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História Midnight Circus - 7.Hopeless


Escrita por: KAMI-seme

Notas do Autor


Hello~
Aqui está o capítulo novo, que foi inteiramente betado pela minha unnie MinsTae (ela é legal).
Espero que gostem o/

Capítulo 7 - 7.Hopeless


7.Hopeless

 

- Por favor... Não me machuque! Eu quero ir embora! – As suplicas escapavam por meus lábios sem que eu nem ao menos conseguisse pensar direito, tudo o que eu sabia era que Onew havia me arrastado por um longo trajeto até que meu corpo bateu contra o que pareceu ser um carro. E no minuto seguinte, eu estava sendo trancado em um lugar fechado, que só depois percebi ser o porta-malas estreito daquele veículo.

Onew não fora esperto o suficiente para se lembrar de amarrar minhas mãos, ou talvez ele soubesse exatamente o que estava fazendo, era difícil entender. Assim que ele me trancou ali, eu consegui tirar o saco preto sufocante da minha cabeça, o que não serviu pra muita coisa, pois era escuro demais ali. Por um momento ou outro, meu corpo batia contra a porta, parecia que estava com pressa pra chegar aonde quer que fosse, o que apenas me deixou mais assustado. Ele iria me matar, e o Minho não estaria ali pra me proteger como havia prometido fazer. Eu só podia contar comigo mesmo e isso não era uma boa coisa.

Tentei respirar fundo e manter a calma, mas depois de uma hora e meia dentro daquele cubículo, o ar começara a ficar escasso e tudo o que eu tentava fazer era não ter uma crise de asma. Abracei meu próprio corpo e me encolhi o máximo que consegui, pensando em como era frustrante me esforçar tanto para acabar daquela forma, eu nunca seria um pianista famoso afinal, talvez nem a minha morte aparecesse nos jornais, provavelmente Onew se livraria do meu corpo e eu iria deixar esse mundo sendo só mais uma pessoa miserável. Eu era muito jovem para acabar assim, e ali dentro do porta-malas daquele carro, eu percebi que não queria e não podia aceitar um final como este, eu iria lutar com todas as minhas forças para sobreviver, eu faria o que fosse preciso pra realizar os meus sonhos e um dia eu encontraria meus pais e mostraria a eles como eu fui um vencedor na vida. Porém na situação em que eu estava, mais pareciam apenas delírios de alguém a beira da morte, mas ainda assim, era melhor do que nada, pois Minho – no pouco tempo que convivemos juntos – havia conseguido me ensinar a ter esperanças novamente, mesmo que fossem poucas, ele conseguira fazer tal proeza de me dar uma luz, uma estrela guia. E um dia eu precisaria agradecê-lo por isso, caso conseguisse encontrá-lo novamente.

Pensar em deixar Minho me deixou quase desesperado, ele merecia ao menos uma despedida, um último beijo, um último abraço. Ele era o meu namorado e não merecia passar por isso, será que ele um dia saberia da verdade? Que tudo fora culpa de Onew. Tudo culpa da inveja que Onew sentia de Minho, e infelizmente eu havia sido a maior vitima da rincha entre os dois.

Quando enfim o carro parou, eu comecei a rezar, preparando-me para atacar quem quer que fosse a pessoa que abriria aquela porta – se ao menos alguém fosse abri-la – e demorou bastante, eu já estava ficando desesperado, achando que seria abandonado pra morrer dentro da mala de um carro, mas graças a Deus não fora isso que aconteceu, foi algo muito pior. Onew abriu o porta-malas e eu não hesitei em pular nele, tentando com todas as minhas forças socá-lo, arranhá-lo ou qualquer outra coisa que o deixasse incapaz de correr atrás de mim, e no começo deu certo, mas nada dá realmente certo pra mim. Pois o maior não estava sozinho.

Senti meus cabelos longos serem puxado bruscamente pra trás, enquanto alguém me afastava de Onew e dava uma bofetada no meu rosto, não fora tão forte ao ponto de me machucar, mas latejou um pouco nos segundos seguintes. Ergui a cabeça e assustei-me um pouco ao ver o homem que me segurava. O mágico Key, e ele parecia estar menos amigável que o normal, principalmente depois de pegar uma barra de ferro ameaçadora, ele provavelmente me acertaria com ela se eu tentasse me mexer ou fugir.

- Se comporte, garoto – Key falara em um tom estressado, puxando-me novamente pelo cabelo até que eu ficasse de pé,empurrando-me e jogando-me pra dentro do carro em seguida, mas dessa vez era no banco de trás, onde eu poderia ter uma visão melhor de onde estava, mas não adiantara muita coisa, pois eu não reconhecia aquele lugar. Estávamos no meio de uma estrada deserta.

- Se tocar novamente no meu rosto, eu acabo com você aqui mesmo – Onew resmungou irritado, abrindo a porta do outro lado e entrando no carro. Eu achei que ele fosse me bater, mas apenas segurou meus pulsos e os amarrou com um retalho de pano que parecia ser da sua jaqueta. Tentei afastar-me um pouco, mas ele não me deu espaço para isso – Fique quietinho aqui, não queremos que ninguém se machuque, certo?

Engoli em seco e fechei os olhos, eu queria estar novamente nos braços de Minho, mas tudo o que eu sentia eram as mãos de Onew em minha coxa, apertando-as hora ou outra, talvez se estivéssemos a sós ele pudesse fazer o que queria, eu só esperava que não houvesse uma oportunidade pra isso.

- Pra onde estão me levando? – Não pude deixar de perguntar.

- Para um lugar onde irão adorar te receber, Taemin – Key respondeu prontamente, enquanto acelerava com seu fusca rosa pela estrada – Nós teremos alguns lucros com você, não se preocupe, não é nada pessoal... Pelo menos não comigo.

- Lucros? – Ergui uma sobrancelha, não conseguindo compreender o que eles queriam fazer comigo, mas obviamente não seria nada agradável – Eu achei que fossemos amigos, Key, ou que ao menos fosse amigo de Minho.

- Eu sou amigo de mim mesmo, e no momento eu preciso me ajudar, pois este circo em falência não vai me trazer dinheiro algum – Ele parecia tão frio. Eu lembrava de Jonghyun falando algumas vezes que eles eram amigos, será que o pobre Jong foi enganado também? – Eu preciso de dinheiro pro meu casamento, minha noiva chega em um ou dois dias na casa dos meus pais e eu nem ao menos tenho roupas apresentáveis!

- Você vai me convidar, certo? – Onew perguntou repentinamente, com um sorriso distraído no rosto. Eles pareciam dois amigos normais, conversando sobre coisas comuns, e não dois sequestradores cruéis. – Eu nunca pensei em me casar, deve ser interessante.

- Quem iria querer casar com um monstro assim? – Resmunguei em voz alta sem perceber, causando uma risada debochada no mais velho.

- Eu não sou um monstro, Taemin! Eu sou um cara muito legal na verdade... Com quem merece, e você não merece, ninguém relacionado com o Minho merece.

- Por que você o odeia tanto? Ele é tão melhor que você, é por isso? – Eu não conseguia controlar as palavras que saiam da minha boca, eu estava irritado demais – Você é doente.

Onew novamente riu, levando uma mão até meu rosto e o segurando com força, aproximando-me dele até que seu hálito quente batesse contra o meu rosto. Por um momento eu achei que ele fosse me beijar, mas ele apenas me empurrou em seguida e bateu minha cabeça contra a janela.

- Você tem sorte que não posso te machucar agora, vamos precisar do seu corpo inteiro.

Aquelas palavras me assustaram. Eu não queria ter meu corpo usado de modo algum, não queria ser tocado por ninguém. Por que coisas ruins tinham que acontecer comigo? Talvez eu estivesse amaldiçoado ou algo assim, quem sabe estava pagando os pecados de outra vida.

 

Pouco tempo depois chegamos a uma cidade, a noite já havia caído e havia muitas luzes ali, era impressionante. Eu não ia à cidade grande há muitos anos e agora parecia ainda maior e mais movimentada, havia prédios maiores agora e um enorme centro comercial. Key dirigiu até um bairro luxuoso, havia muitos carros de aparência cara circulando por ali, fazendo com que seu fusca rosa parecesse uma lata velha.

- Chegamos – O mágico murmurou após estacionar o carro, saindo em seguida e fazendo um gesto para Onew sair também, e obviamente eu fui arrastado junto.

Estava frio, eu não sabia exatamente o que eles fariam comigo ali, mas nem ao menos tive chances de correr, pois logo estávamos entrando em um prédio pequeno e cheio de seguranças. Engoli em seco e olhei assustado ao redor, não havia janelas em lugar algum, eu fui levado até uma sala, onde alguns homens estavam reunidos conversando, alguns com charutos e outros com taças de vinho, e algumas mulheres em volta – com roupas nada decentes – e outros rapazes de aparência ainda mais jovem que a minha. Key se dirigiu até um dos homens, ele era velho, mas não tanto, os dois conversaram brevemente e eu pude ver uma grande quantia de dinheiro ser entregue ao mágico, que sorriu vitorioso e caminhou até mim, tirando-me dos braços de Onew e me levando até o homem que lhe deu dinheiro.

- Senhor, aqui está o garoto, faça bom proveito – Key falou em meio a um sorriso, olhando pra mim em seguida – Taemin, esse aqui é o seu novo dono.

Arregalei os olhos assustados, eu queria gritar, correr, chorar e implorar pra eles me soltarem, mas fui interrompido pelo homem, que deu um tapinha na coxa e me chamou para sentar no seu colo.

- Boa sorte, Taemin.

 

● ChoiMinHo ●

 

- Calma, Minho! – Jonghyun falava pela terceira vez apenas naquele minuto, enquanto eu procurava Taemin pelas barracas dos circenses. Meu namorado não podia ter sumido de uma hora pra outra, não sem se explicar, ele estava tão feliz tocando piano e quando voltei com o Jong, simplesmente encontramos o caminhão aberto e nenhum sinal do Lee.

- Como pode me pedir pra ficar calmo? Ele sumiu!

- Ele pode ter ido ao banheiro...

- Já faz quatro horas! – Retruquei irritado, terminando de revirar a última barraca e enfim desistindo de procurar ali. Taemin não estava no circo, e saber que Onew também estava ausente me deixava extremamente preocupado. Aquele idiota sádico poderia ter feito algo com o meu garoto, era a única explicação aceitável para o sumiço repentino do meu namorado. – Ele pode estar morto... Jonghyun! Eu não quero que ele morra!

- Minho, respira, ele vai voltar! – Jonghyun falou preocupado, dando um tapinha no meu ombro e tentando sorrir de forma encorajadora, mas ele não parecia estar tão certo do que havia falado – Eu não percebi que a amizade de vocês estava tão forte, até mais que a minha com ele.

- É porque estamos juntos.

- Juntos? Juntos mesmo?

Afirmei com a cabeça e vi Jonghyun abrir a boca surpreso, eu esperava que ele já soubesse, afinal ele mesmo levava Taemin para o meu trailer depois de passearem, e em alguns dias, ele ia acordar o mais novo quando eu saia mais cedo. Como ele ainda não havia percebido algo assim?

Antes que Jonghyun pudesse se pronunciar sobre aquilo, escutamos o barulho de um motor próximo e logo vimos o fusca rosa de Key se aproximando, e de lá o dono do carro desceu acompanhado de Jinki – o que me deixara confuso – eles não costumavam andar juntos, mas pareciam animados e até íntimos um do outro, enquanto vinham em nossa direção.

- Onde estavam? – Jong perguntou primeiro, cruzando os braços e encarando Onew com os olhos estreitos – Vocês viram o Taemin por aí?

- Onew foi me ajudar a resolver alguns assuntos, e não vimos aquele garoto – Key respondeu primeiro, enquanto Onew passava direto por mim e dava um sorriso de canto, o qual parecia completamente falso. – Por que parecem tão preocupados?

- Taemin sumiu há algumas horas e não os achamos em lugar algum... – Expliquei, enquanto tentava assimilar que talvez Onew não tivesse nada a ver com aquilo, mas isso me deixava sem nenhuma teoria sobre o desaparecimento do meu pequeno – Eu não sei mais aonde procurá-lo.

- Vamos procurar pelo circo novamente, vou pedir pros meus amigos malabaristas procurarem na cidade, eles vão sair pra beber daqui a pouco – Jonghyun murmurou, bagunçando meu cabelo brevemente antes de se afastar, indo em direção a uma tenda onde alguns circenses estavam conversando.

- Eu também gostaria de ajudar, mas preciso arrumar minhas malas – Key falou em um tom chateado, ele também parecia estar preocupado com Taemin – Vou embora hoje à noite, Minho, minha noiva está prestes a chegar e eu não posso esperar mais.

- Não acredito, já perdemos tantas pessoas, vamos afundar ainda mais sem as suas apresentações aqui!

- Eu sei, eu me importo muito com todos vocês e vou morrer de saudade desse lugar maravilhoso – Key falara com um brilho nos olhos, dava pra sentir o quanto ele realmente amava aquele lugar, seria uma pena perder a sua amizade. – Mas preciso seguir minha vida, agora me deixe ir, antes de partir eu irei falar com todos vocês.

- Não se esqueça de falar com o appa – Falei alto enquanto o via se afastar, recebendo apenas um aceno positivo em resposta. Eu não conseguia entender como uma pessoa tinha tanta vontade de criar raízes em um lugar, a vida no circo era perfeita, conhecíamos muitas pessoas, muitos lugares, dava uma sensação de liberdade que eu não poderia sentir em nenhum outro lugar.

Suspirei longamente e afastei aqueles pensamentos, retornando a dar atenção para o que realmente importava e voltando a procurar pelo meu namorado. Procurei na tenda da cigana Victoria, a qual disse que iria perguntar aos astros onde ele estava – ela parecia não estar raciocinando bem com todos aqueles incensos de maconha em volta de si – procurei também no trailer do meu pai, onde quase fiquei surdo ao entrar, pois minha madrasta estava praticando como quebrar taças com a voz, e ela era boa naquilo, mas disse que não tinha visto nenhum sinal de Taemin. Eu procurei em todos os lugares, inclusive debaixo das arquibancadas e em cima do trapézio, procurei nos trilhos de trem, nas bilheterias e até mesmo dentro da geladeira, mas nenhum sinal do Lee. Eu estava pensando seriamente em chamar a polícia – mas levando em conta que Taemin era mantido em cativeiro, não seria muito bom para nós – quando voltei ao caminhão e me sentei no banquinho do piano onde ele estava na última vez que nos vimos, fora só então que notei um bilhete preto entre uma tecla e outra, ele não estava ali antes, ou talvez tenha passado despercebido por mim. Mas certamente devia ser de Taemin.

 

“Hyung, eu não aguento mais esse lugar, desculpe por fingir que amei você, mas agora eu preciso ir.

Não me procure, eu não quero ser encontrado por você. Faça um favor a nós dois e nunca mais pense em mim. Adeus.

- De seu namorado, Lee Taemin”

 

Eu não conseguia acreditar no que os meus olhos estavam vendo, precisei ler duas ou três vezes para entender o que aquelas palavras queriam dizer, não podia ser verdade... Taemin havia me abandonado. Ele fugira de mim sem ao menos me dizer adeus, e tudo não passou de uma grande mentira, onde eu fui o único enganado.

- Não... Taemin, você não pode ter feito isso comigo! – As palavras saíram num sussurro, mas que logo se transformaram em um grito de raiva. Toda a minha preocupação fora em vão, todo o amor, carinho e cuidado que eu dediquei àquele garoto havia sido à toa.

Eu fui usado pelo menor, ele conquistou meu amor, minha confiança e depois me apunhalou pelas costas, desde o começo ele nunca quisera nada comigo, talvez ele nem ao menos gostasse de mim. Eu fui o único que amei naquela relação afinal... Como eu pude ser tão estúpido? Céus... Eu havia brigado com o meu irmão por causa de Taemin, talvez Onew estivesse certo, aquele garoto não merecia o esforço que fiz por ele.

Amassei o bilhete entre os dedos e soquei as teclas do piano com toda minha força, quebrando algumas e soltando outras. Eu estava me sentindo o maior dos idiotas, e descontar toda essa frustração nos objetos ao meu redor pareceu a coisa certa a fazer. Eu me lembro de ter socado o piano até que minha mão sangrou, eu chutei as paredes e quebrei tudo o que estava ao meu alcance. Mas ainda não era o suficiente, pois o que eu queria quebrar realmente era o rosto angelical de Taemin. E eu prometi pra mim mesmo que não iria descansar enquanto não o encontrasse e o fizesse pagar pelo que fez comigo.

Lee Taemin é um homem morto.

 

●●●●

 

- Minho-ssi... Você já bebeu demais, melhor voltarmos pro circo – Sulli falava enquanto arrancava o copo vazio de minhas mãos e afastava a garrafa pela metade, estávamos em um bar junto com outros circenses, mas ela era a única que tinha coragem suficiente para sentar comigo e Jonghyun.

- Eu desisto de falar algo pra ele, Minho nunca me escuta – Jong resmungou em tom baixo, enquanto olhava fixamente para a garçonete do outro lado do bar – No último ano tudo o que ele faz é afundar cada vez mais, não sei como o appa ainda paga o salário desse traste.

- Não fale de mim como se eu não estivesse aqui! – Reclamei um tanto embriagado, tentando dar um tapa no mais velho, porém eu estava bêbado demais para conseguir tal coisa – Eu estou ótimo! Foi um ano maravilhoso...

Eram mentiras. Aquele havia sido o pior ano de minha vida. O circo ia de mal a pior, nosso lucro foi reduzido pela metade com o tempo, as apresentações já não eram tão empolgantes e as pessoas não tinham interesse, principalmente depois que eu fui obrigado a parar o trapézio com Sulli, por culpa totalmente minha, eu havia bebido demais antes de subir e acabei tendo os reflexos afetados, de forma que joguei a morena pro lado errado e ela caiu fora da rede. Se não fosse por Jonghyun ter tentado segurá-la, talvez a menor estivesse morta agora, mas ainda bem que só quebrou um braço, e enquanto ainda estava de gesso não podíamos fazer nada. Eu achei que ela iria me matar, mas foi mais compreensiva do que eu esperava. Onew era o único que se mantinha fazendo sucesso, ele estava indo melhor do que nunca e recebendo mais que todos nós, sempre que ele me olhava dava um sorriso largo e superior, como se contemplasse o meu fracasso, e depois de algumas brigas nós simplesmente paramos de nos falar de vez. Jonghyun era o único que ainda mantinha uma boa relação com todos ali, ele não mudara em nada durante os últimos meses. E justamente por causa de Jong que nós estávamos novamente ali naquela cidade maldita. O palhaço, Jonghyun, havia recebido uma carta da filha do pastor, a garota que havia se envolvido com ele naquela época, e a moça afirmava que tinha tido um filho com ele, e o appa disse que como fazia tempo que não vínhamos aqui, o circo poderia ficar um mês enquanto ele resolvia seus problemas de paternidade.

Eu odiava aquele lugar.

A mesma cidade onde eu havia perdido Taemin, eu me sentia incomodado até em respirar aquele ar, eu me perguntava se ele ainda estaria ali, se havia fugido pra outro lugar, ou se ao menos estaria vivo ainda. A raiva que eu sentia dele se esvaiu ao longo dos meses depois de seu desaparecimento, e tudo o que sobrara era a saudade – mas eu ainda iria bater nele se o encontrasse novamente – eu me lamentava todas as noites antes de dormir, pensando em como seria se ele não tivesse ido embora, e todas as madrugadas eu acordava suado após ter um pesadelo com ele. Durante as manhãs, eu tomava meu café da manhã acompanhado de bebidas alcoólicas, eram raros os momentos em que eu estava sóbrio, e desse jeito era muito mais fácil encarar a vida miserável que eu tinha.

- Vamos pra casa, oppa – Sulli falou repentinamente, ficando de pé e me puxando pelo braço, até que eu me levantasse também e apoiasse meu peso nela – Jonghyun, pare de olhar pra garçonete, você não quer engravidar outra mulher aqui, não é?

- Não fale essa palavra, eu estou traumatizado! Fui ver o meu suposto filho hoje e ele realmente parece comigo – Jonghyun resmungou, levantando também e pegando meu outro braço para me ajudar a andar – Ela quer fugir com o circo, eu não sei como fazê-la desistir!

- Mas você não está namorando a engolidora de fogo? Você está tão ferrado, oppa – Sulli riu baixo. Eu queria rir também da situação de Jonghyun, mas eu não me lembrava mais como sorria, era algo que eu havia perdido o hábito de fazer desde que o meu namorado havia ido embora, eu nem ao menos consegui outra namorada, eu achava errado, era como se eu estivesse o traindo, afinal, nós não terminamos antes que ele fugisse, então ainda éramos namorados, certo? Jonghyun dizia que meu pensamento era tão estúpido quanto eu, mas eu não conseguia pensar diferente.

Naquela noite eu me lembro de ter sido carregado até a porta do meu trailer e depois de ter-me arrastado sozinho até a cama, minhas mãos tiraram o cigarro do bolso com dificuldade e o levou até minha boca, eu demorei alguns minutos para acendê-lo, mas quando consegui fazer, suspirei aliviado. A nicotina me deixa relaxado, eu não sabia quantos maços havia fumado naquele dia, mas certamente não fora uma quantidade razoável, eu estava impressionado por ainda não ter desenvolvido alguma doença, talvez o meu azar fosse tão grande que nem ao menos as doenças queriam se aproximar de mim.

Eu fumei aquele cigarro até não conseguir mais segurá-lo, e depois cair no sono fora algo inevitável, eu estava abraçando um pequeno moletom velho e sujo, ninguém sabia, mas aquela roupa havia pertencido à Taemin e era como se eu ainda pudesse sentir seu cheiro nela, e com aquele cheiro eu me deixei levar pelo cansaço até adormecer. Os pesadelos eram sempre os mesmo, em todos havia um lindo garoto de cabelos castanhos fugindo de mim, e por mais que eu tentasse alcançá-lo com todas as minhas forças, eu nunca chegava perto o suficiente para segurá-lo, Taemin escapava dos meus braços e sumia na escuridão, deixando-me completamente sozinho como eu merecia ficar. E quando eu acordava na manhã seguinte, a primeira coisa que fazia era afundar o rosto no seu moletom e rezar silenciosamente para esquecer que um dia aquele garoto havia existido na minha vida.

 

 - Minho! Me ajude aqui, rapaz – Ouvi uma voz feminina me chamando assim que saí do trailer, e logo pude reconhecer a cigana tentando carregar uma caixa de madeira para dentro de sua tenda. Corri até a mais velha e segurei o peso pra ela – Obrigada, deixa lá dentro pra mim.

- O que são essas coisas? – Perguntei casualmente, levando a caixa até uma mesinha e a deixando ali.

- Novo material de trabalho, aliás, eu gostaria de testá-lo com você – Victoria falou animadamente, se aproximando da caixa e abrindo-a, de onde tirou o que parecia ser uma enorme bola de cristal e algumas cartas – Venha, sente-se na almofada.

Não neguei seu pedido e me sentei onde ela mandou, estando curioso para ver como aquilo funcionava, em todo aquele tempo convivendo com ela, eu nunca havia prestado atenção no que ela fazia, parecia tão estranho – ela toda era estranha na verdade, principalmente quando tinha ataques de sonambulismo.

- Coloque sua mão na bola de cristal também – Ela ordenou e eu rapidamente o fiz, sentindo que o vidro estava gelado, e ela deixou as mãos sobre as minhas enquanto cantarolava algo que parecia uma meditação – Eu estou sentindo uma energia negativa em você, mas há boas vibrações também.

- Eu não entendo como pode ter boas vibrações em mim.

- Elas não são suas, mas são para você – Victoria murmurou, franzindo o cenho e se concentrando mais – Há alguém que se preocupa com você, mas está longe demais pra ver seu estado... Essa pessoa sente sua falta.

Engoli e em seco e tentei não pensar que podia ser Taemin, essa mulher não tinha o direito de me dar falsas esperanças.

- Você está passando por um momento difícil, mas isso pode mudar! Eu só não consigo ver como, talvez devêssemos perguntar às estrelas – A mulher falou ainda concentrada, tirando nossas mãos da bola de cristal e afastando-a, antes de pegar algumas pedrinhas e balançar entre as mãos, antes de jogá-las na mesa. Elas pareciam em completa desordem, mas Victoria aparentava ler algo nas pedras – As estrelas não sabem muita coisa, mas falaram que caminhos serão cruzados novamente se você desejar, pois é o único que pode ir atrás...

- Ir atrás de quem? Como? – Perguntei curioso, deixando-me levar por suas supostas feitiçarias e ficando cada vez mais interessado.

- Vamos tentar outra coisa, não é sempre que os astros me contam tudo – Ela resmungou, pegando dessa vez o baralho e arrumando as cartas, colocando algumas viradas pra baixo na mesa e pedindo para que eu escolhesse algumas, e assim o fiz.

Victoria ficou algum tempo analisando as cartas que eu escolhi, ela parecia confusa e ao mesmo tempo curiosa, mas em seguida sorriu gentilmente pra mim e segurou uma de minhas mãos.

- A pessoa que você quer encontrar está mais perto do que imagina – Começou a falar em um sussurro – Mas você precisa de ajuda, a Dama com asas vai ter a resposta que você precisa, mas suas asas não estão em perfeitas condições, ela não pode mais voar.

- Do que você está falando?

- Do seu destino, e agora pode ir embora, eu não tenho mais nada que seja útil pra você – A morena me soltou e fez um gesto para que eu me retirasse de sua tenda.

Eu não fazia ideia do que significava as palavras que ela havia me falado, talvez aqueles incensos de maconha realmente afetassem o funcionamento de seu cérebro. Respirei fundo e saí dali, caminhando pra longe da tenda e indo em direção à cozinha buscar meu café da manhã e minhas doses de álcool, e durante todo o caminho eu pensava naquelas palavras, talvez fosse Taemin que estivesse perto de mim, eu não esperava encontrar mais ninguém além dele. Já quanto a alguma Dama com asas, eu realmente não tinha nenhuma teoria sobre quem poderia ser. 

 

- Não acordou com ressaca dessa vez, Minho? – Jonghyun perguntou assim que entrei na cozinha, ele parecia bem humorado como sempre – Você bebeu mais que o normal ontem.

- Na verdade eu estou com um pouco de dor de cabeça – Dei de ombros, me aproximando do mais velho e me encostando na pequena geladeira – Jonghyun, você sabe alguém que se pareça uma Dama com asas?

- As únicas pessoas que eu conheço que sabem voar são você e a Sulli – Ele respondeu rapidamente, enquanto caminhava de um lado pro outro para arrumar as louças pro café – Quer dizer, apenas você, a dongsaeng está com o braço quebrado. Sabia que eu sempre quis quebrar o braço também? Deve ser tão legal usar gesso.

Suas asas não estão em perfeitas condições, ela não pode mais voar.

Lembrei-me rapidamente das palavras da cigana. Jonghyun era o um gênio! Só podia ser ela! Sulli realmente parecia voar quando eu a jogava de um trapézio pro outro, costumavam dizer que éramos como dois pássaros. Ignorei o resto do falatório de Jonghyun e saí apressadamente da cozinha, correndo em direção aos trailers e batendo na porta da qual a minha parceira dividia com mais algumas moças.

- Onde é o incêndio? – Ela perguntou assustada ao abrir a porta, descendo os pequenos degraus e parando à minha frente – Você parece pálido, quer algum remédio pra ressaca?

- Não. Eu preciso conversar com você!

Puxei a mais nova pelo braço bom e praticamente a arrastei para trás do circo, onde só havia algumas jaulas com os macacos e dois cachorros. Ela pareceu confusa, mas em nenhum momento foi contra minha vontade, até que enfim paramos de andar e eu a encostei na pequena cerca próxima aos trilhos do trem.

- Agora pode me dizer do que se trata tudo isso? – Ela perguntou preocupada, colocando uma mão na cintura e me encarando.

- Eu não sei como explicar, mas eu preciso que me diga tudo o que você se lembra de quando o Taemin desapareceu. Tudo! Cada detalhe do que você viu naquele dia, ou alguma coisa que você saiba sobre isso.

Ela revirou os olhos e afastou minhas mãos do seu braço, afastando-me um pouco e começando a andar de um lado pro outro como se estivesse se concentrando.

- Eu lembro que você passou o dia grudado com ele, e sempre que eu tentava te chamar pra ensaiar, você dizia que estava ocupado – Ela começou a falar – Então vocês se enfiaram naquele caminhão e eu fui reclamar com o Jonghyun, mas eu não achei aquele palhaço... Mas eu vi Onew e Key tendo uma conversa bem estranha perto do carro, eles falaram que alguém ia pagar muito caro por algum garoto. Eu também vi o Onew oppa com um saco preto e umas cordas, mas o Key disse que não precisava das cordas, então eles jogaram fora...

- Eles estavam falando do Taemin?! – Perguntei quase num grito, fazendo ela se assustar e pular pro lado.

- Eu não sei, Minho! Mas depois disso aquele garoto sumiu e o Key apareceu cheio de dinheiro pra ir embora. Aliás, o casamento dele foi até luxuoso, você viu as fotos que ele mandou pro Jonghyun?  

- Não... Você está me dizendo que o Onew e o Key eram cúmplices nisso? 

- Eu disse apenas o que eu vi, agora entenda como quiser – Ela deu de ombros, parando de andar e me lançando o que pareceu um olhar de pena – Não fique pensando nisso, agora não adianta mais nada. 

- Eu preciso esclarecer essa história – Murmurei, passando uma mão pelo cabelo e tentando processar todas aquelas informações que bombardeavam minha mente, era como se todas as minhas teorias de Taemin ser um maldito destruidor de corações fossem quebradas, mas ainda assim, elas estavam lá, pois eu precisava ter certeza dessa história, e se realmente fosse culpa de Onew, eu iria acabar com ele.

- Já que não vai desistir, pelo menos não seja idiota de falar com Onew – Ela sugeriu – Vá atrás do Key, ele nunca reage bem quando está sob pressão, se realmente foram eles que sumiram com Taemin, ele vai te contar, mas não crie tantas esperanças, aquele menino tinha motivos pra fugir. 

Agradeci a ajuda de Sulli e a deixei sozinha, eu não podia perder tempo. Eu precisava descobrir onde Key estava, e só então iria saber o que aconteceu com Taemin, com sorte até poderia achá-lo, e cada segundo que se passava, uma pequena esperança crescia dentro de mim. 

Onde estaria o meu Taemin depois de todo esse tempo?

 

Continua... 


Notas Finais


O que acharam? Devo continuar rápido ou tiro uma folga?
E... onde acham que o Taemin está agora? Será que ele ta vivo?


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