História Meu Professor - Um Romance Proibido - 5 - Mais Bilhetes

Mal consegui dormir a noite ainda não acreditando que aquele bilhete seria para mim. Como Vi me disse depois de me flagrar lendo o bilhete pela centésima vez: "Parece um romance antigo!". E realmente parecia, mas e agora? O que eu iria fazer?

Me veio a brilhante ideia de escrever novamente para ele. Escolhi uma das minhas folhas coloridas que comprei quando fui ao centro, borrifei um pouco do meu perfume e pensei no que escreveria. De repente me vieram os livros de romance que eu já li.

Pensei em muitas, mas a mais ousada e que mais se encaixava na minha situação era:

Apaixonar-se pode acontecer com uma única palavra, com um único olhar.

 -Ian McEwan-

Sim, esse seria perfeito! 

Com a minha letra desengonçada, porém, esforçada, escrevi minunciosamente a frase. Sim, ele iria perceber que eu não estava para brincadeiras e que cursar literatura não era atoa. Se era pra ser romântica, ele encontrou a pessoa certa!

...

O despertador tocou novamente como no dia anterior e antes que pudesse pensar direito, já estava a caminho da cafeteria. O tempo hoje resolvera dar uma trégua, mas mesmo assim não fui agraciada pelos raios matinais de sol.

Corri sem motivos até a porta do COREAN CAFE e entrei. Hoje Sra. Kang já deixara a porta aberta para me receber. Ajudei a preprar todas as mesas, encher o balcão com os deliciosos pãoes, bolos e salgados diversos e me preparei para começar a receber os fregueses.

Após dar a hora de abrir a loja, Sra. Kang me pediu para organizar as prateleras mais altas da cozinha onde ela por ser ainda menor que eu não conseguia alcançar. Fui de bom grado, mas descaradamente, assim que ia passar pela porta, pedi que avisasse caso o "moço de ontem" chegasse.

Sra. Kang riu com a mão na boca e confirmou que iria me avisar. Ela passou o dia de ontem inteiro comentando sobre Jonatan. E eu já sabia que ele morava em um bairro nobre, mas que trabalhava aqui por perto. Era sozinho e ela nunca o viu com uma mulher. Conhecia-o desde pequeno e sabia que ele estava interessado em mim por conta do seu olhar. Dizia ela que sabia dessas coisas melhor que ninguém. 

Tentei me concentrar em meus afazeres, mas sempre checando o bilhete perfumado em meu bolso. Cogitei muitas vezes em não entregar pois aquela não era eu, ou pelo menos, não era eu até achar alguém que realmente fizesse meu coração acelerar ao pensar nele, e ainda mais me fizesse quase perder uma noite de sono. 

-Amanda, ele chegou. Pediu o de sempre. Vai lá entrgar para ele que isso a gente arruma depois - Apontou para as prateleiras quase intocadas. Não queria parecer preguiçosa, mas aquilo estava me consumindo. Me encaminhei para a porta e ela sussurrou - Ele procurou você por todos os lados quando entrou. Ficou chateado em não te ver.

Um frio passou pela minha barriga e subia cada vez mais até a minha gargante. Nossa! Era isso que chama de "boroletas na barriga" nos livros que li!

Sai pela porta e ele já estava lá no lugar de sempre. Balcão virado para a rua. Vestia uma camisa social azul e calça preta social também com charmosos sapados pretos.

Brincava com um guardanapo em cima do balcão quando cheguei. Coloquei seu café expresso pelo seu lado direito e abandeja com croissants pelo lado esquerdo encostando minimamente meu corpo no dele. De começo estranhou, mas logo percebeu que era eu e pude ver sua bochecha comprimir um sorrisinho.

Antes de sair, sem necessidade, deixei uma comanda e meu bilhete perfumado por baixo ao seu lado.

-Tenha um bom café da manhã, Jonatan... - Saí antes que ele pudesse responder. Caramba! O que eu estava me tornando???

Nunca pensei que poderia  ser tão.... Sexy desse jeito! Meu coração estava acelerado e quando voltei para o balcão ofeguei e tremi dos pés a cabeça. Eu teria que me acostumar logo com isso a não ser que quisesse ficar sempre parecendo uma garotinha apavorada.

Olhei para Jonatan e ele estava lendo meu bilhete. Flagrei-o cheirando o papel e guardando em seu bolso da camisa de onde retirou uma caneta. No guardanapo que estava brincando, começou a escrever algo. Colocou novamente debaixo do prato e começou a tomar seu café da manhã. Novamente como no dia anterior estava imparcial. Não olhou para trás dessa vez, mas eu podia jurar que estava sendo vigiada.

Depois de uns 20 minutos, levantou-se e olhando brevemente para trás, acenou para mim com a cabeça e lançou um breve sorriso. Seu olhar foi brincalhão, mas incrivelmente sedutor.

Corri para recolher seu prato e ali mesmo já abri seu bilhete:

Pensei que não te veria nunca mais, percebi que um buraco se abriria no meu coração se eu não te tivesse. Nunca mais desapareça desse jeito, menina. Nunca mais!

PS: Então a princesa se apaixonou pelo camponês?

-EU-

O que? Nossa! Isso foi de 8 à 80 tão rápido! Como assim? Eu estou na cidade não faz nem uma semana e já arrumei um emprego, fiz maravilhosos amigos e agora estou paquerando um desconhecido? O que está havendo com você Amanda Morais?

Dobrei o papel e coloquei novamente no bolso de trás começando a pensar no que eu escreveria para ele no dia seguinte.

...

O resto do dia passou rápido e voltei para casa para começar a ler alguns livros que a universidade mandara entregar no meu quarto. Seriam livros que leríamos durante o semestre. Clássicos da literatura estrangeira como "Morro dos Ventos Uivantes", "Frankenstein", "Romeu e Julieta", "Jane Eyre", entre outros mais.

Eram dez maravilhosos livros que iriam me cativar durante todo o semestre. Fiquei feliz em folheá-los, cheirá-los que quase não pude conter a emoção. Enquanto eu paquerava meus livros, Vi me olhava com semblante estranho, mas estava se divertindo com a situação.

Logo estaria começando o semestre e teria que me esforçar bastante para conciliar meus estudos com o trabalho e com o "desconhecido Jonatan".

Lembrei-me dele e me deitei na cama. Mais borboletas na barriga.

Amanhã já era sexta feira e eu teria mais três dias para vê-lo e então nunca mais poderia o encontrar pela manhã no café...

Peguei no sono.