke? 

Naruto não o respondeu de imediato, apenas manteve as esferas azuladas sobre a água que estava mais parada, mas ainda tinha sua superfície irregular. O maxilar era naturalmente marcado sobre a pele bronzeada, mas agora estava mais evidente ainda — ele apertava os próprios dentes, pensando em algo que, ou o deixava tenso, ou o deixava nervoso. Talvez os dois. — Suigetsu aguardou pacientemente, levando o resto do cigarro aos lábios.

A fumaça fez seus olhos arderem.

— Óbvio —  as orbes azuladas desceram, pousado no Hozuki. A voz estava mais pesada, carregada pelo significado sincero que elas representavam ao Uzumaki. — Ele vai voltar, e vai mostrar quem é, afinal, Columbia parece ter esquecido quem é Sasuke Uchiha, e Konan esqueceu com quem está mexendo —  Naruto tragou mais uma vez, mexendo levemente sua cabeça, como se negasse algo. — Essa merda de Universidade esqueceu quem somos.

Suigetsu o analisou, medindo-o com atenção e vendo o que já esperava; a sinceridade brilhando por trás das suas esferas, assim como uma raiva que estava sendo remoída em si. Naruto estava certo, desde que haviam voltados das férias aquele lugar estava os colocando ao mesmo nível de meros estudantes, mas não era assim que as coisas deveriam funcionar, pelo contrário.

Eles eram os reis daquele lugar, mas muitas pessoas estavam esquecendo isso.

Naruto, assim ele, Sasuke, Gaara e todos os outros, eram Alphas. Herdeiros do legado centenário, donos do nome que iria marcar suas breves vidas universitárias e aqueles que eram mais do que um bando de estudantes. Muito mais — Suigetsu umedeceu seus lábios arroxeados, sorrindo maldoso em seguida.

O sistema das fraternidades era simples, e todas a seguiam; quando um membro erra todos os outros pagam. Isso era regra, sem qualquer tipo de exceções.

E não teria distração maior do que foder com alguns Betas.

— Viva a Kappa Alpha Gama, então —  Suigetsu ergueu os restos de seu cigarro, apenas um bituca apagada, mas que representou um brinde naquele momento. — E que esses fodidos vejam quem somos de verdade, e se lembrem o lugar que ocupamos.

Naruto ergueu o próprio cigarro, também já pequeno. Ele piscou, observando aquela cena por milésimos de segundos, antes de sorrir da mesma maneira de Suigetsu, mesmo que mais contido.

—  Viva a Kappa Alpha Gama —  ele arqueou uma sobrancelha, tendo suas esferas azuis mais escurecidas naquele momento. — E que todos se fodam nas nossas mãos.

Suigetsu sorriu mais, sabendo que aquele desejo seria cumprido. A sinceridade escurecia as esferas do Uzumaki, e a maldade brilhava no sorriso do Hozuki, por mais que ele tremesse por conta do frio e estilo branco como papel.

Eram Alphas, quem eram os outros comparados a eles?

Nada.

Eles haviam esquecido isso, mas a KAY iria fazer questão de o lembrá-los;

Existia uma hierarquia ali, e eles estavam no único lugar que mereciam:

O topo.


•••

Toxic Girl 

Olá, meus amados leitores.

Sentiram saudade? Pois eu também.

Devem ter notado meu breve sumiço durante essa semana, mas cá estou eu de volta, em plena madrugada de quinta-feira, e recheada de novos comentários a vocês.

É, eu posso ter sumido, mas não significa que as fofocas pararam de rolar. Muito pelo contrário, aliás.

Elas continuam vivíssimas, ansiosas para serem contadas a vocês.

Irei começar esse humilde post contando o motivo do meu sumiço, então pegue uma pipoca ou uma navalha, talvez as coisas possam ficar um pouco violentas daqui em diante.

Posso dizer que seria uma adaptação de uma noite de crime? 

Cuidado, queridos, o expurgo anual de Columbia está chegando e não serei apenas eu a ser castigada no processo.

Aliás, as seleções das fraternidades começam esse final de semana, mas eu irei deixar esse assunto para outro post. Não quero atrapalhar o tópico principal deste aqui.

Ele merece todo o destaque do mundo, afinal.

Meus dias em off foram por uma simples razão; a censura que eu sofri. Mas, meus caros leitores, vocês sabem que nem mesmo Tsunade conseguiu me parar, quem dirá um mero aluno que mal sabe o que estava fazendo da vida — além de correr atrás de uma garota que sequer se importa com a sua existência.

Narutinho, meu amor, eu sei que você pode pensar que estamos quites, mas aquilo foi apenas o começo da minha perseguição com você. Eu, essa pobre futura jornalista, tive que investigar sobre sua vida e, como sabe, seu telhado é de vidro — e eu fui preparada; levei muitas pedras, até mesmo algumas facas.

Sabe como é, quando falamos do passado de um dos mais populares de Columbia temos que ir preparado apenas para o pior. E, olha, valeu a pena ir esperando uma das maiores desgraças que a humanidade poderia ter visto — por mais que eu tenha ficado levemente decepcionada.

Narutinho, Narutinho... Por que não nos contou que sua mãe teve que sair de casa quando estava grávida do seu irmãozinho, hm? Pobre mulher... confesso que tive que ir nas partes mais profundas do jornalismo, pagar a algumas pessoas e ameaçar outras, mas consegui esse maravilhoso furo.

Me diga, meu querido, foi nessa época que você achou a desajustada do Brooklyn? Isso explicaria muita coisa, na verdade.

Mas, me deixa curiosa um pequeno fato; se sua mãe foi embora grávida, onde está o pequeno menino agora?

Um menino que deve ter... 12 anos? Bem, sua mãe foi embora quando você tinha apenas oito aninhos, então ele deve ter a mesma idade que você tinha quando começou a desandar, creio eu.

Seria interessante verem as duas versões dos Uzumaki's, como um experimento novo... claro, se soubéssemos onde o garoto está.

Sua querida mãe foi embora grávida, mas voltou apenas carregando uma mala que custa alguns milhares de dólares. Estranho, um tanto quanto misterioso.

Ai, eu amo mistérios!

E, já que estou adotando essa pose de detetive, vou fazer meu primeiro questionamento, de muitos que virão:

Agora eu lanço o questionamento; onde está seu irmão, Naruto?

 

Beijinhos.

Não se matem até a próxima fofoca.

Autora: Konan Mitsashi

Publicado: 1:08 AM


Notas Finais


Obrigada por lerem!

•••

ig: alaska_rsd


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